Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 17
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Ooooi! o/
Nem demorei né? Santas férias



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Jude

Depois do encontro com Lizzie no pub, foi perceptível a melhora no meu humor, que não era muito bom desde o acontecimento na mansão Jones.

Meus sentimentos oscilavam entre a culpa e o receio. Ao mesmo tempo em que eu temia pela reação de Lizzie caso soubesse disso, queria que ela soubesse, mas não fazia ideia de como fazê-la saber.

E, mesmo assim, todos esses pensamentos desapareceram quando eu ouvi a sua voz me chamar, vi seu sorriso e recebi seu abraço – que eu não sabia que precisava tanto até aquele momento.

A segunda coisa em que reparei foi o cheiro que exalava de Lizzie. A mistura do seu perfume conhecido com um leve toque de álcool, do seu hálito, era atraente, inebriante e me trazia uma vontade de beijá-la maior que tudo que eu já sentira.

Assim, quando ela voltou a se aproximar para me beijar o rosto, tudo que eu consegui pensar é que precisava – necessitava – beijar-lhe os lábios, sentir o toque e o gosto da sua boca e também da bebida que ela consumira. E, com esse desejo tão latente, eu só consegui corar e sorrir.

Quando eu acordei, na segunda-feira, sentia meu coração acelerado com um tipo de ansiedade. Era, finalmente, o dia de voltar para St. Leonards. E de ver Lizzie.

Não sei se graças ao sono ou à ansiedade, mas eu mal vi o tempo passar enquanto me vestia e organizava, despedindo-me de Mrs. May, James e Mrs. e Mr. Ward. Também mal percebi o motorista, o carro ou o caminho. No entanto, quando St. Leonards Mayfield surgiu diante de mim, era como se eu houvesse voltado a respirar depois de muito tempo prendendo o fôlego.

Caminhando pelo hall, eu sorria sem perceber. Mesmo ficando fora por apenas dois dias, sentida um tipo de saudade de lá.

– Jude!

Sobressaltei-me ao sentir um braço sobre os meus ombros, e então sorri, surpresa ao ver o rosto de Lizzie tão próximo do meu.

– Hey, Lizzie. – Sorri, enlaçando a sua cintura com um braço, num impulso de coragem.

– Você errou. – Ela riu, deixando-me confusa.

– Errei?

Ela voltou a rir, um riso surpreendentemente maior que o normal.

– Errou. O certo é “Hey, Jude”.

Comecei a rir da piada, vendo o sorriso de lado no rosto de Lizzie.

Se eu tinha dúvidas de que ela realmente gostava de mim, como dissera Anne, o carinho com que ela me tratava fazia um bom trabalho esclarecendo minhas dúvidas.

Quando chegávamos à área dos chalés, ainda semi abraçadas, vi pela primeira vez os olhares de algumas meninas não sobre Lizzie, mas sobre nós, e pensei em como boatos se espalhavam com facilidade naquele ambiente. Mas, ao mesmo tempo, simplesmente não queria desfazer aquele abraço apenas por isso.

No entanto, logo sentir o calor de Lizzie desprendendo-se do meu corpo, e mordi o lábio.

– Já basta de encaradas. – Lizzie riu. – Não quero que ouçamos por aí a linda filha dos Ward estava se agarrando com uma esquisita qualquer.

Ri do seu tom, mas fechei a cara com as suas palavras.

– Você não é esquisita, Lizzie. É linda! – E, dizendo isso, vi seu sorriso de lado mudar ligeiramente, como se ela estivesse um pouco envergonhada com mu elogio.

– Não importa. O fato é que é melhor que isso não comece a circular como boato.

Consciente da verdade naquilo, assenti, fazendo o resto do caminho até o nosso chalé apenas próxima de Lizzie.

– Ah, que preguiça de assistir aula hoje! – Ela exclamou, se jogando em sua cama junto á mochila.

– A minha vontade está no mesmo pé, mas não temos escolha.

Lizzie riu.

– Tudo bem, isso é verdade.

Então vamos, Lizzie. Quer chegar atrasada logo na segunda?

Com um gemido que eu não soube dizer se era riso ou desânimo, a minha colega de quarto levantou-se da cama e se voltou para o armário.

