Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 24
Capítulo XXIV


Notas iniciais do capítulo

Nossa cara, nossa. Se cês falarem que eu demorei dessa vez eu mato.
Mentira, mato não porque eu sou legal e fofa *-*
Mentira de novo.
Enfim.
PQP, dessa vez eu voei. Me amem, por favor. E me amem mais porque esse capítulo tá um amor só. E me amem ainda mais por causa da Anne.
Bora, bora!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423351/chapter/24

Jude

– É verdade? Mary Ann estava mesmo conversando com a Bennet na frente do chalé dela? – Uma voz soou perto de nós.

Eu estava sentada com Anne na praça principal do colégio, e senti meu corpo enrijecer ao ouvir o nome de Lizzie. Vendo a minha reação, a minha amiga gesticulou para que eu ficasse tranquila.

– Carly disse que elas se beijaram.

Senti a dor se espalhar quando mordi a língua sem perceber, de repente com vontade de chorar. O almoço revirou no meu estômago. Anne esticou a mão para mim no segundo em que eu me levantei do banco.

– Jude, espere.

Saí correndo.

– Jude, calma. Espera aí. – Ouvi Anne elevando a voz atrás de mim, enquanto corria.

Quando finalmente parei, me vi na pracinha mais próxima do bosque. Anne aproximou-se, ofegante e com o rosto vermelho.

– Anne, obrigada, mas eu preciso pensar.

Ela balançou a cabeça.

– Vamos conversar, Jude. – Disse então, tocando-me o braço e me puxando para sentar ao seu lado.

– Não precisa, eu…

O olhar da minha amiga me calou.

– Eu acho que eu estava certa. – Murmurei, quase sem voz. – E isso é péssimo.

– Seja mais clara, Jude. – A voz de Anne era imperiosa, mas delicada e preocupada.

Com um suspiro, despejei todos os meus pensamentos e os acontecimentos em relação a mim e Lizzie desde o dia anterior.

– E parece que eu tinha razão. – Falei por fim, reprimindo as lágrimas que tentaram escapar.

Senti o braço de Anne sobre os meus ombros.

– Não acredito que você fez isso.

Surpresa, olhei-a.

– Jude, você deveria ter falado comigo. Ignorar Lizzie foi uma decisão ruim.

Baixei os olhos, de repente muito envergonhada.

– Ei, não precisa ter vergonha. Somos amigas, não somos? – Ela tocou-me a mão. – Você pode falar comigo.

Esbocei um sorriso.

– Acho que você deve falar. Me aconselhar, sei lá.

Anne sorriu também.

– Eu não ia dizer muito. É só que, bom, a Lizzie conhece mais… as coisas da vida, por assim dizer. Ela pode entender o seu silêncio de outro jeito.

Olhei-a surpresa, percebendo que eu não havia pensado por esse lado.

– De outro jeito?

Anne hesitou um pouco.

– Ela pode achar… Que você não está mais a fim.

Arregalei os olhos, entendendo o que Anne dizia e o que ela não dizia. Comigo não estando mais a fim, Lizzie poderia…

– Então é por isso que ela e Mary Ann…

– Não! – Anne interrompeu-me. – Nada disso, Jude. Eu não acredito nesse boato.

– Não?

– Eu acredito em Lizzie. E acredito que ela ama você, ou pelo menos tem um sentimento muito forte. O que? Você acha que ela se mandou por nada na aula de Filosofia? Eu vi que ela estava irritada, agora entendo o motivo.

Mordi o lábio, olhando para baixo.

– Ela está com raiva de mim?

– Eu não sei, Jude. Para ser sincera, talvez. Ou ela pode estar irritada só com o seu silêncio, e não com você.

– Acho que estou com um pouco de medo.

Anne sorriu.

– Medo de quê?

– Não sei… Estou arrependida. Quero falar com ela, mas… E se ela estiver com raiva? Se tiver desistido?

Com um movimento carinhoso, Anne puxou-me para mais perto.

– Olha, Jude. Eu infelizmente não posso ler pensamentos ou prever o futuro. Não posso dizer o que Lizzie está pensando nesse exato momento. O que eu posso fazer é te dar um conselho.

Olhei-a, em silêncio.

– Pare de especular. Pare de encher a cabeça de “ses” e “serás”. Pare de se esconder, se reprimir, hesitar. Você tem 16 anos, Jude. Não precisa mais viver sob a saia da sua mãe. Já está mais do que na hora de você se libertar de algumas leis e regras, de todas as ordens de todos os superiores. Não precisa ser certinha sempre. – Ela olhou-me. – Não, eu não estou dizendo para você se rebelar, raspar o cabelo num moicano, furar o rosto em uma porção de lugares e parar de ligar para a escola, até porque isso não tem nada a ver com você. O que eu quero dizer, Jude, é que você não precisa usar um vestido de babados só porque a sua mãe gostou dele. Você não precisa ir em todas as aulas e tirar A em tudo, se não quiser. Você pode beijar Lizzie até perder o fôlego, se essa for a sua vontade. Você pode namorar com ela, se deitar com ela, dormir com ela, se tiver a fim. Mas não se esqueça disso, Jude, se tiver a fim. Tudo bem, somos todos obrigados a fazer algumas coisas que não gostamos as vezes. Mas não é sempre. Você tem vontade própria. Exerça-a. Não viva pelo desejo de outras pessoas. Faça o seu desejo valer também.

