Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 32
Capítulo XXXII


Notas iniciais do capítulo

É... Eu acho que devo algumas explicações. Bom, quem faz ou já fez o Ensino Médio sabe que não é um período muito interessante da vida escolar de ninguém, certo? E quem o faz ou fez estudando de manhã e de tarde deve ter consciência que é pior ainda. Principalmente no final do ano.
Well, depois de quase um mês, 44 páginas, 40 reais gastos em impressão e a quase-perda de uma amizade de quatro anos, terminei o pior trabalho da minha vida e cá estou para vocês!
Espero muito que não tenham esquecido da fic, que não tenham me abandonado nem nada disso. Peço milhares de desculpas!
E é isso. Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423351/chapter/32

Jude

Depois de tocar a campainha, demorou menos de um minuto para Sra. May abrir a porta, trazendo-me um sorriso.

– Srta. Jude! Já de volta! – Ela sorriu, dando espaço para que entrássemos. – E essa deve ser a Srta. Bennet, de quem você falou.

Vi Lizzie abrir seu sorriso meigo e educado, cumprimentando a senhora e apresentando-se por seu apelido, enquanto entregávamos nossos casacos cobertos de neve.

– É bom te conhecer. Jude já falou bastante de você.

Lizzie sorriu de lado, sugestivamente, e eu corei.

– Vocês vão querer algo? Água, algo para comer, beber…?

– Não, Sra. May, muito obrigada. Estamos bem. Lizzie?

– Obrigada, Sra. May. – Ela sorriu e a senhora assentiu, deixando então a sala.

Vendo o olhar de Lizzie correr pelo local, voltei a corar, agora um pouco envergonhada com o enorme lustre de cristal ou a escada de mármore, que de repente pareciam não elegantes, mas ostensivos e exagerados.

– Tenho que assumir que quando você contou, minha imaginação não chegou nem perto disso.

Senti meu rosto quente e mordi o lábio.

– É, eu… Isso tudo foi coisa da minha mãe. Ela meio que decorou tudo.

Lizzie sorriu e olhou-me.

– Parece um pouco com St. Leonards, não sei. Todas essas mansões são assim? Com esse mesmo estilo?

– Não, não. – Eu ri. – Tem pessoas com muito mais bom gosto. E muito mais mal gosto também.

Lizzie riu baixo, e eu sorri, realmente feliz, apesar de tudo, pela presença dela ali.

– E aí? Quer conhecer mais? Eu queria te mostrar uma coisa.

Ela sorriu.

– O que você quiser.

Abrindo um novo sorriso – era como se eu simplesmente não conseguisse tirar aquela expressão do rosto – puxei Lizzie escada acima, passando pelas portas fechada do meu quarto e do de James antes de chegar finalmente à do estúdio.

– Lizzie... – Eu fiz uma cara cerimoniosa. – Agora eu vou te apresentar o meu amor. É basicamente o que me faz sorrir quando estou aqui. É praticamente tudo para mim.

A garota a minha frente franziu as sobrancelhas diante do meu comentário.

– Amor? Tudo para você? Não sei se gosto disso.

Sem conseguir manter a expressão séria eu dei uma risada.

– Vem. – Falei simplesmente, abrindo a porta e puxando Lizzie.

Adentramos a sala realmente enorme, e meus olhos foram automaticamente para o objeto que eu considerava meu “amor”. No meio da sala meu piano de cauda repousava, enorme e reluzente, de madeira branco-perolada, com as teclas em preto e branco, totalmente convidativas.

– Eis uma das minhas alegrias nessa casa.

Vi Lizzie abrir um sorriso realmente largo.

– Que incrível, Jude! – Exclamou, fazendo-me sorrir. – Eu adoraria te ouvir tocar.

Rindo baixinho, puxei-a para a banqueta, sentando-nos lado a lado.

– Alguma preferência de música?

Olhando-me com um brilho diferente nos olhos, ela negou com a cabeça, enquanto eu abria a tampa sobre as teclas pretas e brancas. Suspirei levemente ao deslizar os dedos por elas, consciente do perfume leve e do calor de Lizzie tão perto, e então, fechando os olhos, comecei a tocar.

