I Love My Nerd escrita por Mia Golden


Capítulo 58
A vida é feita de escolhas


Notas iniciais do capítulo

Está aí como prometi!!

Bjos da M



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Tina estava como coração a mil. Ela andava pra lá e pra cá na sala. Já fazia uma hora que Billy saiu com a idéia de matar o Davis. Ela ligou até a TV da sala pra ver se iria aparecer alguma noticia de algum jovem matando o primo, mas nada. Ela estava aflita. Billy estava fora de si. Ainda bem que o senhor e senhora White não estavam em casa naquela hora. Senão ela não teria como explicar o quase buraco que estava fazendo no tapete da sala. De repente um barulho na porta chamou a sua atenção. Ela torcia que era Billy. E era ele mesmo. Tina relaxou. Billy entrou de um jeito meio estranho, seus cabelos estavam desarrumados. Tina olhou bem pra ver se havia marcas de sangue em suas roupas, mas nada.

– Billy! - disse ela se aproximando. Ele não deu muita atenção a sua presença e se sentou no sofá.

– Billy, por favor! Fale comigo! - disse ela se sentando também.

Ele olhava para as mãos. Tina estava nervosa.

– O que você fez com o Davis? - perguntou ela. Desta vez Billy a olhou.

– Por enquanto... ainda nada, mas daqui a alguns minutos vou ter uma resposta.

Tina se aproximou ainda mais de Billy.

– Onde você foi?

– Fui procurar alguém. - disse ele olhando para frente.

– Billy, o que você foi fazer? Fale pra mim! - ela implorava.

Billy se levantou de repente do sofá e encarou Tina.

– Eu fui até a casa desse cara! - disse ele mostrando o papel que ele tinha achado em suas gavetas - Eu precisava falar com ele. Eu quero que ele me faça um serviço.

Tina sentiu as pernas frouxas. Ele iria pedir para alguém fazer mal a Davis? NÃO!

– Billy, você está fora de si! Não faça isso! Não machuque o Davis!

– Você está defendendo ele? - disse Billy bravo se sentando em sua frente.

– O que eu quero dizer, é que se você fizer algo pra ele, você vai se prejudicar! - disse ela entre lágrimas.

– Ninguém vai saber! Eu vou pagar bem!

– Não Billy!

– Só irão dar um jeitinho na moto dele. Nada de mais! - disse Billy parecendo calmo.

– Um jeitinho na moto? Billy, isso é perigoso! - disse ela se juntando com ele em outro sofá.

Ele ficou em silencio.

– Billy, você pode matá-lo. - disse Tina quase sem ar ao dizer essas palavras.

Billy engoliu a seco. Tina percebeu que ele se tocou da situação. Ele a olhou. Ela estava como os olhos cheios dágua.

– Isso pode ser ruim!

– Eu... - Billy tentou dizer mas não conseguiu. Ele colocou as mãos no rosto.
Tina soltou um longo suspiro. Acho que ele tinha saído do transe.

– Eu vou lhe contar uma coisa Billy e espero que isso seja um exemplo pra você, por que foi pra mim. - disse Tina.

Billy a encarou. Tina respirou fundo antes de falar.

Eu só havia dito o que tinha acontecido comigo depois do acidente não é? O coma. - disse ela. Billy só concordou.

– Bem... - Tina limpou a garganta - Muito antes... do meu acidente, eu era uma garota bem diferente. Eu era uma pessoa completamente má com os outros. - Billy a olhou - É sim! Pode acreditar! Eu era! Eu não tinha medo de prejudicar os outros, de trapacear, de machucar - a voz dela falhou, mas continuou - Eu era literalmente um monstro de pessoa. Não me importava com os outros e sempre pisava em quem estivesse no meu caminho.

Tina parou um pouco entes de continuar. Billy a olhava sem dizer nada.

