Cinco Anos Ocultos - Chair escrita por Verônica Souza


Capítulo 11
Jealous


Notas iniciais do capítulo

1 ANO DEPOIS



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“Dizem que quando as coisas são para darem certo, os ventos soprarão à favor. Que todas as forças positivas contribuirão. Que todo os caminhos vão em direção ao sucesso. Mas e quando não são para dar certo? Será que é nesse momento que temos que desistir?”

– NÃO! EU JÁ DISSE! - Blair gritou pela décima vez naquela hora. - NADA DE AZUL!

Dorota se inclinou na porta da cozinha para olhá-la. Blair andava de um lado para o outro na sala de jantar, falando ao celular. Tinha sido daquele jeito a semana inteira, inclusive os gritos.

– Incompetentes! - Ela exclamou desligando o celular. - É tão difícil achar empregados competentes hoje em dia!

– Senhorita Blair...

– Agora não Dorota! Enquanto eu não conseguir explicar para esses assalariados que eu não quero nenhuma cor azul na festa eu não vou sossegar. Tudo tem que sair perfeito!

– Mas o Senhor Henry irá fazer um ano... Ele nem irá...

– Claro que irá se lembrar Dorota, qual é o seu problema? Ele pode não entender agora, mas e quando ele for mais velho e trouxer sua futura noiva para nos conhecer? Então mostramos o álbum de fotos e aparece uma festa completamente desorganizada? O que ela vai pensar?

Dorota virou os olhos e achou melhor voltar a fazer o seu trabalho. Por experiência própria ela sabia que não adiantava nada tentar discutir com Blair naquele estado. Qualquer um estaria errado. Qualquer um.

– Isso! Cor de pêssego! Certo. OBRIGADA! - Ela enfatizou a última palavra e desligou o telefone.

– Começou cedo? - Chuck desceu as escadas com Henry nos braços. O pequeno estava deitado no ombro do pai e parecia sonolento.

– Chuck, por que você o acordou? - Blair suspirou. - Vai demorar horas para ele voltar a dormir, e eu tenho muita coisa para fazer.

– Ele estava te chamando. - Respondeu se aproximando. Henry ergueu a cabeça e olhou para Blair, mas ela não lhe deu atenção.

– Preciso que tudo esteja pronto. Não posso deixar tudo para a última hora.

– Você já resolveu tudo o que tinha que resolver. - Chuck disse paciente. - Está nisso há mais de um mês. Ele não vai se lembrar dessa festa, não precisa ser tão detalhada...

– Eu disse. - Dorota passou por eles, e então Blair lançou-lhe um olhar ameaçador.

– Você não tem nenhuma roupa para buscar na lavanderia? Ou prefere receber o seu último salário hoje?

Dorota olhou para Chuck e então saiu.

– Quer que eu fique em casa hoje?

– Não, não quero te atrapalhar. - Blair suspirou e olhou para os dois. - Eu só quero que tudo saia perfeito. Ele merece uma festa especial para comemorar seu primeiro ano.

– Eu sei disso. - Chuck sorriu e a beijou rapidamente. - Mas não se esqueça que o que importa para ele agora é sua atenção, e não uma festa perfeita.

Blair abriu a boca para dizer algo, mas não soube o que dizer. Chuck tinha razão. Há mais de um mês ela estava tão preocupada com aquela festa que mal dava atenção para Henry.

– Olá! - Serena apareceu sorridente. - Oh, onde está o afilhado mais lindo do mundo? - Ela olhou para Henry, e então ele sorriu. Serena foi até ele, e o pegou do colo de Chuck. Cumprimentou os dois e então olhou para Henry. - Olha só como ele fica animado quando me vê!

– Preciso ir. - Chuck beijou o rosto de Blair. Despediu de Serena e Henry, e logo depois foi embora.

– Você parece cansada. - Serena disse olhando para Blair. - Tem ficado até mais tarde no ateliê?

– Não... Estou resolvendo coisas da festa. - Respondeu desanimada.

– E qual é o problema?

– Talvez eu tenha ficado muito tempo preocupada que a festa saia perfeita que tenha esquecido que tenho uma família.

– Ah B...

– Acho que me empolguei. - Ela olhou para Henry, que brincava com o colar de Serena. - Será que ele pode sentir isso?

– Acho que sim... Mas ele não compreende tudo o que está acontecendo. Ainda dá tempo de consertar as coisas. B, a festa já está perfeita. Pra que se preocupar?

– É... Pode ser. - Ela suspirou. - E você? Por que está com toda essa felicidade? Não me diga que finalmente resolveram sair daquele apartamento?

