Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Aeeeeeeeeee, gente ♥ Nem creio que voltei, depois de taanto tempo. Eu ia postar antes, juro, mas essa manutenção que-não-acabava-mais no Nyah quebrou minhas pernas. E eu sei que demorei muito, mesmo com a manutenção, mas é que rolaram umas tretas aqui e eu mal tava entrando no pc.
De qualquer forma, aqui estamos nós com um capítulo lindo e cheiroso (u_u) onde vai rolar umas... Coisinhas tensas.
Sem mais delongas, leiam! :D



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Lizzie

Saímos do chalé e seguimos pela alameda com mais algumas meninas. Correndo os olhos pela praça aberta, eu podia identificar naquelas garotas algumas das quais eu havia visto enquanto caminhava pela escola e outras que eu não havia visto, mas todas me lançavam olhares de estranhamento. Pouco me importei com eles, prestando mais atenção no que Jude falava comigo.

– Se você achou esse quarto grande, é melhor se preparar para o refeitório. Sabe o salão comunal de Hogwarts? Imagina aquilo, só que com cinco mesas quase infinitas. – Jude dizia.

– Sério? – Perguntei, realmente interessada nas suas palavras.

Ao saírmos do nosso chalé, senti o vento frio bater na minha nuca e o vi soprar os cabelos de Jude, ao mesmo tempo que ela se encolhia um pouco. Ponderei emprestar-lhe o meu suéter, mas hesitei, temendo que o gesto causasse algum estranhamento.

– Eu juro, Lizzie. Até eu ainda fico um pouco tonta quando entro lá. Acho que nunca vi lugar tão grande.

Ri baixo, enquanto caminhávamos pelo colégio até o refeitório, ouvindo o som alto das conversas desde antes de chegarmos à base dos degraus que levavam à grande porta. Subimo-os com passos distraídos, ainda conversando.

E então, quando eu e Jude adentramos as grandes portas de madeira, uma grande parte das conversas cessou subitamente, dando lugar a um silêncio esmagador, e eu vi centenas de pares de olhos se voltando para nós.

Olhei discretamente para a esquerda, esperando que Jude corresse para se sentar com as suas amigas e me deixasse atravessar aquele corredor sozinha, como já havia acontecido tantas vezes antes. Mas, em vez disso, ela sorriu e se virou para mim.

– Eu disse que aqui era gigante.

Dei um sorriso um tanto maior que os meus costumeiros e balancei a cabeça, rindo baixo e seguindo Jude em direção a onde sentavam Anne e Lucy.

Jude

Eu havia percebido a quantidade de olhares que Lizzie havia recebido sempre que caminhava pela escola, e eu sabia muito bem que aquilo não era nem um décimo do que aconteceria quando entrássemos no refeitório. Mesmo assim, eu estava decidida a estar ao lado dela, e repetir o que eu fizera com Rebecca quantas vezes fosse necessário.

Era estranho mas, por mais que Lizzie fosse – ou parecesse – completamente independente, eu sentia uma grande necessidade de a proteger de qualquer tipo de preconceito que ela sofresse naquele colégio. Talvez aquilo fosse devido ao fato de eu conhecer exatamente como era o St. Leonards-Mayfield e as garotas que ali estudavam, ou então fosse simplesmente um instinto de proteção subconsciente. O fato era que eu estava decidida a fazer isso independente do que acontecesse.

– Seja oficialmente bem vinda ao St. Leonards-Mayfield, Lizzie! – Sentada na frente da minha colega de quarto, Anne sorria amigavelmente.

Lizzie deu um de seus sorrisos de canto.

– Muito obrigada.

Eu sorri e me virei para ela.

– Nós dizemos oficialmente porque isso é lei aqui no St. Leonards. Ninguém é realmente aluno até passar pelo jantar.

Lizzie sorriu.

– Agora eu fiquei até com medo, o que tem de tão mágico assim nesse jantar?

Eu, Anne e Lucy rimos, desviando o olhar para onde mais ou menos quinze empregados chegavam com as mais variadas panelas, bandejas e travessas. Lizzie seguiu nosso olhar, adquirindo pouco a pouco uma expressão surpresa.

Quando os pratos estavam servidos, a minha colega de quarto tinha uma expressão tão surpresa que foi impossível não rir.

– É, vocês estavam certas. – Ela disse, por fim.

O jantar no St. Leonards era tão grandioso quanto o salão em que era servido. As alunas faziam filas entre as cinco mesas longas, diante de outra grande mesa onde eram colocadas todas as panelas e vasilhas e, lá, podiam se servir do que quisessem, e o quanto quisessem.

