Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 40
"Então, vai na casa de quem mesmo?"




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Acordei, tomei banho, café da manhã e fui para a escola. Chegando lá, vi Diego e Tonny conversando. Fui em direção deles.

Eu: E ai.

Tonny: Fiquei sabendo que você vai visitar a casa de uma certa pessoa hoje não é?

Eu: De quem?

Diego: Uma pessoa alta... Morena...

Eu: Ah sim... Quem disse?

Tonny: Ele mesmo. Mas relaxa, ele não espalhou. Agora me diz que história é essa de você já ir para a casa de outras pessoas? Digo, pouco tempo atrás você estava "apaixonado" por Felipe.

Eu: Não vou lá com segundas intensões.

Diego: Fala a verdade... Você gosta dele não é?

Eu: Não!! Cara nem fala isso! Eu nunca iria querer nada com o Gabriel.

Tonny: Vou acreditar por enquanto. Bom, você ainda gosta do Felipe?

Eu: Sim...

Tonny: Você ama ele?

Abaixei a cabeça e sussurrei um pouco baixo.

Eu: Amo...

Tonny colocou a mão direita no meu ombro e com a esquerda, levantou minha cabeça pelo queixo. Seu olhos estavam um pouco inspirados, não sei explicar.

Tonny: Segue em frente. Felipe saiu da escola e terminou com você por algum motivo que eu ainda não sei. Se quiser me contar, eu vou adorar ouvir mas isso não vem ao caso. Segue em frente cara... Tem outro dando em cima de você. Aproveita.

Eu: Não gosto dele, já disse.

Diego: Ele parece gostar de você. Vai que rola, não é?

Eu: ...

Diego: Ficaria com ele?

Eu: O que?!

Diego: Você me ouviu. Ficaria com o Gabriel?

Eu: Eu não sei!

Diego: Fala a verdade. Ficaria ou não?

Eu: Ah mano, não sei!!

Diego: Ok. Você chega na casa do Gabriel. Ele está só de bermuda. Curte né?

Mexi a cabeça para indicar sim.

Diego: Ok. Aí ele te pega pela cintura e te beija. Você continua ou larga?

Eu: Ah, continuo.

Tonny: Então ficaria jow!

Eu: É realmente muita sorte minha ter amigos como vocês.

Diego: Por que?

Eu: Dois homens que conversam sobre homossexualidade naturalmente. De todos que conheço, apenas vocês mesmo.

Tonny: Somos fodas, eu sei.

Eu: Hahaha. Isso mesmo.

Diego: Culpa da sociedade ridícula de hoje. Dentro de alguns anos, homofobia será igual racismo. Você fala em discriminação racial e já perde o respeito de todos do ambiente. Atualmente, se fala sobre homofobia e o povo até concorda. Fica tranquilo, isso tudo vai mudar.

Eu: Você acha?

Diego: Não acho. Eu sei!

Tonny: Nossa jow. Merece um Oscar por esse seu discurso lindo.

Diego sorriu com rosto de quem queria dar risada e não conseguia.

Diego: Vamos subir?

Eu: Vamos.

Tonny: Vamos.

Subimos para a sala. Me sentei ao lado de Tonny. Diego ficou logo atrás. Não demorou muito para Henrique entrar na sala com o seu caderninho de sabe-se lá o que. Ele sentou ao lado de Diego e o cumprimentou.

Depois de alguns minutos, todos os alunos entraram na sala. Milena havia faltado. Patrícia se sentou atrás de Henrique e Gabriel ficou do outro lado da sala.

Eu conversei com Tonny durante a aula novamente.

Professor: Mas Miguel, foi só você e o Tonny sentarem juntos e já começaram a conversar novamente?

Tonny: Tudo eu, tudo eu! Vou me mudar desse país também.

Professor: Antes de se mudar, você deveria fazer igual o Felipe.

Tonny: M-Mas o que?

Professor: Agarrar o outro na parede.

A sala deu gargalhadas. Eu fiquei inconformado com a atitude do PROFESSOR. Repito: com a atitude do PROFESSOR.

Henrique: E eu pensando que era boato HAHAHA.

Patrícia: Boato? Nada meu menino. Eles se agarraram de jeito aqui.

E essa Patrícia também viu... Nunca vi pessoa falar de jeito mais esquisito que ela. "Meu menino". Onde já se viu? Fiquei sem graça mas não tinha como armar discussão. Só peguei um lápis do estojo e quebrei com uma mão apertando. Quando Tonny viu, ficou sério.

Durante o intervalo, Tonny e Diego lancharam comigo.

Tonny: Foi maldade do professor.

Diego: Muita, mas eu acabei rindo.

Tonny: Miguel ficou bravão. Pegou um lápis e estourou de tanto apertar. Eu até fechei a cara depois daquela.

Eu: A escola mudou muito do ano passado para esse.

Tonny: Talvez tenha sido com essa de metade dos alunos da tarde virem para a manhã e com a de você e o Felipe se agarrarem em plena aula.