– Não... Ainda não. - Serena riu. - Apenas estou feliz. Durante esses meses tudo tem dado certo. Pensei que a Gossip Girl estragaria tudo como fez no passado, mas estou assustada por ter tanto tempo que ela não posta nada sobre a gente.

– Ou talvez devesse ficar assustada por não termos feito nada para ser motivo de polêmica. Bons tempos de vingança.

– Estamos bem melhor agora, B. Não temos que reclamar.

As duas pararam de falar quando ouviram Henry sussurrar uma palavra: “papa”.

– Oh meu Deus! Você ouviu isso? - Blair olhou espantada para Serena.

– Não acredito! A primeira palavra dele!

– Oh meu Deus! - Blair pegou Henry do colo de Serena e o olhou espantada. - Pode repetir isso?

Henry ficou um tempo em silêncio, mas logo ele disse, e dessa vez mais alto:

– Papa.

XXX

“E o prêmio de pai do ano vai para... Chuck Bass! Irônico como as coisas mudam, não é? Quem diria que Chuck Bass seria eleito o pai do ano. Parece que o coração gelado do sedutor Bass definitivamente derreteu. E para quem duvidava que essa família não duraria, os três estão muito bem, obrigada.”

Chuck guardou o seu celular no bolso e olhou para sua secretária. Ela sorria olhando para o notebook, e nem ao menos notou que ele havia chegado.

– Bom dia. - Ele disse passando por ela.

– Ah, bom dia Chuck. - Ela sorriu. - Estava lendo a Gossip Girl. Henry está tão crescido.

– Sim. - Chuck sorriu.

– Está ficando cada dia mais parecido com você... E está lindo, é claro. - Ela abriu ainda mais o sorriso.

Chuck já teve muitas experiências em sua vida, e conseguia perceber perfeitamente quando estava flertando com ele. Ele abaixou a cabeça e colocou as mãos no bolso.

– Oh, não pense que estou sendo indelicada, por favor. - Ela disse ajeitando os óculos no rosto.

– Tudo bem. - Ele continuou sorrindo divertido. - Quando Backer chegar peça para ele entrar, por favor.

– É claro.

A secretária se ajeitou em sua cadeira e observou Chuck entrar em sua sala. Se Chuck Bass já era irresistível antes, imagina agora, que ele estava mostrando o seu lado paternal. Com certeza era o consumo de qualquer mulher. A morena de cabelos cumpridos pegou o convite em cima da mesa e o leu pela quinta vez naquele dia. Voltou a olhar para o seu computador, e encarou bem a foto estampada na tela. Chuck Bass era definitivamente o homem ideal.

XXX

Blair olhou para sua mesa abarrotada de papéis e pastas. Suspirou olhando através da montanha de folhas em sua frente, e viu duas de suas estagiárias sorrindo e conversando animadas enquanto faziam o seu trabalho. Blair estava cansada psicologicamente e fisicamente. Cuidar do ateliê, cuidar de Henry e ainda planejar a festa perfeita estava deixando-a exausta. Ela imaginou se suas estagiárias eram tão felizes e bem-humoradas por conseguirem tempo para fazer tudo o que precisavam. Era tão difícil dividir trabalho de família. As vezes tudo o que Blair queria era chegar em casa e cair em sua cama, e dormir até tarde no dia seguinte. Não que ela não gostasse de ser mãe. Longe disso. Mas tudo o que ela queria naquele momento era ter um tempo apenas para si mesma.

– Os vestidos estão prontos para essa noite. - Sua assistente entrou em sua sala. - E as garotas já começaram a desenhar para o evento do início do mês. Está tudo em ordem, acho que não precisa ficar aqui o resto da semana. - Ela sorriu olhando para Blair, que parecia não escutar. - Blair?

– Sim? - Ela a olhou e então abriu um sorriso. E ver Blair sorrir enquanto trabalhava era uma cena um pouco assustadora.

– Você pode ir embora. Terminar de cuidar da festa do Henry e passar mais tempo com ele. - Karen, sua nova assistente, sorriu abobada ao lembrar do pequeno Henry, que Dorota levava algumas vezes no ateliê. - Ele está ficando tão lindo. Você tem que aproveitar. Logo ele vai crescer e você vai sentir falta de quando ele era um bebê.

Blair se levantou e pegou sua bolsa. Olhou para Karen e cruzou os braços.

– Quando eu estiver contratando uma conselheira, eu te aviso. Agora volte lá e diga que quero esses vestidos prontos até o final da semana que vem.

