Os Últimos Morgenstern escrita por Luna MM


Capítulo 2
Anjo e demônio


Notas iniciais do capítulo

"Acredito que estou no Inferno, portanto estou."
— Arthur Rimbaud



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— Onde estamos?

Clary ainda segurava a mão do irmão quando eles chegaram em uma rua iluminada por postes de luz. Estava muito mais frio do que em Nova York, tanto que ela estremeceu.

Sebastian soltou sua mão e colocou o braço em volta da irmã enquanto seguiam rua adiante. Ela pensou em se afastar, mas isso não ajudaria a fazê-lo confiar nela.

— Estamos em Londres — respondeu Sebastian — Gosto do clima daqui.

E seguiram o resto do caminho em silêncio. Até que, por fim, pararam em frente a um muro onde Clary desconfiava que havia um apartamento escondido. Em segundos, os dois já se encontravam em uma cozinha pouco espaçosa.

Clary examinou o lugar e concluiu que não era nada parecido com o antigo apartamento.

— Este é diferente do outro — comentou ela — É menor.

— Desde que destruíram meu antigo apartamento — ele a encarou, trazendo a lembrança à tona —, tive que me virar com esse aqui. A boa notícia é que só tem um quarto, então não precisará dormir sozinha.

Ele estava sorrindo. Clary sentiu ânsia de vômito, ela desejava que ele parasse de fazer isso.

— Ah, eu vou ficar bem no sofá.

Ele deu de ombros e se encaminhou para a sala. Após dar mais uma olhada no apartamento, Clary o seguiu. Agora que Jace não estava mais ali, o que havia sobrado para ela fazer?

Lentamente, Clary sentou no sofá ao lado de Sebastian, tomando cuidado para não encostar-se a ele. Ela poderia estar tentando fazê-lo confiar nela, mas não confiava nele.

— Os outros sabem? — Sebastian quebrou o silêncio, fazendo-a pular de susto — Digo, os outros sabem que você está comigo?

Clary balançou a cabeça negativamente. Ele abriu um sorriso, satisfeito.

— Deve ter sido muito difícil abandoná-lo, não é?

Ela não queria ter que falar de Jace, não com ele.

— Estou fazendo isso para ajudá-lo.

— É claro que está — afirmou ele — Estava pensando e, provavelmente, quando ele perceber que você sumiu, irá se levantar calmamente e assumir a pose de herói. Sempre a salvando das suas decisões precipitadas e imaturas. Como se você sempre colocasse tudo a perder. Isso não te cansa?

Clary abriu a boca mas não conseguiu dizer sequer uma palavra. Como ele poderia saber daquilo? O mesmo pensamento que ela mantinha na mente quando decidia o que fazer.

Ela não queria ser ingrata. Pelo contrário, era muito grata por todas as vezes que Jace a salvou. Mas ela também era uma Caçadora de Sombras, ela também deveria ser uma heroína. Ela queria ser uma heroína, assim como Isabelle, assim como sua mãe.

A garota o encarou enquanto ele sorria para ela. Ele sorria como se soubesse de algum segredo.

— Você é como eu, irmãzinha — repetiu ele — Quantas vezes terei que te dizer isso?

Clary estava prestes a dizer, pela milésima vez, que eles não eram iguais. Que ela era anjo e ele era demônio. Mas antes que pronunciasse uma palavra, Sebastian segurou o rosto da irmã e se inclinou em uma tentativa de beijá-la.

E a lembrança de Idris tomou conta de sua mente, novamente. O dia em que Sebastian a levou para a Mansão Fairchild, onde seus pais moraram. Quando ele lhe disse que ela era extraordinária e a beijou. Naquele momento, ela sentiu que estava cometendo um erro. Como dar um passo e cair em um buraco vazio. Mas, pensando bem, Sebastian foi a única pessoa que realmente ficou feliz em vê-la em Idris.

Não, ele mentiu. O tempo todo.

Ela levantou tão depressa que quase tropeçou nos próprios pés, e se encostou na parede da sala. Ele cruzou os braços.

— Achei que tinha a escutado prometer que colaboraria comigo — resmungou Sebastian, com irritação na voz.

— Não com isso! — rebateu Clary, ainda assustada — Por quê você não consegue entender que somos irmãos?

— E quando você vai entender que não é uma mundana? As regras deles não se aplicam a nós! — respondeu Sebastian, levantando-se e aproximando-se de Clary — O que eu não entendo é que quando você e Jace achavam que eram irmãos, não se importavam com nada disso. Você nunca ligou para isso, não com ele!

Clary estava boquiaberta. Havia algo no tom de como Sebastian havia falado dela e de Jace juntos, como se ele estivesse sentindo ciúme.

Não, ela pensou, Sebastian não sente ciúme. Ele não sente nada além de ódio. Ele não sabe o que é o amor.

— O que eu e Jace sentimos é amor — disse ela, cuspindo as palavras com toda coragem que tinha — Amor verdadeiro. E você não sabe o que é isso! Nunca saberá!

Por um instante, Clary achou que Sebastian a iria bater. Seus olhos se tornaram mais sombrios do que já eram, seus punhos se fecharam com força e ele a encarava como se nunca a tivesse visto antes. Mas então ele desviou o olhar, como se discutir não valesse à pena.

— Vou te ensinar a me amar, irmãzinha — disse ele e se virou para sair.

Antes de escutar a porta do quarto se fechar, ela o escutou gritar:

— Pode ter certeza disso.

Clary sentiu as lágrimas escorrendo pelo rosto, se aninhou no pequeno sofá e enquanto torcia para que o sono limpasse sua mente, ela pensou no quanto já sentia saudade de casa.


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou bom, fiz com pressa e ficou muito curto. Prometo que tentarei escrever mais nos capítulos seguintes, ok? ok! hahah.