Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 23
O Aniversário de Felipe




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Terça-Feira.

Levantei da cama, tomei banho, e indo em direção a cozinha, sentei na mesa. Olhei para o calendário do mês. 27 de Outubro. O ano passou mais rápido do que o esperado, mas o que me surpreendeu foi...

Eu: O aniversário do Felipe é daqui a dois dias!!

Dois dias. Será que dou um presente? Não... Presente é para amigos muito íntimos. Somos íntimos mas não nesse jeito. Ah sei lá, talvez se eu desse um presente, seria algo muito exagerado. Tenho que me lembrar que somos apenas amigos. Indo para a escola, pedi para minha mãe parar em uma loja de chaveiros. Em uma estante, tinha o chaveiro do Palmeiras. Bem bonitinho. Pequeno, retangular, combinava com os olhos de Felipe.

Antes de comprar pensei melhor. Escondi o chaveiro lá atrás de todos os outros, para que ninguém comprasse. Primeiro eu ia descobrir de Felipe tem um chaveiro do Palmeiras.

Continuamos indo para a escola. Chegando lá, passei pelo portão e fui falar com Tonny.

Eu: O aniversário do Felipe é daqui a pouco!

Tonny: Quando é?

Eu: 29 de outubro.

Tonny: Hoje é dia 27... Verdade. Quantos anos ele vai fazer?

Eu: 15 anos.

Tonny: 15? Uau. Você vai dar presente?

Eu: 15 haha já está um homem. Você gostaria de ganhar um presente?

Tonny: Sei lá, eu gostaria até porque você é um grande amigo. Mas se você quer dar um presente meio indireto, dê comida.

Eu: Comida?

Tonny: Sim. O Felipe come demais no intervalo. Seria legal se você desse algo do tipo... Bombom sonho de Valsa.

Eu: Ele gosta desse.

Tonny: Olha ae. Você dá um bombom. Mas tipo, dê uma mordida e diga para ele comer o resto.

Eu: Muito romântico.

Tonny: É... Faz assim: Dê o bombom e fique olhando, aí ele pergunta se você quer e você diz que sim. PÁ!! Uma mordida sua e uma mordida dele. Ficaria legal.

Eu: Você faria isso?

Tonny: Eu não ofereceria meu bombom pra homem. Muito menos Sonho de Valsa.

Eu: É... Vou pensar.

Subimos as escadas, pois já ia dar o horário da aula. Acabei chegando um pouco tarde hoje. Felipe sentou ao meu lado.

Felipe: E ai Miguel. De boa?!

Eu: Oioi? Ah sim. Aham.

Felipe: Tá distraído?

Eu: Um pouco.

Felipe: Pensando no quê?

Eu: Bobeiras.

Felipe: Relaxa. No que você está pensando?

Eu: Nada Felipe. Mudando de assunto, posso dar uma olhada no seu caderno de matemática? Eu não corrigi o último exercício ontem.

Felipe pegou as chaves no bolso da bermuda e me entregou. Fui pegando em cada chave perguntando qual era qual.

Eu: Chave da porta?

Felipe: Sim.

Eu: Chave da garagem?

Felipe: Não, a outra é a da garagem.

Eu: Essa maior é a da garagem?

Felipe: É.

Eu: Então aquela outra era qual?

Felipe: Do armário!

Eu: Essa é da janela?

Felipe: Sim.

Eu: Essa é do quê?

Felipe: Essa última é da porta dos fundos.

Eu: Então você tem todas as chaves em um único chaveiro.

Felipe: É. Mas tem cópias de todas.

Fui pegar o caderno de matemática. Para falar a verdade eu tinha corrigido todos os exercícios, mas queria dar uma olhada se ele tinha chaveiro do Palmeiras. E tinha sim. Emborrachado, um pouco encardido por conta do tempo. Era um fantasma verde sorrindo e embaixo escrito Palmeiras.

Quando voltei, coloquei o caderno sobre a mesa e lhe entreguei as chaves.

Eu: Que fantasma é esse?

Felipe: Fantasma? É mancha verde!

Eu: Isso significa...

Felipe: Palmeiras!

Eu: Você gosta desse chaveiro?

Felipe: Acho meio feio, mas meu vô me deu. Tem um significado especial para mim.

Não quis perguntar, mas pelo o que eu entendi, o avô de Felipe não estava mais vivo. Bom, descartei a ideia de comprar o chaveiro do Palmeiras. O fato é que ainda tenho mais dois dias para dar um presente discreto e indireto ao Felipe.

Durante o intervalo, fui perguntar à Milena o que ela pensava disso.

Eu: Milena, eu quero dar um presente de aniversário para Felipe.

Milena: Que fofo! Quando é o aniversário?

Eu: 29. Daqui a dois dias. O que você acha legal dar?

Milena: Dois dias... Pouco tempo. Por que não dá uma tolinha de rosto?

Eu: Não... Muito íntimo, estranho. Quero dar uma coisa assim... Sei lá, legal, simples, ao mesmo tempo significativo.

Milena: Quer um copo de água também?

Eu: Não seja grossa...

Milena: Já pensou em chaveiro?

Eu: Ele tem chaveiro do Palmeiras.

Milena: E anel?

Eu: Ia parecer pedido de casamento.

Milena: Roupa?

Eu: Muito não simples.

Milena: " Muito não simples ". Essa eu não conhecia. Ok, que tal um desenho?

Eu: Desenho?

Milena: Um desenho bonitinho. É simples, bonito e não é romântico.

Eu: Desenho... Vou pensar.

