Sanji estava agitado. Fazia algum tempo que havia parado de fumar seus preciosos cigarros. Na verdade, ele apenas diminuiu drasticamente a quantidade e agora apenas fumava poucas vezes ao dia e apenas na varanda. Mas, para ele que sempre foi uma maria fumaça desde os 10 anos era quase tão difícil quanto parar. Ele nunca esperou que estaria nessa situação, nunca pensou em diminuir o hábito, nem mesmo sabendo o quão letal era.
Mas havia combinado isso com Zoro várias vezes. Por ela, restringiriam seus maus hábitos. Nada de fumar toda hora perto da garota, nada de fumar dentro de casa, nada de beber como uma alga alcóolatra 24 horas por dia, nada de palavrões...esse último era válido para ambos, mas Sanji com certeza tinha uma boca dezenas de vezes mais suja que a do marimo.
Mas a verdade é que ele não poderia estar mais animado. Sim, estava um pouco nervoso por estar com menos nicotina nos pulmões do que era acostumado, mas isso parecia irrelevante no momento. Desde que seus olhos azuis deram de cara com os cabelos rosados daquela menina no orfanato ele sabia que muitas coisas em sua vida se tornariam irrelevantes perto dela. Quando ela sorria sem parar dos seus dois novos pais igualmente sorridentes e bobos seu coração não aguentava. Gostaria de ter levado a garota debaixo do braço no mesmo instante, mas a burocracia não permitia.
Além do mais, a assistente social havia ficado um tanto...alarmada com os dois homens. Não, não era por ambos serem homens, ela não vivia na idade da pedra. E sim por serem um tanto quando brutos um com o outro. Ela observara o homem de cabelos verdes e o loiro trocarem insultos a cada dois minutos e encostarem as testas para quase partir para briga bem na frente dela incontáveis vezes quando lhes visitou. Isso quando não realmente começaram uma briga física em sua presença (Não ajudava em nada as espadas penduradas na sala da casa dos dois). E não foi diferente quando visitaram o orfanato. A mulher assistia horrorizada os dois brigando enquanto a pequena Toko sorria e batia palmas.
Entre algumas recomendações e conselhos que passou para os dois, estava o de serem menos violentos e tentarem ser pacíficos (o que ela realmente gostaria de dizer era “sejam mais normais”, mas se refreou). Ela disse que se continuassem assim iriam passar a impressão de que se odiavam para a garota e assustá-la. E essa era a parte com a qual Sanji não estava confortável. Isso incluía até mesmo se chamarem por seus próprios nomes e não por apelidos debochados. O que parecia tão esquisito para os dois. Sanji raramente chamava o mari- quer dizer, Zoro, pelo seu nome. Não era apenas estranho, era vergonhoso. Só usavam nomes para atos de muita intimidade, sexual ou não e não podiam deixar de ficar corados ao praticar pronunciar aquelas palavras cabulosas.
Não brigar ia ser difícil. Isso era sua rotina com Zoro há tanto tempo que era quase intrínseco. Como parar de provocá-lo? E pior, como parar de se deixar levar por suas provocações? Não chamar apelidos...impossível. Sanji jurava que podia contar nos dedos quantas vezes seu marido havia pronunciado seu nome na vida.