Pegando Fogo. escrita por hollandttinson


Capítulo 29
Gatilho.


Notas iniciais do capítulo

Gente, finalmente uma semana de folga com a empolgação do Carnaval. Se o governador do meu Estado fosse um pouco mais legal, eu teria postado esse capítulo ontem porque não ia ter aula hoje, mas ele não é e eu tive aula o dia todo. Só arranjei tempo pra postar agora. Minha vida tá super corrida e peço desculpas pela demora nos capítulos. Prometo que vou tentar ser mais legal com vocês e postar mais rápido... Apesar de a fic já estar no finzinho.



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POV: KATNISS.

Segurei a mão de Peeta com força enquanto respirava ruidosamente. A cara de Coin não era nada amigável, seus braços estavam cruzados e seus lábios faziam uma fina linha de irritação, os olhos estreitos e as sobrancelhas unidas. Eu sabia que estávamos em maus lençóis.

– Eu pensei que você soubesse, todo mundo sabe.- Peeta disse, como sempre ele tem de ser aquele que dá a primeira palavra, aquela que pode ferir ou curar, nesse exato momento ela acalmava. Ouvir a voz dele sempre acalmava. Eu relaxei um pouco o aperto da mão.

– Talvez os moradores do Distrito que eu sustentei e me preocupei por toda a minha vida, não queiram me contar mais as coisas á ponto de que eu tenha que ouvir conversas atrás da porta.- Ela disse ainda muito irritada. Eu dei de ombros de leve.

– Bom, eles devem ter um bom motivo para acharem que não devem confiar em você para uma novidade tão importante como essa. Eu não confiaria, e preferia que você parasse de ouvir minhas conversas atrás da porta, se não for incômodo. Além de ser muito mal educado, é uma falta de privacidade que nós devíamos ter.- Eu disse. Peeta abraçou a minha cintura e respirou fundo quando viu Coin quase soltar fogo pelo nariz de tanta raiva.

– Olhe aqui, Katniss Everdeen, você pode ser quem for, ainda é apenas uma hóspede minha e eu posso colocar você daqui pra fora a hora que eu quiser. Dobre a sua língua antes de falar comigo, sua garotinha.- Disse Coin.

– Dobre você a sua língua antes de falar assim com ela. Você pode ser quem for, podia ser o próprio Snow em seu melhor período de Presidencialismo, e mesmo assim, dobraria a sua língua. Ela está trazendo vida á esse Distrito, ela é a vida dele. Você devia ser no mínimo agradecida. Ela é o tordo.- Foi Delly quem falou. Ela estava vindo ao nosso encontro com Gale e ouviu a nossa pequena discussão recém-começada. Gale parecia irritado.

– Uma gravidez? Pelo amor de Deus! Isso vai totalmente contra todas as coisas que eu idealizei sobre a Rebelião. Você não pode estar grávida, isso estraga todos os meus planos. Como vamos invadir a Capital com uma garota de 17 anos e uma barriga enorme? Isso é patético, irresponsabilidade.- Disse Coin andando de um lado para o outro. Eu ouvi Gale bufar, mas eu estava mais preocupada com as mãos de Peeta que me seguraram com força quando eu ameacei pular no pescoço de Coin.

– Você é a pior, a mais terrível, a mais nojenta pessoa que eu conheço! Estamos falando de mim, de uma criança! MAS QUE MERDA É ESSA?! EU SAÍ DOS JOGOS VORAZES COM A PROMESSA DE QUE NUNCA SERIA MAIS UMA PEÇA NO JOGO DA CAPITAL E O QUE VOCÊ FAZ? ME COLOCA NO SEU PRÓPRIO JOGO DOENTIO!- Eu comecei á gritar, mas a minha garganta estava vacilando. Ultimamente eu não tinha força pra muita coisa. Peeta me segurou com mais força.

– Gritar não vai adiantar de nada, eu ainda sou a Presidente disso aqui, entendeu? Eu quem mando nisso tudo. E sabe o que mais? Não precisamos de um tordo, Katniss. Nós não precisamos de você ou de Peeta, muito menos desse criança aí. Nós já seguimos a Rebelião e ela já tem um rumo certo, eu posso me livrar de vocês quando quiser.- Disse Coin com um sorriso frio no rosto.

– Não, você não pode. Você nunca seria capaz de seguir uma Rebelião sem Katniss ou Peeta. Você é doente ou o quê?- Perguntou Gale, cruzando os braços irritado.

– Ela é doente. Completamente doente. Mas sabe o que você faz? Nos descarta. Nós não queremos mesmo participar dessa porcaria toda. Sabe o que você faz com a sua rebelião? Segue ela, Coin. Vá ser feliz com a sua própria doença, sua própria ruína. Essa rebelião será a sua ruína.- Disse Peeta, suavizando o aperto de seu abraço enquanto eu me acalmava. Eu concordei com a cabeça. Coin revirou os olhos.

