Devagar Billy se aproximou da cama de Davis. Quando ele o olhou mais de perto, o chamou novamente.

– Davis. – disse ele baixo o bastante para não assustá-lo.

Ele estava com os olhos parecendo cansados, parecia que ainda sentia sono. Cada vez que piscava, parecia ser difícil.

– Davis! – Billy insistiu, mas desta vez pegou em sua mão.

Aos poucos os olhos de Davis começaram a se acostumar com a luz. Devagar, seu olhar foi em direção a Billy.

Billy não parecia acreditar no que estava acontecendo. De todas as pessoas em que isso poderia acontecer, ele foi o escolhido pra presenciar um milagre.

– Davis, se você esta me ouvindo e me entendendo, por favor, fique acordado por que vou chamar alguém.

Billy saiu depressa do quarto. Ele andava rapidamente pelo corredor. Ele sabia que seu tio havia saído pra encontrar a doutora Brenda. Então com quem ele falaria? Ligaria para seu tio? Quando Billy estava tirando o celular do bolso ele viu seu tio Alex voltando rapidamente pelo corredor.

– Tio...

– Eu esqueci minha carteira! – disse Alex sorrindo – Essa coisa toda de encontros esta me deixando atrapalhado...

Alex passou por ele falando.

– Tio...

– Acho que estou atrasado e...

– Tio Alex! – Billy falou um pouco mais alto pra chamar a atenção. Conseguiu que Alex o olhasse com atenção. Mas levou olhares tortos de algumas enfermeiras do local.

–O que foi Billy?

– É o Davis!

– O que aconteceu? – Alex perguntou o olhando com expectativa.

– Melhor você ir ver.

Alex não esperou mais conversa e saiu em disparada pelo corredor em direção ao quarto. Assim que se aproximou da porta logo entrou.

– O que foi Billy?

– Chegue perto da cama tio, você vai ver.

Alex o olhou desconfiado, mas de repente algo o iluminou e o olhar de Alex ficou diferente. Parecia emocionado.

– Billy, você quer dizer que...

– Chegue perto dele!

Alex então começou a se aproximar devagar da cama. Assim que estava perto ele olhou para Davis que parecia dormir. Ele olhou novamente para Billy.

– O que aconteceu?

Billy se aproximou também.

– Pegue na mão dele.

Alex fez o que Billy disse. Naquele momento, em questão de segundos, Davis abriu os olhos aos poucos novamente. Alex ficou tão surpreso que de inicio ele estava sem palavras. Ele só olhava o filho abrir os olhos. Quando o transe saiu ele começou a chorar e abraçou Davis que ainda estava imóvel.

Logo médicos e enfermeiros foram avisados. O quarto ficou cheio de profissionais para avaliar Davis, que agora parecia mais atento aos acontecimentos ao seu redor. Ele ainda parecia sonolento, mas o médico disse que era devido ao tempo em que ele ficou sem ver a luz, parecia que ele sempre estava com os olhos cansados.

O doutor Saimons se aproximou de Davis.

– Davis? Você consegue me ouvir e me entender? Se for sim, por favor pisque duas vezes.

Todos ali ficaram na expectativa. Eles esperaram alguns segundos, então Davis piscou exatamente duas vezes. Todos ali ficaram felizes e Alex radiante.

– Muito bem Davis! – o doutor elogiou e escreveu em sua prancheta – Agora que sabemos que você nos entende, por favor, vou lhe fazer algumas perguntas. Se for sim, pisque duas vezes, se for não, pisque uma vez só. Ok?

Davis piscou duas vezes.

– Me responda, você esta sentindo alguma dor?

Alguns segundos então ele piscou uma vez. O doutor anotou. Ele pegou a mão de Davis e passou devagar a ponta da caneta com a tampa.

– Sente alguma coisa Davis? – perguntou o doutor.

Davis piscou duas vezes. O doutor olhou para Alex antes de anotar.

– Isso é um bom sinal! Ele sente as mãos.

Ele então fez o mesmo com a caneta, mas desta vez em baixo dos pés de Davis.

– Davis, consegue sentir o passar da caneta em seus pés?

Naquele momento Davis demorou um pouco a responder, deixando Alex com medo. Se Davis não sentisse os pés, era um sinal ruim. Mas quando aqueles segundos pareciam eternos, Davis piscou duas vezes.

Alex sentiu um alivio enorme. O doutor anotou tudo parecendo confiante.

– Isso é muito bom! O Davis parece que não terá problemas em se recuperar rápido.

– Espero que sim! – disse Alex. – E agora doutor?

– Vou fazer mais uns testes com ele. – o doutor se aproximou novamente. – Davis, se puder você tem como mexes os seus pés?