Karen balançou a cabeça concordando e acompanhou Blair até a saída. Ela não se incomodava com o modo que Blair lhe tratava algumas vezes. Por ser mais experiente e mais velha, ela sabia que por trás de toda aquela arrogância e autoridade, existia o lado bom de Blair.

XXX

– Senhor Henry, por que não quer comer? - Pela terceira vez Dorota tentou fazer Henry comer sua papinha diária, mas ele reclamava e começava a chorar. Ela suspirou e olhou bem para ele. Ele estava mais inquieto que o normal, e parecia um pouco pálido. - Tudo bem... Vamos passear no parque, então? - Ela se levantou e o pegou no colo. Mais uma vez Henry reclamou e começou a chorar. Dorota não sabia o que estava acontecendo, já que Henry estava tão acostumado a ficar no colo dela quanto no de Blair.

– Dorota! - Blair apareceu animada na sala. - Tenho boas notícias!

Seu sorriso diminuiu quando ela viu o rosto preocupado de Dorota, e Henry chorando em seu colo.

– O que aconteceu?

– Eu não sei... Eu estava indo arrumá-lo para um passeio no parque mas ele não para de chorar, desde que acordou. Não quis nem comer.

– Deixe-me ver. - Blair se aproximou e pegou a criança do colo de Dorota. - Oi meu amor. - Ela sorriu para Henry acariciando o rosto dele. O choro foi diminuindo, mas ele ainda estava inquieto. - Você está dando trabalho, é?

– Talvez ele tenha sentido sua falta, Senhorita Blair.

Blair suspirou e sentiu-se culpada. Estava tão atarefada durante aquelas semanas que talvez realmente não tivesse dado toda a atenção que Henry merecia.

– Tudo bem... Eu vou passear no parque com ele hoje.

– Não vai trabalhar?

– Tirei o resto da semana para ficar em casa.

– E a festa?

– Acho que já está tudo pronto.

Dorota sorriu animada em ver que Blair estava mais calma e mais disposta a cuidar da família. Apesar de não ter dito nada, ela teve medo de que Blair tivesse um colapso nervoso de tanto trabalhar e de tanto se preocupar com a festa.

– Você quer passear com a mamãe? - Blair perguntou para Henry e então ele sorriu. Apesar de ter parado de chorar, ele ainda parecia um pouco inquieto, mas talvez fosse por ansiedade e felicidade de estar com Blair.

XXX

– Tem mais alguma reunião marcada pra hoje? - Chuck perguntou para a secretária.

– Hum... Só a das cinco.

– Ótimo. Quero chegar cedo em casa hoje.

Assim que ele entrou em sua sala e fechou a porta, Mirella pegou o telefone e discou um número ligeiramente. A cada dois segundos se inclinava para olhar a porta fechada da sala de Chuck.

– Aqui é Mirella, secretária de Chuck Bass. Houve um imprevisto e ele pediu para remarcar a reunião para as dez da noite. Infelizmente não dá para ser remarcada para o resto da semana. A agenda dele está muito cheia. Certo. Ele aguardará o senhor. Obrigada.

Desligou o telefone com cuidado e então se levantou. Arrumou sua saia e a ergueu um pouco. Checou seu visual no pequeno espelho em sua mesa, e então foi até a sala de Chuck.

– Howard ligou. - Ela disse ao abrir a porta. - Pediu para remarcar a reunião para as dez.

– As dez? Por que tão tarde?

– Ele disse que houve um imprevisto.

Chuck se encostou em sua cadeira e olhou para a foto de Blair e Henry em cima de sua mesa.

– Sinto muito. Sei como queria passar um tempo com sua família.

– Tudo bem. Eu encontrarei um jeito. - Ele ergueu os olhos e olhou para Mirella. - Obrigado, é só isso.

Mirella sorriu e se afastou, fechando a porta. Chuck podia ter certeza que a saia de Mirella era 5 centimentros mais longa no início da manhã.

XXX

Blair olhou para as mães que estavam no parque naquele dia. Todas davam atenção total para seus filhos. Provavelmente a maioria era sustentada pelo marido e não tinham milhões de tarefas para fazer no dia. Mas muitas dividiam seu tempo entre trabalho e família, e eram essas que davam mais amor e carinho para seus filhos.

Ela suspirou e acariciou os cabelos de Henry. Ele brincava com um carrinho enquanto lutava para conseguir ficar em pé por mais de dez segundos. A cada vez que ele se desequilibrava e caía, Blair passava um lenço umedecido nas mãozinhas dele.

