Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 37
Capítulo XXXVII


Notas iniciais do capítulo

Voltei!
É, rápido porque achei que vocês mereciam uma recompensa depois de meses de abandono (ui, poética).
Espero mesmo que gostem desse capítulo, tá realmente fofo e melosinho :3
E pra ajudar, vou deixar uma explicaçãozinha aqui:

"Christmas Crackers são uma tradição britânica. Eles parecem com um bombom gigante e ficam na mesa para serem abertos antes da refeição. Abrir os Christimas Crackers é trabalho para duas pessoas. Cada uma puxa de um lado, até acontecer um pequeno estouro. Dentro de cada cracker existe um brinde, uma coroa de papel e uma charada ou ditado."

Sim, isso vai ser importante na fic. Espero de coração que gostem do cap :3



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Lizzie

— Lizzie, o que acha desse aqui?

Corri os olhos pelo vestido azul claro que Jude segurava diante do corpo e abri um sorriso de lado.

— Tá lindo! Você vai ficar linda com ele, Jude!

Vi o rosto de Jude corar e acabei sorrindo novamente.

— Então eu vou vestir esse.

Quase não demorou para que ela me chamasse no closet, e eu tive que me segurar para não beijar-lhe as costas nuas enquanto fechava o vestido.

— Tá pronta? — perguntei então, vendo-a se analisar no espelho enquanto arrumava a saia.

— Ainda quero arrumar o cabelo.

Analisei-a.

— Pra mim tá bonito assim.

— Lizzie, se eu colocar um abacaxi na cabeça você vai achar bonito.

— Na verdade eu vou achar estranho. Mas não tem problema; você é linda de todo jeito.

Ela balançou a cabeça, um sorriso leve nos lábios, e segurou-me a mão.

— Então vamos logo embora. Tenho medo do que a sua avó pode fazer comigo se nos atrasarmos.

Acabei rindo baixo e segui Jude para fora do quarto, sem deixar de rir de suas brincadeiras em relação a minha avó enquanto descíamos as escadas.

E então, de repente, nós duas congelamos, quase ao mesmo tempo. Vi a garota ao meu lado enrijecer, e mesmo pela visão periférica, pude enxergá-la trincando os dentes.

— Jude, aí está você!

Até mesmo eu senti um arrepio percorrer-me a espinha, sem conseguir sustentar totalmente o olhar implacável da mulher de cabelos claros sobre mim, vendo a ruga de reprovação entre as sobrancelhas.

— Oi, mamãe. — engoli a surpresa ao ver Jude sorrir docemente, como se o susto de antes houvesse sido apenas impressão. — Bem vinda de volta! Cadê o papai?

Os olhos da senhora Ward percorreram o vestido da garota ao meu lado, e, exatamente como Jude fizera, vi a leve reprovação transformar-se em um sorriso simpático.

— Você não me apresentou a sua amiga.

— Ah, sim. Essa é a Elizabeth. Ela é do St. Leonards, e a gente já está saindo.

— Olá, Elizabeth. — a mulher sorriu cordialmente, acenando com a cabeça um cumprimento educado. Senti meu pulso acelerar.

— Bom dia, Sra. Ward. — respondi, com a maior segurança que pude conseguir.

Ela sorriu e, por alguns segundos, comecei a pensar em tudo que Jude já dissera sobre ela.

— Não vou atrasá-las mais. — ela concluiu, depois de encarar-nos por alguns segundos. — Bom passeio, minha filha. E prazer em lhe conhecer, Elizabeth.

Abri o sorriso mais cordial que pude enquanto Jude agradecia à mulher, e, instantes depois, estávamos dentro do primeiro táxi que passou. Foi só no momento em que a porta bateu que vi a expressão dela mudar diante de mim, e senti meu coração apertar ao ver seus olhos baixos.

— Ei. — murmurei, pensando se seria má ideia abraçá-la. Dando de ombros, passei o braço por sua cintura. — Não fica assim, vai.

Vi-a torcer as mãos sobre o colo e suspirei.

— Jude, relaxa. Não aconteceu nada de mais. — murmurei, segurando entre os dedos uma mecha do seu cabelo.

— Mas Lizzie... — ela suspirou. — e se ela... Sei lá?

— Não tem nada de mais, Jude. A gente não fez nada, ela não viu nada. Para ela, eu sou só sua amiga estranha.

Vi uma sombra de sorriso brincar no canto do seu lábio.

— Você não é estranha, Lizzie.

Acabei sorrindo também, e fiz uma leve carícia em seu rosto.

— Duvido que sua mãe ache o mesmo.

Jude

Com a ajuda de Lizzie e seus gracejos e sorrisos fáceis, não demorei a esquecer um pouco o pequeno incidente na sala da minha casa. E, ao chegarmos ao local onde a Sra. Bennet trabalhava, deixei aquilo completamente de lado, ao ver a avó da minha colega de quarto receber-nos com um sorriso grande para os padrões delas, abraçando-me apertado.

— Que bom que chegaram, meninas! — ela exclamou, enquanto meus olhos corriam pelo refeitório grande e bem decorado, parando na enorme árvore de Natal bem no centro, em toda sua imponência e luzes vermelhas. — Elizabeth, minha filha, lembra-se do Sr. Connor?

Lizzie confirmou com a cabeça.

