Pequenos grandes problemas escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Parte 02 - Primeiro perigo


Notas iniciais do capítulo

Segunda feira linda!!



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Pequenos grandes problemas

Kaline Bogard

Parte 02

Primeiro perigo

Estavam andando a certo tempo e nada da paisagem mudar. Continuavam cercados por mato alto, que nada mais era que as folhas de grama que antes chegava a altura das canelas e agora quase lhes cobria a cabeça.

Sasuke ia na frente, abrindo caminho com as mãos e Naruto o seguia de perto, com os dedos cruzados atrás da nuca. O loiro observava tudo com atenção e curiosidade. Era incrível como o tamanho mudava a perspectiva das coisas: grãos de terra pareciam pedras, formigas tinham a altura de cães Chiuaua. Uma linda borboleta esvoaçara perto dali, e as asas azuis pareciam maiores que ele e Sasuke. Até pensou em chamar o companheiro e lhe mostrar a borboleta, porém mudou de idéia. Ele marchava com um mau humor impressionante. O silêncio perdurava a certo tempo e Naruto não queria ser razão de mais um chilique.

Ele tentou ficar quieto, por todo o caminho até Konoha, e é claro que não conseguiu.

– Ne, Sasuke... e se a gente laçasse uma borboleta e fosse voando pra casa?

– Somos muito pesados – o moreninho respondeu seco.

– E se a gente achasse um cachorro por aqui e...

– Um cachorro? – Uchiha virou a cabeça de lado apenas para olhar torto na direção do outro – Por aqui? Idiota.

– Pelo menos eu to dando idéias!!

– Idéias? Pra mim são como piadas. Sem graça nenhuma – e prosseguiu abrindo caminho com as mãos. A grama parecia não ter fim!

Naruto cerrou os punhos e trincou os dentes. Já seria um longo percurso. Com um mal humorado ao seu lado seria mais longo ainda.

– Preferia que fosse a Sakura chan ao invés de você...

A frase teve o poder de fazer Sasuke parar de avançar e virar-se para o outro rapaz. Os olhos negros pareciam ainda mais frios do que nunca.

– Não pedi para entrar na frente do jutsu! Fez essa idiotice por que quis. Por que não cala a boca e apenas continua andando?

Os dois se encararam brevemente. Outra vez Naruto sentiu a incompreensível satisfação por provocar o rival e arrancar-lhe alguma reação.

O moreninho não compreendeu o ar feliz de Uzumaki e fez uma careta. Desistiu de gastar saliva e voltou-se para continuar abrindo caminho, mas assim que segurou em uma das folhas de grama e a puxou para afastá-la, acabou cortando a palma da mão.

– Droga... – gemeu baixo.

– O que foi...? – em menos de dois segundos Naruto já estava sobre o outro, segurando a mão do rapaz e tentando avaliar o estrago.

– Nada – Sasuke puxou a mão querendo soltar-se, mas o loiro não o libertou, então ficou quieto esperando que a análise terminasse.

– Sorte que não parece profundo – Naruto balançou a cabeça – Não temos remédio nem nada...

Enquanto falava puxou uma ponta da blusa de baixo e rasgou um pedaço. Pretendia improvisar uma faixa com ela e proteger minimamente o machucado do outro. Ao perceber a intenção Uchiha até pensou em protestar, mas Naruto não deu a menor chance.

– Cale a boca, maldito. Se eu não enrolar isso vou ter que ir na frente abrindo caminho. Sabia que as damas é que devem ir na frente...? – e riu da gracinha.

Sasuke apenas estreitou os olhos e assistiu enquanto Naruto enrolava o tecido em sua mão, devagar o bastante para não causar dor, porém apertado o suficiente para ajudar a estancar o sangramento.

– Vamos descansar um pouco. Faz horas que a gente está andando – o loiro pediu ao dar dois nós que manteriam o curativo no lugar.

– Tudo bem – Sasuke concordou.

Então o loiro deixou-se tombar para trás, confiando que a grama alta era fofa o bastante para amaciar a queda. E foi. Ele sentiu quase como se caísse em um colchão oferecido pela natureza.