– Será que você me considera uma péssima mãe? - Ela perguntou depois de limpar a mão do pequeno pela quinta vez. Henry parecia não escutá-la e continuou batendo o carrinho no banco do parque. - Eu queria tanto saber como ser uma mãe perfeita. Como ter mais tempo para você. Logo você vai crescer e eu sei que vou sentir falta de te pegar no colo e te mimar. E sei também que irei arrepender por não ter aproveitado tanto enquanto tive tempo. - Ela suspirou e mais uma vez passou o lenço na mão de Henry depois dele se levantar. - Gostaria que você soubesse falar, só pra me dizer o que eu devo fazer para ser uma mãe perfeita.

– Ele não precisa saber falar para você saber disso.

Blair se virou e Nate estava parado atrás do banco, sorrindo.

– Nate! - Exclamou animada. - O que está fazendo aqui?

– Sempre que fico estressado e impaciente com o trabalho eu passo por aqui. E você? O que está fazendo aqui? - Ele pegou Henry no colo e sentou-se ao lado de Blair. - E sozinha com Henry. O que aconteceu com Dorota?

– Tirei o resto da semana pra ficar com Henry. Parece que ele está sentindo um pouco a minha falta. Não tenho dado muita atenção pra ele.

– Ah, acho que ele ainda não consegue entender isso direito. - Ele pegou o carrinho de Henry e começou a brincar com o afilhado.

– Claro que consegue! Hoje por exemplo ele não quis comer com Dorota, e chorou o tempo inteiro até que eu cheguei.

– Tem certeza que não é outra coisa?

– Não... - Blair respondeu insegura. - Bom... Ele tem estado um pouco inquieto durante essas semanas. Mas deve ser ansiedade para o aniversário.

– Não tenho certeza se os bebes ficam ansiosos para isso Blair. - Ele olhou para ela. - Isso pode ser outra coisa.

– Como o que?

Antes que pudesse responder, Henry começou a chorar. Mexia-se inquieto no colo de Nate, mas ao mesmo tempo não queria que ele o soltasse. Nate lembrou-se de quando era criança e ele ficava doente. Sua mãe sempre tirava o dia de folga para ficar cuidando dele, e aquilo sempre o fazia ficar melhor. Ele colocou a mão no rosto de Henry, e depois na testa.

– Blair, ele está muito quente.

– O que? Claro que não. Eu medi a temperatura dele antes de sair. Deve ser o sol.

– Não parece ser o sol.

O choro de Henry foi aumentando, e a preocupação de Blair também.

XXX

Chuck não aguentava mais esperar. Ainda nem eram sete horas e ele já queria estar em casa. Imaginou que Blair estaria aproveitando a noite ao lado de Henry e Dorota, enquanto ele estava ali trancado no escritório, trabalhando como sempre.

– Pensei que gostaria de um pouco de café. - Mirella entrou na sala de Chuck e se aproximou com uma xícara.

– Obrigado, mas acho que uma coisa mais forte seria melhor nesse momento. - Respondeu um pouco impaciente.

– Posso trazer um pouco de uísque se quiser.

– Não. Foi modo de falar.

– Eu sei que você não queria estar aqui... Mas olha só pra você. Olha onde está. Você está subindo mais na vida a cada dia.

– Quando me casei, eu prometi colocar minha família em primeiro lugar.

Mirella suspirou e então se afastou. Antes de fechar a porta, Chuck notou que ela havia subido a saia um pouco mais. Se continuasse daquele jeito, a próxima vez que ela fosse entrar em sua sala, talvez nem usasse mais a saia.

– Quando foi que Howard ligou?

– Ahm... Assim que você entrou em sua sala.

– Não ouvi o telefone tocar.

– Atendi muito rápido.

Chuck se levantou e a encarou por alguns instantes.

– Por que está fazendo isso?

– Isso o que?

– Por que está querendo que eu fique aqui mais tempo?

Mirella o olhou por alguns instantes e então suspirou. Se aproximou e o olhou.

– Ela não te merece.

– Do que está falando?

– Você não nasceu para ser um pai de família, Chuck Bass. - Ela passou a mão pelo colarinho dele e então sorriu. - Você nasceu para ser um homem de aventuras.

– Eu não sei o que deu em você, mas se não quiser ser demitida sugiro que ligue para Howard e desmarque a reunião.

– Não acredito que você tenha mudado tão rápido. - Ela continuou passando a mão pela camisa dele.

– Você não precisa acreditar em nada. - Ele segurou os braços dela com força. - Eu amo a Blair, e nenhuma mulher vai fazer com que isso mude.

– Chuck!

Os dois se viraram assustados, e Nate estava parado na porta, não acreditando no que estava vendo.

XXX

– E então eles disseram que o livro precisa ser mais detalhado.

– Dan, a opinião deles não conta. Afinal o que eles são mesmo?

