Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 39
Apenas um Bebedouro




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Fora esses terríveis dias, também houveram os dias felizes em que eu simplesmente me divertia com meus amigos, sem nenhuma interferência do grupinho diabólico.

Quinta-Feira. Acordei, tomei banho, café da manhã e fui para a escola. Chegando lá, fui em direção de Tonny e Gabriel.

Tonny: E ai Miguel. Eu tava aqui falando com o Gabriel e queria saber de onde vocês se conheceram?

Eu: Ahn...

Tonny: É que tipo, no primeiro dia de aula, vocês dois já eram amigos. Na verdade, vocês dois já conversavam.

Eu: Conheci ele nas aulas de inglês do ano retrasado.

Gabriel: Eu conheci ele e o Felipe. Ele estudava aqui não é?

Tonny: Ele estudava aqui ano passado.

Eu: Você ainda tem contato com ele?

Gabriel: Tenho. Por que?

Eu: Só pra saber mesmo.

Larissa chegou perto de nós de mãos dadas com Mendes. Seu cabelo loiro parecia escurecer nas sombras que a própria cabeça causava. Mendes estava usando um boné, mesmo sendo proibido na escola. Larissa chegou, olhou para mim com as bochechas rosadas e com um sorriso malicioso.

Eu: O que é?

Larissa: Quer sair? Eu, você, Mendes e o Gabriel.

Gabriel: Topo!

Mendes: Topa Miguel?

Olhei um pouco indeciso para Larissa.

Tonny: Se você não quiser ir, eles vão entender...

Larissa: Então...

Miguel: Tá vai... Eu vou.

Larissa: OBA OBA OBA.

Larissa me deu um abraço. Na verdade ela praticamente pulou em mim, se apoiou em mim. Seu sorriso foi lindo. Dentes brilhantes, igual a propaganda da Colgate. Mendes deu um sorriso também. Olhei para ele devolvendo outro sorriso. Mendes piscou para mim e falou com os lábios: Te vejo lá.

Larrisa: Shopping Eldourado. Sexta-Feira de amanhã, 18 horas. Não falte. Você também Gabriel.

Gabriel: Pode deixar.

Larissa saiu saltitando.

Gabriel: É isso aí, Miguel. Eu, você, e eles dois.

Eu: Tente não aprontar, valeu?

Gabriel: Não garanto...

Tonny me olhou com um sorriso malicioso. Mexeu as com sobrancelhas para cima olhando para o lado. Depois vez com as mãos, dois rostinhos de beijando.

Eu: Tonny... Vai se fuder...

Tonny: Você sabe que eu amo você irmão!

Sai de perto para não ouvir mais merdas.

Tonny: Falou meu irmão!

Tonny é um cara tão... Bobo. Por esses dias, o grupinho diabólico não estava me enchendo o saco. Na verdade, era o que eu pensava.

Subi para a sala ao lado de Diego.

Diego: Vamos no bebedouro? Estou com sede.

Abri a porta da sala, mas no bebedouro do final do corredor estava Marlon. Fechei a porta.

Eu: Ahn... Eu não vou...

Diego: Por que não?

Eu: Nada. Só não quero ir.

Ah sim, esqueci de dizer. Henrique estava na sala escrevendo no seu caderninho. Diego puxou a maçaneta e olhou para os dois lados.

Diego: Você não quer ir por causa do Marlon né?

Eu: Que?...

Diego: É isso sim. Não se faça de desentendido. Você não vai ficar limitando suas atitudes só porque algumas pessoas não aceitam a sua sexualidade. É uma coisa SUA, que você não escolheu, e isso não pode fazer ninguém te rejeitar ou te aceitar.

Eu: Diego...

Diego pegou no meu pulso com força e puxou para fora da sala.

Eu: Onde vamos?!

Diego: Beber água.

Marlon estava encostado na parede com as mãos nos bolsos. Olhava para o chão fixamente sem falar nada. Acredite se quiser, mas ele era menor que o bebedouro. Diego abaixou um pouco e bebeu água. Cruzei os braços e fiquei esperando Diego. Enquanto isso, Luiz subia as escadas. Quando me viu, fez uma cara de quem vai aprontar. Mexeu as mãos para frente, empinou o bumbum e fez voz bem fina.

Luiz: Ain Marlon, acho que vou terminar com o Fefe porque ele ele arrombou meu cu ontem.

Marlon deu altas gargalhadas. Eu preferi ficar quieto.

Luiz, percebendo que eu não ia fazer absolutamente nada, decidiu continuar o deboche.

Luiz: Gato, quer sair comigo? Vai estar cheio de mino lindo no shopping. Ain! Minha unha!!

Marlon estava rindo cada vez mais alto. Eu não me ofendi com aquelas brincadeiras tão bobas. Tonny e Milena estavam subindo as escadas, cada um em um corrimão. Os dois pararam do meu lado em silêncio. Olhei para Tonny inclinando um pouco a boca para o lado.

Tonny me olhou com rosto de dúvida.