Eu: Eu não deveria ter deixado. Galera, vamos parar de falar no Felipe?

Diego: Ok.

Tonny: Beleza!!

Ficamos os três em silêncio por um tempo.

Tonny: Vai na casa de quem mesmo, Miguel?

Eu: Vá se fuder...

Sai de perto. Tonny ficou rindo e Diego ficou falando "Que mancada velho".

Fui para o banheiro dos meninos. Dois dos três boxes estavam ocupados, mas eu tinha ido lá por que não tinha o que fazer. Me olhei no espelho, fiz algumas caretas, até duas pessoas começarem a gritar.

???: Caguei velho!!

Eu penso: Que porra é essa?!

???: Eu também!!

Depois de um tempo reconheci a voz. Analisei as frases e percebi que o nível de idiotice batia. Eram Renan e Luiz/Marlon. Bati a mão na cara, desapontado em saber que esse tipo de gente compartilha oxigênio comigo. Sai do banheiro. O sinal bateu e todos voltamos para a sala.

Na saída, eu tava no meio do caminho e Gabriel chegou pulando todo feliz.

Gabriel: E ai, ansioso?

Eu: Para o que?

Gabriel: Minha casa!! Você vai lá!

Eu: Ah é. Verdade. Acabei me esquecendo. E depois tem shopping né?

Gabriel: É. Se esqueceu também?

Eu: Esqueci cara.

Gabriel: Vai almoçar e depois você vai lá? Ou quer almoçar lá? Minha mãe cozinha bem!

Eu: Relaxa... Se eu não almoçar em casa, a cozinheira fica com dia livre. Vou comer em casa.

Gabriel: Você tem cozinheira?

Eu: Tenho.

Gabriel: Uau. Tem mordomo? Faxineira? Jardineiro?

Eu: Minha mãe trabalha com jardim então não precisa de jardineiro. E eu tenho faxineira.

Gabriel: Nossa, que rico!!

Eu: Nada haha.

Gabriel pegou na sua mochila um boné vermelho. Colocou na cabeça um pouco para cima, com a franja na testa.

Eu: Você fica bem de boné.

Gabriel: Você gosta?

Eu: Só acho um pouco estiloso mesmo.

Gabriel virou o boné para trás e colocou por inteiro na cabeça. Fez sinal de Beleza com a mão direita e piscou o olho.

Eu: Hahaha parece skatista.

Gabriel: Eu sou skatista!

Eu: Ah é? Você anda com o Felipe?

Gabriel: Ele anda bem!

Ele não respondeu minha pergunta, mas preferi não insistir. Fui para a rua da minha casa e deixei Gabriel ir para a dele. Enquanto eu abria o portão, ouvi passos se aproximando. Virei para trás e era Felipe. Meu coração disparou. Quanto tempo eu não via aquele rosto perfeito. O cheiro dele era inconfundível. Estava de camisa branca e bermuda verde, com manchas do exército. Adoro quando ele usa essa bermuda. Seu pelos da perna e dos braços brilhavam. Seus olhos continuavam do mesmo jeito. Lindos. O cabelo também não mudou muita coisa. Ele me olhou sério por poucos segundos e continuou subindo a rua. Foi o momento mais incrível do ano, sem dúvidas.

Subi para a cozinha e enquanto comia meu almoço fiquei pensando. Podem ter alguns garotos dando em cima de mim na escola mas nenhum consegue fazer eu sentir o mesmo que Felipe consegue... Meu pensamento ficou romântico demais. Decidi parar de pensar.

Não deu certo. A imagem de Felipe andando continuava na minha cabeça. O rostinho sério dele... Era tão lindo! As sobrancelhas ficavam retas e a boca também. Não sei explicar! Felipe é sempre lindo, pelo o menos para mim.

Parei de pensar de novo. E novamente não consegui parar.

Eu: PARA DE PENSAAAAAAAR.

A cozinheira me olhou por um tempo. Eu sorri para ela e continuei comendo.

14:30 sai de casa. Fui para a rua de trás tentar encontrar a casa de Gabriel. Depois de um tempo dando voltas no quarteirão percebi que... Eu não sei onde ele mora. Decidi voltar para a minha, mas Gabriel apareceu caminhando com um labrador na coleira.

Gabriel: E ai!

Eu: E ai. Onde você foi?

Gabriel: Levar meu cachorro para passear. Ele se chama Rex.

Eu: Rex? É um nome comum. Belo cachorro.

Gabriel: Hehe. Valeu. Quer entrar?

Eu: Sim, por favor.

Passamos por duas casas até chegar na dele. Era um pouco alta e toda azul. Ele abriu o portão. Eu entrei. Ele entrou depois, trancou o portão, tirou a coleira do cachorro e deixou ele livre no jardim. Seguimos reto até ele abrir a porta da frente e entramos na casa. Os pais dele estavam na sala.

Pai: Boa Tarde filho.

Gabriel: E ai pai.