– Então certa vez, eu consegui um papel principal na peça da escola. É claro, eu joguei sujo pra conseguir. Então todos estavam convidando as famílias para estarem presentes no dia. Eu não me preocupava com minha família se estivessem ou não. Eu só queria me aparecer! Mesmo assim os convidei. Meu pai e minha mão trabalhavam até tarde, mas eu implorei com a minha típica chantagem emocional pra conseguir, e consegui. Meus dois irmãos mais velhos também caíram na minha e disseram que iriam também. Perfeito pra mim - Tina limpou a garganta novamente pois sabia que estava chegando perto da parte dolorosa - Bem... eles foram, eu me apresentei. Eles foram me prestigiar, me dar atenção, mas eu não dei a mínima pra eles naquele dia.

Tina começou a encher os olhos dágua.

– Eu me lembro quando o meu pai chamou minha atenção na frente das pessoas. Ele me disse que o máximo que eu poderia fazer é agradecer pela família estar ali pra me ver - ela limpou uma lágrima - Mas eu me lembro de ter dito coisas como "eu não dou a mínima pra vocês" e lembro da minha mãe ter ficado triste e meu pai e meus irmãos ficarem chateados com a minha atitude.

Billy permanecia calado enquanto Tina desabafava.

– Meu pai não me deixou ir a uma festa com meus amigos naquela noite - ela começou a chorar - Eu fiquei tão brava que eu gritei com ele, gritei com todos. Eu dizia que não via a hora de me livrar deles! - Tina soluçava enquanto falava. - De repente Billy soltou um suspiro - Entramos no carro. O clima tinha ficado pesado. Mesmo bufando de raiva eu coloquei o cinto de segurança, mas o resto da minha família de tão atordoada comigo não.

Tina limpou o rosto molhado com a manga da jaqueta e continuou.

– Eu só me lembro de antes daquele caminhão bater no nosso carro, o meu pai tinha me dito que me amava, e que muitas vezes se ele me dava uma bronca é por que ele queria o meu bem - Tina olhou para Billy - Depois daquilo que ele me disse, o caminhão bateu e ficou tudo escuro. Escuro por dois meses.

Tina se levantou e ficou olhando para Billy.

– O porquê de eu ter contado mais detalhadamente isso Billy? - disse Tina ainda fungando - É por que todas as nossas escolhas na vida tem um resultado depois. O meu foi do jeito mais doloroso possível. Perdi meus pais naquele acidente e os meus irmão. - ela começou a andar pela sala. Billy permanecia calado. Parecia entender. - Mas então eu me perguntei depois de me acordar do coma e saber o que aconteceu. Por que eu fiquei viva? Se eu era tão má, por que não fui eu que morri?

Tina voltou a chorar mas desta vez se sentou no sofá da frente. Ela respirou fundo.

– Minha avó me disse que nenhum dos meus amigos foram me visitar quando eu estava no hospital disse ela tristemente Mas sabe quem foi? Foram justamente aqueles que eu mais fiz mal. Imagina a situação? Que bela bofetada na minha cara.

Billy olhou bem para Tina. Ela sorriu um pouco.

– Na minha primeira noite aqui na sua casa. Eu ainda não conhecia você, então eu tive um sonho. Alguém me dizia que se eu quisesse aliviar a minha alma, eu deveria ajudar. Alguém iria precisar de mim. Alguém que foi como eu. E usando a minha vida como exemplo facilitaria as coisas. Então eu conheci você. - disse ela o olhando sorrindo. - Eu me via em muitas das suas atitudes Billy. Então eu precisava fazer algo antes que você se prejudicasse e ganhasse um castigo.

– Tina... - Billy falou.

– Sim?

– Eu...entendi - disse ele olhando abaixando a cabeça - Mas, no fundo, por que eu não consigo mudar? - disse ele tristemente.

Tina se levantou e foi sentar ao lado dele. Sem medo dele se afastar, Tina pegou sua mão. Billy a olhou. Tina nunca tinha visto Billy tão atormentado.