Luiz: Ain Mimileninha, que namorado gato você tem.

Milena: Oi? Se você quiser pode pegar.

Luiz: Sai fora! Tô zoando só.

Milena: Zoando quem? Eu pensei que você só estivesse querendo se assumir agora.

O clima começou a ficar tenso. Diego se levantou na posição ereta e tirou as mãos do bebedouro. Marlon abaixou a cabeça e continuou olhando fixamente para o chão.

Luiz: O Miguel...

Milena: Zoando por que? Porque ele tem um gosto diferente?

Luiz: Por que ele nasceu pra ser cu.

Milena: Que eu saiba, as pessoas nascem com o objetivo de viver e não de fazer a vontade dos outros. Se ele quer viver a própria vida, seguindo o que ele quer fazer, você realmente acha que sua opinião vai acabar mudando alguma coisa?

Luiz: Mas eu...

Milena: Você o que? Você acha que tem moral? É isso? Por acaso já se olhou no espelho pra ver que tipo de monstro você é? Por acaso já parou para pensar que seguindo esse caminho, você vai repetir mais e mais vezes até virar um mendigo lá na frente?

Luiz: Milen...

Milena: Fecha o bico que eu estou falando. Sua vida é um lixo né? Repete, é rejeitado em alguns lugares, usa essas roupas tão feias... Você não tem uma boa relação com a família, tenho certeza. E para esquecer os problemas o que você faz? Ah é. Zoa as pessoas, tenta parecer superior. Se enxerga. Você pode ser o zoeira da escola, o menino que faz bullyng com os outros, mas só faz isso porque ainda não percebeu que você já está derrotado. Ainda não percebeu que já está no chão, pisoteado. Notas? Lixos. Amigos? Quais mesmo? Você não tem nada nem ninguém que fique do seu lado. Ainda mais agora que o paga pau do Felipe saiu da escola.

Luiz e Marlon saíram e foram para as salas.

Tonny: O que foi isso? Meu Deus.

Milena: Só estava brincando com ele. Tem vezes em que precisamos falar algumas coisas para fechar o bico de outros.

Diego: Boa Milena.

Milena: Obrigadinha. Vamos para a sala?

Voltamos todos para a sala. Tivemos aula como de costume. Minha dupla foi Diego. Durante o intervalo, nenhuma pertubação. Quando eu estava saindo da escola, Gabriel segurou meu pulso.

Gabriel: Vamos juntos?

Eu: Vamos...

Durante o caminho, Gabriel ficou calado. Até o meio do caminho na verdade.

Gabriel: Você está ansioso para amanhã?

Eu: Não muito... E você?

Gabriel: Estou cara! Imagina só... Eu, você, Larissa e Mendes saindo juntos.

Eu: Minha amizade com Mendes não é grande coisa.

Gabriel: Ah eu sou amigo dele. Faço vocês se falarem.

Eu: E se nós ficarmos de vela?

Gabriel: Aí fazemos eles serem velas também.

Eu: Como assim?

Gabriel: Nada nada.

Gabriel deu uma risadinha leve, pegou o boné na sua mochila e colocou na cabeça, um pouco inclinado para cima. Seu rosto era liso, um pouco escultural. Seu corpo era acadêmico. Seu cabelo, totalmente preto fazia uma franja que chegava perto das sobrancelhas. Seu olhos negros e profundos eram simplesmente lindos.

Gabriel: Seus olhos...

Eu: Meus olhos? O que tem?

Gabriel: São profundos.

Eu: Ah... Valeu. Os seus também...

Gabriel: Você acha? Eu nunca gostei muito deles.

Eu: São bonitos. Bem escuros, sem nada de castanho ou um tom marrom.

Gabriel: Então os nossos olhos são iguais.

Gabriel colocou a mão nos meus ombros, do mesmo jeito que Felipe fazia. Seu braço pesava um pouco mas tinha grandes músculos. Me atraiu um pouco.

Eu: Larga.

Gabriel: Desculpa...

Gabriel tirou os braços e ficou olhando um tempo para os nossos tênis.

Gabriel: Belos músculos.

Eu: Obrigado.

Gabriel: De nada... Ah, sua rua é aqui não é?

Eu: Sim.

Gabriel: Então... Até amanhã.

Eu: Eu posso ir na sua casa amanhã?

Gabriel: C-Claro claro!! Com certeza!

Eu: Nossa, desculpa... Me convidei. Que feio... Desculpa mesmo. Se não quiser, tudo bem.

Gabriel: Não não, pode vir. Será u-um prazer.

Eu: Beleza...

Gabriel: Então... Depois da aula?

Eu: Um pouco depois da aula.

Gabriel: Tá. Aí você pode ir comigo no shopping. Eu te levo.

Eu: Beleza... Até.

Gabriel: Tchau.

Desci a rua, entrei em casa e me tranquei no meu quarto. Joguei a mochila no chão.

Eu: O Gabriel é tão... Bonito... Divertido... Não pera.

Olhei para o teto um pouco.

Eu: Ai droga...


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