– Eu disse que eu poderia, mas não vou fazer. Eu não sou doente e muito menos burra. Eu sei o que vai acontecer caso algo aconteça com você. Eles todos sabem da porcaria da sua gravidez ridícula, eu nunca seria capaz de passar por todo esse sentimentalismo patético, então você fica. Mas por pouco tempo, assim como essa criança. Não sei se ela vai viver por muito.- Disse Coin sorrindo novamente.

Eu gelei.

– O que você quer dizer com isso? O que pretende fazer com o meu bebê?- Perguntei, colocando a mão na barriga. Eu nunca o tinha tocado, mas o medo de perdê-lo me fez fazê-lo. Minha mão tremia loucamente.

– É bom saber que existe algo com o que se importe.- Disse Coin, gargalhando. Delly bufou.

– Correção: É bom saber que existe algo com que eu possa te chantagear. Vamos contar á todos eles, tudo o que você está dizendo aqui, sobre a chantagem e tudo o que disse fazer contra Katniss e o bebê.- Disse Delly, se aproximando de mim e me abraçando pela cintura depois segurando a minha mão como um sinal de que estava aqui comigo.

– Vá, grite. Eu quero saber quantos deles vão acreditar. E se acreditarem, será que serão capazes de me fazer algum mal? Logo eu que fiz de tudo por eles? Delly, Delly... Eles não são como vocês. Eles são uns babacas agradecidos e cheios de orgulho por serem nobres. Eles não fariam nada contra mim.- Disse Coin sorrindo. Eu estava com nojo desse sorriso.

– Bom, nem todas as pessoas do universo estão aqui. Existem muitos lá fora. Derrotaremos Snow e quem será você? A idealizadora da Rebelião ou a mulher que tentou matar Katniss, Peeta e sua criança? Como você gostaria de ser vista em Panem, Coin? Eu sugiro que você pare de ameaçar as pessoas e se preocupe mais com a forma que está sendo vista. Katniss pode matar Coin, eu pude matar milhares de pessoas na Noz.- Eu, Delly e Peeta trememos.- Eu posso muito bem ser capaz de matar você se machucar um deles.- Disse Gale, se aproximando da gente se colocando a mão no ombro de Delly. Ele olhou duro para Coin que pigarreou.

– Não se eu o matar primeiro.- Disse ela.

– Você e quem mais? Você e o seu exército de babacas agradecidos e cheios de orgulho por serem nobres? Chame-os, Coin! Ande! Eu quero saber quantos deles serão capazes de ficar ao seu lado. É apenas uma criança.- Ele disse. Coin gargalhou.

– Como você é hipócrita, Gale! É apenas um criança? E quanto á Tysson? E quanto á todas as crianças que matou na Noz? Elas não importam para você não é? Elas não são Katniss. Você me diz que sou cruel, mas eu não matei ninguém, nunca. Eu nunca puxei o gatilho.- Disse Coin, fingindo ter um revólver na mão e atirar, depois gargalhou. Eu vi Delly tremer e Gale bufar.

– Você quer saber o que eu penso sobre isso? Que se dane você e o seu gatilho. Eu puxei o gatilho, me envergonho disso, mas eu o puxei. Eu não posso voltar atrás. Não posso devolver a família de Tysson e nem a vida de todas aquelas pessoas. Mas eu ainda sou eu, você é você, Coin? Quando se olha no espelho, você se vê como uma moradora do Distrito 13 como todos esses babacas agradecidos e cheios de orgulho por serem nobres? Você consegue se enxergar, Coin? Consegue?- Gale perguntou fazendo Coin dar um passo para trás. Nós sabíamos: Ele tinha tocado na ferida.

– Você não tem o direito de falar assim comigo.- Disse Coin.

– A verdade machuca, Coin?- Perguntei com os olhos estreitos e ela engoliu em seco. Eu sorri um pouco, eu estava sendo fria e isso era terrível.- Você pode nunca ter puxado o gatilho, mas eu sou plenamente capaz de puxar o meu.- Eu disse fazendo uma arma com a mão e atirando diretamente em seu coração. Olhei para Gale e sorri.- Eu puxei o gatilho.

– E o que isso significa?- Perguntou Coin, parecendo assustada. Peeta segurou a minha mão com força.

– Significa que você não vai nos tocar, siga a sua rebelião, estaremos lá para... Hm... Puxar o gatilho para Snow e cortar a fita da sua porcaria de presidencialismo de Panem.- Disse Peeta. Coin concordou com a cabeça.

– Eu sabia que você seria sensato.- Ela disse. Depois olhou para cada um de nós e se virou para ir embora.

– Coin! Não esqueça de descobrir se você é você quando se olhar no espelho hoje. Não queremos uma falsária em Panem novamente, queremos?- Delly perguntou quando ela ainda podia ouvir. Vi Coin vacilar no andar. Erguer o ombro e continuar. Nos olhamos quando ela estava distante. Gale parecia cabisbaixo mas ou mesmo tempo vitorioso.

