Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 20
Capítulo XX


Notas iniciais do capítulo

Toa quiiiiiiiiiii o///
Como vai povo? *-*
Vamo lá né, nem demorei tanto.
Bora pro cap, tenho uma pá de coisa pra falar lá embaixo.



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Lizzie

– Lizzie, Lizzie. Acorda. Estamos atrasadas.

Esfreguei os olhos com a mão coberta pela manga do moletom e mexi nos cabelos, bocejando. Meu ombro direito doía, assim como as costas, como se eu tivesse dormido de mau jeito.

Abri os olhos, vendo Jude diante de mim.

– Ah, droga. Que horas são?

Ela riu.

– Você fica tão bonitinha com sono.

Voltei a esfregar os olhos e sorri de lado, levantando da cama de Jude, onde eu dormira depois de virarmos a madrugada conversando no escuro. Ainda lembrava muito bem do calor do corpo dela colado ao meu, e de todos os seus beijos.

Estiquei os braços e as costas, sentindo algo estalar em mim.

– Ai. – Reclamei e Jude sorriu, culpada.

– Também acordei meio de mau jeito. Essa cama é larga, mas não é feita para duas.

Voltei a sorrir, percebendo que ela já estava devidamente uniformizada.

– Que horas são?

– Exatamente sete e cinquenta e quatro.

– Merda! – Exclamei, olhando para Jude logo depois. – Desculpa. – Sorri, cobrindo a boca com a manga do moletom.

– Tudo bem. – Ela riu baixinho.

– Vou me trocar.

Exatamente às sete e cinquenta e seis, eu estava devidamente pronta para um dia de aulas, sorrindo e brincando com o meu cabelo diante da minha colega de quarto.

– É. – Ela sorriu. – Você foi rápida.

Joguei a minha mochila no ombro e ri baixo.

– Vamos logo.

Os dois primeiros horários, para a minha infelicidade, foram de História. O terceiro de Geografia e o quarto de Sociologia, o que me faz perceber, novamente, que eu era terrivelmente péssima com Humanas.

– Jude, eu vou precisar da sua ajuda. – Falei baixo, enquanto o professor meio velho que ensinava Sociologia anotava no quadro a data das próximas provas. Contando com aquelas, já era possível ver uma pequena lista de seis avaliações no quadro, a data mais próxima dali a duas semanas.

Ela sorriu e olhou-me de lado.

– Não vou te passar cola, Lizzie.

Dei risada.

– Não estou falando de cola. Vou precisar da sua ajuda com a matéria. E urgentemente.

Ela também riu.

– Relaxa. Acho que posso enfiar algo na sua cabeça até a semana das provas.

– "Relaxa". Falou como eu agora.

Ela sorriu e me olhou.

– Convivência. – Disse, um segundo antes do professor se virar.

Depois de uma aula profundamente interessante de Sociologia – tão interessante que, deitada na carteira, eu quase comecei a sonhar –, ouvi com alegria o sinal que indicava a hora do almoço, afinal eu não havia tomado café, e agora a fome atacava.

– Eu estou com fome. – Jude riu, quase como se houvesse lido meus pensamentos, enquanto subíamos as escadas do refeitório.

– Eu estou com muita fome. – Sorri de lado, pensando involuntariamente que essa fome seria pelo menos triplamente maior se a noite anterior tivesse passado dos beijos. Afastando esse pensamento, adentrei o refeitório ao lado de Jude.

Depois do almoço e de mais três aulas – duas de Química e uma de Biologia –, finalmente voltamos para o nosso chalé. E então, após um banho e de vestirmos roupas confortáveis, Jude arrastou-me para a biblioteca, mostrando que estava falando sério quando disse que tentaria “enfiar algo na minha cabeça até a semana das provas”.

– Lizzie! Presta atenção! – Jude esbravejou e eu acabei dando uma risada baixa, fazendo-a sorrir também.

Por mais que eu tentasse entender todas as datas entediantes que a minha colega de quarto se esforçava para enfiar na minha cabeça, meus olhos teimavam em desviar-se para ela. Em vez de ouvir o nome do chefe de estado que fora responsável pelo início de alguma guerra no passado, eu me admirava com a boca dela, lembrando-me irremediavelmente dos beijos da noite anterior.

