Pequenos grandes problemas escrita por Kaline Bogard


Capítulo 4
Parte 03 - Dor


Notas iniciais do capítulo

Olá! Hoje tem apenas uma foto do Narutinho e do Sasukinho!



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Pequenos grandes problemas

Kaline Bogard

Parte 03

Dor

– SASUKEEEEEE!

Os reflexos extremamente bem treinados de Uchiha ajudaram no movimento defensivo e, por um breve instante, tudo pareceu que ia ficar bem quando Sasuke travou o pé numa saliência. Porém não era um barranco de verdade, era apenas uma depressão no solo, por isso as “paredes” formadas por pedriscos amontoados não suportaram o peso do pequenino e rolaram ribanceira abaixo, assim como não era uma árvore ou outra superfície em que pudesse aderir com o chakra. Sem esperar a complicação, Sasuke deslizou sem equilíbrio e caiu de lado no chão. Sentiu uma dor tão forte que perdeu a noção das coisas ao seu redor e somente se deixou rolar o resto da descida.

Naruto assistiu a cena horrorizado. Perdeu preciosos segundos preso, pela surpresa, mas se recuperou e jogou-se pelo barranco abaixo. Percebera a constituição do declive e aproveitou-se disso a seu favor: usou os pés como pranchas e deslizou junto com os pedriscos, levantando nuvens de poeira avermelhada.

– SASUKE!! – gritou ao ver o moreninho terminar a queda embolado com pedras de diversos tamanhos e ficar muito quieto, caído de barriga para baixo.

Aproximou-se apressado e tratou de abaixar-se querendo ver a extensão do estrago. Sabia que algo ruim tinha acontecido. Uchiha era durão, não se abateria facilmente.

Colocando uma mão no ombro do rapaz, Naruto o ajudou a se virar, todavia o movimento rápido arrancou-lhe um grito cheio de dor, que arrepiou cada pelinho do corpo do loiro.

Assim que o virou por completo os olhos azuis arregalaram-se. Naruto compreendeu imediatamente o que causava dor no companheiro, assistindo enquanto Uchiha amparava o braço esquerdo com o direito.

– Meu braço... – a voz de Sasuke soou rouca e ele ofegou incapaz de continuar a frase.

– Está... quebrado... – Naruto sussurrou. Os olhos foram do braço machucado, onde o osso fraturado deformava o corpo do moreninho, parecendo querer rasgar a pele, para o rosto de uma lividez de morte. A fronte permeada de suor traia a dor que Sasuke sentia.

– Droga... – praguejou fechando os olhos com força.

– Sasuke...

– Precisa achar uma tala, idiota. E... raízes – engoliu saliva com dificuldade. A dor fazia sua mente oscilar – Ou... algo para prender.

Naruto acenou com a cabeça. Levantou-se e observou ao redor. O gramado terminava subitamente naquela depressão, que para os pequeninos se assemelhava a um penhasco; mas continuava alguns metros a frente. A raiz da grama era maleável o suficiente para servir como corda e forte o bastante para prender a tala com eficiência. Era tão forte que Naruto teve dificuldade para arrancar algumas da terra. Quando conseguiu duas ou três de bom tamanho passou a procurar algum gravetinho que servisse de tala. Havia pressa e desespero em suas ações.

Sasuke permanecia alheio aos atos do loiro. Sua mente estava concentrada em lidar com a dor que sentia. Já se ferira em batalha, várias vezes. Algumas lutas o levaram mais próximo a morte do que muitos jamais estariam. Mas a dor de fraturar um osso, sentir o exato instante em que ele se quebra e perfura a carne abrindo um caminho entre os músculos e o sangue, a ponto de quase rasgar a pele, era algo que nunca sentira antes. Era... excruciante.

Gotas de suor gelado juntavam na testa e ao redor das têmporas. A pele naturalmente pálida estava quase fantasmagórica tamanha a lividez que o assolava. Por que a coisa ainda ia se complicar um pouquinho... e Sasuke sabia que o pior apenas estava por vir.

– Aqui, maldito! – Naruto voltou com dois pequenos gravetos, que se estivessem em seu tamanho real nem notariam no chão, e pedaços de raiz da grama viçosa que crescia nas cercanias – Vou enrolar com cuidado e...

– Não! – Sasuke exclamou antes de engolir em seco.

