Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Hey, moças. Explicar uma coisinha para vocês: eu tenho mania de postar assim que eu termino o cap. Então quer dizer que eu não vou postar sempre assim, rapidinho, de dois em dois dias, já que eu escrevo duas fics paralelamente. O negócio é que eu tô muito animada com essa fic e muito, muito feliz, porque com dois capítulos a gente já tá com 13 reviews, e isso é lindo.
Então... Esse é o recadinho. O cap de hoje tá bem grandinho. Espero que gostem >



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Jude

– Eu queria que esse colégio fosse misto. – Rebecca reclamou enquanto caminhávamos pelo colégio, voltando aos nossos chalés.

– Misto? E por quê? – Perguntei, olhando para a minha amiga americana.

– Ah, vai dizer que você não sente falta de alguns gatinhos nessa escola? Vamos lá, só tem mulheres aqui.

– É, nisso eu tenho que concordar. – Anne se meteu.

– Ah, mas deve ser bom para fazer novas amizades. – argumentei. – E garotos são tão bobos às vezes...

– Para não dizer sempre. – Lucy sorriu, revirando os olhos.

– Bom, eu vou para o meu quarto. A gente se vê no jantar. Você vem, Anne? – Rebecca virou-se para a loira.

– Sim, eu vou. Até mais tarde, meninas.

– Até. – Eu e Lucy respondemos ao mesmo tempo, e então Rebecca e Anne seguiram para o outro lado, onde se situava um dos complexos de chalés..

– Então... Vamos? – Lucy virou-se para mim.

Concordei e nós seguimos em direção aos nossos chalés.. Lucy foi para o seu quarto, no número 67, enquanto eu seguia a alameda até o 69, pensando na cama extra que permanecia vazia mesmo depois de um dia. Como seria a garota? Legal? Chata? Intimidadora? Ok, por que eu pensei nisso?

Tirei a chave da minha bolsa e coloquei-a na fechadura, mas a porta se abriu quando eu girei a maçaneta: estava destrancada.

Adentrei o quarto e vi que a cama vazia estava desarrumada. Havia uma mochila meio surrada e uma mala pequena ao lado da cama, e um uniforme mal dobrado sobre a mesa de estudos, mas nenhum sinal de pessoa ali.

Imaginei que a dona daqueles pertences teria saído para conhecer a escola e fui até a minha parte do quarto, jogando a bolsa sobre a cama.

– Oi.

Soltei um grito, olhando, assustada, para a garota que tinha simplesmente surgido debaixo da cama.

– É... foi mal. Eu não queria ter te assustado.

– N-não. Está tudo bem. – Murmurei, normalizando a minha respiração e olhando para aquela pessoa a minha frente.

Ela tinha as laterais da cabeça raspadas e o resto do cabelo negro cortado na forma de um topete, quase como um moicano. Os olhos eram verdes, tão escuros que pareciam castanhos, e a pele muito branca. No canto do lábio inferior e no nariz ela trazia pequenas argolas negras. Sua roupa se resumia a uma camiseta branca um pouco larga, uma camisa xadrez vermelha amarrada nos quadris, jeans surrados e com um rasgo no joelho e um par de tênis um tanto quanto... velhos.

– Você deve ser a minha colega de quarto. – Ela murmurou, quebrando o silêncio que se formou.

– É... – Sorri de canto, me recompondo. – Jude Ward. Muito prazer. – Respondi, estendendo-lhe uma mão.

– Prazer, Lizzie. Quero dizer, Elizabeth. Elizabeth Bennet. – Ela respondeu, aproximando-se de mim com passos longos e apertando a minha mão.

– Elizabeth Bennet? – Perguntei, arqueando uma sobrancelha e pensando na personagem de Orgulho e Preconceito.

– É. – Ela deu um sorriso torto. – Mas nada a ver com Jane Austen, por favor.

Dei uma risada.

– E então? De onde você é? – indaguei.

– De Londres mesmo.

– Legal. Eu também nasci aqui.

Ela sorriu de canto e colocou as mãos nos bolsos.

– Então... Você tem quantos anos?

– Dezessete.

– Então você veio estudar no último ano?

– Por aí. – Ela deu de ombros.

– Legal! Você vai ser da minha sala!

Ela sorriu de canto.

– Sim.

Ficamos em um silêncio tenso, e eu pude observar seus olhos verde-escuros e um tanto misteriosos avaliando algo – que eu não tinha certeza se era eu ou o quarto.

– Você não é de falar muito, não é?

– Não é meu ponto forte. – Ela sorriu de canto.

– Mas você gosta de sorrir.

Ela abriu outro sorriso torto, um pouco maior, e deu o que me pareceu uma risada baixa.

