Clarity escrita por Isha Dur


Capítulo 1
Cause you are the piece of me


Notas iniciais do capítulo

Bem, tudo que tinha á dizer já disse, então... Enjoy :)



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Annie Version
         

 - Volte cedo, querida, e tenha cuidado. 

- Eu só vou á praia com a Kat mãe, fique calma.

- Eu fico preocupada desde que - ela não consegue completar a frase, nem mesmo eu consigo.

- Pode deixar, eu irei me cuidar, não terei o mesmo destino do papai. - digo com um sorriso tranquilizador.

Há dois ano, meu pai teve uma morte trágica que virou de cabeça para baixo essa família, ele era surfista profissional, vencia todos os campeonatos da cidade e ficou em segundo lugar no torneio nacional. Mas aconteceu quando ele estava surfando em um lugar não muito seguro, eu estava presente nesse dia junto com meu irmão, Justin. O mar estava um pouco perigoso, mas meu pai adentrou o mar dizendo que aquilo iria passar rapidamente e que não devíamos nos preocupar, eu fiquei na areia montando castelos de areia com Justin - que na época tinha sete anos, e eu quinze -, quando olhei para o mar e não o vi, ele não estava lá. Procurei por toda praia, dos banheiros até os quiosques - não muito populares, mas não o achei. Então esperei. Esperei, e esperei mais, até anoitecer, comecei á ficar preocupada e fui procurar pela praia novamente, andei aproximadamente um quilômetro até encontrar ele, seria uma boa notícia se ele não estivesse... morto. Foi o pior trauma de toda a minha vida. Desde aquele dia minha vida mudou completamente, comecei á ter sonhos com meu pai onde ele aparecia surfando, depois uma onda gigante que o derrubava da prancha, ele nadava mas uma câimbra surge e ele começa á se debater na água, inutilmente, depois eu o via perdendo os brilhos dos olhos verdes e a onda o levando para a beira da praia, morto. Minha mãe havia tomado um trauma por mar, e ás vezes ela tentava passar esse trauma á nós, mas isso nunca aconteceu comigo, eu ainda amo o mar, ele que me faz bem, é nele que eu vou todas as tardes dizendo que estou com Katniss quando estou sozinha, é com ele que eu desabafo... o mar. Mas ao contrário de mim, Justin, odeia o mar, como se ele fosse a razão por termos perdido nosso pai, nosso herói, nosso mentor, e realmente foi. Ele era tão pequeno quando meu pai morreu, havia apenas oito anos, foi um grande impacto na sua vida, muito pequeno para sofrer tanto.

Então ela diz com um aceno de cabeça:

- Vá, mas tome cuidado.

Me levanto, pego minha bolsa e saio. Minha casa não era longe da praia, apenas uns dez minutos de caminhada. Coloquei meus fones de ouvido e me desliguei do mundo, só me ligando novamente quando sinto o cheiro de água salgada invadindo minhas narinas. Mar.

Hoje ela estava vazia, como sempre.

Estendi minha toalha ao chão, retiro um livro de dentro da bolsa e começo á ler. Vejo que já são quatro horas, melhor entrar na água. Todo dia é assim, eu venho á praia para me refugiar de toda a dor do mundo, não que eu seja uma dessas garotas que tenha a vida conturbada, não. Eu apenas sinto falta do meu pai. Sinto falta de quando eu tinha oito anos e vinhamos á praia e ficávamos a tarde inteira fazendo castelos de areia, de como gostávamos de tomar água de coco ás três da tarde quando o sol estava quente, de como mantínhamos uma relação saudável entre pai e filha. 

Adentrei o mar que estava bastante calmo hoje, pelo visto. A água estava relaxante, sem nenhum rastro de perigo, apenas com suas ondas tranquilizadoras batendo nas rochas á metros dali, sem nenhuma pressa, sem nenhum desespero, sem se preocupar com nada, mas ao mesmo tempo forte e devastadora.

Deito sobre as águas e me deixo levar pelas ondas calmas enquanto fecho meus olhos e retiro todo pensamento da minha mente. Não sei por quanto tempo fiquei assim, só sei que quando fui tentar me levantar estava longe da costa, eu sabia nadar? sim, mas o desespero me encobriu. Me debato na água tentando me libertar do medo que me aflora, será que terei o mesmo destino do meu pai? Será que a promessa que eu fiz para a minha mãe será em vão? Será que minha mãe descobrirá que eu nunca vim á praia com Katniss, e sim sozinha? Não sei, tudo o que eu sei é que estou prestes á me afogar. A água entra pelas minhas narinas e sou obrigada á engolir o líquido salgado que continua relutantemente á tentar entrar pela minha boca.

