Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 42
Um soco na testa




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Segunda-Feira. Acordei, tomei banho, comi o café da manhã e fui para a escola. Chegando lá, vi todos os alunos em silêncio total. Tonny e Milena estavam sentados em um canto, quietos também, de mãos dadas. Fui na direção deles.

Tonny: Senta e não fala nada.

Fiz o que ele pediu. Sentei do seu lado quieto. Tonny virou para mim e cochichou próximo ao meu ouvido.

Tonny: O diretor está puto por causa de uma discussão que teve no pátio.

Eu: De quem?

Tonny: Diego e Marlon. Eles brigaram feio pouco tempo atrás.

Eu: Mas o que houve?

Tonny: Diego viu a Isa entrar e foi falar com ela, aí...

Eu: Quem é Isa?

Tonny: A Isabela que o Diego está afim.

Eu: Ah sim. Continua.

Tonny: Aí ele foi falar com ela, dizer que queria voltar e tal, mas o Marlon chegou e começou a falar algumas mentiras. Disse que o Diego odiava a família dela, disse que ele era falso com ela, que ele queria iludir, falou várias coisas na frente de todo mundo. Então eles discutiram e o Marlon acabou levando um soco na testa.

Eu: O Diego bateu nele?!

Tonny: Ahan. Agora, eles estão lá na sala da diretoria.

Eu: Eles podem ser suspensos?

Tonny: Podem ser expulsos...

Eu: E onde está a Isa?

Tonny: Ela teve que subir também.

Milena: Ali. Acabaram de chegar no pátio.

Diego veio na frente. Isabela e Marlon estavam atrás. Diego veio em nossa direção. Isabela entrou no corredor da secretaria e Marlon, com lágrimas no rosto, entrou no banheiro.

Diego: Eai.

Tonny: O que aconteceu lá?

Diego: Eu expliquei o que aconteceu. A Isabela me ajudou e a culpa caiu no Marlon. Eu levei uma advertência pelo soco, mas ele foi expulso.

Eu: Marlon foi expulso da escola?!

Diego: Sim. Para a nossa felicidade, Miguel.

Milena: Nossa.

Vamos analisar. Marlon, Luiz, Renan, menino que não sei o nome e Henrique. Dos 5, ficaram apenas 4. Se eu pensar em algum plano, vai dar para eliminar o resto.

Diego: Quer comemorar?

Eu: Comemorar?

Tonny: Eu gostava dele, mas vou comemorar por vocês.

Durante o intervalo, brindamos com suco de uva já que minha escola não vende bebidas com alcol e nenhum de nós bebemos. Gabriel estava vindo na nossa direção enquanto bebíamos suco.

Tonny: Vou vazar. Te vejo depois jow!

Diego: Até mais tarde Miguel.

Eu: Mas onde vocês vão?

Gabriel: Eai.

Virei para trás. Gabriel estava me olhando com um sorriso.

Eu: Eai.

Gabriel: Quer subir? Preciso conversar com você.

Eu: Por que subir?

Gabriel: Tem que ser lá em cima...

Eu: Tem algo que você queira me mostrar?

Gabriel: Só não quero que ouçam.

Subimos as escadas. No corredor da sala de aula, Gabriel foi andando na frente e eu atrás. Renan passou por nós e comentou "Vão se arrombar?". Gabriel olhou para Renan com olhar raivoso.

Renan ficou rindo igual um bobo alegre. Colocava a mão na boca e dava saltos. Gabriel disse:

Gabriel: Renan, cala a boca.

Renan: Me contaram que tu é gay também viado.

Gabriel: Quer ficar na mesma situação que o Marlon?

Renan: O Marlon é minúsculo. Você nem tem chance contra eu e meus músculos.

Renan não tinha músculos. Na verdade, até tinha, mas não se comparavam aos de Gabriel.

Gabriel: Esses palitos de dente que você prendeu no tronco do corpo? Chama eles de músculos?