– Ahn... Donos de uma das melhores editoras que existe, apenas isso.

Dan tomou um gole do seu vinho e o encarou por alguns instantes. O restaurante não estava tão cheio, do jeito que ele gostava. Não era do seu agrado compartilhar suas frustrações perto de pessoas desconhecidas.

– Eu sinto muito Dan. - Serena segurou sua mão. - Sei que você trabalhou tantos meses nesse livro, e no fim eles te tratam desse jeito.

– Bem, um dia isso teria que acontecer não é? E eu meio que já estou acostumado das coisas não darem certo para mim. - Ele abriu um sorriso torto. - Exceto ter ficado com você.

– Isso é muito fofo. - Ela sorriu e acariciou a mão dele. - Sabe Dan, eu estou tão feliz por estarmos dando certo. Por nada ter nos atrapalhado durante esses meses.

– Eu também estou muito feliz por isso.

– Mesmo?

– Claro!

– Então... É que eu estava pensando... O que você acha de termos um lugar só para nós dois?

– Como assim? Já temos o apartamento de Lily só para nós dois.

– Mas você não acha que tínhamos que ter um lugar... Nosso? Não considero o apartamento da minha mãe um lugar só para nós. Sem contar que assim que ela voltar da Europa com meu pai nós vamos ter que morar com ela.

– Moramos com ela por tanto tempo, não estou entendendo o problema.

– É que agora é diferente. Não estamos convivendo como irmãos. Somos um casal.

– Serena, nós tínhamos combinado que quando sua mãe voltasse, eu voltaria para o Brooklyn. Combinamos isso desde o início.

– Eu sei, mas é que eu estou tão acostumada a dormir e acordar com você que não sei se ia conseguir desacostumar tão rápido.

– Mas eu vou dormir na sua casa algumas vezes, e você sabe que meu pai não vê problema em você dormir lá também.

– Acho que você não está me entendendo.

– Eu estou sim. E eu acho que... Bem... - Ele a olhou e respirou fundo. - Não sei se estou pronto para dar um passo tão rápido.

– Como assim?

– Ter um apartamento nosso é um passo muito sério, Serena. Sei que estamos juntos há quase dois anos, não estamos brigando e estamos indo bem, mas não sei se estou preparado para uma coisa tão séria.

– Então quer dizer que namorar comigo não é uma coisa séria?

– Não foi isso que eu quis dizer...

– Foi o que eu entendi. Então tudo bem pra você morarmos esse tempo todo juntos mas não podemos ter algo nosso? Por que? Você ainda não tem certeza sobre seus sentimentos?

– Não tem nada a ver com isso.

– Bom, mas eu acho que tem. - Ela se levantou e pegou sua bolsa.

– Serena... - Dan também se levantou.

– Quando você estiver preparado para ter alguma coisa realmente séria, você me procura.

Dizendo isso, ela se retirou. Dan a chamou algumas vezes mas ela não olhou para ele. Assim que saiu, seu celular tocou. Ela sabia que era Dan querendo conversar, mas ela não estava com cabeça para ouvi-lo naquele momento, e sem olhar o número, ela desligou o celular. Queria ficar sozinha naquela noite.

XXX

Dan saiu do restaurante e olhou para os dois lados da calçada. Não sabia se iria atrás de Serena ou se ia para casa. Deixar Serena um pouco sozinha ia ajudá-la a entender como sua atitude foi desnecessária. Ou talvez ele soubesse que não estava preparado para ter um relacionamento tão sério com ela. Ele não entendia seus pensamentos e muito menos seus sentimentos. Ele sabia que a amava, e que queria ficar com ela, mas algo o impedia de se entregar completamente a ela, e ele ainda não tinha descoberto o que era.

Seu celular vibrou e então ele o pegou rapidamente, achando que poderia ser uma mensagem de Serena. Mas para sua surpresa, a mensagem que ele leu a seguir era mais séria do que a rejeição de Serena.

XXX

Blair andou de um lado para o outro com seu celular em mãos. O telefone de Chuck chamava mas ninguém atendia. A última mensagem que enviou teve uma resposta que a reconfortou: “Já estou a caminho”. Ficar sozinha naquele hospital esperando uma resposta do médico era uma das piores sensações que Blair já havia sentido. Precisava de alguém para ampará-la e dizer que está tudo bem, e principalmente alguém que lhe desse certeza de que ela não tinha sido culpada de nada. Pior do que estar aflita sem saber o que Henry tinha, era sentir-se culpada por isso.

Pela quinta vez ela ligou para o celular de Chuck, e para sua surpresa uma mulher atendeu o telefone.