Ouvindo a voz de Anne, vi em suas palavras os medos e receios que permeavam meus pensamentos. Vi ali grande parte da minha vida, e coisas que eu nunca havia pensado antes. Sem querer, sorri.

– Eu acho que você está certa.

Ela refletiu o meu gesto.

– Pense nisso, Jude. – E, se levantando. – Acho que deveríamos ir para a aula. Já perdemos o quarto horário. A nerdzinha não vai querer perder o quinto, vai?

Levantei-me também, sorrindo e alisando a saia para tirar qualquer sujeira que poderia ter ficado.

– Vamos lá.

E então, em silêncio, fiz junto a Anne o caminho de volta para o prédio das salas.

Ao adentrarmos a sala do quinto horário, a primeira coisa que percebi era que Lizzie não se encontrava ali, e meu primeiro pensamento foi no que eu ouvira momentos antes sobre ela e Mary Ann. Entretanto, lembrei-me logo do que Anne me dissera e, balançando a cabeça, fui tomar meu lugar de sempre.

Por mais que eu tentasse prestar atenção no que a professora dizia sobre taxonomia e sistemática, as palavras do conselho da minha amiga rodavam impiedosamente pela minha cabeça, se repetindo sem pausa. Desde que eu me entendia por gente havia obedecido ordens e feito exatamente o que me pediam, passando diversas vezes por cima das minhas vontades para isso. Entretanto, aquilo sempre me pareceu natural. Antes de conhecer Lizzie e principalmente antes do conselho de Anne, eu nunca havia percebido que exisitiam outras formas igualmente boas de viver. E, por mais atraente que isso parecesse, era igualmente assustador.

Ouvindo Anne falar, eu havia pensado que ela tinha razão. Eu tinha uma enorme vontade de beijar Lizzie até perder o fôlego, de abraçá-la e até mesmo – por mais constrangedor que fosse até mesmo pensar na ideia –, me deitar com ela, algo em que eu nunca havia pensado com desejo até então.

Refletindo bem, era inclusive fácil perceber como eu havia errado ignorando Lizzie com meus receios. Sendo tão ambígua, seria cômodo para ela ver entrelinhas na minha decisão, mesmo que elas não existissem. Pelo menos eu tinha consciência de que a minha colega de quarto era maleável, e muito provavelmente eu ainda tinha chances de voltar atrás e ser perdoada por ela.

Porém, mesmo com tantos nós sendo desatados na minha cabeça, o medo ainda me rondava. O conselho de Anne havia sido útil e esclarecedor, mas mudar totalmente o modo de pensar, agir e ver as coisas não é fácil e nem rápido. Por esse motivo, eu ainda tinha receios e algumas inibições que não sairiam fácil de mim – até porque, talvez eu não gostaria que saíssem.

Com a cabeça cheia de pensamentos e no coração uma luta entre correr dali para falar com Lizzie e fugir dela por mais um mês para pensar, desisti completamente de atentar às palavras da professora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eeeeentão
Se vocês esperavam que elas fizessem as pazes nesse cap, não vai rolar.
Sejam pacientes, po!
QUASE QUE EU ESQUEÇO.
Gente, bora agradecer à Amorzão (sim, é esse o nick da pessoa) por recomendar UeO. Sigam o exemplo! U.u
Tá, vou parar de pirar.
Bora pra quem comentou? ~coraçãozinho que o Nyah não deixa colocar --'~
— Hachimenroppi
— Baunilha
— Beatriz Victoria
— AnaCarolina
— Ms Lee Barbosa
— Saah Chan
— lih
— Ariane
— Samyni
— Allegra Egnatz
— Jhon Lima
— ArayaN
Muuuito obrigada! *-*
E gente, eu tive uma ideia aqui agora. Como gosto de fazer propaganda de fics, resolvi abrir um espacinho aqui nas notas para isso. Vai funcionar basicamente assim: as duas primeiras pessoas que me mandarem links de fics (por review), eu coloco aqui. Para começar, vou indicar uma interativa pela qual estou apaixonada, uma fic de uma amiga e a minha. Passem lá :3
http://fanfiction.com.br/historia/537443/Acampamento_De_Ferias_-_Interativa/
http://fanfiction.com.br/historia/433660/Amor_as_Avessas/
http://fanfiction.com.br/historia/516462/Masquerade_-_Interativa/
É isso aí. Vlw flws o/