– Desculpa, Jude. Me distraí um pouco. – Voltei a sorrir de lado, tentando mostrar toda a culpa que eu não tinha naquele sorriso. Eu precisava de boas médias nas provas, mas só conseguia pensar em como seria bom beijá-la novamente.

– Tudo bem. Mas preste atenção. Se não teremos que ficar hoje até mais tarde só estudando, sabe? – Jude abriu um sorriso de lado, que só não me atraiu mais porque grande parte da minha mente estava ocupada tentando lidar com a surpresa daquilo.

– Eu ouvi bem? – Ergui uma sobrancelha. – Jude Ward provocando?

Ela pareceu perceber naquele momento o que havia dito, pois desviou automaticamente o olhar para baixo, corando.

Segurando o impulso de acariciar e erguer-lhe o rosto, sorri de lado.

– Relaxa, Jude. Eu gosto disso.

Ela ergueu os olhos e deu um sorriso meigo e tímido.

– Vamos estudar?

– Sim, senhora.

. . .

– Tudo bem. Hoje a comida estava incrível. – Sorri, me jogando na minha cama depois de voltarmos do jantar.

Jude sorriu e sentou-se ao meu lado.

– Certeza que não era a fome?

– Talvez. Hoje eu acordei especialmente com fome.

Ela riu baixo e eu sorri de lado.

– E a matéria? – Perguntou, olhando-me de esguelha.

– O que tem?

– Aprendeu?

Dei um sorriso de lado e cocei a nuca.

– Bem…

– Lizzie! Eu te ensinei!

Dei risada.

– Estou brincando, Jude. Eu aprendi, sim. – Abri um sorriso levemente malicioso, olhando-a. – Você é uma ótima professora.

– Bom, obrigada. – Jude sorriu, mostrando que não havia entendido as segundas intenções do meu comentário. – Acho que vou vestir meu pijama.

Espreguicei-me na cama, enquanto via-a se levantar.

– Eu estou com preguiça! – Exclamei, e ela riu.

– Além de estar mais perto do seu armário que eu do meu, eu ainda estou vendo seu pijama daqui. É só esticar a mão e pegar! – Ela riu, e eu olhei-a com uma cara pidona.

– Pega para mim?

– Meu Deus, Lizzie! Quanta preguiça.

Ri baixo.

– Por favor!

Jude revirou os olhos e foi até o meu armário, puxando de lá minha camiseta e a calça de moletom e jogando os dois sobre a minha barriga.

– Muito obrigada! – Agradeci, rindo, e ela sorriu.

– Não tem de quê.

Quando Jude deixou o banheiro, vestida com seu pijama preto e rosa, eu já estava com meu costumeiro moletom, deitada na minha cama.

– Estou sem sono. – Ela sorriu.

– De novo? – Ergui uma sobrancelha. – Não está escuro hoje.

Ela riu.

– Não, sério. Eu realmente não estou com um pingo de sono.

Acabei sorrindo de lado.

– Tenho que assumir que também não estou com muito sono.

– O que vamos fazer?

Dei de ombros.

– Conversar?

– Pode ser. – Ela sorriu.

– Senta aí. – Sorri, dando espaço na cama. Ela sentou-se ao meu lado, as pernas cruzadas e a coluna ereta. – Falaremos sobre o que?

– Huuum… – A minha colega de quarto mexeu no cabelo, pensando. – Você não me falou muito sobre a sua vida antes de entrar aqui.

Acabei sorrindo, enquanto me encostava na cabeceira.

– Não?

– Não. – Ela balançou a cabeça.

– E o que você quer saber?

– Sei lá. A sua vida.

Ri baixo.

– Isso é muito vago, Jude. Eu já te contei sobre a minha vida. Sobre a minha avó, minha casa, meus pais…

Ela sorriu.

– Tudo bem. Então posso perguntar o que eu quiser?

Dei de ombros outra vez.

– Se eu puder perguntar o que eu quiser depois. – Sorri de lado, sabendo que aquela era uma forma de impedir que a conversa tomasse rumos tensos.

Ela riu.