Meus braços começam á doer e minhas pernas á ficar dormentes. Começo á perder meus sentidos. 

É o fim, penso enquanto uma torrente de água bate contra meu rosto e me deixo ser engolida pelas águas protuberantes.

Pode parecer coisa de filme, mas quando parece perdido uma luz aparece. Meus olhos quase cegos pela água salgada forçam o máximo para poder ver a pessoa que vem ao meu encontro, cabelo cor de bronze, pele dourada, alto e musculoso. Ele nada rapidamente para o meu lado, posso detectar um pequeno desespero ali. Fecho meus olhos e não vejo mais nada, apenas sinto ser puxada por um braço forte.

***

- Ei, acorda, acorda, por favor. - sinto dar leves tapas no meu rosto.

Onde eu estou? Com quem eu estou? Eu não sei de mais nada. Eu posso muito bem ter morrido e algum anjo está tentando me acordar. Ou posso estar no inferno.

Me recuso á abrir meus olhos. Respirar é quase uma missão impossível, eu preciso de ar.

- O que aconteceu com ela? - ouço vozes longínquas com um quê de preocupação. Mas no inferno as pessoas são más, não são?

Quase que instantaneamente sinto lábios preencher minha boca e começo á cuspir água.

Eu estou viva, penso aliviada.

Abro meus olhos me levantando rapidamente. Olho ao redor e vejo um amontoado de pessoas ao meu redor e o tal garoto de cabelos bronzeados me olhando com um meio sorriso nos lábios, alívio?

As pessoas começam á soltar suspiros aliviados e uma conversa alta se alonga dizendo que estavam preocupadas, que não puderam entrar na água porque não sabiam nadar, etc. Mas aquilo tudo estava me deixando tonta e com um leve enjoo. Fecho meus olhos fortemente e encaixo minha cabeça nas palmas da minha mão.

- Ei, ei, ei, chega! Ela está meio tonta pelo incidente, podem voltar á fazer as coisas que estavam fazendo, eu cuido dela. - ouço a voz do garoto dizer em um tom um pouco mais alto.

Ouço passos lentos de uma multidão e alguns resmungos. Me permito tirar minha cabeça das minhas mãos e abro meus olhos.

- Está tudo bem? - olhos para o lado e BAM! lá está ele com os olhos cheio de preocupação olhando para mim.

- Está, está tudo bem sim. Só estou um pouco tonta e com um nariz ardendo um pouco.

- Normal. Quer tomar uma água de coco? - ele me pergunta de repente.

- Não querendo ser rudo ou grossa, mas é que eu nem te conheço.

- Ah, eu sou Finnick Odair, prazer. - ele diz abrindo um sorriso largo mostrando seus caninos perfeitos e estendendo sua mão direita para mim.

- Annie Cresta, obrigada por me salvar, se você não estivesse me tirado de lá provavelmente eu não estaria aqui agora. - digo apertando sua mão.

- Não foi nada, eu só não podia deixar.

- Deixar o que?

- Deixar você se afogar. - ele diz como se fosse óbvio, e era.

Dou um sorriso tímido colocando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.

- Então, agora que você me conhece, gostaria de tomar uma água de coco comigo? - ele pergunta se levantando e oferecendo uma mão para mim.

Balanço minha cabeça confirmando e me levanto da areia com sua ajuda.

Caminhamos até um quiosque quase vazio - se não fosse por um casal se beijando vorazmente. Ele pagou a conta e nos sentamos debaixo de uma palmeira.

- Então, Annie - ele começou - Quer me contar mais sobre você? - ele pergunta tomando á água e me olhando fixamente.

- Minha vida não tem nada de mais, acredite. - digo com um sorriso debochado.

- Me fala qual sua idade. - ele insistia.

- Eu tenho 17, e você?

- Dezoito. Você mora sozinha?

- Não, eu moro com minha mãe e com meu irmão. Você parece morar sozinho, mora?

- Também não, moro com dois amigos, Gale e Peeta. Fazemos faculdade juntos. 

- Você tem cara de ser daqueles garotos... Hm... rebeldes. 