Davis demorou para responder. E quando respondeu foi só uma piscada. O doutor anotou.

– O que isso quer dizer? – perguntou Alex.

– Não se preocupe! Ele esteve quase três meses em coma, precisa de uma ajuda dos fisioterapeutas para lhe ajudarem a colocar os movimentos em dia. Ele sentiu os pés, o que nisso facilita muito.

Alex suspirou aliviado.

– Agora um último teste com você Davis! – o medico se virou para olhá-lo. Você consegue dizer algo?

Todos ali esperavam com ansiedade. Alex olhava o filho balançando a cabeça lhe mostrando que ele poderia fazer aquilo. Davis incrivelmente o olhava também, mesmo mal conseguindo mexer o pescoço.

O doutor percebeu que ele engolia e tentava forçar a fala a sair, mas o que só conseguiram foram alguns gemidos.

– Tudo bem Davis, não precisa forçar mais! Sabemos que se esforçou – o medico deu umas batidinhas em seu ombro.

– E então doutor?

O doutor escreveu mais algumas coisas e se virou e entregou a enfermeira responsável por Davis. Ele dispensou os outros do quarto também. Só ficaram ali Alex, o doutor e Billy que estava quieto sentado no canto do quarto.

– O que eu via hoje aqui foi um milagre. Um paciente na mesma situação que o Davis se encontrava, no máximo voltaria a acordar em um mês ou pouco mais. O Davis acordou em quase duas semanas depois da cirurgia. Isso é incrível! E também o fato de ele conseguir entender o que falamos, sentir mãos e pés...Isso é perfeito.

– E enquanto a fala e os movimentos? – perguntou Alex.

– Do jeito que esse menino mostrou força, acredito que com a capacidade dele em um mês, um mês e meio ele estará bem.

– Sem nenhuma sequela doutor?

– Enquanto a isso, vamos ter que monitorar ele por um ano. Mesmo que ele volte ao normal, o que parece incrível mas é o que aconteceu aqui hoje, temos que ver se ele não terá alguma dificuldade futuramente. Então é bom prevenir.

– Claro!

– Vou querer fazer alguns exames dele agora. Temos mais uma etapa pra começar. – o doutor colocou a mão no ombro de Alex – Seu filho é um guerreiro. Parabéns!

Alex concordou emocionado.

– Obrigado!

O doutor sorriu e saiu do quarto. Alex se aproximou da cama.

– Vai ficar tudo bem filho! Você vai ver!

Davis piscou duas vezes.

Billy foi o responsável por dar a noticia a família e os amigos. Todos é claro ficaram felizes e emocionados, Sarah então só faltava querer entras pela linha do telefone de tão feliz e emocionada. Billy a acalmou.

Billy decidiu ficar ali com seu tio e Davis até o fim. Alex ficou muito feliz com o sobrinho. Às vezes quando Davis estava por perto, ele olhava para Billy como se quisesse lhe fazer varias perguntas. Mas é claro que ainda não podia, mas Billy já imaginava. E ele responderia tudo que ele quisesse, pois os dois tinham muito o que conversar.

Aquele dia foi para fazer exames e avaliar Davis. Os sinais vitais estavam bons. No próximo dia ele começaria a fisioterapia e fonoaudiologia. Tudo supervisionado pela doutora Brenda que estava atenta a tudo e passava as noticias a Alex.

3 semanas depois

– Vamos lá Davis! – disse a fisioterapeuta em sua frente.

Davis caminhava devagar, mas sem a ajuda de ninguém. Ele às vezes saia pelos corredores do hospital e até saia um pouco para a rua. A única coisa que ainda estava a passos lentos era a sua voz, mas já tinha progredido muito.

Davis conseguiu dar a caminhada completa sem exitar.

– Muito bem! – disse a médica – Você esta se saindo muito bem!

Ele sorriu.

– O-Obrigado.

– Agora pode se sentar e descansar.

Davis se sentou em uma cadeira próxima enquanto a doutora escrevia em seus papéis. Billy entrou na sala. Davis acenou e Billy foi sentar ao seu lado.

– Como está indo? – perguntou Billy.

Davis pensou antes de responder. Era assim no momento, uma pequena dificuldade em formar palavras.

– Bem.

– Legal.

– A-Aonde você estava? – Davis falou devagar assim como a fono audiologista ensinou.

– Estava com meus padrinhos ao telefone resolvendo algumas questões.

Davis entendeu e ficou observando Billy que se virou pra ele e o ficou encarando.

– O que?

Davis engoliu um pouco e respirou fundo.

– Precisamos conversar... – Ele respirou fundo novamente – Sobre muitas coisas... Que ainda não conversamos.

Billy concordou.

– Eu sei.

