Dear Potter escrita por Koshome


Capítulo 2
Sozinha




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Rua dos Alfeneiros

6:30 a.m

Elisabeth abriu os olhos preguiçosos lentamente e ficou alguns minutos olhando para o teto baixinho do armário empoeirado onde ela o irmão viviam.

– Mais um dia - Sussurrou com a voz rouca e infantil a frase que repetia todos os dias quando acordava há quase 7 anos.

Levantou seu tronco lentamente tomando cuidado para não bater a cabeça e bocejou. Olhou para Harry, que dormia relaxado ao seu lado e levantou-se em seguida.

Saiu do pequeno armário, dirigiu-se silenciosamente ao banheiro para fazer sua higiene matinal e assim que terminou tratou de começar a fazer o café dos Dusleys.

Terminado o café, olhou para os corredores e, com a certeza que os tios e o primo ainda estavam dormindo, pegou uma maçã, escondeu embaixo da blusa que era extremamente grande comparada ao seu pequeno e delicado corpo e voltou para o armário embaixo das escadas.

Sentou novamente ao lado do irmão na pequena cama que dividiam e colocou a fruta no colo, começando a acariciar o cabelo desarrumado do irmão.

– Ei, Harry. Hora de acordar - A garota sussurrou perto do ouvido do menor e assistiu ele abrir minimamente os olhos e resmungar algo, voltando a dormir em seguida. Ela revirou os olhos e apertou suas bochechas.

– Vamos logo, preguiçoso. Tia Petúnia ainda não acordou e eu trouxe um presentinho.

Foi instantâneo. Harry abriu os olhinhos verdes com pressa e os virou para a irmã mais rápido que conseguia, quase caindo da cama velha que antes dormia. Fez uma careta engraçada, mas logo esqueceu da dor e virou para Elisabeth que agora estava com um sorriso debochado no rosto.

– Bom dia, Lizz - Ele falou animado e abriu um grande sorriso.

Ela revirou novamente os olhos e entregou a maçã para o moreno, que aceitou o presente prontamente. A garota abriu a boca para falar algo, porém batidas impacientes na porta a impediram.

– Acordem, Potters! Vocês têm cinco minutos para ficarem prontos ou irão a pé para a maldita escola de vocês - A voz grossa e irritadiça de Vernon Dusley soou do outro lado da porta e a garota apontou para a mesma, começando a falar em seguida.

– Ele disse tudo. Eu já estou pronta, e quanto a você, é melhor correr.

– Você não vai comer? - Ele perguntou confuso.

– Sem fome - Ela mentiu e levantou, tirando uma poeira inexistente das vestes de segunda mão que sua tia arrumou para si.

Andou até a portinha, abriu-a e deu passagem para Harry, que passou correndo quase tropeçando nos próprios pés. Deu uma leve risada e voltou para a cozinha, onde o primo dois anos mais novo comia seu café da manhã como o pequeno porco que aparentava ser.

– Ei, foguinho! Sabia que a mamãe e o papai vão fazer uma festa pra mim hoje? Meus amigo vem pra cá!- Falou o porquinho com a boca cheia de comida, se gabando. Elisabeth suspirou e subiu no banquinho, lavando rapidamente os poucos pratos presentes na pia.

– Sim, primo. Você falou sobre a sua festa e os seus amigos durante toda a semana - Retrucou a garotinha, corrigindo o garoto que voltava a sua atenção para o prato na sua frente.

– E você vai ficar quietinha no quarto junto com o seu irmãozinho, não é? - Petúnia indagou com a voz irritante, entrando na cozinha.

– Como se nós não estivéssemos na casa, tia Petúnia.

– Ótimo. Agora vá logo buscar seu irmão. Vernon acabou de ir embora.

Elisabeth arregalou os olhos e correu para o banheiro. Entrou lá sem cerimônias e ignorou o protesto de Harry, que já estava quase completamente vestido, e logo pegou o pente, tentando arrumar os fios de cabelo negro, falhando miseravelmente. Vestiu a camisa no irmão e ajeitou a gola.

– Estamos super atrasados, vamos! - A garota exclamou com pressa e puxou o irmão pela mão em direção a saída, tendo a certeza de pegar os materiais necessários para a escola.

E outro trabalhoso dia começou na vida dos dois pequenos Potters.

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Tudo o que Elisabeth queria naquele momento era tomar um banho e se jogar na cama mais confortável do mundo, mas, para a infelicidade dela, ela estava há horas “deixando a casa brilhando” enquanto a sua tia megera observava cada movimento seu com os olhos semicerrados.

Bem, explicando o que houve, após os dois irmãos irem para a escola, Petúnia, como costume, foi para o armário embaixo da escada procurar possíveis objetos roubados e encontrou, em cima da cama, uma maçã pela metade.

Ela ficou enfurecida e assim que os dois chegaram em casa, ela tentou bater em Harry, mas foi impedida por Elisabeth, que pôs a culpa em si e logo estava limpando o chão com um vergão avermelhado no lado esquerdo do rosto e os dois pulsos com marcas de dedos finos enquanto o irmão estava se remoendo de culpa no quartinho.