- Não é só a cara, acredite - ele diz rindo - E você tem cara de ser uma daquela garotas fofas que passam o dia inteiro estudando.

- Quase isso - digo rindo.

Conversamos por bastante tempo, Finnick era um garoto bastante interessante e divertido. Ficamos bastante íntimos, até que tomei a liberdade de o chamar de Finn e ele me chamar de Ann.

Depois de algumas horas nos conhecendo, avisei que tinha que ir embora e ele insistiu em me acompanhar até em casa, depois de nos despedirmos entrei em casa e as luzes de casa estavam todas apagadas, será tão tarde assim?

Entrei em meu quarto e liguei a luz, Justin estava deitado na minha cama como quase toda noite, só que desta vez acordado.

- Pesadelos? - pergunto colocando a bolsa em cima da poltrona.

- Na verdade, não desta vez, eu só não consigo dormir. - ele diz se sentando na cama.

- Por que vocês foram dormir tão cedo? Ainda são sete horas.

- Mamãe. Você sabe como ela é. Ele ficou paranoica, e agora quer dormir cedo. - ele diz bufando.

- Ela voltou com isso de novo? Pensei que ela havia parado. - digo revirando os olhos.

- Foi um milagre conseguir deixar ela sem essa mania por dois meses, pensou mesmo que ia ser pra sempre? - ele diz rindo, acabo rindo também.

- Eu não estou com sono, sabe, podíamos fazer o que fazíamos quando ela dava esses ataques. - digo sorrindo.

- Quais filmes? - ele pergunta animado.

- Você escolhe, enquanto isso eu faço as coisas para a gente comer.

- Pipoca doce? - ele pergunta.

- Com balas de gelatina. - digo e desço.

Quando nossa mãe tinha esses ataques e dormia cedo, eu e Justin fazíamos maratonas de filmes durante a noite inteira, como era sexta feira, alongamos para a madrugada também.

Preparo tudo e subo para o quarto, Justin está com uma pilha de DVD's jogados em cima da cama.

- Já escolheu qual vão ser os filmes? - digo colocando as coisas em cima da comoda.

- Sim.

- E quais vão ser?

- Esses aqui - ele diz indicando os filmes em cima da cama.

- Justin, deve ter uns 10 filmes no meio disso tudo.

- É, eu sei. Cinco deles tem umas duas horas de duração.

- Pelos meus cálculos, a gente termina de assistir tudo isso amanhã, ás dez horas da manhã. - digo incrédula.

- É, eu também fiz as contas. 

- Eu não vou assistir tudo isso Justin, desisti. - digo rindo.

- Eu te desafio á assistir todos esses filmes. - ele diz com um sorriso debochado. Justin sabia muito bem que eu não recusava um desafio, e não seria agora que isso mudaria.

- Desafio aceito, pirralho. - digo pegando qualquer filme no meio da pilha e colocando-o no aparelho.

- Mas... - ele diz sorrindo mais ainda.

- Mas o que? - Mas, essa palavra saindo da boca de Justin nunca significou algo bom.

- Se você perder terá que me levar ao cinema amanhã. - ele diz como se já tivesse vencido.

- Isso? Fácil! - digo desligando a luz e me juntando á ele debaixo das cobertas.

***

- Parece que alguém perdeu. - ouço a voz de um pirralho cantarolando atrás de mim enquanto escovo os dentes.

Olho para trás e vejo a figura encostado no batente da porta com um sorriso nos lábios.

- Claro né, com aquele filme chato de luta que você escolheu todo mundo dorme. - digo prendendo meu cabelo em um rabo de cabelo.

- Que horas a gente vai? - ele pergunta animado.

- Você pode esperar um pouco, apressadinho. - digo saindo do banheiro com Justin no meu encalço.

- Sabe qual foi a última vez que eu fui no cinema? Á três meses atrás! - ele diz indignado entrando no meu quarto atrás de mim.

- Se você me pedir eu te levo. - digo como se fosse óbvio.

- Mas você está sempre ocupada.

Ele diz e isso me atinge de uma forme que nem eu mesma percebo. Ultimamente eu não estou dando tanta atenção á ele como antes. Antes eu o levava á vários lugares, parquinho, cinemas, shopping. Mas agora eu percebo que estou passando muito tempo longe dele, e de uma certa forma isso me abala. Dificuldade econômica minha família nunca enfrentou, pelo contrário, nós sempre fomos muito em relação ao dinheiro, mas o problema era o tempo. O tempo que eu não tinha.