Eu não sabia se por preguiça ou num tipo de impulso de coragem, mas preferi não ir ao banheiro para me vestir. Em vez disso, me postei diante do meu armário e despi-me das roupas normais, vestindo o uniforme depois.

Ao olhar no espelho, vi de relance Lizzie com a blusa do uniforme semi vestida, a barriga com os contornos dos músculos nua, á mostra, o top claro e seu olhar diretamente em mim.

E, em vez de corar, envergonhada, eu apenas senti no corpo o calor que vinha me atormentando, imflamado pela visão do seu corpo e de seu olhar.

– E o jantar, Jude? – Lizzie perguntou-me, enquanto aguardávamos o professor chegar na sala. – Esqueci-me de perguntar. Foi ótimo?

O sorriso dela era irônico, mas eu senti dedos de gelo me agarrando o estômago e a garganta. Por alguns segundos, tive a certeza de que ela sabia do que acontecera e queria apenas me fazer confessar.

Mas logo a razão me voltou, e eu percebi que aquilo não era nada além de curiosidade, uma brincadeira.

– Foi pior do que eu esperava. – Acabei dizendo, sinceramente.

Lizzie riu.

– Vestidos caros e sapatos desconfortáveis?

– É pior na prática.

Senti o suave roçar dos dedos dela no meu cabelo.

– Deve ter ficado linda.

O calor que me subiu pelo rosto era a prova de que eu estava vermelha.

– O professor chegou. – Indiquei a frente da sala, voltando-me para lá.

Lizzie sorriu de lado.

– Vamos à aula.

Lizzie

Dentro da sala de aula, o céu era claro e limpo mesmo já passando das cinco horas da tarde. No entanto, quando deixamos a sala de aula, o vento era tão forte que Jude automaticamente se encolheu, cobrindo com as mãos os braços descobertos.

– Que frio!

Com um sorriso pequeno, tirei o suéter que eu lembrara de trazer e entreguei a ela.

– Lizzie! Você não vai ficar com frio?

– Relaxa, Jude. Eu estou bem.

Sorrindo timidamente, ela pegou a peça e a vestiu, abraçando-se.

– Tem seu cheiro. – Disse, e eu sorri.

– Você gosta?

Jude aumentou o seu sorriso e assentiu, fazendo crescer o meu também.

– Meu Deus! – Ela exclamou de repente. – Quase esqueci. Preciso ir à biblioteca.

– Quer companhia?

Ela sorriu.

– Não precisa. Pode ir para o chalé, se não você congela aí, sem agasalho.

Sem discutir, fiz o que ela sugeriu, me lembrando que tinha algo de História para estudar.

Mal haviam passado cinco minutos desde que eu entrara no chalé quando ouvi batidas na porta, pensando, automaticamente, que Jude desistira da biblioteca.

No entanto, quem estava do outro lado da porta não era a minha colega de quarto, e sim a dona de um rosto que eu não tinha a menor vontade de ver.

– Lucy. – Kristin disse, a voz e a expressão no mais alto grau de desprezo.

– Lizzie. – Corrigi, seca.

– Não importa. Jude está aí? – Ela perguntou, dando um passo para frente e já correndo os olhos pelo nosso chalé.

– Não, ela ainda não chegou aqui.

Kristin suspirou, e então ergueu os olhos para mim.

– Então avise-a que eu vim. Diga que quero conversar com ela sobre o beijo.

Não gostei do tom dela, falando comigo como se estivesse ordenando algo a alguém inferior. Não gostei da sombra de sorriso que se mostrava em seus lábios, algo cruel e cortante que eu sabia que era totalmente proposital. Mas, principalmente, não gostei das suas palavras, que me atingiram como um tapa.

– Beijo?

– Não que seja da sua conta. – Kristin sorriu. – Mas sim. O nosso beijo, no jantar de sábado.

Demorei um pouco para perceber que estava com os nós dos dedos brancos, tamanha a força que aplicava sobre a porta.

Suspirei lentamente, sem desviar o olhar.

– Tudo bem. – Respondi, a voz filme. – Eu darei o recado.

– Muito obrigada, Lucy. – Ela sorriu, e então saiu.