Depois de pouco tempo, Lizzie, Anne, Lucy e eu pudemos nos servir. Naquele dia, caldos de cebola, ervilha, abóbora (esse com camarões) e batata com queijo fumegavam em suas panelas de pedra, ao lado de grandes cestos de pão preto macio. Pedaços tenros de pernil, lombo recheado, peru e codorna exalavam um agradável aroma de temperos diversos. Ao lado, uma travessa de macarrão era acompanhada de quatro molhos: bolonhesa, sugo, pesto e parisiense. Logo depois, três outras travessas continham lasanhas que deixavam fios de queijo derretido a cada pedaço puxado. Uma de frango, a outra de presunto e a outra de queijo com molho branco. Do outro lado, travessas com peixes e legumes grelhados e cozidos a vapor faziam a opção de quem preferia comidas mais saudáveis, junto com macarrões com molhos vegetarianos e saladas de folhas com molhos frescos e leves.

Lizzie observava os pratos com uma expressão atônita, surpresa. E eu tinha que concordar: era realmente muita comida.

Quando voltamos para a mesa, eu tinha um prato com um pedaço médio de lasanha de queijo e molho branco e um pouco de salmão grelhado. Lizzie, por sua vez, perferiu uma tigela de caldo de abóbora e um pedaço de pão preto. Anne, como boa vegetariana, comia macarrão e uma grande quantidade de salada de folhas, e Lucy preferia um pedaço de lasanha de frango.

– Lizzie, eu posso te fazer uma pergunta meio indiscreta? – Anne perguntou a certo ponto do jantar, enquanto a minha colega e quarto tirava pedacinhos do pão preto para mergulhar no caldo de abóboras.

– À vontade. – Ela deu de ombros, sorrindo bem pequeno.

– Bom, eu vi quando você se servia e… Reparei no seu braço esquerdo. Você tem uma tatuagem?

– É. – Lizzie sorriu de canto e soltou os pedacinhos de pão, limpando os farelos dos dedos e puxou a manga da camisa para cima, exibindo o escrito “2-5-98” em preto na sua pele branca em letras no estilo datilografado.

– É uma data? Dois de maio de noventa e oito? – Anne perguntou.

– É. – Lizzie concordou novamente, soltando a manga da camisa e voltando a partir pedacinhos de pão. Nos seus lábios havia o mesmo sorriso triste que ela dera quando se referira aos pais comigo, e quando voltou a falar, não levantou os olhos. – É a data em que meus pais faleceram, quanto eu tinha dois anos de idade. É uma forma que eu encontrei de me lembrar deles, tê-los sempre comigo… – Ela deu de ombros.

– Entendo. – Anne respondeu em voz baixa e, de repente, eu tive de segurar o impulso de acariciar o ombro ou os cabelos de Lizzie do modo mais reconfortante possível. No lugar disso, apenas lancei-lhe um olhar compreensivo.

– Mas enfim. – Ela levantou os olhos, deixando os pedaços de pão sobre o prato. – Vocês também fazem o último ano?

– Sim. – Lucy sorriu. – Você também?

Lizzie assentiu.

– Último ano? Então você tem dezesseis anos, Lizzie?! – Anne perguntou, surpresa.

– Não. – Lizzie sorriu de canto. – Tenho dezessete. Reprovei uma vez na minha antiga escola. – Ela deu de ombros.

– Ah, entendo.

Lizzie sorriu novamente e logo terminamos de comer, assim como diversas outras garotas. Depois de colocarmos os pratos e talheres no local de descarte, nos levantamos para sair do salão.

Percebi que, em um canto, um pequeno grupo de garotas parecia olhar para nós,, fazendo comentários acompanhados de alguns risos baixos. De repente, uma delas – Lydia, que eu conhecia apenas de vista – foi empurrada do grupinho, vindo em nossa direção.

Eu sabia que tanto aquela garota quanto as outras quatro que as acompanhavam não faziam parte da metade mais legal da escola, e todas eram um tanto arrogantes e intolerantes. Dessa forma, me preparei para uma provável conversa pouco amigável.

Lizzie e Anne conversavam, de modo que não haviam reparado no que acontecera, e a atenção delas só foi despertada quando Lydia tocou levemente no ombro da primeira.

– Com licença?

Lizzie e Anne se viraram.

– Sim?