Renan: CALA A BOCA O ARROMBADO.

Gabriel:...

Renan: Viado.

Gabriel fechou a mão, na posição de quem vai socar.

Eu: Gabriel, você vai ser expulso. Não faz isso.

Gabriel se acalmou um pouco. Colocou sua mão na minha cintura e virou. Continuamos andando para a sala de aula.

Renan: A mulherzinha vai proteger o arrombadinho!! Gays!!

Gabriel abriu a porta da sala e deu um soco na parede. Até rachou um pouco do cimento. Sua mão ficou roxa e um pouco avermelhada, mas ele não sentia dor.

Fechei a porta.

Eu: Relaxa... Ele não pensa. Se você continuar assim, quem se fode é você.

Gabriel: Eu sei, mas esse idiota me irrita muito.

Eu: Velho se você se irritar com qualquer um que falar isso, você vai sair batendo em todo mundo que aparecer na rua. Existem bilhões de homofóbicos neste mundo.

Gabriel: Como você consegue ser tão calmo?

Eu: Sempre fui calmo. Minha paciência é boa. Então eu não arranjo muita briga. Bom, o que você queria dizer?

Gabriel: Você quer falar com o Felipe? Eu te ajudo.

Eu: Falar o que?

Gabriel: Tentar voltar com ele. Seria uma boa...

Eu: ...

Gabriel: Eai? Quer falar com ele?

Eu: Como você ajudaria?

Gabriel: Eu te ajudo a fazer uma declaração, algo do tipo. Posso te

dar coragem.

Eu: Esquece... Vou falar com ele, mas vou tentar sozinho.

Gabriel: Tá.

Abri a porta da sala, sai e fechei. Desci para o pátio novamente. Não contei para Tonny e Diego as coisas que Gabriel me disse. Na saída da escola, não vi Gabriel durante o caminho todo. Cheguei em casa, entrei no meu quarto, deixei as coisas lá e sai de casa. Fui até a casa de Felipe. Chegando lá, coloquei a mão no portão. Fiquei sem coragem para tocar a campainha. Senti um frio imenso na barriga. Olhei para cima. Céu azul com algumas nuvens. Clima agradável. Me lembrei de tudo que passei com Felipe. Quando ele colocou o braço em mim para ir embora, que na verdade foram muitas vezes. Lembro dos telefonemas demorados que muitas vezes eram dele. Me lembro de sua foto no meu celular. O celular que acabou explodindo na parede...

O que fazer? Abrir esse portão e falar com ele, sendo que posso levar um fora bonito e me passar por ridículo, ou voltar para casa e vir quando eu estiver com mais coragem? Bom, opitei pela segunda opção. Eu poderia acabar me passando por ridículo entrando agora, sem falar que eu estava morrendo de vergonha!

Voltei para casa, entrei no quarto e liguei o computador. Diego estava on. Fui pedir conselho para ele.

Eu: Diego?

Diego: Oi.

Eu: Você acha que eu deveria falar com o Felipe?

Diego: Eu não sei... Você acha que deveria?

Eu: Não sei...

Diego: Bom. Eu não sei, você não sabe. Sabe o que isso significa?!

Eu e Diego: GOOGLE IT!!

Entrei no Google e pesquisei. Fiquei sem acreditar em algumas coisas que li. Praticamente todos os gays passaram pela mesma situação que eu. Na verdade, muitos gostavam de um hétero. Eu dei sorte de acabar gostando de um gay. Fui olhando alguns conselhos e relatos mas nada me ajudou. Todos eles gostavam de um hétero e os conselhos era para não contar. Eu fiz a merda de contar e acabei me dando bem por um tempo.

Levantei da cadeira e olhei para a janela por um tempo. Depois voltei ao computador e abri um programa de redações Fiquei pensando no que escrever até que me veio uma ideia na cabeça.


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