Vi-a andar pelo caminho que levava ao chalé antes que a porta se fechasse com um estrondo.

Eu sabia que ela dissera aquilo por querer. E eu não era do tipo que, em momentos de crise, para para divagar ou refletir sobre o acontecido. E, por isso, preferi manter minha mente vazia, abrindo o caderno de Física e resolvendo alguns problemas de dificuldade mais elevada enquanto esperava Jude chegar.

Não demorou para que o silêncio fosse rompido com outro estrondo, quando a porta do chalé abriu-se batendo contra a parede.

– Meu Deus! – Exclamei, com um susto, quando vi Jude entrar por ela com um sorriso pequeno.

– Desculpa, Lizzie. Foi o vento.

Esse seria o momento em que eu abriria um sorriso de lado, mas não o fiz.

– Pelo visto ele está forte. – Falei, soando mais seca do que eu gostaria.

Jude pareceu não perceber, pois concordou simplesmente, se voltando para o banheiro.

– Vou tomar um banho rápido.

Praticamente ignorando-a, voltei aos meus problemas físicos, tentando me concentrar ao máximo neles.

– Meu Deus, está frio! – A voz de Jude soou um pouco antes do que eu esperava, quando ela voltou do banheiro. – Acho que vou roubar o seu suéter. Ele é bem mais quentinho que o meu.

Dei um sorriso pequeno e fechei o caderno, me voltando para ela.

– Jude… – Comecei, a voz séria.

– Aconteceu alguma coisa?

– Você beijou Kristin? – Não, eu também não costumava dar muitas voltas.

Mesmo que eu observasse por anos a expressão de Jude, não conseguiria ler todos os sentimentos que lhe passaram pela cabeça naquele único segundo.

– Como… Como você soube disso?

Senti suas palavras como um soco, direto no estômago.

– Beijou-a?

– Não! – Ela gritou, num rompante. – Eu nunca faria isso!

Arregalei os olhos, surpresa ao ouvi-la gritando.

– Quem te disse isso? Ela?

– Ela veio aqui hoje, te procurando. Disse que queria conversar com você sobre o beijo de vocês.

Jude também soltou um suspiro, e eu vi nela algo que ainda não havia visto em seu rosto: raiva.

– Kristin tentou me beijar a força no jantar. No jardim da casa dela. Mas não aconteceu. Eu a empurrei e fugi.

Sem querer, o sorriso voltou aos meus lábios.

– Por que as pessoas gostam tanto de tentar te agarrar?

Jude também sorriu.

– Não faço ideia.

– Eu tenho um palpite. – Sorri de lado, olhando-a, e percorri a distância entre nós.

– Qual?

Num movimento rápido, segurei a cintura de Jude com as mãos e puxei-a para mim, deixando nossos rostos a centímetros de distância.

– O fato de você ser tão linda.

Ela, que ofegara quando eu lhe puxei, agora corava e me olhava, com os lábios entreabertos.

Num movimento incrivelmente delicado – e um tanto impulsivo – rocei os lábios nos dela, quase não encostando, e afastei-me logo depois.

– Melhor eu tomar um banho. – Sorri. – Antes que esfrie mais.


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Notas finais do capítulo

Se for pra odiarem alguém, odeiem a Kristin, não eu.
E com essa frase, me retiro.
Mentira.
Mas não me odeiem! U.u
Tenho que agradecer a quem comentou ainda, tão bora!
> Mary H
> Ms Lee Barbosa
> Beatriz Victoria
> Leah Shintekyo
> Ana Carolina
> A F Wonder
> Newmee14
> ArayaN
> Baunilha
> TConty
Então, gente. Queria agradecer a esse povo legal que comentou, e dizer que não tenho medo de fantasma. Se alguém quiser seguir o exemplo dessas lindas pessoas e comentar, eu vou amar!
Outra coisa: bora conversar? Que tal se, nesse cap, em vez de comentar só sobre os acontecimentos do capítulo ou se gostou ou não, vocês falarem um pouquinho sobre o que acham da fic? Tipo, da fic em geral, a história, o andamento, o que acham que vai acontecer, do que gostam, do que não gostam, essas coisas.
Bora conversar, povo!
E com isso, me retiro, agora de verdade.
Até mais! o/