Me viro para ele e digo me abaixando para ficar do seu tamanho:

- Agora eu tenho todo o tempo do mundo para você baixinho. 

Abraço-o e vejo que ele não está tão baixo igual da última vez que passamos juntos, provavelmente deve estar pegando no meu ombro. Justin puxou meu pai, cabelos castanhos desgrenhados, olhos cinzentos, pele alva, sardas espalhadas pelos braços e busto e alto. Já eu puxei minha mãe, cabelos pretos ondulados, olhos azuis, pele branca e lábios grandes rosados.

Troco de roupa e desço, já devia ser hora do almoço, pois sinto cheiro de lasanha e uma música vindo da cozinha. Minha mãe só cozinhava com o som ligado, e não esquecer de dizer que ela era bastante prendada.

- Acordou, querida? - ela diz com um sorriso com os braços abertos em minha direção. Percebi que aquilo era uma deixa para te abraçar, então andei até ela e a abracei, percebi o quanto ela está acabada, desde a morte do papai. Ela se mantém forte, mas apenas para nós, eu e Justin. - Katniss ligou aqui enquanto você estava dormindo, disse para você retornar para ela quando acordasse.

- Depois eu ligo, não deve ser algo importante. - digo me sentando na mesa e comendo uma maça.

- O almoço está quase pronto, querida, não lhe recomendaria comer agora. - minha mãe dando de ombros.

Depois de um tempo o almoço ficou pronto e almoçamos nós três juntos, coisa que era rara. Depois fui ligar para Katniss, não era nada importante, só aquela conversa cliché entre amigas, no final acabei convidando ela e Johanna para o cinema.

***

- Annie! Annie anda logo, Katniss e Johanna já estão nos esperando! - Justin esperava impaciente na porta do meu quarto enquanto eu terminava de calçar meu tênis.

- Como vocês são angustiados! Pronto, pronto, já estou pronta. - digo abrindo a porta e pegando minha bolsa.

Nos despedimos de nossa mãe e entramos no carro de Katniss.

- Aleluia, pensamos que você já havia desistido. - Johanna dizia impaciente no banco de passageiro passando batom.

- Ei, Annie. - Katniss me cumprimentou e ligou o carro.

Chegamos ao cinema e Justin e Johanna foram correndo comprar os ingressos enquanto eu e Katniss fomos pegar a pipoca.

- Annie? - ouço alguém me chamando e me viro, espera, é ele mesmo?

- Finnick? O que você está fazendo aqui? - digo sorrindo.

- Eu vim para cá com Gale e Peeta - ele diz indicando os garotos brincando de pedra, papel, tesoura na fila dos ingressos - Ei! Vem cá vocês dois! - ele grita chamando os dois.

Os meninos param de brincar e começam á vir em nossa direção.

- Annie, esses são Gale - ele aponta para o garoto alto com cabelos castanhos e olhos azuis - e Peeta - ele aponta para o garoto loiro de olhos azuis.

- Prazer conhecer vocês garotos. - digo estendendo minha mão para cada um deles.

- O prazer foi todo meu, Annie, certo? - Peeta diz em um tom simpático.

- Adorei te conhecer, gata. - Gale diz em um tom safado/brincalhão enquanto me abraça e coloca a mão na minha bunda brincando.

Me afasto rápido rindo assustada enquanto ele e Peeta gargalham e Finnick fuzila com o olhar Gale, não entendi o porquê.
 
 - Então, você está sozinha, Annie? - Peeta pergunta terminando seu ataque de risos.
 
 - Não, não. Estou com duas amigas e meu irmão - olho em direção á Katniss e não a vejo, então olho em direção a Johanna e Justin e vejo os três conversando - Ali eles - digo apontando com a cabeça - Vamos lá, eu quero apresentar vocês á eles.
 
 Justin e Johanna estão entretidos em uma conversa sobre videogames de zumbis enquanto Katniss está mechendo no celular. Justin e Johanna sempre foram bastante chegados, eles gostavam da mesma coisa e sempre jogaram juntos, Justin até dizia ás vezes que ela era como uma irmã para ele.
 
 - Ei, quero apresentar vocês á eles - chamo a atenção de todos - Esses são Peeta, Gale e Finnick - digo apontando para cada um deles que sorriam e se apressavam em apertar as mãos e abraçar cada um.
 