– Eu amo você Billy - disse ela - Eu não me importo de você não sentir o mesmo - ela dizia de todo o coração - Mas me deixe ajudá-lo. Por favor!

Billy apertou mais a sua mão.

– Eu não consigo. Eu não me entendo as vezes.

– É que muitas vezes, você é influenciado a ser o que realmente não é. Por favor Billy, não acabe como eu.

– Mas você mudou! Você tem a sua avó ainda! Tem o resto da sua vida pra viver diferente.

Tina largou a mão de Billy e suspirou pesadamente.

– O que foi? Tem mais alguma coisa pra me dizer? - perguntou Billy. Tina só balançou a cabeça concordando.

– O que é?

O celular de Billy tocou. Era o homem que ele havia procurado mais cedo. Ele olhou para a tela e depois para Tina.

– Por favor, desista! - disse ela suplicando.

Billy apertou em atender.

– Oi...sim eu fui até ai pra ver você...

Ele olhou para Tina.

– Não...não vou precisar mais de você. Eu pensei melhor... tchau - ele desligou o celular e olhou para Tina que estava aliviada. - Tudo bem...não vou fazer mais nada - disse ele se inclinado nos joelhos e passando as mãos no rosto.

– Estou orgulhosa - disse ela passando as mãos em suas costas.

– O que iria me contar? - Billy a olhou. Tina coçou a cabeça.

– Bem...err - ela se levantou e começou a passar a mão na cabeça.

– Fala!

– Billy..eu... - Tina sentiu a visão embaçar.

Billy percebeu que algo estava errado e se levantou.

– Tina,o que você tem?

– Eu...tonta - disse ela já cambaleando.

Só foi a tempo de Billy dar mais um passo, Tina estava caindo pra trás.

Tina não sabia quanto tempo ficou desacordada, mas ao abrir os olhos viu Billy e sua avó em cima dela.

– Graças a Deus! - disse Eva dando um suspiro.

– Vovó... - ela começou a se sentar cuidadosamente - Por quanto tempo eu fiquei assim?
– Acho que por alguns minuto - disse ela se levantando - Como se sente?

– Bem melhor agora.

– Precisa descansar - disse Eva se levantando.

– Ainda não. Preciso conversar com o Billy - disse Tina. Eva entendeu. Billy estava de pé olhando curioso para Tina.

– Esta bem, mas não demore! - Eva se virou e foi em direção a cozinha. Tina se sentou no sofá.

– Você vai me dizer o que aconteceu? - pediu Billy.

– Sim.

Tina respirou fundo.

– Lembra quando eu disse que todas as nossas escolhas teriam um resultado depois?

Billy concordou.

– Pois é Billy, meu resultado foi um tumor no cérebro - Tina disse isso sem olhar para Billy. Tudo ficou em silencio até ela criar coragem em olhá-lo. Billy estava de boca aberta.

– C-Como é? - perguntou ele meio incrédulo.

– Eu tinha algumas dores de cabeça antes do meu acidente e não dava tanta atenção. Mas depois de eu sair do coma, os médicos descobriram um tumor bem no meio do meu cérebro. Não dá pra fazer cirurgia, é um local arriscado. Eu demorei muito pra descobrir, não me tratei a tempo, o acidente só ajudou a piorar. Quimioterapia não adianta também. Isso explica minhas dores de cabeça e desmaios - agora ela o olhou. Billy, devagar ele se sentou ao seu lado.

– Quer dizer que...você vai...

– Morrer? Sim.

Billy a olhava. Nos seus olhos passavam todos os tipos de coisas. Tina sabia.

– Mas você... não tem nem sequer uma esperança?

– A médica disse que não.

Billy fechou os olhos e respirou fundo.

– Billy, eu já me conformei - disse Tina pegando sua mão.

– Você não está com medo? - perguntou ele.

– Não!

– Como não! Você só tem 16 anos! - Billy se levantou do sofá inconformado.

– Eu sei.

– Não! - ele andava de um lado pra outro com as mãos na cintura.