— Ele sentiu a sua falta. Me perguntou de você, disse que gostou da conversa que tiveram da última vez.

A minha colega de quarto sorriu de lado, mexendo nos cabelos, e eu me perguntei o que ela teria de assunto com um idoso, enquanto me admirava de sua atenção e paciência.

— Eu vou lá conversar com ele. — ela meneou a cabeça, e então se voltou para mim. — Vem, Jude, vou te apresentar tudo.

Abri um sorriso tímido, e quase pude perceber a Sra. Bennet acenando aprovativamente com a cabeça quando Lizzie segurou a minha mão na dela, puxando-me pelo salão.

Nos momentos seguintes, fui guiada pela minha colega de quarto por todo o refeitório do lar, sendo apresentada a diversos senhores e senhoras — alguns muito fofinhos, e outros um tanto rabugentos — e suas respectivas famílias.

— Elizabeth! — a voz da Sra. Bennet soou quando estávamos diante do grande pinheiro de Natal, Lizzie com as mãos nos meus ombros.

— Deus, vó, não precisa gritar. — a garota sorriu de lado, enquanto nos aproximávamos do chamado. — O que foi?

— Vamos colocar a ceia daqui a pouco. — ela anunciou simplesmente, e Lizzie assentiu com a cabeça.

— Jude, quer me esperar aqui? Agora eu vou ajudar as meninas da cozinha com a ceia.

Ergui os olhos para ela.

— Não posso ajudar também?

Ela sorriu de lado, fazendo um carinho suave no meu queixo.

— Se quiser.

E, assim, logo me vi carregando uma travessa assustadoramente grande de batatas assadas junto a Lizzie, enquanto diversas outras pessoas levavam mais pratos extremamente perfumados até a mesa maior.

— Isso é pesado. — murmurei, vendo o sorriso de Lizzie.

— Não quer que eu carregue? Sei lá, você parece delicada demais para essas coisas.

Balancei a cabeça, rindo.

— Nem parece que você me conhece há tanto tempo.

Lizzie riu também e, no segundo seguinte, deixamos a enorme travessa sobre a mesa.

Quando todos os pratos já estavam acomodados, a Sra. Bennet e outras duas mulheres postaram-se à frente da árvore de Natal. Sorrindo, elas agradeceram a presença de todos e deram as mãos, dizendo uma breve oração que me surpreendi em ver Lizzie acompanhando num silencioso movimento de lábios. Momentos depois, estávamos todos sentados ao redor da mesa grande, e uma mulher de meia idade distribuía crackers aos convidados.

— E aí, quem abre primeiro? — Lizzie olhou-me, segurando dois rolinhos envoltos em papel brilhante em formato de bombom.

— Você? — ergui as sobrancelhas, numa sugestão.

— Ok. O verde é seu, o vermelho é meu.

Confirmei com a cabeça, colocando o embrulho verde no colo e segurando com a mão esquerda a ponta que Lizzie me entregava.

— Um, dois...

— Três e...

— Já! — exclamamos e, juntas, puxamos as pontas do cracker, até ouvirmos um pequeno estouro.

Lizzie pegou nas mãos o brinde, uma coroa de papel, e colocou-a na minha cabeça. Acabei rindo antes de tirá-la, colocando no colo.

— Eu fiquei com o brinde, você fica com o bilhete. — ela piscou, entregando-me um papel branco dobrado. — Leia em voz alta, okay?

Confirmei com a cabeça e tomei o papelzinho de sua mão, desdobrando-o rapidamente e correndo os olhos na pequena frase escrita.

Jude, quer namorar comigo?”

Arregalei os olhos, um sorriso largo abrindo-se nos meus lábios sem querer. Olhei para Lizzie, que tinha seu sorriso de sempre no rosto.

— Lizzie! — exclamei, sem conseguir dizer mais nada.

Ela riu, erguendo a sobrancelha.

— E aí? Sim ou não?

Comecei a rir, esquecendo completamente que estávamos diante de uma mesa com algumas dezenas de pessoas, e abracei Lizzie por reflexo, beijando-lhe o canto dos lábios.

— Claro que quero.

Ela voltou a sorrir de lado, abraçando-me a cintura, e logo voltamos a nossas posições iniciais.

— O que vai querer comer? — ela voltou seu olhar para mim, colocando diante de nós um prato que eu não a vi pegar.

Encolhi os ombros, ainda sentindo o coração acelerado, e sem tirar o sorriso dos lábios.

— O que você quiser, sei lá. É tanta coisa.

Ela sorriu de lado e levantou-se, e eu observei enquanto ela pedia a uma mulher do outro lado da mesa para que servisse-lhe um pedaço de alguma coisa.

Enquanto comíamos, senti seus dedos roçarem os meus e voltei a sorrir, segurando a sua mão com força. Trocamos um olhar cúmplice e a vi abrir um de seus sorrisos largos, e não pude imaginar melhor presente de Natal.


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Notas finais do capítulo

Não vai ter listinha nesse porque eu tô programando a postagem, então ainda nem chegou review nenhum (caso queiram saber, estou louca de nervoso, com medo de não chegar nenhum mesmo e eu ser abandonada ás traças). Mas enfim.
No próximo capítulo eu faço as duas listas, nice?
Até lá, povo lindo :3