Cansada e começando a ficar irritada com as acusações da sua tia, que começava a incriminar a garota de várias coisas que ela não fez, a ruiva jogou com violência o pano encardido no chão e virou o rosto para a mulher surpresa ao seu lado.

– Eu já disse que nunca roubei suas malditas pérolas, tia Petúnia! - Ela berrou sem pensar nas consequências e no momento em que a tia levantou do sofá, irada, uma lâmpada explodiu atrás da garota, que se abaixou, assutada.

Petúnia ficou pálida de repente, abrindo e fechando a boca como se as palavras estivessem presas em sua garganta.

– Fora… Fora da minha casa - Petúnia sussurrou com a voz fraca e Elisabeth a olhou incrédula.

– O que disse?

– Eu quero você FORA DA MINHA CASA! - Bradou ofegante.

– Mas e o Harry? V-Você não pode simplesmente me expulsar daqui sem mais nem menos. Você é minha tia!

– Não quero saber. Eu quero você fora daqui agora - Exclamou e correu para o armário, abrindo a porta com força e assustando o garotinho que estava quase dormindo. Olhou para ele, hesitante, e balançou a cabeça negativamente, indo em direção da pequena cômoda presente no quarto. Valter, Dudley e Elisabeth logo apareceram atrás dela e observaram a mulher jogar as roupas largas da garota em um saco qualquer e ignorar as perguntas do filho e do marido e as reclamações da sobrinha.

– Lizz, o que está acontecendo? - Harry perguntou correndo para perto da ruiva, que tentava entender o que acontecia.

– Vai ficar tudo bem, eu prometo - Ela falou segurando as mãozinhas do irmão e logo foi puxada pela tia até ser jogada na calçada com suas roupas logo depois.

A criança de apenas 10 anos tentou correr até a porta, mas a mesma foi fechada antes que tivesse a oportunidade de entrar na mesma. As lágrimas começaram a rolar pelo rosto delicado e sujo da garota que levantou, pegou a sacola e apenas seguiu por um caminho não exato.

Andou até seus pés não conseguirem mais andar e chorou até suas lágrimas acabarem, e quando seus pés não aguentavam mais andar, a fria noite já estava presente. Elisabeth não sabia onde estava, mas sabia que já estava bem longe da rua dos Alfeneiros.

Cansada, jogou suas coisas perto de uma parede e deitou na calçada, encostando a cabeça na sacola. Se encolheu e fez de tudo para se aquecer. A ingênua garota estava sozinha em uma rua perigosa dos subúrbios de Londres.

Por conta do esforço, Elisabeth dormiu ali mesmo.

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Algumas horas depois, a ruiva acordou sentindo suas costas repousando em algo bem mais confortável que o chão frio. Abriu os olhos, alarmada, e piscou algumas vezes se acostumando com a claridade do local, logo reconhecendo duas figuras paradas na sua frente.

– Ah, ela finalmente acordou - Uma voz feminina falou perto dela e ela olhou para a mulher de aproximadamente 40 anos parada na sua frente. Ela tinha cabelos negros que um dia provavelmente foram bonitos, mas agora estavam secos e começavam a ficar grizalhos.

– Sim, sim. Você está bem, garota? - O homem parado ao lado da mulher perguntou e ela virou os olhos para ele, assentindo. O moço na frente de Elisabeth possuia cabelos castanhos e olhos negros como a noite de lua nova. Seu olhar era cansado e manchas roxas eram facilmente vistas embaixo de seus olhos.

Eles fizeram perguntas para ela, que apenas respondia com sussurros. Depois de um tempo Elisabeth descobriu que a mulher na sua frente se chamava Annabeth Graham, dona de um barzinho que tinha uma filha e o homem na sua frente se chamava Brad Stuart, um freguês constante do bar de Annabeth que a encontrou desmaiada perto do bar e a levou para Annabeth, que resolveu cuidar de Elisabeth.

Alguns minutos depois, Brad foi embora e Annabeth desceu para fechar o bar mais cedo, deixando a garota sozinha no quarto. Assim que a mais velha deixou o quarto e fechou a porta, Elisabeth voltou a chorar desesperada.

Ela era uma pobre criança. Uma criança abandonada que estava longe da sua única família. Sem dinheiro, identidade ou documentos, ela tinha que confiar em desconhecidos.

Elisabeth estava sozinha.


 


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Notas finais do capítulo

Oi gente, tudo bem com vocês? Não demorei muito, demorei? Hehehehe

Explicações de algumas coisas que podem ter ficado confusas:
* Elisabeth tem 10 anos e Harry 8.
*Petúnia expulsou a sobrinha porque ela deu uma demonstração de magia involuntária, o que é normal para os magos da idade dela.
*Petúnia deixou Harry ficar em casa porque teve uma pequena luz de humanidade dentro dela, mas tentou se enganar pensando que talvez ele não manifestasse alguma mágica e ela precisava de um "empregado" em casa.

Espero que tenham gostado do capítulo e até a próxima :3
Importante: Eu li e reli o capítulo várias vezes, mas ninguém é perfeito, certo? Se encontrar algum erro ou irregularidade durante o capítulo, por favor faça uma boa ação e avise! Estou contando com vocês!