– Billy, pare! Já me conformei!

– Quanto tempo? - disse ele parando de repente.

– Um mês.

Billy ficou paralisado.

– Um mês? - ele disse essas palavras sem acreditar.

– E pra mim será um mês pra aproveitar - disse Tina se levantando. - Não me olhe assim Billy - ele a encarava.

– Todo esse tempo em que eu maltratei você...você estava doente?

Tina só concordou. Billy bufou frustrado.

– Primeiro, você não sabia e segundo, não vamos falar do passado por que quem vive disse é museu - disse ela sorrindo.

– Pare de sorrir! - disse ele incomodado - Você não esta ajudando.

– Me desculpe, é que se eu não sorrir, eu morro antes.

Billy a olhou surpreso. A garota estava com um pé na cova e falava isso?

– Sinceramente, eu não imaginava isso vindo de você - disse ele.

– Essa é a minha vida! - disse ela suspirando - E o que eu mais quero nesses últimos dias, é aproveitar com você e com a Hannah. Vocês são as pessoas que eu mais amo.

Billy não dizia nada, só sacudia a cabeça inconformado.

– Billy - Tina chamou mas ele não a olhava - Olha pra mim.

– Não dá. - disse ele se virando de costas pra ela.

– Não tenha pena de mim, por favor! Só me deixe ficar do seu lado. - disse Tina com a garganta apertada. Ela definitivamente morreria se Billy a afastasse.

– Eu só estou surpreso!

– Isso mostra que você tem um coração!

Desta vez ele se virou.

– Tina, eu não posso dar o que você quer? E eu agora me sinto como se estivesse em divida com você por tudo o que eu fiz!

– Não! Não é isso que eu quero! Eu só quero que você seja feliz, independente do que eu sinta e do meu destino Billy! - desta vez Tina encheu os olhos d'água - Quando eu digo que eu te amo, não quer dizer que você é obrigado a me amar também. Por te amar, é que eu desejo tudo de bom pra você - lágrimas escorriam pelo seu rosto - E o que eu mais quero, é que você ame alguém de verdade, e essa pessoa sinta o mesmo Billy! Quero que você se forme na escola e na faculdade. Ache um emprego que goste. Se case e tenha filhos - Tina chorava muito agora - É isso que eu quero! Por te amar demais é isso que eu desejo.

– Tina...

– Mas pra isso, você precisa mudar! E você vai ver Billy, coisas boas irão acontecer com você!

– Tina...

– Se é pra você sentir pena de mim, então tenha pena agora - disse ela se aproximando de Billy - Me abrace!

Billy olhou para Tina por alguns segundos e de repente se aproximou. Então ele a abraçou. Foi como um sonho realizado aquele momento para Tina. Billy a apertou de um jeito diferente. Do tipo que estava pedindo desculpas. Ela chorava em seus braços, mas era um choro de felicidade.

Ela se afastou e olhou. Tina pegou suas mãos.

– Aproveite comigo esses últimos momentos Billy! Sem pena, sem remorsos, sem se sentir obrigado a nada. Só curta. Recomece sua vida de um jeito diferente.

– Tina...

– Eu sei, é difícil. Mas não impossível!

– Eu vou... tentar! Mas não quer dizer que eu não vá errar muitas vezes!

– Quem nunca errou? Atire a primeira pedra!

– Mesmo ainda chateado com o Davis?

– O Davis tem os direitos dele Billy. Acha mesmo que ele chegaria ao ponto de deixar você e sua família na pior. Ele não é assim!

Billy respirou fundo.

– É, talvez seja.

Tina sorriu e suspirou.

– Eu acho que vocês dois ainda serão grandes amigos - disse ela.

– Amigos?

– Sim!

– Acho difícil! - disse Billy.

– Não é não. Você vai ver!

A partir daquele momento Tina estava disposta a ajudar Billy. Ela sabia que seria muitas vezes complicado, mas ela o amava muito pra desistir. E ela só tinha um mês.


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