Somos Pó E Sombras escrita por Lyllian Clarie


Capítulo 5
Capítulo V - Os Coelhos Brancos Por Favor


Notas iniciais do capítulo

Oi!!! Como vão?! Estou dentro do prazo não é? Estava um pouco sem criatividade quando escrevi esse capitulo, mas espero que gostem!

Música do capitulo - All To Myself - Marianas T.

BOA LEITURA!



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Will odiava Patos. Coelhos? Nem tanto. Os achava engraçadinhos e fofinhos; isso até antes daquele dia.

Depois da alegre visita dos irmãos Ligthwood, ele dormira mesmo. E muito. A última missão tinha acabado com todas as suas energias. Quando uma boa alma resolveu acordá-lo de seu descanço eterno, já se passavam das 4 da tarde.

"Diga-me, por que me odeias?"

"Só porque acordei você para que não criasse raízes na cama, não quer dizer que lhe odeio Will." Jem o arrastava para a sala. Will queria continuar dormindo, não se lembrava do sonho que estava tendo, só sabia que era bom. E a perspectiva de encarar uma Charlotte furiosa pelo vexame que dera na frente das visitas não era nada atrativa.

"Mas eu queria me tornar uma planta. O que você tem contra as plantas?"

"Você está bêbado." Will riu diante o comentário de Jem.

As portas da sala foram abertas antes que eles chegassem. Jessamine saiu pisando duro em direção a seu quarto, sem dirigir-lhes nenhuma palavra.

"Por que sempre parece que ela quer matar a todos nós?" Will perguntou verdadeiramente curioso quando Jem o atirou em uma das poltronas perto da lareira. "Ou é só para mim?"

"Jessamine é uma garota um pouco difícil." A voz de Charlotte ecoou como um canto fúnebre fazendo Will pular de susto. Não tinha notado a presença dela ali.

"Charlotte!" Will cumprimentou abrindo os braços. "Você já tentou virar uma planta hoje?"

"Plan..." Por um momento ela pareceu confusa, mas rapidamente recuperou a compostura. "Mas é claro que você é um caso a parte Willian."

O sorriso de Will não poderia ser maior.

"Já está na hora do jantar?"

"Não. Pelo Anjo tentem se comportar enquanto vou ao correio e resolver umas coisas na cidade." Ela suplicou pegando um sobretudo pesado em um gancho perto da porta.

"Mas nós sempre nos comportamos!" A cara de pau de Will era louvável.

Charlotte fez um barulho com a garganta. "E isso é tão verdade quanto dizer que em Londres não chove. Apenas não quebrem o lustre de novo."

A porta fez um barulho alto quando Charlotte a fechou, levando o vento frio para longe deles. Will se virou devagar para Jem. Um sorriso que faria um demônio pedir piedade estava estampado em seus lábios.
Jem gemeu.

"Sinto muito mas eu não vou deixar você derrubar o lustre."

'Se não tem nada a fazer no Instituto, e seu amigo não deixa você quebrar pela segunda vez o lustre da sala... Vá irritar Henry!' Will pensou.

O laboratório de Henry era interessante de um jeito sinistro. Era além de tudo escuro. Poucas luzes amarelas iluminavam o recinto. Era tão escuro que Will tropeçou em um dos degraus da escada. Mesas dos mais variados tamanho dividiam espaço com todas as engenhocas e projetos de Henry. Coisas pontudas e de aparência tão estranha que Will temia que caso se aproximasse demais, poderia perder um olho ou um membro.

Por ficar no porão, ninguém ia lá tirando o próprio Henry, e Charlotte, quando queria comunicar algo importante ao marido, como a hora de comer. Quando Will e Jem chegaram, ele não pareceu notar a presença deles. Seu corpo inteiro estava curvado em cima de uma coisinha pequena, quase invisível, onde ele mexia e remexia, retirando e acrescentando peças o tempo todo.