Mãe: Olha! Um amiguinho. Qual é seu nome?

Eu: Miguel.

Mãe: Você é o que de Gabriel?

Eu: Amigo...

Gabriel: Bom, vamos para o quarto. Depois eu desço. Vem Miguel.

Mãe: Juízo!

Gabriel: Pode deixar.

Subimos para o quarto. Era bem bonito. Paredes brancas com móveis pretos. Havia uma janela com vista para a rua. Ele tinha um Xbox e um Playstation 2. Enquanto eu olhava pela janela, mãos pegaram minha cintura. Recebi um abraço por trás. Eu me soltei mas não disse nada.

Gabriel: Está calor, não é?

Sim, estava calor pra caralho mas eu não queria tirar a camisa, ainda mais na casa dele.

Eu: Sim.

Gabriel: Você se importa se eu...

Gabriel fez com as mãos o movimento de tirar a camisa.

Eu: A casa é sua. Não é?

Gabriel: Sim.

Eu: Então você deve fazer o que bem entender.

Tirou a camisa. Seu corpo era lindo... Bem malhado e escultural. Ele estava só de bermuda. Não resisti e tive tesão. Me sentei na ponta da cama e fiquei olhando para ele. Gabriel se sentou ao meu lado, me olhou por um tempo e perguntou:

Gabriel: Você está bravo?

Eu: Bravo? Por que?

Gabriel: Não sei. Olho para você e vejo alguém irritado. Aconteceu alguma coisa?

Eu: Olha... Só você percebeu isso. Eu estou meio triste por causa do Felipe. Sinto a falta dele.

E então... Comecei a chorar. Que vergonha cara! Chorar por menino e ainda na frente de outro. Nossa, nunca paguei mico tão grande. Mas sabe, eu não queria parar também. Ele tocou em um assunto muito particular.

Eu: Gabriel, quem você namora?

Gabriel: Eu não namoro mais. Terminei. Era um garoto da minha escola antiga. Quando eu me mudei, ficou difícil ver ele e nós terminamos.

Eu: Você não namora o Felipe então?

Gabriel: Namorar o Felipe? Claro que não! Eu me encontrei com Felipe uma vez para andar de skate. Ele estava um pouco triste.

Eu: Mas eu vi ele te dando um buque de pétalas!!

Gabriel: Isso já é perseguição. Ele fez aquilo porque na rua de baixo, tinha um casal de gays. Um estava pedindo o outro em casamento com um buque de rosas brancas bem grande. Aí o Felipe comentou "Se eu tivesse dado um buque de rosas pro Miguel, ele ia tacar no lixo já que odeia romance".

Eu: Sério?...

Gabriel: É sério! E o que ele fez com as pétalas foi só para zoar mesmo. Ele ainda gosta de você Miguel...

Eu: Mas eu ouvi você no quarto dele!!

Gabriel: Estávamos jogando vídeo-game e ele ficou apelando. Cara... Não tenho nada com ele.

Eu: Bom... Me sinto mais calmo.

Gabriel: Ele já tinha terminado com você nessa época.

Eu: Não tem nenhum sentido de ele ter terminado comigo. Nenhum!!

Gabriel: Se eu te contar um segredo, você promete não contar para ninguém?

Eu: Prometo.

Gabriel: Nem para o Felipe?

Eu: Prometo...

Gabriel: Bem. O Felipe já sabia que o Mendes tinha uma caidinha por você.

Eu: Mas como você sabe?

Gabriel: Sei de mais coisa do que pareço saber.

Eu: Quem mais sabe disso?

Gabriel: Isso eu não sei. Mas o Mendes foi falar com Felipe pelo computador e disse que iria te pegar todos os dias. Falou um monte para o Felipe. Ele ficou muito triste e quis terminar.

Eu: O filho da puta do Mendes...

Gabriel: Isso.

Eu: Ahn... Você gosta de mim, Gabriel?

Gabriel: Gosto. Não amo mas gosto. Você é bonito, divertido, gentil, tem um jeito de menino... Digo, não parece gay.

Eu: Você também.

Gabriel: Tudo que eu disse se aplica em mim também?

Eu: Tudo.

Gabriel: Sou tipo um pegador então.

Dei uma risadinha leve e curta. Depois voltei para a cara de choro e tristeza.

Gabriel: Bom... Posso te fazer uma pergunta?

Eu: Fala.

Gabriel: Sou bonito mesmo?

Eu: Muito.

Gabriel: Muito muito?

Eu: Sim. E seu corpo também.

Gabriel: Cara to feliz! Você quer ir no shopping então?

Eu: Ah não... Perdi a vontade.

Gabriel: Sério? Putz.. Bom, vou ver se a Larissa está on e aviso que não vamos.

Eu: Beleza.

Gabriel ligou o computador e ficou lá por um tempo. Eu me deitei na cama com a barriga para cima e braços estirados.

Eu penso: Gabriel não tem cheiro de Gabriel...


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