O som invadiu meus ouvidos junto ao toque liso das teclas de marfim. De repente, só havia aquilo no mundo inteiro, o som, o toque, o perfume, e de repente aquilo era só o que eu precisava para ser a pessoa mais feliz de todas. Toquei sem pensar, sem parar, sentindo o sorriso brincar nos meus lábios, a velocidade do ritmo da música aumentando cada vez mais, chegando ao seu ápice e então diminuindo, como um leve suspiro, a respiração ofegante. E então toquei as últimas notas, abrindo os olhos quando o som ainda soava.

Antes mesmo de erguer os olhos, senti o braço de Lizzie envolvendo a minha cintura, e sorri ao sentir seus dedos em meu queixo, seus lábios buscando os meus para roubar-me pequenos selinhos.

– Isso foi lindo, Jude.

Sorri contra a sua boca.

– Obrigada.

Rindo baixo, Lizzie se afastou de mim, levantando-se. Fiz o mesmo.

– Eu já te contei, não é? Que comecei a tocar com seis anos?

Ela sorriu.

– É por esse tipo de coisa que eu te acho incrível.

Olhei para baixo, sentindo o meu rosto esquentar, e sorri.

– Não sou tudo isso.

Lizzie tocou meu queixo e meu rosto foi erguido. Ela sorria.

– Sabe, você fica linda assim, tímida, mas eu gosto muito dos seus olhos.

Voltei a enrubescer, mas dessa vez não abaixei a cabeça.

– Eu gosto dos seus olhos também.

Ela riu baixo e, antes que eu pudesse raciocinar, sua mão desceu pelo meu pescoço, macia e quente, e chegou à minha nuca, os dedos se entrelaçando nos meus cabelos e deixando meu corpo arrepiado. Quando o suspiro escapou dos meus lábios, eu já estava encostada contra o piano, a boca de Lizzie na minha.

Abracei o seu pescoço por reflexo, puxando-a para mim até o seu corpo estar totalmente no meu, separado apenas por camadas de roupas. Apertei minhas unhas em sua nuca, sorrindo ao ouvir um som suave escapando da sua boca quando paramos para respirar, trocando selinhos.

Eu mal havia tomado fôlego quando puxei-a novamente para mim, dessa vez com as mãos passeando por suas costas e ombros e desejando tocá-los além da blusa e do top. Por reflexo, arranhei-lhe a pele sobre a roupa, ao mesmo tempo em que suas mãos desciam pelos bolsos de trás da minha calça e nossos suspiros se mesclavam.

Da segunda vez que Lizzie me apertou contra o piano, os dedos nas minhas coxas, contive a vontade de me erguer ali, as pernas ao redor do seu quadril. Em vez disso, subi a mão por sob a sua blusa, o corpo tomado, arrepiado e quente. Mordi seu lábio inferior por instinto, ouvindo um suspiro deixar seus lábios pela terceira vez, e então batidas soaram na porta, nos fazendo acordar do pequeno transe com arquejos de surpresa.

– Srta. Jude? Está ocupada?

Arregalei os olhos, olhando assustada para Lizzie, que sorria e já acertava a blusa. Arrumando o meu cabelo, ela acenou com a cabeça, como que me encorajando a falar.

– Sim, Sra. May. – Me virei para a porta, puxando e alisando a blusa. – Pode entrar.

Aparentemente sem perceber nada, a Sra. May deixou sobre a mesinha de centro do estúdio uma bandeja com sanduíches e copos de suco, avisando que a neve havia se tornado uma nevasca, que, segundo o noticiário, vinha impedindo os motoristas de dirigirem pela cidade.

– E no primeiro dia de neve! Esse tempo está louco! – Ela exclamou então, deixando o estúdio.

Ao sentarmos frente a frente nos sofás, a bandeja entre nós, eu me vi preocupada.

– Temos um problema.

Lizzie sorriu então, apoiando os cotovelos nos joelhos separados.

– Você acha um problema grande assim eu passar uma noite aqui?

Mordi o lábio ante o seu olhar, sentindo toda a ambiguidade que ela emanava. Tentei pensar em qualquer resposta provocante para dar, ainda sentindo os efeitos do momento anterior em mim, mas nada veio à minha cabeça.

– Na verdade eu gostaria bastante.

Ela sorriu outra vez.

– Que ótimo. Eu também.

No final, acabou realmente sendo decidido assim. Depois de um diálogo de cerca de dois minutos pelo telefone com a avó, Lizzie já tinha obtido “permissão” para dormir comigo, rindo ao anunciar isso pois, segundo ela, a avó havia mencionado algo sobre o Sr. Wilbur.