Porém o mais estranho era que ao lado de Henry, havia uma gaiola enorme com seis pequenos coelhos brancos. Os bichinhos fungavam com seus pequenos narizes, se amontoando uns nos outros. Os olhinhos vermelhos se cravaram em Will e Jem assim que eles entraram em seus curtos campos de visão. Se fosse possível, eles pareceram ainda mais assustados que antes e se juntaram ainda mais.

Apesar do medo da resposta Will se arriscou a perguntar:

"O que você está fazendo dessa vez Henry?"

Ele levantou a cabeça, notando-os naquele momento.

"Meninos, vocês nunca vem aqui. Que surpresa. Isso?" Ele disparou rápido apontando para o objeto minúsculo em que trabalhava, os olhos brilhando por alguém finalmente ter demonstrado interesse em uma inveção sua. Antes que eles pudessem responder Henry continuou: "Quero conseguir criar um rastreador de coelhos! Um aparelho capaz de rastrear esses bichinhos adoráveis e fujões. Vocês tem ideia de quantos donos de coelhos sofrem porque esses bichos simplesmente somem?"

"Não, realmente não temos." Will murmurou se sentando em um banco de ferro, perto da mesa. Já havia se arrependido de ter perguntado.

"Bem são muitos!" Ele exclamou brandindo um alicate na direção deles. "Por isso minha nova invenção vai salvar muitos desses bichinhos." Henry esticou o braço para tocar os coelhos, os animais sabidamente se encolheram mais no fundo da gaiola. "Mas eles são tão ariscos, ás vezes." Lamentou-se.

"Henry... Você já alimentou esses bichos?" Jem perguntou cautelosamente. Outra pessoa não, mas Henry seria capaz de matar animais simplesmente por esquecer de dar comida.

Ele pensou por alguns instantes."Eu... Não me lembro..."

Jem balançou a cabeça pegando a gaiola.

"Acho que alguém deve fazer isso não? Porque, de que vai adiantar um rastreador de coelhos, sem os coelhos? Venha Will." Ele já seguia para a escada enquanto Henry concordava, e voltava ao trabalho resmungando:

"Coelhos não deveriam fazer coisas estranhas como... Comer."

Eles já estavam saindo da porão quando Will alcançou Jem.

"Que espírito caridoso foi esse que baixou de repente?"

"Tive pena dos pobres coelhos." Eles seguiram para a cozinha.

Os olhos de Will agradeceram a claridade agradável oferecida pelas lâmpadas normais dos corredores. Enquanto seguia Jem, o garoto tentava entender a paixão que Henry tinha pelas máquinas. Mas não conseguia. Ele tentou comparar a alguma paixão sua mas, ele não tinha nenhuma. Apenas aquela paixão pela torta de morango da Ágatha. Mas isso não seria nada comparado ao amor que Henry parecia ter em relação a tudo que era de metal. Não tinha tempo para mas nada além daquilo, e mesmo assim Charlotte o amava e tentava de tudo para fazê-lo feliz. Por quê? Era uma coisa que talvez Will nunca entendesse.

"Você me escutou Will?" Jem perguntou.

"Hã?" Eles já estavam na porta da cozinha. Will tinha se perdido em pensamentos de novo. Jem negou com a cabeça.

"Eu pedi para você abrir a porta. Pode?"

"Claro." Ele abriu saindo do caminho para que o outro garoto passasse com a gaiola, onde os pobres coelhos se agitavam com medo. Mas enquanto Jem passava Will se distraíu com uma rachadura na porta. Quando se abaixou para olha-la melhor bateu em Jem que estava tendo dificuladades em passar com a gaiola. O garoto caiu no chão com uma exclamação de surpresa, o metal da gaiola fez um ruído enorme quando caiu.

Antes que Will pudesse pedir desculpas, ou ajudar o amigo, eles ouviram um guinchado coletivo, e o barulho de finas barras de ferro se partindo. Num segundo os seis coelhos corria para a cozinha.

"Pegue-os!" Jem gritou para Will se levantando.

Eles tentaram, mas os binchinhos eram agéis. Fizeram Jem e Will darem voltas e voltas ao redor da mesa até baterem um contra o outro.