 Ficamos conversando por um tempo e percebemos que iríamos assistir ao mesmo filme, quando deu a hora da sessão, entramos na sala e sentamos repectivamente: Gale, Johanna, Katniss, Peeta, Justin, eu e Finnick. Durante o filme, pude perceber algo rolando entre Peeta e Katniss e Johanna e Gale, sorri ao pensar nos casais e eu com Finnick. Não, não Annie, você mal conhece ele e já está pensando nisso? Esquece.
 
 O filme acabou e acabamos jantando todos nós em um restaurante japônes - menos Justin, Johanna e Gale, que resolveram jantar no McDonalds. Depois, fomos naqueles lugares de lazer onde tem jogos, etc. Próximo ás onze horas da noite, resolvemos ir embora, trocamos números de celulares - Gale e Johanna maracaram um encontro - e fomos embora.
 
 *** 
 
 Três meses se passaram e não podia estar nada melhor. Falo quase todos os dias com Finnick por telefone e pelo menos uma vez na semana nos encontramos pessoalmente - seja para tomar uma água de coco, ir á praia ou simplesmente um ir á casa do outro -, Gale e Johanna estão se encontrando quase todas as noites, Peeta e Katniss marcam um encontro uma vez por semana e eu e Justin fazemos maratonas de filmes todos os finais de semana e vamos ao cinema todos os sábados em grupo - eu, Justin, Finnick, Gale, Katniss, Johanna e Peeta. Mamãe ainda está naquela fase de ataque, querendo dormir cedo e querendo nos proibir de ir á praia, mas ela está mais amorosa do que nunca, acho que ver Justin feliz a deixou feliz.
 
 Hoje irei me encontrar com Finnick na praia, ele disse que tem uma grande surpresa para mim, eu estava angustiada e nervosa com essa tal "surpresa". Enquanto me arrumava pensava nas mil coisas que poderiam ser a surpresa. Um cachorro? Não, já disse milhões de vezes á Finnick que não gosto muito de animais. Um par de ingressos para o show da minha banda favorita? Talvez, Finnick gosta de impressionar as pessoas de um modo que você nunca imaginaria.
 
 Duas horas. Hora de me encontrar com Finnick. Faço meu percurso para a praia com meus fones de ouvido e entro em um mundo sem fim, sem limites. Mas volto ao nosso mundo apenas quando sinto o cheiro de água salgada entrar pelas minha narinas.
 
 Olho ao redor e vejo um jovem de cabelos cor-de-bronze sentando em uma toalha colorida olhando ao mar. Finnick.
 
 - Oi. - digo estendendo  minha toalha ao seu lado e me sentando, também observando ao mar, que estava calmo e com águas cristalinas.
 
 Ele fica alguns segundos naquela mesma posição e depois olha para mim com a mesma expressão, diz:
 
 - Oi. - ele faz uma longa pausa olhando novamente para o mar e: - O mar está lindo hoje, né?
 
 Faço uma pausa observando as águas cristalinas.
 
 - Está, como no dia que eu quase morri me afogando nelas - faço uma pausa de dez segundos contados relembrando daquele dia e continuo: - E foi o dia que eu conheci você.
 
 - Engraçado - ele diz me olhando sorrindo.
 
 - Engraçado o quê? - pergunto semi-cerrando meus olhos.
 
 Ele olha para o mar novamente mas eu continuo olhando-o fixamente.
 
 - Engraçado como uma lembrança ruim pode se tornar em uma lembrança boa.
 
 - Como assim?
 
 - No dia que você se afogou foi um dia ruim por essa parte, você se afogou. Mas nesse mesmo dia foi um dia bom, porque a gente se conheceu.
 
 Reflito um pouco e ele está certo, foi um dia rubom - nome que acabei de dar á coisas ruins e boas -, conheci Finnick, me tornei amiga de Finnick e se não fosse por Finnick não conheceria meus melhores amigos, Gale e Peeta. Mas eu conheci Finnick graças á uma desgraça, graças á um afogamento.
 
 - Você tem uma surpresa para mim, não é mesmo? - pergunto olhando-o sorrindo.
 
 Ele olha para mim sorrindo, um sorriso nervoso, mas sincero.
 
 - Eu tenho, só que não sei como lhe dar ele. - ele diz coçando a nuca.
 
 - É fácil é só me dar. - digo como se fosse óbvio.
 
 - Não é tão fácil assim, acredite. - ele diz dando um sorriso tímido e olhando para o chão.
 
