Já se passaram uma semana desde que Alex e Davis tomaram a decisão de voltarem a Mountain Village. Alex estava com tudo pronto para viajarem.

Naquela mesma semana, Alex pediu demissão de seu trabalho, Davis participou das ultimas aulas, incluindo a entrega do trabalho de literatura, no qual tirou uma nota muito boa.

Ele estava fascinado com a história de O Conde de Monte Cristo. Como o livro não lhe pertencia, e sim a biblioteca da escola, Davis decidiu comprar o seu próprio livro, assim, o leria outra vez na viagem. Mas a intenção de Davis era outra quando voltasse para Mountain Village. Será que ele queria vingança? Foi o que Davis pensou. As intenções dele era fazer deste retorno, um meio de que todos aqueles que lhe fizeram mal pagassem. Não desejaria a morte deles, mas sim, justiça.

Como no livro, o personagem era estrategista e cuidadoso. Faria tudo com muito cuidado. Não fraquejaria e não se intimidaria. Queria provar que não era mais aquele garotinho tímido e medroso. Agora ele era outro Davis.

Alex estava colocando algumas coisas em uma caixa. Kate estava o ajudando, ela iria para a França no final do mês. Passaria uma temporada por lá.

- Ansioso? – perguntou Kate para o irmão.

- Um pouco – disse Alex.

- Como será que deve estar por lá?

- Eu não sei! Faz tanto tempo que saí de lá, que eu nem imagino – disse Alex.

- Será que a supremacia White ainda domina o lugar? – perguntou Kate.

- Você sabe muito bem Kate que a nossa família manda naquela cidade.

- Quem sabe quando você voltar, não se candidate para ser prefeito – disse Kate.

- Que loucura Kate! Assim os Whites continuariam no poder – disse Alex.

- Não! Você é um White diferente – disse Kate pegando a mão do irmão – você é um homem muito bom irmão. Dedicado, atencioso e inteligente. Por que não?

- Política é uma coisa muito séria – disse Alex.

- Você seria um ótimo prefeito – disse Kate – só precisa de uma primeira dama – Kate deu uma piscada para o irmão. Alex riu.

- Você não tem juízo Kate.

De repente, alguém bateu a porta. Alex foi abrir. Ele se deparou com mais ou menos dez pessoas, provavelmente colegas de Davis.

- Olá senhor White! Viemos ver o Davis. Sabemos que ele vai embora, então viemos para fazer uma despedida – disse o garoto com um piercing na sobrancelha.

- O Davis...

- Galera! – gritou Davis indo em direção aos amigos. Todos foram o cumprimentar.

Alex se virou para olhar para Kate. Ela estava rindo da situação. Então ele deixou seu filho aproveitar o último dia com os amigos. Todos eles foram para o quarto de Davis. Alguns minutos se passaram, e já dava para ouvir a musica vinda do quarto.

- Como é bom ser jovem! – disse Kate suspirando.

- E ser um jovem surdo também. Não sei como eles conseguem ouvir música nessa altura – disse Alex balançando a cabeça.

Ouviu-se outra batida na porta.

- Será que são mais amigos? – disse Kate.

- Eu não sei – disse Alex dando de ombros – Mas tomara que não sejam muitos!

Alex foi abrir a porta novamente. Ele deu de cara com Ashley, a ex-namorada de Davis.

- Ashley?

- Olá senhor White! Eu vim ver o Davis. Soube que ele vai embora. Queria me despedir – disse a garota.

- Ele está no quarto com alguns amigos – disse Alex.

- Alguns amigos? Amigas também? – perguntou a garota muito curiosa.

- Sim. Algumas meninas também – disse Alex – mas eu acredito que...

De repente a garota passou pela porta sem pedir permissão. E foi em direção ao quarto de Davis. Alex ficou ali, sem reação. Kate soltava gargalhadas no meio da sala.

Davis estava com seus amigos em seu quarto, em meio a brincadeiras e conversas animadas. Das dez pessoas, só quatro eram garotas. E é claro, elas queriam dar uma ótima despedida para Davis. Então a porta se abriu, Ashley apareceu com toda a sua glória.

Os garotos pararam para olhá-la. Davis ficou perturbado com ela por ali. Ashley morava no mesmo prédio de Davis. Ela tinha os cabelos ruivos compridos e grandes olhos verdes. Mas às vezes tinha uma personalidade difícil. Com Davis ela era mais calma, mas quando os dois decidiam discutir, ninguém se metia. Davis não gostava do seu excesso de ciúmes. Ele odiava aquilo nela. Foi isso que fez os dois terminarem. Ou melhor, Davis deu um for nela.

- O que você faz aqui? – disse Davis indo em sua direção.