"AI!" Reclamaram ao mesmo tempo se levantando.

Will sentiu uma coisa no seu pé. Um dos coelhos se divertia roendo a bainha da sua calça. "Desgraçado! Eu gosto dessa calça, miserável! Filho da coelha! VOLTE AQUI!" E se pôs atrás do pequeno.

Depois de muito trabalho, gritos, quedas, mordidas, chutes, socos, tentativas de agarrar seguidas de quedas, paneladas na cabeça (Will não tinha certeza de como conseguira acertar a si próprio com a panela que estava usando para tentar pegar um coelho) e palavrões; eles tinham conseguido capturar o glorioso número de 2 coelhos.

Eles desabaram exaustos no chão, enquanto 4 coelhinhos adoráveis corriam indo embora para um só lado, o que era incomum, eles não pareciam ter direção quando estavam correndo. Will e Jem trocaram olhares arregalados de entendimento. A porta dos fundos.

Os garotos correram. Mas já era tarde demais. Se os bichinhos tivessem ficado apenas na cozinha, seria muito fácil recaptura-los (ou nem tanto), o problema era que a porta da cozinha que dava para os fundos do Instituto estava aberta. E 4 figuras brancas corriam para a liberdade por ela.

Eles ficaram parados observando o último coelho sumir na pequena mata de trás.

"O que vamos fazer?" Jem perguntou. Will deu de ombros.

"Compramos uma raposa e dizemos ao Henry que ela comeu todos eles."

Jem olhou para o amigo como se ele fosse louco, mas Will tinha a expressão séria. "Não podemos fazer isso."

"É bem mais fácil do que pegar um por um."

O garoto suspirou. Will escutou a impaciência de Jem e propôs:

"Até as 8 da noite voltaremos para casa, com o maior número de coelhos que pudermos pegar."

"Certo. Mas e se Henry perguntar por que demoramos tanto?"

"Diremos que os coelhos precisavam dar uma voltinha. Mas ainda prefiro a ideia da raposa." Jem olhou feio para Will ele levantou as mãos se rendendo. "Certo, vamos á Emocionante Caçada Aos Coelhos Brancos."

Jem havia corrido imediatamente para a mata, mas Will que não era besta, pegou a gaiola com os dois coelhos capturados. Os bichinhos brincavam um com o outro rolando na palha. Will os olhou com desprezo.

"Se eu pudesse, faria ensopado de vocês e dava para os peixes do Tâmisa." Como se estivessem escutado os bichinhos pararam de brincar imediatamente e se encolheram quando Will pegou a gaiola. "Ótimo, agora falo com coelhos."

Ele seguiu para fora, fechando a porta ao sair.

O ar frio da tarde o envolveu, fazendo que a ideia de ir a procura de 4 coelhos ficasse ainda menos tentadora. Mas mesmo assim ele se embrenhou na mata.

Era um lugar escuro e úmido; as copas das árvores eram baixas e claustrofóbicas. As folhas que estalavam aos pés de Will, junto com os raros piados de aves (e as vezes guinchados de coelhos), faziam a trilha sonora do lugar.

"Ir a procura de vovós demoníacas, caçar coelhos... Humpf, eu me meto em cada uma." Resmungava alto enquanto andava. Ouvir a própria voz espantava um pouco a ideia de solidão.

Will não fazia ideia de como começar a procurar os coelhos. Ele não queria fazer isso. Sugerira apenas para tranquilizar Jem e seu sentido de dever. Ele bem que poderia dar meia volta e ir para o Instituto, longe daquele frio. Quando Jem chegasse, ele diria que não tinha achado coelho algum. Era uma boa ideia...

Ele teria feito isso se não fosse a risada estrangulada que cortou o silêncio da floresta.

'Tinha que ser uma gargalhada? Não podia ser... Sei-la, um barulho de dança vitoriana?' Se perguntou enquanto ia em direção ao som. Mas no fundo de sua mente, ele sabia que mesmo que fosse o barulho de dança vitoria, ele teria ido atrás, era um defeito dele, não podia mudar.