A expressão de Lizzie era diferente de todas que eu já havia visto em seu rosto, assim como seu sorriso de canto. Ela mirava a garota de um modo preguiçoso e um tanto “malandro”, como se avaliasse cada parte dela de uma forma displicente. Era uma expressão, no mínimo, desconcertante, e eu tinha a leve impressão de que era essa a exata sensação que ela queria causar.

– Você é nova aqui, não é? – Lydia perguntou, se retraindo levemente. O sorriso de Lizzie aumentou.

– Sou. – Ela respondeu daquela mesma forma, se espreguiçando e pousando ambas as mãos na nuca.

– Eu e as minhas amigas estávamos conversando, e eu queria te fazer uma pergunta.

– À vontade. – Ela acenou muito levemente com a cabeça.

– Você é lésbica?

Mesmo não sendo direcionada a mim, a pergunta me acertou como um choque. Desde que eu conhecera Lizzie, não me passara pela cabeça nenhuma vez tal ideia. Na verdade, eu simplesmente não pensara em Lizzie ficando com qualquer pessoa, fosse menino ou menina. E, parando para pensar, era realmente engraçado e um tanto irreal imaginá-la ficando com um garoto. Mas era ainda mais estranho e desconcertante pensar na minha colega de quarto mantendo relações com uma menina.

Lizzie, ao meu lado, ergueu as duas sobrancelhas e riu abertamente, sorrindo como eu nunca vira antes. Mas não era um sorriso sincero como os de canto; aquele sorriso era irônico, e deixou Lydia ainda mais desconcertada. E então, de repente, ela olhou fixamente para a outra garota, sem tirar o sorriso dos lábios.

– Por que quer saber?

– N-nada. – A voz de Lydia falhou. – Só curiosidade. Com licença.

E, sem dizer mais nada, ela saiu com passos apressados, voltando para perto das amigas.

Dentro de mim, alguns sentimentos entravam em conflito. Eu ainda tentava assimilar a – grande, diga-se de passagem – possibilidade de Lizzie, tão amável e um tanto diferente, gostar de garotas e, ao mesmo tempo, sentia um tipo de orgulho dela por desconcertar e confundir tanto Lydia, aquela garota tão arrogante que adorava rebaixar as pessoas.

De repente, senti o vento frio noturno bater com força nos meus braços nus e no rosto, causando arrepios, e foi naquele momento que eu percebi que havia percorrido metade do salão do refeitório imersa em meus pensamentos. Também percebi que Lizzie, Lucy e Anne ainda conversavam, e meu coração tinha um ritmo acelerado. Mordi o lábio e abracei o meu corpo, acelerando os passos para acompanhar o ritmo das três.

Quando chegamos perto dos limites do bosque, Anne se separou de nós, e foi então que Lucy e Lizzie pareceram se lembrar de mim.

– Está calada, Jude. O que aconteceu? – A segunda perguntou, me olhando.

– Nada. Acho que é o frio. – Sorri.

– Então é melhor andarmos mais rápido. Realmente esfriou. – Lizzie disse por fim e eu e Lucy concordamos, acelerando a caminhada.


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Notas finais do capítulo

Comidinhaaa *-* E ai, gostaram da descrição da comida? Foi a minha primeira vez, já que eu estava lendo uns livros (George Martin, Eduardo Spohr) e aquelas descrições de comida me deram água na boca, e eu queria ver se conseguia fazer o mesmo. Deu certo?
Bom, acho que não tenho mais o que dizer, não é? E para as leitoras que pediram mais sobre a vida da Lizzie, isso é no próximo capítulo - o último do primeiro dia de aula delas e... é isso.
Para finalizar, eu amei esse novo sistema de postagem *--*
Ah, sim. As leitoras que comentaram o cap anterior foram:
— Kay Burn (sim, Kate é pró)
— TConty (a moça dos olhos lindos)
— Haay (cabelos arco-íris feat. paixão pela Jude [tudo bem, pode ficar com ela. Mas a Lizzie é minha])
— Biscoitinho (bem vinda, moça bonita!)
— Arayan (falo nada u.u)
— Samyni (que no dia que não estiver aqui, pode saber que morreu)
— Paçoquinha (Hmm, minha criatividade para comentários acabando)
— Em (sim, essas duas são fofas)
— juliana (a última a comentar! u.u)
E as moças novas que favoritaram:
— Gabs Jenner Somerhalder
— Biscoitinho
— tooth
Vou nem falar das que não comentaram, hein u.u O marcador de leitores tá marcando beem mais que onze u.u
E é isso. Até mais! o/