A negativa enfática surpreendeu Naruto. O rapaz voltou os olhos azuis incrédulos para o rosto do companheiro, notando a angústia e a dor como pontos principais na expressão geralmente indiferente.

– Mas... mas...

– Não lembra... das aulas, maldito? – o tom quase desesperado fez o coração de Naruto disparar – Você... tem que colocar... o osso no lugar.

O loiro passou a língua pelos lábios. As palavras trôpegas ficaram dando voltas em sua mente até que a real compreensão de seu significado caiu fulminante sobre ele.

– EEEE?! – Uzumaki berrou. Como assim teria que colocar o osso no lugar?!

– Naruto... – o moreninho balançou a cabeça. Não tinham outra opção: se não voltassem o osso no lugar, a cicatrização aconteceria do jeito errado. Além disso, havia o risco de perfurar uma veia ou artéria, isso se já não tivesse ocorrido. Sasuke sabia que não conseguiria completar aquilo sozinho. O loiro precisaria fazer com as próprias mãos.

Foi a vez de Uzumaki engolir em seco. Ele observou o braço ferido. Deveria estar doendo muito, mas o que faria causaria uma dor infinitamente maior.

– Está bem – apesar de tudo sabia que Sasuke estava certo: o osso tinha que ser recolocado para que a fratura se curasse por inteiro e da maneira certa – Mas vai doer um bocado, Sasuke.

O moreninho meneou a cabeça.

– Me dá um pedaço disso – apontou a improvisada tala com a cabeça. Naruto compreendeu o pedido. Partiu uma ponta do graveto e estendeu para o rapaz que o mordeu e prendeu firmemente entre os dentes.

Naruto sentiu o coração disparar. Deixou as coisas que trouxera no chão e aproximou-se do companheiro de aventura. O fitou por breves segundos, olhos negros como a noite presos pelos azuis celestiais.

– No “três”, tá bom? – o loiro ajeitou-se ao lado de Sasuke de modo a ter a melhor posição para fazer aquilo. Uchiha concordou com um aceno.

Então Naruto concentrou-se no braço machucado. Aproximou as mãos sem tocar na pele branca. Nunca fizera algo semelhante na vida, porém isso não o livrava da necessidade de fazer bem feito e em um único gesto. Já doeria muito, imagina se errasse? Erros não podiam ser tolerados.

– Um... dois... – começou a contagem baixinho. Hesitou brevemente antes do último número – Três!

Ainda pronunciando a palavrinha Naruto usou as duas mãos para tocar o braço fraturado e empurrar o osso rumo a posição correta, para que a cura fosse perfeita. O rapaz sentiu o osso movendo-se para baixo com certa resistência, mas forçou sem piedade. Precisava fazer do jeito certo.

Sasuke sentiu uma dor tão grande que seus olhos embaçaram e ele quase perdeu a consciência. Sequer percebeu que acabara mordendo o graveto com tanta força que o partiu em duas partes e feriu os lábios. Mesmo quando tudo acabou, apenas o que restou foi a dor.

Naruto afastou as mãos ao sentir que o osso estava onde deveria estar. Foi bem a tempo de ver Sasuke pender para o seu lado, como se fosse cair e o ampará-lo em seus braços.

– Terminou – sussurrou querendo acalmar o corpo que tremia junto ao seu. O moreninho parecia transtornado e com a consciência alterada, incapaz de registrar o que o parceiro lhe dizia – Terminou, maldito...

Naruto o abraçou com cuidado, querendo que a dor passasse logo e o moreninho parasse de sofrer. Naquela posição não podia ver as lágrimas que embaçavam os olhos negros e deslizavam pelo rosto pálido indo de encontro ao sangue nascido dos lábios feridos. Uchiha normalmente não chorava, e aquele não era um choro normal. Era apenas como se a dor tivesse encontrado uma forma subjetiva de escapar daquele corpo ferido, e vertesse em lágrimas. Sasuke sequer se dava conta delas.

– Sinto muito... – Naruto voltou a sussurrar. Sabia que não acabara ainda: precisava colocar as talas e enrolar o braço, dar continuidade ao rústico curativo. E ainda doeria um bocado – Sinto muito, maldito!

E Sasuke já não era o único chorando...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Olá!

Pontualmente como sempre! Acho que meu estilo assustou um pouco, hum? O fandom está acostumado com romances colegiais e eu postei algo totalmente nada a ver. Agora é tarde pra mudar isso, mas a intenção de desenvolver algo original era boa...

Até semana que vem.