A medida que se aproximava, o ruído estranho foi ficando mais alto. O garoto não fazia nenhum ruído. Os coelhos, como se estivessem sentindo que algo importante estava acontecendo, também ficaram quietos amontoados uns nos outros no fundo da gaiola.

Quando a risada se tornou clara, Will viu a criatura que ria. Era uma espécie de gnomo misturado com demônio. Sua pele era esverdeada; Tinha pernas e braços curtos e roliços, como seu tronco. Vestia roupas esfarrapadas e grossas. Seu rosto parecia estar tentando reproduzir um sorriso, mas definitivamente não estava dando muito certo. Seu nariz... Era uma bola de golfe. E quando Will dizia bola de golfe, ele estava certo, a coisa que tinha sido colada na cara dele tinha deformações e talvez fosse capaz de fazer um bom trabalho aspirando o pó da biblioteca. Ele com certeza se encaixava naquela definição de: "Não olhe no espelho, meu filho, não queremos limpar cacos de vidro."

Ele dançava alegremente em torno de uma fogueira, na frente de algumas árvores de troncos retorcidos. Dançava e cantava com uma garrafa de vidro na mão, parecia ser de vinho. Por um momento ele se perguntou o por que daquela felicidade toda, até que avistou os coelhos. 3 daqueles malditos estavam presos em uma gaiola esquisita feita de galhos secos.

"Comida, caro amigo! Eu terei comida!

A Vida é bela e eu irei encher minha... Guela!"

É, ele não era bom com rimas, mas era isso que ele estava cantando. Will estava quase indo dar a volta para pegar os bichinhos ás costas do sujeito, quando o gnomo gritou:

"Saia daí caro amigo, sinto cheiro de mais coelhos!" Ele o tinha fareijado? Fareijado os coelhos? Em todo caso, Will saiu, mas deixou os animais fora da vista do sujeito.

"Que coelhos? Os que você tem aí?" O gnomo, que até aquele momento estivera dançando, encarou Will, que estava sorrindo.

"Meu faro raramente se engana Nephilim, mas estou tão empolgado com esses coelhos que achei, que pode ter sido." Falou. Sim, ele tinha farejado os dois, Will e os coelhos. Mas quando Will chegou mais perto, se perguntou como ele podia sentir outro cheiro além do dele próprio. Will queria comprar um caminhão cheio de perfume para dar a ele.

"E se eu disser que quero esse coelhos? O que me pediria em troca?"

O gnomo colocou a mão pequena e redonda no queixo. Pensou por alguns segundos, depois respondeu:

"Alguma coisa importante para você. Uma lembrança importante."

"O que? Você quer roubar uma lembrança minha em troca de 3 coelhos? Mas nem morto!" Respondeu indignado. Quem aquele gnomo pensava que ele era? Um idiota? Will olhou para a criatura com raiva.

"Não vou tirá-la de você. Apenas saber dela. Então quero uma que ninguém saiba. Gosto de saber das coisas, e se vai tirar meu jantar, quero algo em troca." Explicou com simplicidade, como se aquilo fosse absolutamente normal.

"E porque eu simplesmente não corto sua garganta? Vai sair bem mais barato para mim." Disse tirando uma lâmina serafim do cinto, o gnomo permaneceu impassível a ameaça, como se não o afetasse.

"Por que se fizer isso, os pequerruchos morrem." O gnomo estalou os dedos e correntes de energia roxa revestiram as barras na gaiola, os coelhos guincharam assustados. Will sabia que se fizesse qualquer movimento suspeito, eles morreriam. Mas mesmo assim. Dá uma de suas lembranças (mostrar, tanto faz) para um gnomo estranho, por míseros 3 coelhos brancos?

"Fique com os coelhos." Disse se virando para onde viera.

"É só uma lembrançazinha. Acaso tem coisas a esconder? Ou tem medo? Você parece com medo. Dúvido que tenha coragem." O desafiou.