– Tudo bem. No dia em que nos encontramos lá no pub onde meu irmão estava tocando, o que você e seus amigos estavam bebendo?

Mordi o lábio.

– Coca e Wray.

– Wray? – Ela ergueu as sobrancelhas.

– Rum.

– Ah. Você bebe, então.

Sorri de lado.

– Minha vez de perguntar.

Jude riu e eu sorri.

– Tudo bem.

– Você já bebeu?

Ela riu.

– Vale taça de vinho em jantares? – Perguntou, e eu assenti. – Então sim. Algumas taças de vinho em jantares.

Assenti lentamente, pensando em como seria interessante ver a tímida e inocente Jude Ward depois de um copo de Coca e Wray.

– Minha vez?

– Sim, senhora.

– Você já fumou?

– Umas duas vezes, no máximo. Não gosto muito.

Ela sorriu.

– Que bom. Eu também não.

– Como são esses jantares que a sua família costuma ir?

Vi Jude erguer as sobrancelhas, divertida com a minha pergunta.

– Sério?

– Sério, ué. Eu tenho essa curiosidade.

Ela riu.

– Quer que eu descreva tudo? – Assenti. – Muito bem. Basicamente, esses jantares acontecem como comemorações. Mas como as pessoas gostam, acabam sendo comemorações muito idiotas, para ser frequente. Por exemplo, eu já fui em um jantar de comemoração do aniversário do cãozinho de estimação de uma família aí.

Acabei rindo, e Jude riu também.

– Sério?

– Sério. Mas isso não é frequente. Normalmente são aniversários, viagens, voltas de viagens, a nova decoração da casa. Coisas assim. E esses jantares são sempre muito formais. Vestidos chiques, meias calças, saltos, jóias…

– Vestidos caros e sapatos desconfortáveis? – Brinquei, e ela riu.

– Basicamente isso. É um meio que as pessoas arrumam para ostentar suas roupas caras, jóias importadas e toalhas de mesa de renda. Mas enfim. Tenta imaginar um tanto de gente sentada numa mesa comprida, com lugares calculados e marcados para cada um. Você não pode colocar os cotovelos na mesa, não pode se inclinar para frente, tem que seguir todas as regras de etiqueta, usar os pratos e talheres certos para cada tipo de comida, e por aí vai. E depois de comer diversas comidas com nomes estranhos, tem que se sentar na sala e fingir se divertir muito com as conversas, que giram em torno da vida alheia e do tema do jantar. Se foi uma viagem, mostram-se todas as fotos tiradas. Se for um aniversário, há parabenizações até você se enjoar. Se for a nova decoração da sala, se falará dela até que não tenha mais nada para dizer.

– Nossa, como isso parece interessante. É o tipo de coisa que eu nunca iria. – Comentei, e ela riu.

– Eu participo disso desde que tenho idade, e até hoje não entendo a necessidade. – Sorriu. – Mas você realmente não quer ir? Eu te levo no próximo que acontecer.

– Não, não mesmo! – Exclamei, rindo, por mais que me sentisse muito mal pensando em Jude no meio daquelas pessoas. Mesmo que fosse esse o ambiente no qual ela crescera, eu conseguia ver em seus olhos que não lhe era confortável.

– Descrevi satisfatoriamente? – Ela perguntou por fim, e eu assenti. – Então é a minha vez. Você tem o costume de beber?

Acabei sorrindo.

– Não aqui em St. Leonards.

– Não estava falando daqui.

– Lá fora também não. Quero dizer, não muito, muito. As vezes.

Ela sorriu.

– Entendi.

– Minha vez. Como foi seu último aniversário?

– Horrível.

Ergui uma sobrancelha.

– Sério?

– Sim. – Ela sorriu. – Hoje eu acho graça, mas foi um dos piores dias da minha vida. Eu não tive nenhum poder de escolha. Quando vi, estava num vestido enorme, dançando valsa com meio mundo e passando por todas as ridículas tradições de festas de dezesseis anos.

– Uau. – Murmurei sem querer. – Isso é horrível.

Jude olhou-me e abriu um sorriso meigo, tão complacente que nele eu pude ver toda a bondade dela.

– Faz parte. – Deu de ombros, me deixando sem conseguir dizer absolutamente nada. – É a minha vez. Como foi o seu último aniversário?