– Como é ser filha de uma das famílias mais influentes do país? – Ela perguntou, de um modo sutilmente evasivo.

Mordi o lábio inferior, desviando o olhar.

– Não é muito emocionante, na verdade. É... chato. – respondi dando de ombros.

– Chato? – Ela arqueou uma sobrancelha.

– É. Eles querem sempre que eu seja muito perfeita e que siga a profissão da família. E eu não quero isso. Eu queria ser mais livre.

Lizzie sorriu novamente.

– Desculpa. Eu falei demais. – Balancei a cabeça, sentindo o meu rosto esquentar um pouco.

– Não, não. Está tudo bem. É até bom você falar, assim não ficamos num silêncio eterno. Eu não sou uma pessoa que tem muito assunto.

Sorri.

– O seu cabelo é bonito. Tem que ter coragem para cortar assim.

– Valeu. – Ela sorriu de canto novamente, levando uma mão ao cabelo e bagunçando-o. Ao levantar o braço, eu consegui ver algo escrito na parte de dentro do seu bíceps esquerdo; uma tatuagem. Mordi o lábio inferior, curiosa, mas temerosa de invadir a privacidade de Lizzie.

– O jantar é às seis e meia, não é? – Ela mudou subitamente de assunto.

– É o que diz o manual, mas normalmente ele começa a ser servido quase sete horas. – Dei de ombros e sorri.

– E o que vocês fazem aqui durante esse tempo?

– Bom, tem gente que gosta de ficar andando por aí, conversando, estudando...

– Legal. – E, para variar, ela sorriu de canto.

De repente, uma ideia brilhou na minha cabeça.

– Hey, Lizzie, você já conhece a escola? – Perguntei.

– Bom, aquela Inspetora super bem humorada me apresentou um lugar ou outro enquanto vínhamos para cá... – Ela deu de ombros, sorrindo.

– A Inspetora Murphy? – Perguntei, divertida, e ela assentiu. – É, realmente ela está meio distante de um exemplo de bom humor. – Ri e Lizzie fez o mesmo. – Mas então, quer conhecer a escola?

– Vou precisar vestir o uniforme?

Sorri, negando com a cabeça.

– Então tudo bem. Vamos.

Lizzie

Ao ver o sobrenome Ward na porta do quarto, eu temi estar diante de uma patricinha rica e metida. Mas aquela garota baixinha de cabelo castanho bem claro e ondulado que chegava quase à cintura, pele branca naturalmente bronzeada, lábios cor de rosa e simpáticos e sorridentes olhos de um belo tom de cinza-esverdeado estava realmente distante do que eu imaginava.

Se ela continuasse simpática, provavelmente seríamos boas colegas de quarto, por mais que, fisicamente, ela parecesse muito contrastante se comparada a mim, ao meu corte de cabelo e aos meus piercings.

Me peguei pensando se haveria alguma garota como eu naquele colégio. Provavelmente, não. Quem daquele internato, em sã consciência, seria como eu?

– Elizabeth... Quero dizer, Lizzie... Você sabe que pode não precisar do uniforme hoje, mas vai precisar dele amanhã, não é?

Assenti diante da pergunta de Jude, enquanto andávamos pelo quarto até a porta.

Sorri de canto.

– Sim, sei. Por mais que eu não use uma saia desde os meus sete anos, é melhor eu começar a me acostumar.

Jude ergueu as sobrancelhas, como se surpresa.

– Sério? Quero dizer... Sobre a saia?

Dei de ombros.

– Não é muito do meu feitio.

Ela sorriu.

– É, você vai ter que se acostumar, agora.

Dei um sorriso torto.

– Percebi.

– Ei, você vai ter que escrever o seu nome aqui. – Ela disse logo que saímos do chalé, indicando o pequeno cartaz de plástico preso à porta.

– Sério?

– É. – Ela sorriu. – Posso pegar a caneta?

Dei de ombros e assenti, me encostando na parede ao lado da porta e aguardando até Jude voltar com uma caneta estilo marcador de quadro na mão.

– Aqui está.

– Não tá a fim de escrever? A sua letra é bonitinha, a minha é um desastre.

Ela deu uma risada.

– Só você pode escrever o seu nome. É uma regra.

– Sério? – Arqueei uma sobrancelha.

– Na verdade é uma regra das meninas. Mas escreve aí, vamos.

– Ok. – Sorri de canto e peguei a caneta da mão de Jude, segurando o cartaz com a mão direita e escrevendo o meu nome com a minha letra não muito bonita.

– Você é canhota? – Ela perguntou assim que eu terminei, mirando, ao meu lado, a minha “obra de arte”.