Will podia aguentar de tudo. Ameaças, torturas, afrontas, pedidos de casamentos, menos que duvidadesse de sua coragem. Ele parou imediatamente e se virou para a criatura, ela estava sorrindo.

"Que tipo de lembrança você quer?"

A coisa sorriu mais ainda, fareijando a vitória.

"Uma importante, e que mais ninguém além de você saiba. Gosto de saber de coisas que ninguém sabe."

Will pensou por um momento. Uma importante que ninguém saiba. Ele tinha várias... Escolheu uma das mais intrigantes na sua opinião.

"Pronto, o que eu faço agora?" Ele perguntou.

"Fique pensando nela." O gnomo acenou chamando ele para mais perto. Relutante, Will obedeceu. Quando chegou perto o suficiente para que ele o tocasse, o gnomo colocou a mão grossa e pequena no braço dele.

Aconteceu de repente. Em um minuto Will estava na floresta escura negociando coelhos brancos, no outro estava no seu quarto da sua antiga casa em Gales. E era como se ele não fosse mais o Will de catorze anos, mas sim o Will de 12 anos.

Will estava deitado em sua cama. Estava sem vontade de fazer nada, e ao mesmo tempo vontade de fazer tudo. Queria sair correndo nos campos verdes do quintal de sua casa; queria subir nas árvores dadeiras de frutos; queria alimentar os patos com pedaços de bolo. Mas seus pais haviam saído e a chefe da casa no momento era Ella. E a garota nunca o deixaria fazer isso.
Mas ficar deitado naquela cama estava sendo horrível, por isso ele simplesmente se levantou e foi a um dos comodos da casa onde ele mais adorava ir: A biblioteca.

A luz entrava fraquinha pelas janelas, criando réstias, fazendo a poeira dançar. Era um lugar extremamente interessante de se ir. Principalmente seele fosse ver as coisas velhas do seu pai. Tinha milhares de coisas pequenas enfileiradas, empilhadas ou guardadas em gavetas. Além do livros. Uma paraíso para qualquer criança curiosa. Infelizmente, Will era a criança mais curiosa que já habitou as terras de Gales.

Ele examinou o local com os olhos procurando alguma coisa nova que o pai poderia ter colocado. Não encontrou nada de novo, então foi em direçãoas suas prateleiras favoritas. Procurou algum livro mas não estava com vontade de ler nenhum daqueles. Olhou em volta. Precisava de um livro interessante. Então ele a viu. Era uma caixinha azul escuro, com detalhes em preto. Meio pesada, Will descobriu quando pegou nas mãos, mas relativamente pequena.

Tinha desenhos e runas que Will nunca nem tinha visto. Deveria ser alguma coisa relacionada a Caçadores de Sombras. E tudo na caixa parecia dizer: "Não abra." Então Will abriu.

Um vento forte e frio escapou da caixa com uma rajada. Quase que imediatamente Will a soltou no chão assustado e deu vários passos para trás.

O que em nome do Anjo era aquilo? A fumaça era azulada e aos poucos parecia ganhar uma forma.

Uma voz, que dava a impressão de não ter sido usada a muito tempo, sibilava. Aquilo congelou o sangue e o corpo de Will. Ele não conseguia se mover e seu coração parecia estar trabalhando dobrado para colocar o seu sangue em movimento.

A forma estava cada vez mais reconhecível. Era alguma coisa grande, azul, mortal, cheia de dentes afiados e repugnante. A primeira coisa que Will fez foi gritar, nada heroico, como perguntar: "O que é você?" Não, ele apenas gritou. Nunca tinha visto nada como aquilo.

A criatura rugiu. Will caiu insntantaneamente de medo. O que era aquilo? Ele ia morrer? O demônio pairou por cima dele rangendo os dentes em raiva e ódio. Era isso? Ia morrer nas garras de uma coisa que nem conhecia?

Então sua irmã entrou. Ella carregava um lâmina brilhante, afiada e quase transparente. Sua expressão era de medo, mas também de coragem.

