Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 21
Capítulo XXI


Notas iniciais do capítulo

Falaê povo o/
Bem?
Ah, vai, nem demorei tanto dessa vez. Menos de 10 dias u.u
Pra quem gosta de caps (quase) calmos e felizes, bora lá.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423351/chapter/21

Jude

Depois do nosso primeiro beijo, a relação entre eu e Lizzie se transformara de amizade para algo interessante, que não tinha nome e que não tínhamos vontade nenhuma de nomear.

Durante o horário letivo e em todos os momentos em que não estávamos sozinhas, agíamos como antes – exceto pela maior proximidade e ocasionais gracejos sussurrados, que não chamavam muita atenção, mas que já haviam arrancado sorrisos cúmplices de Anne, que me conhecia tão bem. Contudo, quando chegávamos ao chalé, antes ou depois do jantar, a amizade aparente era trocada por uma maior intimidade, que incluía abraços e carinhos permeados pelas conversas que adentravam as madrugadas.

Lizzie e eu falávamos principalmente sobre nós mesmas. Ao mesmo tempo em que construíamos uma relação de intimidade física, também nos conhecíamos melhor. Ela me perguntava sobre a minha realidade, a elite londrina e as famílias. Eu, com a curiosidade vencendo o ciúme, questionava-a sobre a sua realidade, suas experiências, sobre as garotas com as quais ficara ou namorara e tudo mais.

Mas naquela semana nem tudo havia sido feliz. As vezes, quando não estávamos conversando, minha mente me levava a pensamentos pouco agradáveis que, por mais que eu tentasse afastar, me traziam arrepios na espinha. Pensando no que Lizzie me contava sobre as garotas com as quais ficara, eu temia, no meu íntimo, ser apenas mais uma delas.

Lizzie

Olhando novamente para Jude, eu suspirei.

Mesmo depois de algum tempo estudando em St. Leonards, ainda me era surpreendente a beleza dela. E ainda mais surpreendente era saber que ela era minha. Ou quase isso.

Depois do nosso beijo, o meu sentimento por Jude crescera exponencialmente. Antes de beijá-la eu já tinha consciência de toda a minha afeição por ela; sabia de como gostava de seus sorrisos e risadas, de sentir seu perfume ou vê-la mexer nos cabelos, e de como desejava a tocar ou simplesmente estar perto. Contudo, depois de finalmente dar forma e ação ao que era apenas subentendido, sentia-me transbordar com aquele sentimento. E a minha vontade era apenas abraçar e beijá-la a cada vez que a via sorrir, ignorando todas as pessoas, lugares ou situações.

– Lizzie!– A voz de Jude me fez erguer os olhos.

– Jude! – Sorri, pulando do banco ao vê-la com uma pilha de livros suficientemente grande para aparentar ser pesada. – Deixa eu te ajudar.

Ela abriu um de seus sorrisos radiantes enquanto eu tomava os livros de seus braços.

– Obrigada. – Riu. – Com as provas chegando a biblioteca enche. – Ela revirou os olhos.– Por isso demorei.

Ela se voltou para mim.

– Vamos?

Assenti e sorri, seguindo Jude pelo campus.

– Livro novo? – Perguntei, vendo sobre a pilha um volume não muito grosso cuja capa tinha a imagem de um muro e de duas pessoas encostadas nele, como se se beijassem.

– Eu já li. – Ela deu de ombros.– Ou melhor, li um pedaço. Peguei para terminar.

– E fala sobre o que?

– Basicamente sobre uma menina nerd que arruma problemas com a melhor amiga e se apaixona por um cara. – Ela deu de ombros, como se estivesse com preguiça de descrever mais.

– É legal?

Jude sorriu e assentiu, e então um pequeno silêncio se instalou entre nós.

– Nem acredito que as provas finais já estão começando.

Sorri de lado.

– Passou rápido. Daqui a pouco é o feriado de Natal.

Jude riu.

– Muito rápido, Lizzie. Parece que nos conhecemos ontem.

– E já faz o que? Alguns meses?

Acabamos sorrindo. Mesmo que não estivesse explícito em nossas falas, era óbvio que eu e Jude pensávamos a mesma coisa: não como o tempo passara rápido, mas como nossa relação evoluíra nesse período.

Ao chegar ao nosso destino, vi-a revirar a bolsa e seus bolsos.

– Esqueci a chave. – Ela mordeu o lábio, e eu sorri.

– Use a minha. Aqui no bolso. – Virei-me, indicando o bolso da frente dos meus jeans.

Senti seus dedos ágeis pescando a chave, e a vi se voltar para a porta. Quando esta se abriu, me adiantei para deixar a pilha de livros sobre a mesa de estudos.

– É permitido pegar tantos livros? – Ergui a sobrancelhas.

– Bom… – Jude abriu um sorrisinho.

Ergui uma sobrancelha.

– Jude Ward está quebrando regras?

Ela riu, levemente corada.

– Por que a surpresa? Você não é exatamente uma seguidora fiel delas. – Ela ironizou e eu ri.

– Mas eu sou a rebelde transgressora. Você deveria ser a certinha.

Ela riu, se aproximando de mim.

– Meu Deus, não sou mais certinha! Você me corrompeu!