– Você foi incrível, Gale. Obrigada.- Eu disse, abraçando ele com força. Eu senti ele suspirar aliviado no meu cabelo.

– Você merece, Catnip.- Nos afastamos e ele colocou a mão no ombro de Peeta.- Vocês merecem. Essa criança vai ser muito amada e eu quero que sejam felizes, sempre.

– Pode deixar, eu estou trabalhando por isso.- Disse Peeta. Nesse exato momento mamãe apareceu no corredor. Ela sorriu para mim.

– Ah, você já está aqui. Eu tinha ido te procurar para saber se viria á consulta. Aurelius vem já. O que estão fazendo aqui? É uma reunião?- Perguntou mamãe. Nós sorrimos e Delly balançou a cabeça.

– É mais uma discussão sobre conceitos, Sra. Everdeen... Ou sobre uma arma chamada palavras. Conhece? A gente atirou muito dela agora.- Disse Delly. Mamãe suspirou serena para Delly. Se aproximou e colocou as mãos nos dois lados do rosto da loira.

– Atire o quanto quiser, não é bom acumular palavras.- Ela disse.

– Nós acabamos de esgotar o acúmulo.- Disse Gale e mamãe sorriu novamente.

– Gale, você é inteligente... Eu sei que você sabe: Não existe um esgotamento de palavras. Elas não morrem, não acabam.- Disse mamãe. Eu concordei com a cabeça.

– Eu não sabia que você era tão... Filosofa, mamãe.- Eu disse sorrindo. Ela revirou os olhos.

– Eu não sabia que você era atiradora profissional.- Disse mamãe e Peeta sorriu.

– É, ela não atira só flechas.- Disse Peeta piscando pra mim, eu revirei os olhos.

– Depende do ponto de vista.- Eu disse dando de ombros.

– Que tal nós termos o ponto de vista do seu bebê agora? Pronta para saber como ele está?- perguntou mamãe quando eu vi o Dr. Aurelius.

(...)

Meu bebê estava perfeito. O Dr. Aurelius disse que eu provavelmente teria complicações na gravidez por parte de todas as emoções que sofri, mas ele disse que se eu me cuidasse, nada daria errado. E eu estava mesmo preocupada com isso: em me cuidar. Nos cuidar.

Então por isso, Peeta decidiu que eu não iria na invasão da Capital. Ele resmungou coisas como "você precisa cuidar de vocês" "é emoção demais pra uma grávida" "vai ficar tudo bem sem você, não precisa se colocar em risco por isso". Mas ele não me convenceu. Eu iria de qualquer jeito, no fundo ele sabia disso.

O que a gente não sabia era que Coin tinha outra ideia. Ela esperaria a minha barriga crescer, eu estava de 5 meses quando ela decidiu nos mandar para a Capital. Era madrugada quando acordei Peeta aquele dia.

– Amor, nós temos que ir agora.- Eu disse. Ele acordou rápido. Ele sabia o que estava acontecendo. Ficava olhando para minha barriga de tempo em todo o tempo.- Vai ficar tudo bem com a gente.

– Eu sei, quer dizer, eu tento acreditar nisso... Mas eu não consigo me deixar ficar tranquilo vendo essa barriga enorme.- Disse Peeta, balançando a cabeça e fazendo uma careta. Eu revirei os olhos.

– Não está enorme. Vai ficar tudo bem com a nossa menina.- Eu disse sorrindo. Tínhamos descobrido semana passada que o meu bebê era uma garotinha, ela era saudável e o Dr. Aurelius disse que ela ia ser bem grandinha pelo tamanho da minha barriga.

– Oi, garotinha. O papai ama você, está bem? Eu prometo que vou fazer de tudo para deixar você e a mamãe longe do perigo, não vai ser fácil, sua mãe é teimosa. Você não vai puxar á ela, vai? Vai ser difícil segurar as coisas assim, facilita pra o papai, tá bom? Estamos esperando você, garotinha.- Peeta disse quando se abaixou na frente da minha barriga. Ele sempre fazia isso, era a coisa mais linda ver seus olhos brilhando enquanto ele conversava com a minha barriga, no fim, ele dava um beijinho no lugar onde eu dizia que ela devia estar com o pezinho, e sempre, sempre mesmo, a nossa garotinha chutava onde ele beijava.

– Acho que ela gosta de você.- Eu disse quando ele levantou e colocou as mãos na minha cintura. Ele sorriu.

– Acho que eu amo ela demais, já. As duas.- Ele disse me beijando.

E por um momento, por um breve momento, eu quase esqueci que ia enfrentar a morte em algumas horas. Quase esqueci que iria para a Capital, que mataria Snow e daria de presente á Coin a coroa de Presidente de Panem. Quase.


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Notas finais do capítulo

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