"Saia daqui Ella! Saia!" Will gritou desesperado. Mas a garota nem se mexeu. Se colocou entre o demônio e Will, brandiu a lâmina e disse:

"Esta banido por mim." Ela disse com tanta firmeza que o garoto pensou que a coisa voltaria a ser fumaça e entraria na caixa novamente. Mas ele apenas riu. Riu e usando a calda derrubou-a no chão. Depois fixou aqueles olhos vermelhos nele. Incrivelmente vermelhos, sem nada de outra cor.

Quando falou, Will sentiu todos os seus pelos se eriçarem.

"Eu destruiria seu pai, mas como ele não está aqui, terá de ser você mesmo."

Will não conseguia se mover. Sua garganta ardia, e seus membros pareciam ser feitos de chumbo. Conseguiu apenas olhar aterrorizado. Pelo canto do olho viu Ella engatinhando na direção da lâmina serafim.

"Eu o amaldiçoo."

Sem mais nem menos o Will de cartoze anos voltou ao controle. Não, ele não ia reviver aquilo tudo de novo. Chega.

Ele abriu os olhos, nem havia percebido que os tinha fechado. Afastou-SE do gnomo.

"O que? Você parou na melhor parte? Não é justo!" Ele cruzou os braços emburrado. Will queria socar a cara daquele gnomo.

"O que não foi justo foi eu ter que te mostar uma lembrança minha. Agora, me dê os coelhos."

"Mas estava tão legal! Você foi amaldiçoado por um demônio! Isso é tão legal!" Agora Will queria enterra o gnomo. De cabeça para baixo, de preferência.

"Não é nada legal. Passe-me os coelhos brancos." Disse indo até a gaiola de madeira.

"Mas qual foi a maldição? Você parou na melhor parte!" Repitiu.

Will perdeu a paciência. Agarrou a gola da criatura e o levantou com uma mão, o gnomo o olhou com os olhos arregalados. O garoto disse o mais calmamente possível:

"Os coelhos brancos por favor, passado a parte."

"C-certo." Will soltou o gnomo e ele caiu com tudo no chão. As linhas de energia roxa sumiram.

"Obrigado." Ele pegou a gaiola de galhos, os coelhinhos chacoalhando dentro.

"Se quiser voltar um dia..." Mas Will ignorou. Não queria voltar a encontrar aquele maldito nunca mais. Passou atrás de um arbusto pegando a própria gaioIa, sacudiu de qualquer jeito as criaturinhas 'fofas' e seguiu para o Instituto.


§

"Deixa eu ver se entendi tudo. Você achou um gnomo que ia comer os três coelhos, e lutou com ele para consegui-los? E nessa luta quase morreu?" Jem perguntou com uma sobrancelha erguida. Ele tinha voltado um pouco depois de Will com o coelho que faltava.

"Coelhos, Gnomos e quase morte. É foi isso." Will respondeu sorrindo.

"Agora me explique uma coisa: Como você quase morreu lutando contra um Gnomo?"

"Não subestime o gnomo!"

"Will, acho que se você lutasse contra um Demônio Maior, você não teria nem um arranhão." Ele disse cético.

Will simplesmente deu de ombros se dirigindo a sala. Charlotte ia chegar a qualquer momento. Os coelhos malditos já haviam sido entregues. Henry nem sequer precisava mais deles. Seu projeto agora era com cachorros (Will ficaria bem longe daquele porão, não queria uma Caçada a Cachorros), bem mais produtivo, mas Will teve vontade de voar no pescoço de Henry mesmo assim.

"Onde você vai?" Jem interrogou seguindo ele.

Will se virou para o amigo sorrindo malignamente.

"Tenho um lustre para quebrar."


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Notas finais do capítulo

Ficou muito ruim? Estou sem ideias para o próximo capitulo. Alguma sugestão queridos? Ou vocês querem o capitulo dos Patos? Comentem lindos! Vocês me ajudam a melhorar a história!