– Meu pai já me contou algumas coisas... Não quero detalhes... J-Já sei o que aconteceu... Só preciso de algumas respostas suas.

– Ok.

Davis e Billy foram até o quarto. Davis caminhava em um passo compassado mas moderado. Billy o acompanhava. Chagando lá Davis se sentou em sua cama e Billy em uma cadeira. Davis respirou fundo novamente e olhou para Billy.

– Pode mandar! – disse Billy.

Davis o observou e deu um sorriso de canto.

– É só uma pergunta Billy...N-Não é uma sessão de tortura.

Billy deu uma risada.

– Estou preparado. Pode perguntar.

Davis arrumou os cabelos atrás das orelhas. Ele estava com eles mais compridos, um pouco acima dos ombros. Quando ele falou com Sarah via Skype ela amou o seu novo estilo, então ele manteve o cabelo assim.

– E-Eu gostaria de saber... Se depois de tanto tempo... Você vai ser meu amigo?

Billy o olhou sem entender. Achava que Davis iria lhe questionar sobre tudo, inclusive o por que de ele estar ali. Mas essa ele não esperava.

– Você esta me perguntando se eu posso ser seu amigo quando quem deveria pedir isso era eu?

Davis pensou um pouco antes de falar.

– Por que a surpresa?

Billy se levantou e se sentou na cama também.

– Por que depois de tudo que meu pai fez, de tudo que eu fiz quem deveria implorar isso era eu!

– Um dia quando você não estava aqui... Meu pai me contou tudo por que... Ele achava que seria difícil pra você falar sobre isso. E-Ele contou tudo... Desde o seu pai, o acidente, as descobertas... Tina...Tive um tempo pra pensar e chaguei a uma conclusão.

Billy sorriu tristemente.

– Tudo bem... Mas eu não pedi desculpas pra você Davis! Então eu pergunto... Me perdoa...Por tudo? Desde quando éramos crianças até hoje?

Davis pensou um pouco.

– Você...Vai ser meu amigo? Ou melhor...Meu primo de verdade?

– Se você quiser...Sim!

Davis estendeu a mão para Billy.

– Não tenho mais nada contra você. A única coisa que eu quero é sua amizade... Que o passado seja deixado pra trás. – disse Davis.

Billy sorriu e estendeu a mão e apertou a mão de Davis.

– Fico feliz primo!

Davis riu. Billy também.

1 mês se passou

– Eu ainda não acredito que ele esta voltando pra casa! – disse Sarah eufórica.

– É só alegria não é miga? – disse Amber arrumando os cartazes.

Todos se reuniram no aeroporto a espera de Davis. Eles fizeram cartazes de boas vindas e arrumaram a casa de Alex e Davis para uma recepção. Os pais de Sarah estavam lá arrumando tudo junto com o senhor e a senhora White, Rose e Jenny.

– Estou nervosa! – disse Sarah respirando fundo.

– Calma Sarah, eles logo irão chegar. – disse Lory.

– Eu também estou nervoso! – disse Wesley ao lado de Lory.

– Que bonitinho! – disse Lory dando um selinho. – Vai chorar?

Wesley bufou.

– Se eu chorar Sol serão lágrimas masculinas.

Lory e Sarah riram. Amber estava em um canto conversando com Mike. Todos já sabiam que ali teria algo. Liam e Oliver conversavam animadamente também. Hannah também estava ali atenta aos telões que marcavam as chegadas e saídas dos voos. Ela estava com saudades da mãe e é claro que estaria ali para a recepção.

De repente nos auto falantes foi avisado à chegada do voo. Todos ficaram eufóricos e se dirigiram ao desembarque. Foram mais de meia hora de espera quando então Alex, Davis, Billy e a doutora Brenda apareceram. Todos ali começaram a gritar os chamando. Sarah foi à única que não conseguiu continuar, pois ver Davis ali caminhando aparentemente bem parecia um sonho. Ela começou a rir e a chorar. Quando Davis a viu, ele largou sua mochila e veio rapidamente no seu limite. Se aproximando da fita que dividia o espaço, ele estava com seus óculos nerd, um casaco com capuz e por baixo uma camiseta com o escudo do Capitão America. Sarah se emocionou, pois ele usava uma camiseta do herói também quando o conheceu pela primeira vez... E com óculos. Quando ele estava mais perto, ela não aguentou, passou por debaixo da fita de segurança e se jogou em seus braços. Sarah não podia acreditar que ela o estava abraçando. Assim que eles se olharam ainda abraçados, Davis limpava as lágrimas no rosto de Sarah.

– Estou aqui, calma! – dizia ele dando um beijo em sua testa e logo depois um selinho.

– Senti tanto a sua falta... Amo você! – ela o beijou e ele retribuiu.