Abri um sorriso malicioso. Mesmo sabendo que não era esse o sentido da frase, a ambiguidade era forte. Puxei Jude pela cintura, aproximando o rosto do dela, e senti seus dedos na minha nuca.

– Culpada.

Jude sorriu e tocou os lábios nos meus… E ouvimos o som de batidas na porta.

Nos separando apressadamente, vi Jude enrubescer.

– Eu atendo. – Falei rapidamente, mexendo no cabelo enquanto andava até a porta.

– Boa noite, senhoritas. – Ao ver a Inspetora Murphy diante de mim, senti um arrepio na espinha. Lancei um olhar breve para Jude, a fim de tranquilizá-la.

– Boa noite, Inspetora. – Respondi, a voz tranquila.

– Um aluno encontrou essa chave em uma das salas. – Ela ergueu um chaveiro marrom, o número 69 gravado.

Me forcei a não dar um suspiro de alívio.

– Minha chave! – Jude exclamou, sorrindo e andando até a porta. – Obrigada, Inspetora!

A mulher sorriu, quase uma careta em sua habitual carranca.

– Não há de quê. Mas que isso não se repita, senhorita Ward. Você sabe que não fazemos cópias

Jude assentiu, ainda sorrindo.

– Eu devo ter deixado cair. Não se repetirá.

Inspetora Murphy assentiu, correndo os olhos pelo quarto em silêncio. Comprovando – com uma leve decepção no olhar – que não havia uma bagunça monumental ou um ritual satânico ocorrendo, ela voltou-se para nós.

– Bons estudos, senhoritas.

– Obrigada, Inspetora. – Assenti, e ela foi embora.

Depois de fecha a porta, suspirei de alívio.

– Ok, isso foi assustador. – Jude soltou um riso nervoso e eu sorri. – Como você conseguiu ficar tão calma? Eu achei que iria desmaiar ali mesmo.

Dei uma risada baixa, encolhendo os ombros.

– Eu não fiquei calma. Fingi que estava. Se eu tivesse começado a tremer ou gaguejar ela poderia desconfiar que tem algo errado.

Vi Jude sorrir.

– É esse o segredo de se fazer coisa errada?

Fingi-me ofendida.

– Dizendo assim você faz parecer que me vê como uma transgressora da lei em tempo integral.

Jude riu.

– E não é?

– Claro que não! Sou uma cidadã seguidora das leis. Deus salve a Rainha.

Ela riu novamente.

– No seu caso, no estilo Sex Pistols.

Dei risada.

– Adequado.

– Lizzie, você já foi presa?

Eu já me acostumara com as sempre diretas perguntas de Jude, mas dessa vez eu não consegui impedir a surpresa.

– Jude, eu tenho 17. Não prendem menores de idade.

Ela riu.

– Que bom que não.

Abri um sorriso brincalhão.

– Eu só fui detida.

Não consegui conter o riso diante da expressão espantada de Jude.

– Sério?!

Ainda rindo, assenti. Se eu não a conhecesse, poderia até achar que ela ficaria receosa ao saber disso.

– Por que? – Perguntou, uma expressão tão curiosa e interessada quanto a de uma criança.

– O que chamam de vadiagem. Muitos adolescentes juntos na rua depois das onze da noite.

– Isso é proibido? – Ela ergueu as sobrancelhas. – E o que aconteceu?

– Eu estava com uns amigos. – Dei de ombros. – Conversando mesmo. Eles só deram uma batida, revistaram e nos mandaram para casa.

– Revistaram?

– É, Jude. Procurando álcool, cigarros, maconha. Essas coisas que pessoas de dezesseis anos não podem portar por aí.

Ela arregalou os olhos.

– E encontraram?

– Não naquela noite. Se tivessem encontrado nós com certeza estaríamos com problemas.

Jude sorriu.

– Isso chega a ser fascinante.

Ergui as sobrancelhas.

– O que? Um policial magrelo com as mãos na minha bunda para se certificar que não havia nenhum pacote de erva no meu bolso?

Ela riu.

– Não, Lizzie. Sua vida. Chega a ser difícil imaginar que você, você mesma fez ou viveu isso. Parece história de livro.

Dei uma risada baixa.

– É igualmente não palpável para mim dois empregados apenas para cuidar do jardim, então estamos quites.

Jude voltou a sorrir, aceitando a colocação.

– Vamos estudar?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fofo né?
Eu tenho que assumir que tenho uma quedinha pela calmaria. Gosto dessa tranquilidade assim, porque sei lá, histórias que vão de um momento de tensão pra outro sem dar tempo de respirar são meio aflitivas.
Mas enfim.
Muitos agradecimentos à linda (&heart) da ArayaN, que recomentou a fic! *--------* Sigam o exemplo dela, recomendem UeO!
E... Agradecimentos também pra quem comentou né
— tamis (ok pode gritar u.u)
— Ariane
— Leah Shintekyo
— Ana Carolina
— Ms Lee Barbosa
— brunafs
— Hachimenroppi
— Bianca Anselmo
— Kaya Gabriela
— Saah Chan
— Samyni
— Allegra Egnatz (bem vinda!)
E obrigada também à Akemi Y, uma leitora suuuuuuuuper antiga minha que deu o ar da graça aqui *-*
E é isso.
Até mais ver.
E comentem!