Um sorriso abriu-se sem querer em meus lábios, quando me vieram à memória os acontecimentos daquele dia de Maio.

– Bom, eu não estava querendo fazer muita coisa. Minha avó comprou um bolo da padaria e me deu um presente depois de cantarmos parabéns juntas, de tarde. Mas ela tinha um compromisso marcado com um namorado, e se mandou. Então todos os meus amigos surgiram na minha casa e nós viramos a noite rodando por quase todos os pubs da cidade, ganhando drinks de graça e com um bando de gente que gostou da ideia nos seguindo. Não lembro muito bem do resto, mas sei que no final estávamos todos no meu quarto compartilhando uma garrafa de Absolut. – Mordi o lábio, rindo baixo e preferindo ocultar de Jude o fato de que no meu quarto e no meu colo havia uma loirinha irlandesa com a qual eu ficara, cujo sotaque era quase ininteligível e cuja mania de morder me deixou cheia de marcas no dia seguinte.

– Uau! – Vi Jude murmurar, sua expressão completamente surpresa. – Esse é o tipo de coisa que eu não imaginaria fazer nem nos meus sonhos mais loucos.

Dei uma risada baixa.

– Mas gostaria de fazer?

Ela deu de ombros.

– Não sei. Talvez.

– Foi divertido. Acho que você gostaria.

Jude abriu um sorriso meigo e voltou a dar de ombros, aproximando-se um pouco mais de mim.

– Pode ser que sim.


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Notas finais do capítulo

E aí? Um pouquinho mais sobre Lizzie e Jude para vocês *-* E um pouquinho mais do abismo entre elas. Eu, pessoalmente, adoro esse abismo sabe? É algo que une as duas.

Bom, eu disse que tinha uma pá de coisa para falar e é verdade. Realmente espero que vocês leiam o pequeno testamento abaixo, mas se não quiserem, bom, não tenho como obrigar. O fato é que eu preciso abordar duas questões. Relendo a fic e refletindo sobre o futuro dela, eu acabei percebendo um pequeno errinho, e, antes de corrigir, resolvi avisar a vocês, para não causar estranhamento.
Como sabem, Lizzie e Jude têm, respectivamente, dezessete e dezesseis anos. E na sinopse e no primeiro capítulo há a informação de que elas estão no primeiro ano do colegial. Bom, isso está errado. Na Inglaterra, cenário da fic, o sistema de ensino é bem diferente do nosso. Não existe ensino Fundamental e Médio nem primeiro e segundo grau. Lá, a escola vai até o 11º ano, sendo esse conhecido como "pré-universitário", onde a faixa etária é exatamente 16 anos. Isso significa que Lizzie e Jude não estão começando o "Ensino Médio", e sim se preparando para a faculdade. A alteração já foi feita na sinopse e no primeiro capítulo, e quero que saibam que isso não altera em absoluto a leitura da fic.
A outra questão que eu quero abordar é mais simples: assim como nos Estados Unidos, na Inglaterra o ano letivo começa no início de setembro e termina no início de julho. Durante o ano, além das férias de verão, que vão de julho a setembro, existem dois "feriados" de aproximadamente três semanas, um no Natal e outro na Páscoa. Assim, julgando a cronologia da fic, as provas citadas no capítulo são as "finais", antes do feriado de Natal.

Tendo esclarecido, vamos lá pra listinha gata de quem comentou:
> AnaCarolina
> Ms Lee Barbosa
> brunafs
> ArayaN
> Newmee14
> Ana Corazza
> Leah Shintekyo
> Lud
> Hachimenroppi
> Paçoquinha
> Mina Sunaser
> Gabriiele Novaes
> TConty
> caçadora de jujubas
> ASTSSER
> Yayo
> Kaya Gabriela
> Gabs somerhalder
> Ariane
> Lua
> Kay Burn
E... É isso. Na moral, se eu soubesse que um beijinho ia render tantos comentários, teria colocado antes. Por que vocês não comentam nos outros caps, gente? Injusto isso.
Mas como não sou mal agradecida, muuuuuuuuuuito obrigada mesmo!
E comentem, hein?
Até mais ver! o/