- Eu achei que você me convidaria para a sua festinha – disse ela desdenhando dos amigos de Davis.

- Pra que? Você e eu não temos mais nada um com o outro – disse ele.

- Eu quero falar com você – disse a garota.

- Você não está vendo que eu tenho visitas? – disse Davis ficando bravo.

- É rápido Davis! – disse Ashley.

- Rápido ouviu? Você tem dez minutos – disse ele se virando para o resto de seus amigos – Pessoal! Eu já volto!

Davis levou Ashley para a sacada para que pudessem conversar. Ele estava perturbado com a presença dela.

- Diga logo o que você quer? – disse Davis.

- Eu precisava lhe ver – disse ela tentando o abraçar, mas Davis desviou – eu queria me despedir.

- Então se despeça logo! Por que eu tenho que voltar – disse Davis cruzando os braços. De repente, a garota beija Davis. Ele fica um pouco surpreso com sua atitude. Mas ele a empurra para longe.

- Davis! – disse a garota incomodada. Davis limpava a boca com a mão.

- Por que você fez isso? – disse Davis prestes a pirar.

- É por que eu ainda sinto sua falta! – disse a garota.

- Mas eu não! O que aconteceu? O outro cara lhe chutou? Agora você vem aqui chorar as mágoas comigo? – disse Davis com um sorrisinho maldoso.

- Eu vim até aqui para me despedir de você – disse ela.

- Mas não precisa fazer tanto esforço – disse Davis ironicamente – subir dois andares para se fazer de vítima comigo. Acho que você já se despediu não é? Agora pode ir embora – disse Davis indo em direção à porta, abrindo e segurando para que ela saísse.

Ashley parecia a ponto de explodir de raiva. Ela foi caminhando até a porta da sacada, passou pela sala para ir em direção à porta de saída. Ela parou do lado de fora e se virou para dizer alguma coisa a Davis, mas ele não deixou e fechou a porta em sua cara. Logo ele voltou para seu quarto para terminar sua festinha.

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- Davis? Levante! Temos que ir! – disse Alex sacudindo o filho às seis da manhã.

- Já está na hora?

- Sim. Vamos logo! Se arrume depressa. Comeremos no caminho. Não quero pegar trânsito – disse Alex.

- Está bem – disse Davis se levantando com uma ressaca da festinha da noite anterior.

Davis se arrumou e pegou sua mochila. Pegou mais algumas coisas de seu quarto. Ele parou e deu uma ultima olhada para o lugar que foi seu há cinco anos. Se virou e foi em direção a sala.

Chegando lá, Alex estava conversando com alguns homens a respeito de algumas coisas que levaria a nova casa. Quando Alex e Davis foram para Nova Iorque, eles não tinham muitas coisas, mas agora conseguiram comprar muitas outras melhores e que não imaginariam ter. A moto de Davis já estava a caminho de Mountain Village. Ele já sentia saudades do seu bebê.

- Me deixe dar um abraço nos homens da minha vida – disse Kate se aproximando dos dois e os abraçando – Façam uma boa viagem! Me liguem!

- É claro que sim minha irmã – disse Alex.

- Me mande um presente da França tia – disse Davis.

- Mas é claro que eu mando!

- Precisamos ir Kate. Não quero pegar trânsito – disse Alex.

- É claro!

Alex e Davis se despediram de Kate. Ela os acompanhou até o andar de baixo do prédio. Alex pegou seu carro e eles colocaram mais algumas coisas dentro. Embarcaram, deram uma última acenada para Kate e partiram.

Aos poucos Nova Iorque ia desaparecendo de vista. Alex decidiu voltar de carro por opção mesmo. Assim teria tempo de pensar nessa volta para a sua cidade natal.

Ele e Davis estavam em silêncio. Alex estava começando a achar que Davis não estava tão convencido em voltar.

- Filho? Está tudo bem? – perguntou Alex. Davis se virou para olhar seu pai.

- É claro que estou bem pai – disse Davis sorrindo.

- É que você está tão quieto.

- Só estou com um pouco de sono ainda – disse Davis se ajeitando no banco.

- Ainda bem! Achei que estava se arrependendo de voltar – disse Alex.

- Não! Como você mesmo disse. Agora vai ser diferente – disse Davis.

- Com certeza. Posso contar com você? – perguntou Alex.

- É claro que pode pai – disse Davis.

Quando Davis era criança, seu pai lhe disse uma vez que ele lhe protegeria de tudo. Isso foi naquela época. Mas agora ele era um adolescente de dezesseis anos, que faria tudo por seu pai. Era a vez de Davis protegê-lo. E ninguém ousaria magoar seu pai. E magoar a ele também. Pois com sua volta, colocaria cada um no seu lugar.