– Alô?

– Eu quero falar com Chuck. - Blair disse ríspida.

– Desculpe, ele não está no momento. Quem gostaria?

Como assim “quem gostaria?”. Como a mulher não sabia que era Blair, a esposa de Chuck Bass que estava falando? Ela não tinha tempo para discutir sobre isso, e então desligou o telefone com raiva. Quando virou para o lado, viu Dan indo em sua direção. Foi como se alguém tivesse tirado um peso enorme de suas costas.

– Como ele está?

– Eu não sei, o médico está examinando ele. Dorota está lá dentro. Vim aqui para ligar para o Chuck, por acaso você sabe onde ele está?

– Não.

– Onde está Serena?

– Nós... Nos desentendemos e ela foi embora. O celular dela está desligado e eu vim correndo para cá, não deu para passar no apartamento.

Blair suspirou e então olhou para a porta do quarto.

– Preciso entrar pra ficar com ele. Se alguém aparecer ou se Nate voltar, diz que eu saio para dar notícias.

– Está bem.

Ela entrou no quarto e então fechou a porta. Uma pontada de ciúmes incompreensível bateu em Dan. Por que ela havia ligado para Nate antes de Chuck e dele? Se ela tivesse precisando tanto de ajuda, por que pediu antes ao Nate e não a ele? Era óbvio que Nate era o padrinho de Henry e por isso seria o primeiro da lista de Blair para ajudá-la quando Chuck estivesse sabe-se lá aonde. E afinal, onde Chuck estaria? Por que Blair não conseguiu falar com ele? Certamente se ele estivesse no lugar de Chuck, ele não deixaria Blair na mão, ainda mais naquele momento.

XXX

Chuck e Nate saíram da limusine em frente o hospital. Andaram apressados até chegarem na porta. Antes que entrassem, Nate segurou Chuck pelo braço e o olhou sério.

– Antes que você entre eu preciso saber o que aconteceu naquela sala.

– Não aconteceu nada, Nathaniel. Tem certeza que quer conversar sobre isso agora?

– É que não posso deixar você ficar ao lado dela em um momento como esses se estiver mentindo.

– Não pode deixar? Do que está falando? Blair é minha esposa, você não tem que me dar permissão de nada.

– Eu quero o bem dela tanto quanto você.

– Tem certeza que está dizendo como meu melhor amigo?

– O que quer dizer com isso, Chuck?

– Acho que quem deveria me dar uma explicação é você. Por que você estava ao lado dela antes de mim?

– É uma longa história, mas não é nada do que você está pensando.

– Por que ela não me ligou?

– Eu disse que ia atrás de você enquanto ela vinha para o hospital. Ela ligou para Dorota e para Serena, e enquanto isso eu fui atrás de você, e então vi você se divertindo com sua secretária.

– Se não reparou, não é essa ideia de diversão que eu tenho. E não que seja da sua conta, mas pode ter certeza que quando eu tiver tempo Mirella será demitida. Você não sabe da história, Nathaniel.

– Eu só quero que você seja franco com ela.

– Santo Nate!

– Estou falando sério, Chuck. Blair não merece isso.

– Prometi cuidar dela e ser fiel a ela. E você sabe que não quebro uma promessa. Você acha mesmo que depois de tudo e de todo esse tempo eu teria coragem de trocá-la por uma noite com uma mulher oferecida?

Nate não respondeu. Apenas abaixou a cabeça e Chuck tirou o seu braço das mãos dele.

– Você realmente não me conhece.

Chuck entrou no hospital e deixou Nate para trás. Não tinha tempo para pensar em toda aquela preocupação repentina de Nate. Ele estava preocupado com Henry.

XXX

Blair saiu do quarto e Dan estava escorado na parede com sua jaqueta em mãos. Ela suspirou e então sorriu triste para ele.

– Ele vai ficar bem. O médico disse que é febre emocional.

– Eu sabia que ele ficaria bem. - Dan sorriu.

Ela abaixou a cabeça e então suspirou.

– O que foi?

– Talvez essa febre emocional tenha sido culpa minha.

– Por que diz isso?

– Eu sou uma péssima mãe. - Ela levantou a cabeça para olhá-lo e seus olhos estavam cheios d'água.

– Blair, não diga isso... - Ele se aproximou. - Você não é uma péssima mãe.

– Sim, eu sou. Não dou toda atenção que ele merece. Não tenho tempo para ficar com ele como as outras mães. Não passeio com ele todos os dias no parque e nem ao menos sei quando ele está doente. Se não fosse Nate eu talvez nem teria notado a tempo.

– Nate?