Uchiha foi menos empolgado. Apenas sentou-se ao lado do companheiro e discretamente observou o trabalho que Naruto fizera em sua mão. Até que ficara bem feito, dentro do possível. O tecido branco começava a se encharcar com sangue, mas não muito. Talvez estivesse parando de sangrar.

– Né... o céu parece tão longe! – Naruto exclamou – Quer dizer, normalmente já parece alto, mas agora parece mais ainda.

Sasuke ergueu o rosto e observou o longínquo céu azul. Realmente parecia infinitamente mais alto. Isso o fazia lembrar que pareciam insetos na grama, abandonados em um campo com o tamanho do infinito, onde uma simples graminha era afiada como uma kunai e tão perigosa quanto.

– Eu não culpo você, maldito – Naruto falou com os olhos presos no céu que tinha quase o mesmo tom dos seus olhos – Por isso que aconteceu.

O moreninho tentou sondar a expressão do parceiro, mas era difícil, pois daquele ângulo podia olhar apenas para o seu perfil.

– Não pedi que fizesse nada – rebateu marrento.

– Eu sei disso. Só to falando pra você desencanar, eu sei que vai ficar com isso dando voltas nesse cérebro oco – Naruto afirmou rindo.

– Falou o cérebro oco número um de Konoha! – o rapaz rebateu ofendido.

– Você conhece esse jutsu que nos atingiu?

– Não.

A resposta seca deixou o assunto morrer. Naruto respirou fundo e virou-se deitando de lado e de costas para Sasuke. O loiro sentia sede, mas não ia reclamar. Intuía que seu parceiro sentia o mesmo.

Eles não tinham provisão alguma, fosse de água ou comida. E não havia indicio de que encontrariam algo brevemente, o que era preocupante. Andavam por horas, o sol alto no céu indicava que faltava muito para o anoitecer e eles sequer tinham saído do campo gramado!

Bem que as coisas podiam ser mais simples para variar um pouco...

– Descansou o bastante? – Sasuke perguntou num tom apático.

Naruto pensou em rebater que não era o único cansado por ali, mas desistiu. Se Uchiha queria bancar o durão, então que fosse. Não permitiria que parassem nem por um segundo até o por do sol! Ou não se chamaria Uzumaki Naruto.

– Quando quiser, maldito – sorriu maldoso com o seu plano secreto.

– Tsc – foi tudo o que Sasuke brindou ao loiro, antes de erguer-se e voltar a andar, afastando as folhas de grama com muito mais cuidado.

Naruto imitou o gesto de levantar-se e seguiu o rapaz, aproveitando o caminho que Sasuke abria para eles. Até pensou em se oferecer para tomar-lhe o lugar, tanto pela mão ferida quanto pelo cansaço, no entanto sabia que a boa vontade seria refutada. O moreninho não o deixaria determinar o caminho jamais!

– Idiota... – resmungou baixinho.

Sasuke ouviu a ofensa, mas ignorou. Tinha muito mais com que o se preocupar do que com um dobe desmiolado. Estava tão concentrado em ignorar o ninja que lhe seguia que por pouco, por muito pouco, não percebeu o abismo que se abria a sua frente, bem onde existia uma pausa no gramado.

Parou no segundo exato antes de dar um passo que poderia ser fatal: os olhos negros observaram o que antes seria um barranquinho que podia pular facilmente ou, no máximo, faria alguém desatento tropeçar, agora se assemelhava a um penhasco gigantesco.

Sorte. Muita sorte ter brecado.

Naruto, que vinha resmungando logo atrás, não percebeu que seu companheiro de aventura parara subitamente. Na distração pouco característica de um ninja do seu nível, trombou contra as costas de Sasuke.

– Ei, maldi... – a reclamação do loiro morreu em seus lábios ao assistir Uchiha lutando em vão para manter o equilibro e, para o terror de ambos, tombar para frente, em direção ao barranco que nem notara ter surgido – SASUKEEEEEE!

Uzumaki esticou a mão para segurar o amigo. Seus dedos roçaram o tecido da blusa azul, mas não conseguiram segurá-lo.

Então o pior aconteceu.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Não foi betato! Qualquer erro é culpa exclusiva do MSWord que não me avisou... esse troll.

Boa semana!!