– É... tipo isso. – Dei de ombros.

– Legal. Agora vamos dar um “tour” por aí.

Saímos andando. Ela era bem humorada. Eu fiquei pensando em como ela falava, mas outra coisa me chamou atenção. Algumas garotas me olhavam com choque e escândalo; outras me olhavam com reprovação, um grupinho fazia piadinhas e o restante me olhava incrédula, como se dissessem: “Sério que deixaram essa aberração entrar aqui?”.

Ignorei todos aqueles olhares, prestando atenção apenas no que Jude me dizia. Eu era como era, e os olhares de estranhamento eram apenas uma consequência desagradável.

– Lizzie? – A voz de Jude chamou a minha atenção. – Você ouviu o que eu disse?

– Ah, não. Desculpa, eu estava distraída. Do que você estava falando?

– Tudo bem.– Ela sorriu. – Eu estava falando sobre as garotas daqui.

– Elas não parecem um exemplo de receptividade... – Murmurei.

– Tem muitas que são meio “patricinhas”, mas também tem gente legal.

Sorri de canto, sem responder nada.

– Bom, aqui é o terceiro complexo de chalés. O primeiro e o segundo ficam à direita e a esquerda, respectivamente.

Pensei na quantidade de chalés que havia no terceiro complexo e tentei imaginar outros três complexos com mais tantos chalés. Definitivamente, aquele era um colégio grande.

Atravessamos a praça com a fonte central e eu observei que haviam algumas garotas sentadas nos bancos, conversando ou estudando. Algumas delas voltaram as atenções para mim, mas eu continuei prestando atenção no que Jude dizia, sem me importar muito com elas.

– Ali é o bosque St. Leonards-Mayfield. É proibido andar por ali sem a presença de uma pessoa responsável, mas não é uma coisa que as pessoas costumam respeitar. De qualquer forma, não se tem muita coisa para fazer num bosque fechado em um colégio interno para meninas. – Jude deu de ombros e eu sorri de canto. Bem, poderia sim haver coisas para se fazer num bosque fechado em um colégio interno para meninas. Era só saber.

– Aquele prédio é o ginásio. Do lado dele tem a quadra externa, e aquela construção pequena ali é a enfermaria.

Enquanto andávamos pelo colégio, eu podia sentir os olhos das meninas em mim. Alguns curiosos, outros reprovativos.

– Daquele lado tem o laboratório e uma estufa de plantas e flores. Ali do lado da estufa tem um jardim e alguns bancos, é um lugar bem legal de se ficar. – Ela disse e virou-se para mim, sorrindo. Retribuí ao sorriso e nós continuamos andando, enquanto ela me mostrava todos os outros locais daquela escola enorme.

Jude

Enquanto caminhávamos pela escola, eu conseguia ver os olhares indiscretos que as meninas lançavam para a minha nova colega de quarto. Ela não era realmente um exemplo padrão de menina, com cabelos longos e rosto maquiado, mas eu conseguia ver beleza naqueles cabelos curtos, nos piercings e nos sorrisos tortos.

De qualquer forma, a maioria das garotas que a olhavam era o tipo de garota com quem não se fazia amizade. Elas eram as garotas arrogantes e esnobes, que tinham preconceito com toda e qualquer pessoa que não era exatamente igual a elas. E, infelizmente, essa era a exata descrição de grande parte das alunas do St. Leonards-Mayfield.

– Senhorita Bennet? – A voz da Inspetora Murphy nos surpreendeu enquanto passávamos na frente da biblioteca, e eu e Lizzie desviamos o olhar para ela automaticamente.

– Sim? – Lizzie respondeu rapidamente.

– A Diretora Cooper está te chamando. Acompanhe-me, sim?

– Tudo bem.

– Lizzie? – Chamei antes que ela seguisse a inspetora mal-humorada.

– Hm? – Ela me olhou.

– Eu estarei na biblioteca, ok? Pode me procurar aqui, quando voltar.

Lizzie sorriu de canto e assentiu antes de seguir a Inspetora Murphy em direção ao salão principal.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram do capítulo? Realmente espero que sim. Well, eu inspirei a descrição das duas moças em fotos que eu achei no tumblr. Então, se quiserem imaginá-las melhor, aqui estão
Lizzie - http://goo.gl/nryiWO
Jude - http://goo.gl/yNKfLP
E... Sei lá. Não tenho mais o que falar. Bora direto fazer a listinha das moças bonitas que comentaram o Capítulo II:
— Samyni (wee *-*)
— Em (bem vinda, moça)
— Arayan
— vivipepers (bem vinda também!)
— Laa Cheery
— Paçoquinha
— Yayo
E... é isso!
Até mais! o/