– Sim. Estávamos com Henry no parque.

Dan preferiu não fazer mais perguntas sobre aquele assunto.

– Você é uma ótima mãe. Todos adoram Henry. Ele é um garoto fantástico.

– Não quero que meu filho cresça sem a mãe ao lado dele. Tudo o que lembro da minha infância, a maior parte Dorota estava ao meu lado. Raramente lembro de bons momentos que passei e minha mãe estava presente. Ela estava sempre ocupada com o ateliê, e quase não tinha tempo para ficar comigo. Não quero isso para ele. Não quero que meu filho cresça e não tenha lembranças minhas com ele.

– Blair, você não é assim. Você se esforça para criá-lo, e faz o possível para a felicidade dele. E eu sei, que apesar de todo esse seu jeito, você é uma pessoa dócil e adorável.

Blair sorriu e então o abraçou. Precisava de um abraço naquele momento. Dan Humphrey não era exatamente a pessoa certa para aquilo, mas Blair se sentiu protegida e tranquila naquele abraço.

Passos apressados foram ouvidos em todo o corredor. Antes de Blair soltar o abraço, Chuck parou no corredor, olhando para os dois.

– Blair. - Ele sussurrou se aproximando dos dois.

– Onde você estava? - Ela perguntou depois de soltar o abraço.

– O que você está fazendo aqui, Humphrey?

Dan abriu a boca para responder, mas foi interrompido por Blair.

– Isso não importa agora. Seu filho está lá dentro, de repouso, enquanto suas amigas atendem o seu telefone. Por onde esteve o dia todo?

Nate parou ao lado de Chuck e então olhou para Dan.

– O que você está fazendo aqui?

– Por acaso eu sou uma pessoa tão inesperada que não posso estar no mesmo ambiente que vocês dois?

– Sim. - Os dois responderam.

– Ok. Blair, você está em boas mãos agora. Eu vou atrás da Serena e...

– Não! Você fica. - Ela segurou o braço dele com força.

– Ai.

– Dan e Nate foram as únicas pessoas que ficaram ao meu lado, coisa que VOCÊ deveria fazer.

– Eu estava no escritório resolvendo alguns problemas.

Nate limpou a garganta e todos olharam para ele.

– O que foi Nate? - Blair perguntou.

– Nada. - Ele olhou para Chuck. - Não é a hora para falarmos disso.

Os dois trocaram olhares de raiva e Blair e Dan olharam confusos para eles.

– Como ele está? - Chuck virou-se para Blair.

– Está bem. Só está com febre emocional. - Respondeu um pouco mais calma.

– Hey!

Todos se viraram quando ouviram o barulho dos saltos de Serena.

– Como ele está? - Ela perguntou se aproximando de todos. - O que está acontecendo aqui? Por que estão com essas caras?

– Ele está bem. - Blair ignorou a segunda pergunta. - Mas se não estivesse você não seria a primeira a saber, não é? Já que fica com o celular desligado.

– B... Desculpe é que...

– Eu já estou cansada de ouvir desculpas hoje. - Ela suspirou.

Antes que Serena tentasse explicar o que tinha acontecido, Lily e Rufus chegaram no hospital, juntos. Os dois perguntaram como Henry estava, e mais uma vez Blair explicou o que tinha acontecido.

– Mãe, quando chegou de viagem? - Serena perguntou.

– Acabei de chegar e Rufus me mandou a mensagem que Henry estava no hospital. Fiquei preocupada.

– Por que vocês dois estão juntos? - Dan perguntou olhando para eles.

– Nos encontramos chegando aqui. - Rufus respondeu.

– Meu pai já foi para o apartamento?

Lily respirou fundo e então olhou para todos.

– Seu pai não voltou comigo.

– O que? - Dan e Serena perguntaram juntos.

– Com licença, será que poderiam ir para a sala de espera? Não é permitido ficar nos corredores. Vocês estão atrapalhando os pacientes. - A enfermeira disse um pouco impaciente.

XXX

A sala de espera ficou lotada, ainda mais depois da chegada de Eleanor e Cyrus. Depois de Chuck acalmá-la dizendo que Henry estava bem, eles aguardaram mais notícias de Blair enquanto conversavam entre si. Nate, Dan e Chuck ficaram em silêncio, e distantes um do outro. Chuck estava em pé com as mãos no bolso, pensativo. Nate estava sentado balançando as pernas impaciente. Dan estava praticamente deitado na cadeira, olhando para Serena e pensando qual seria a melhor hora para os dois conversarem. Ao mesmo tempo, Nate e Serena se levantaram, e ambos falaram:

– Podemos conversar?