Depois de preparar o quarto de hóspedes e nos oferecer mais algumas coisas, a Sra. May se retirou para dormir, deixando-nos sozinhas na sala de estar e, até James chegar, na casa.

Lizzie não se surpreendeu tanto ao ver o meu quarto – lembrava o de St. Leonards –, mas não deixou de fazer brincadeiras com o tamanho do espaço, da cama e o fato de existir um closet. Como no colégio, deixei-a lá para tomar o meu banho, e então aguardei, sentada na minha cama, que ela tomasse o dela, apenas para vê-la voltar do banheiro com um pijama meu, os cabelos molhados e um meio sorriso nos lábios.

– Achei que era culpa das calças largas. – Ri, cruzando as pernas e indicando a barra da cueca, que aparecia displicentemente por trás do cós da calça. – Mas parece que não.

Lizzie também riu, erguendo um pouco a blusa –, me fazendo suspirar – e olhando para baixo.

– É confortável. – Comentou, puxando apenas por puxar o cós da cueca.

Voltei a rir, mesmo sentindo um certo calor, então, sem querer, bocejei.

– Está com sono?

Acabei sorrindo, sentindo o movimento do colchão sob o seu peso quando ela sentou-se ao meu lado e a sua carícia no meu rosto, seguida de seus braços me envolvendo.

– Acho que sim.

Lizzie riu, bocejando também.

– Não é a única.

Dei mais espaço – o que não era difícil, devido ao tamanho da cama – e nos deitamos, eu com a cabeça em seu ombro e ela com o braço me envolvendo, permitindo que eu visse sem querer a tatuagem do lado de dentro de seu bíceps.

– Lizzie… – Chamei, fazendo-a desviar o olhar para mim. – Posso te perguntar uma coisa?

Seus olhos chegaram aos meus, confirmando.

– Você… – Hesitei, esticando o braço para passar os dedos pela data escrita em sua pele.

– Se sinto falta dos meus pais?

Confirmei, ao mesmo tempo surpresa por ela ter adivinhado e com medo da resposta. Mesmo seu sorriso não me tranquilizou.

– É difícil definir isso, sabe? Eu não os conheci, não tenho lembranças. É claro que, mesmo com a minha avó, eu sinto falta da presença paterna, materna, aquela sensação de vazio, o pensamento de “como seria se eles estivessem aqui”. Não sempre, claro, afinal a minha avó faz muito bem o papel de tudo para mim. Ela me criou, me ouviu, compreendeu e aceitou, desde que me entendo por gente. Acho que nós acabamos nos completando nisso. Eu não sinto falta dos meus pais como pessoas, mas sinto falta da presença deles. Ela perdeu o filho e a nora, então acho que me criar foi como tê-los novamente.

Olhei para baixo, sentindo meus olhos arderem. Pensei, de repente, se as coisas seriam diferentes se os meus pais não vivessem mais. Se eu teria uma avó para me criar, amar, aceitar e ouvir, ou se estaria, naquele momento, num internato de órfãos, longe de James para sempre, sem conhecer nada do que era meu presente.

Meus pensamentos foram para Lizzie. Seria ela daquele jeito graças à ausência dos pais? Poderia ser ela totalmente diferente se eles ainda estivessem vivos?

– Hey, Jude. Não fique mal. – Senti seus dedos no meu queixo e sorri com o trocadilho, percebendo então que ela era assim porque esse era o seu jeito, e nada mudaria isso. – Vamos dormir.

Voltei a sorrir e abracei mais o seu corpo, bocejando outra vez.

– Vamos, Lizzie.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ufa! Tô aqui! E espero muito que vocês não tenham me abandonado. Não, ainda não respondi os reviews, mas o farei agora, certo? Bora lá pros amores que comentaram!
— Ms Lee Barbosa Fernandes
— Laura Storm
— ArayaN
— Saah Chan (pimenta vem logo, hein? Falta pouco!)
— lih
— freiregonc
— Hachimenroppi
— DudaTrigger
— AnaCarolina
— Pietra Soult
— memk
— Alaska Young
— BeaM
— AnaCorazza
— Popi Luka
— Black
— Vitoria
— The Groselha
— Kaya Gabriela
— eloh
E é isso aí! Obrigada por comentarem e acompanharem, pessoas lindas! Vou tentar ser um pouco mais rápida dessa vez :3