 - O que é? - pergunta ficando nervosa novamente.
 
 Ele se levanta e oferece sua mão para me ajudar á levantar, aceito-a e fico em pé em sua frente.
 
 - Annie, eu não sei como começar. Isso não é um presente material, mas um presente para a vida toda, se você aceitar, é claro. - ele sorri novamente para o chão e volta: - Annie, já nos conhecemos á três meses, e eu acho que eu já te conheço bastante para tirar as minhas dúvidas. Eu não sou bom com palavras, não mesmo, mas por você eu faço o maior esforço possível - ele se engasga um pouco e continua: - Mas é que, mas é que eu te amo Annie Cresta.
 
 Meu estômago revira, minha boca fica seca, meus olhos se perdem e meu coração está á mil por hora, trabalhando e tentando digerir o que acabo de ouvir. Mas é que eu te amo Annie Cresta.
 
 Antigamente eu tinha minhas dúvidas se o amava ou não, mas achava impossível isso ser verdade. Mas depois de algum tempo eu percebi que isso era possível e que eu estava apaixonada por Finnick Odair. E agora que ele se declarou para mim, eu tenho a total certeza disso.
 
 Devo ter ficado bastante tempo pensando nisso, pois quando "acordo" vejo um Finnick totalmente enrusbecido e com cara de quem se arrependeu do que acabava de ter dito.
 
 - Finnick... eu... eu... - mas nada saia.
 
 - Eu entendo Annie, não se preocupe. - ele dá um sorriso triste e olha para o chão.
 
 - Não! Não é isso, é que... é que eu to chocada.
 
 - Eu sei que não sou compreendido, sério, não se preocupe.
 
 - Você não entende, eu estou chocada porque... porque eu também te amo Finnick Odair. 
 
 Ele tira os olhos do chão e me olha rapidamente sorrindo, o sorriso mais lindo do mundo. O sorriso que eu mais amava.
 
 Ele não diz nada, apenas me segura pela cintura e toma meus lábios.
 
 ***
 
 - Isso é totalmente impossível Gale! - Johanna dizia para o namorado pela milésima vez.
 
 - Por que? Seria muito legal uma bomba que explodisse quando a gente apenas dissesse penico - ele dizia convencendo a namorada.
 
 Cinco anos se passaram e aqui está nosso grupo sentado em uma mesa de um restaurante japônes - Gale, Johanna e Justin comendo lanche do McDonalds. Peeta e Katniss começaram á namorar á exatamente um três, estamos aqui exatmente para a comemoração. Gale e Johanna começaram á namorar uma semana depois de Finn e eu, e Justin, Justin está com quinze anos, quase dezesseis, até agora com nenhuma paquera á vista, mas não acho que isso demore á ocorrer, agora ele é um garoto muito bonito, as garotas são, digamos,  "loucas" por ele.
 
 - Por que você tem essa obssesão louca por bombas, Gale? - Justin pergunta incrédulo.
 
 - Ah, sei lá, gosto de explodir coisas. - ele diz e morde um pedaço de seu sanduíche.
 
 Contiuamos á conversar por bastante tempo, até Finnick dizer:
 
 - Ei, ei, ei, atenção aqui pessoal, tenho um comunicado á dizer - ele disse e toda a mesa ficou em silêncio (até algumas pessoas ao redor prestou atenção).
 
 Ele me levanta e me posiciona á frente dele sorrindo.
 
 - Que diabos você está fazendo Finnick? - digo baixo apenas para ele ouvir.
 
 Ele não responde nada, apenas sorrir mais ainda e se vira de frente, dizendo:
 
 - Gostaria de uma atenção aqui por favor, só dois minutinhos - ele diz e toda a praça de alimentação (que por acaso está bem frequentada hoje) para de fazer suas coisas e direcionam o olhar para a nossa mesa (que está bem ao meio da praça) - Ótimo, agora que eu tenho a atenção de vocês, gostaria de começar - ele se vira para mim e pega a minha mão com uma mão e com a outra levanta meu rosto pelo queixo - Sabe, são cinco anos desde que eu te conheci, são cinco anos que eu te salvei de um afogamento, são cinco anos que a gente namora. E como eu jé te disse, eu não sou bom com palavras, então, eu vou adiantar logo a coisa - ele se agacha no chão e tira uma caixinha preta aveludada de dentro do bolso de sua calça - Annie Cresta, eu te amo muito - posso ouvir vários suspiros de garotas pelo lugar - E gostaria muito de saber, quer se casar comigo?
 