Todos ficaram em silêncio, e Nate olhava para Chuck enquanto Serena olhava para Dan. Os demais não entenderam por que aquele clima tão esquisito sendo que Blair já teria dito que Henry estava bem. Os quatro saíram juntos da sala de espera, deixando os outros totalmente confusos.

Eles foram juntos para fora do hospital, e Nate e Chuck ficaram de um lado, Dan e Serena ficaram do outro.

– Queria pedir desculpas pelo modo como falei com você agora a pouco. - Nate disse. - Eu sei que você mudou, e que não faria uma coisa dessas com a Blair.

– Já deveria saber que a muito tempo eu não sou o Chuck Bass que você costumava conhecer.

– Eu sei disso. Sinto muito.

– Eu não estava tendo um caso com a Mirella. Eu estava acabando de dizer que não trairia Blair por nada nem ninguém.

– Eu não sei exatamente como começar a dizer isso... Mas para resumir, eu estava errada. Não deveríamos tomar uma decisão tão séria precipitadamente.

– Era isso que eu estava tentando te dizer.

– Eu sei. É que fiquei com medo de quando minha mãe voltasse algo entre a gente mudasse.

– Não vai mudar.

– Tem certeza?

Dan olhou para ela, e decidiu ser sincero sobre tudo o que se passava dentro de sua cabeça.

– Serena, é que... Eu não estou preparado para algo tão sério.

– Isso eu sei. Por isso você não aceitou termos um apartamento, não é?

– É... Mas é que... Eu não sei se vou querer isso tão cedo.

– Me sinto culpado por ter pensado algo errado sobre você. É que eu estava tão preocupado que não tive tempo para pensar.

– Todos ficamos preocupados. - Chuck respondeu um pouco frio. - Por que vocês dois estavam no parque mesmo?

– Encontramos por acaso.

Chuck virou para o lado e ficou em silêncio.

– Não está pensando nada, não é? - Nate perguntou.

– Eu deveria?

– Eu não estou entendendo. - Serena cruzou os braços.

– Não precisamos pensar no futuro agora.

– Isso eu sei, mas você deveria ao menos ter uma ideia do que quer para o seu futuro e se me quer nele.

– É claro que eu quero... Mas talvez não do jeito que você está pensando.

– Está dizendo como sua esposa?

– É...

– Então estamos namorando, mas você não sabe se quer ter um futuro comigo?

– Não é exatamente assim. Dizendo assim parece uma coisa horrível.

– Bom, para mim é.

– Não é porque namoramos que quer dizer que vamos nos casar um dia. Pode ser que aconteça, mas pode ser que não aconteça. Olha só Chuck e Blair, ninguém acreditava que os dois se casariam um dia. Você acha que eles pensaram nisso?

– Bom, talvez se você se envolver em um escândalo com a polícia e eu for a única testemunha nós temos uma chance não é? - Perguntou irônica.

– Não é assim, Serena.

– Chuck e Blair sabia que se amavam o tempo inteiro. Talvez não pensaram em casamento, mas, com certeza, eles tinham o desejo disso acontecer um dia.

– Chuck não era o tipo de cara que pensava em casamentos.

– Chuck mudou, e você sabe disso!

– Não estou dizendo que ele não mudou, mas será que se não tivesse acontecido todo aquele escândalo ele e Blair estariam casados hoje?

– Quando foi que começamos a discutir sobre os dois? E por que você está tão incomodado com Chuck ter mudado ou não?

– Não estou, eu só acho que Blair não merece isso.

– Claro que não deveria!

– Eu não estava pensando em nada até você sugerir que eu estava pensando.

– Isso é ridículo! Você é meu melhor amigo e Blair é sua esposa.

– Você não pensou nisso quando ficou deitado na MINHA cama com ela.

– Ela estava passando por um momento difícil. Eu só queria ajudar, já que você não estava lá.

– E agir como marido dela estava ajudando muito.

– Eu não estava agindo como marido dela. Só acho que ela não merece ficar triste ou magoada depois de tudo o que ela passou com você.

– O que quer dizer com isso, Nathaniel?

– Blair merece ser feliz, só isso.

Chuck olhou bem para Nate, e então fechou suas mãos com força, enquanto a raiva tomava conta de todo o seu corpo. Ele não queria fazer aquela pergunta, mas foi mais forte do que ele;

– Você ainda gosta da Blair? - A voz de Chuck e Serena se misturaram.

“Existe um velho ditado que muitos costumam dizer: “Não faça perguntas que você não queira saber a resposta.” Serena e Chuck deveriam se lembrar disso.

XOXO, Gossip Girl


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