Fazer um desenho não era má ideia. Fui na cantina dar uma olhada no preço do Sonho de Valsa. 4.99 reais. Não estava tão caro.

Voltando do intervalo, tivemos as aulas como diariamente e depois fui almoçar na feira com Felipe.

Felipe: Um queijo e um carne por favor.

Eu: Você vai comer dois de novo?

Felipe: Não, um é para você.

Eu: Qual?

Felipe: Queijo.

Eu: Como sabe que eu gosto do de queijo?

Felipe: Você sempre come pastel de queijo.

Almoçamos e voltamos juntos para casa. Não toquei no assunto do aniversário com ele. Queria que fosse uma surpresa.

Chegando em casa, fiz as lições.

Mais tarde, liguei o computador para falar com Diego. É costume conversar com ele todas as noites.

Eu: E ai Diego.

Diego: Heyhey. Beleza?

Eu: Sim e você?

Diego: Também.

Eu: Vou te contar outro segredo.

Diego: Voltou a confiar em mim?

Eu: Praticamente sim. Mas se você falar esse, eu te arrebento.

Diego: Não vou mais cometer mancadas com você. Prometo. Pode falar.

Eu: Eu gosto do Felipe e quero dar um presente para ele.

Diego: Por isso ficou bravo com o Luiz naquele dia. Saquei saquei. Um presente né... Bom, tem que ser indireto e simples.

Eu: É isso! É de aniversário. Eu pensei do mesmo jeito. O que você acha de chocolate?

Diego: Chocolate não! Nem pensar! Chocolate é coisa de casal. Se você der chocolate, vai ficar muito suspeito. Dê um chaveiro. Ele vai pensar em você toda vez que olhar.

Eu: Já pensei mas ele tem.

Diego: Aí complica... Olha cara, da algo de X-Box pra ele.

Eu: Felipe gosta de X-Box mas ele tem tudo desse console. Tudo.

Diego: Que tal um livro?

Eu: Felipe não gosta de ler.

Diego: Caneca.

Eu: Muito não simples.

Diego: Um abraço.

Eu: Abraço?..

Diego: É, abraço. Você vai ter direito a abraço já que é aniversário, vai ser na frente da sala inteira e você vai ficar feliz. Tudo acaba bem!

Eu: Abraço... É uma boa. Valeu Diego!

Ficamos conversando sobre outros assuntos, e mais tarde eu dormi. No outro dia, chegando na escola, falei para Tonny sobre a ideia de Diego.

Tonny: É, abraço vai ser uma boa. Mas cuidado com o tempo. Se você quer abraço demorado, vai falando algo do tipo " ah você é meu amigo a muito tempo " e tal, assim você pode ficar mais tempo abraçado. E cuidado com o que você fala. Pode ser interpretado de mau jeito.

Eu: Beleza... Amanhã eu tento.

Sentei ao lado de Felipe hoje. Ficamos conversando como todos os dias.

Indo para casa, já no final das aulas, no caminho, passamos pela frente de uma escola chamada Objetivo, como de costume.

Felipe: Eu vou estudar nesta escola.

Eu: O que?!

Felipe: No final do ano eu vou mudar de escola. Vou fazer o médio aí.

Eu: Não!! Você vai ficar na mesma escola!!

Felipe: Meus pais já estão decididos, eu vou mudar...

Fiquei triste. Felipe parecia não ligar muito. Chegando em casa, fiz trabalhos e estudei um pouco. Hoje é a véspera dos 15 anos de Felipe.

Mais tarde contei para Diego que escolhi dar apenas um abraço e talvez o bombom.

Jantei e dormi, cedo.

Quinta-Feira. Felipe faz seus 15 anos hoje. Tomei banho e fui para a escola. Como cheguei atrasado, acabei entrando na sala no meio da primeira aula.

Fui em direção a cadeira de Felipe. Ele já sorriu como se soubesse o que eu queria. Felipe se levantou e eu abracei. Na frente de todo mundo. Felipe colocou as mãos na minha cintura, depois passou os braços por mim abraçando também. Coloquei meu rosto sobre seu ombro, virado para o pescoço, afinal ele era maior que eu.

Eu: Feliz aniversário.

Felipe: Valeu cara...

Eu: Eu não trouxe presente. Não sabia o que dar.

Felipe deu uma leve risada.

Felipe: Que isso... Qualquer coisa que você desse eu iria gostar.

Eu: No próximo ano você não vai estar aqui para os 16.

Felipe: Vou sentir sua falta.

Eu: Eu também vou sentir a sua.

Luiz: Mas eita, que isso! Os dois ainda tão abraçado!

Depois de alguns segundos, me sentei ao lado de Felipe. Ele ficou com um lindo sorriso no rosto.

Ficamos conversando baixo na aula sobre tudo. Amizades, jogos, escola, matéria, professor, sobre tudo.

No intervalo fiz a tática do Tonny. Dei um bombom para Felipe. Antes de eu encarar a comida, ele já me ofereceu.

Felipe: Come um pedaço que eu como o outro.

Dei uma mordida. Metade do Sonho de Valsa. Estava delicioso. Felipe comeu o resto em uma bocada também.

Fomos embora juntos novamente. Felipe estava feliz, mais do que nunca. Sorria de um jeito sedutor, lindo. Seus olhos brilhavam no reflexo do Sol. A bermuda e camiseta, uniformes da escola, sempre ficavam bem nele.

Felipe me deixou em casa e foi para a própria.

Nunca me senti tão feliz assim. E melhor ainda: Minha camisa ficou com cheiro de Felipe!


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