 Várias pessoas gritam, nosso grupo - principalmente Gale e Justin - assoviam e batem palmas. Eu não sei o que dizer, eu amo Finnick mais do que a mim mesma, como poderia dizer não?
 
 Espero o salão se acalmar e respiro fundo.
 
 - É o sim mais fácil que eu já disse em toda a minha vida. 
 
 E então o alvoroço começa novamente, desta vez com vária pessoas vindo ao nosso encontro para nos dar os parabéns, dizer que aquilo foi muito fofo e lindo, essas coisas que noivos recebem.
 
 ***
 
 - Annie, se acalma, está bem? Hoje é o dia mais especial da sua vida, não tem com o que se preocupar.
 
 Era hoje. O dia do meu casamento. Já havia se passado um ano após aquele pedido de casamento de Finnick. Todos estavam presentes, amigos, famílias, todos. Todas as pessoas do nosso grupo são nossos padrinhos/madrinhas, Gale pediu a mão de Johanna em casamento á cinco meses e Peeta e Katniss ainda continuam apenas no namoro. Quanto á Justin? Ele finalmente achou sua alma gêmes, e acredite se quiser, essa pessoa é Prim, irmã de Katniss.
 
 - Eu sei mãe, mas, eu o amo tanto, hoje eu vou ser dele, apenas dele, você entende? - digo sorrindo ao mesmo tempo que lágrimas insistem em aparecer.
 
 Ela dá um sorriso e limpa as lágrimas.
 
 - Apenas relaxe.
 
 A porta se abre e três garotas entram por ela, Katniss, Johanna e Prim, elas são minhas madrinhas.
 
 - E ai Annie, nervosa? - Katniss diz atrás da minha cadeira que está na frente do espelho.
 
 - Vestido bonito, Annie. - Prim diz com um sorriso no rosto.
 
 - Hoje é o dia do seu casamento, ein, garota. - Johanna diz com um sorriso sincero de felicidade.
 
 - Obrigada garotas, eu estou tão nervosa. - digo me virando para elas.
 
 - Deve estar mesmo. Mas não se preocupe, vai ficar tudo bem. - Katniss diz afagando meu ombro.
 
 Conversamos até o horário do casamento. Entro na limosine com as garotas e sinto suor frio descer pelas palmas da minha mão.
 
 Elas vão primeiro e depois de uns cinco minutos me chamam dizendo que estava na minha hora. Desci do carro e encontrei Jeff, pai de Finnick, me esperando ao lado de fora da limosine. É com ele que vou ter que entrar, já que meu pai não está presente.
 
 - Nervosa? - ele pergunta com um sorriso debochado de sempre.
 
 - Claro. 
 
 Espero na porta da gigante igreja, esperando ela se abrir. Passam dez minutos e elas se abrem.
 
 Meu estômago revira como da vez que Finnick me pediu em namoro. Me permito olhar em sua direção e o vejo boquiaberto, mas com um sorriso pedindo licença em seus lábios. Ele está lindo, com um terno preto sofisticado e refinado, com uma rosa branca em seu bolso. Olho para minha mãe e ela está aos prantos ao lado da mãe de Finnick. Os padrinhos e madrinhas estão posicionados em seus lugares. Tudo está perfeito.
 
 E então a famosa marcha nupcial começa á se espalhar pelas paredes frias da igreja. De pé em pé, me movo ao altar, quero o Finnick, quero ser plenamente dele. E então eu chego. Ele me espera com um sorriso bobo entre seus lábios e uma imagem impecável. Me solto de seu pai e passo á ele. E então o padre começa com o famoso discurso de casamento, até que chega o esperado momento.
 
 - Finnick Odair, você aceita Annie como sua legítima esposa, para ama-la e respeita-la, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte os separe?
 
 - Aceito. - ele diz sorrindo alargamente.
 
 - Annie Cresta, você aceita Finnick como seu legítimo esposo, para ama-lo e respeita-lo, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte os separe?
 
 - Sim, claro que aceito.
 
 - Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
 
 Então Finnick se inclina na minha direção e toma meus lábios, como no nosso primeiro beijo. Ele se separa e diz:
 
 - Finalmente seu.
 
 - Você é um pedaço de mim.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Aliviados pelo Finn não morrer? O que acharam do casal Gale e Johanna Machadão? haha, enfim, comentem, beijos!