Todos ali estavam felizes. Davis estava cada vez mais recuperado, mas não iria parar os tratamentos. Ele surpreendeu a todos. Depois de matar a saudades de Sarah, ele foi abraçar os amigos. Wesley é claro que chorou. Foram lágrimas masculinas como ele mesmo disse. Isso fez Davis gargalhar. Um a um foi abraçado. Alex ficou grato pela recepção e a doutora Brenda abraçou tanto Hannah que quase quebrou seus ossos. Billy também abraçou os amigos e amigas. Ele e Sarah deram um abraço muito significativo. Eles agora eram primos definitivamente. Assim que Billy viu Hannah ele sorriu para ela a fazendo ir em sua direção.

– Oi Billy! – disse Hannah com os olhos marejados.

– Hannah! – ele não esperou ela falar mais e a puxou para um abraço.

Assim que eles se separam Hannah estava corada.

– Fico feliz que tudo deu certo!

– Sim! Foi tudo bem... Enfim, de volta!

– Legal!

– Como você está?

– Bem. Melhor agora com a volta da minha mãe.

Billy sorriu.

– E um possível pai também.

Hannah sorriu.

– É! Eu já soube.

– E um irmão.

Hannah riu achando graça.

– Nem tinha pensado nisso!

Eles se olharam por alguns segundos em silêncio.

– Também senti sua falta. – disse Billy.

Hannah suspirou e o olhou com um pequeno sorriso.

– Eu também.

Depois de toda a euforia no aeroporto todos partiram para a casa de Alex. Chegando lá eles foram recepcionados pelo resto da família. Alex se emocionou em ver seus pais, Rose e Jenny ali. Era sua família. Davis também ficou emocionado com a surpresa. Aproveitaram um pouco mais de duas horas, pois Davis teria que descansar. Ordens de Brenda. Davis estava muito feliz por seu pai ter encontrado alguém. Do jeito que estava a relação dos dois, um provável casamento poderia sair em breve. Ele adorou Brenda. Ele teria uma mãe e uma irmã. Billy falou muito de Hannah a Davis deixando claro a intenção de Billy com sua futura meia-irmã.

Depois de terem matado a saudade uns dos outros, um a um foi indo embora. Só ficaram Alex, Davis e Sarah por pedido do próprio Davis.

– Venha comigo no meu quarto! – disse Davis se levantando e levando Sarah escada acima. Ele ainda andava um pouco devagar.

Quando entraram no quarto ele se sentou com Sarah em sua cama e abraçou e a beijou.

– Queria ter um tempo a sós com você!

Sarah sorriu.

– Eu também! Mas você também precisa descansar!

– Eu sei! Mas eu quero usar minhas poucas energias de hoje com você – disse ele acariciando o rosto de Sarah.

– Hoje no aeroporto... – Sarah suspirou – Quando eu vi você, parecia reviver a primeira vez que eu lhe vi.

Davis riu.

– Eu me lembro... Sentado na frente de casa comendo um sanduíche e com a camiseta do Capitão America.

– E óculos. – disse Sarah olhando os óculos que ele usava. Ele estava lindo daquele jeito. Um nerd gostoso. Seu cabelo estava comprido como ela havia pedido a ele. Liso de cor castanho claro, uma mexa caia sobre a testa.

Davis riu.

– Hoje aquele garotinho gordinho esta bem melhor!

– Você sempre foi o melhor Davis!

Davis olhou para Sarah com amor. Ele lhe deu um beijo e se levantou e estendeu a mão.

– Dança comigo?

Sarah ficou surpresa.

– Como?

– Quero que você dance comigo!

Sarah riu e levantou.

– Sério?

– Sim!

Assim que Sarah se colocou de pé, Davis pegou seu celular e mexeu em alguns botões. Sarah estava ansiosa. De repente uma musica instrumental começou a tocar. Quando Sarah começou a ouvir mais e reconhecer a canção, sua respiração quase parou. Ela olhou Davis com os olhos marejados.

– Mas como...

Davis a segurou e começou a balançar com o ritmo.

– Eu me lembro de uma vez... Eu estava naquela solidão e alguém colocou essa musica pra que eu ouvisse – ele dizia perto do ouvido de Sarah. Ela sorria emocionada. – Ela foi bem fundo no meu coração. Para alguns caras isso iria parecer frescura, mas pra mim significa... A musica do casamento com a garota da minha vida. – Nesse momento Sarah não aguentou segurar as lágrimas. – Sim Sarah, a gente ouve sim, eu ouvi você, ouvi a musica... E sim, eu vou me casar com você.

Sarah o abraçou mais forte ainda. Ele lembrou da musica que ela colocou quando ele estava em coma. Davis deu um beijo ao lado de sua cabeça e eles ficaram ali matando a saudade.