O coração de Hinata ainda batia forte e ela não conseguia evitar o sorriso que preenchia seu rosto. Os lábios ainda formigavam e o cheiro do loiro tinha se impregnado nas roupas dela de uma maneira incrível. O que era mais incrível ainda é que Neji não perguntara nada quando ela chegou em casa, nem um olhar desconfiado. Hinata tinha pulado de felicidade por mais de duas horas, mas quando entrou no banho e a adrenalina começou a baixar, ele começou a refletir

O que realmente tinha acontecido lá? Eles se beijaram, mas Naruto não disse em momento algum que a amava. Hinata começou a perceber isso e seu sorriso sumiu. Parou em frente ao espelho, enrolada numa toalha e com os cabelos em um coque. Será que ele só queria isso de mim?Me beijar?Mesmo que queira outra coisa, o que vai acontecer agora, depois disso. Esperei tanto por isso... Nunca pensei que fosse ficar tão triste assim.

A Hyuuga realmente, nunca pensara no que viria depois, agora estava aflita, com medo de Naruto a ignorar para sempre. Não, ele não faria isso, dizia para si mesma, Ou será que faria?AAh, esses pensamentos estão me matando! Entrou na banheira e tentou o máximo que pode relaxar, mas só conseguia pensar em Naruto e em como ele a abraçara naquele beco sujo e pensava naquele cheiro forte de tinta...

Hinata sentia-se insegura, pois não sabia o motivo de Naruto pedir desculpas. Ele podia apenas ter se deixado levar pelo impulso, mas nunca quisera estar com ela de verdade, mas se fosse isso, porque marcara aquele encontro com ela há dois dias?

Quando pensava em seu abraço e seus lábios sentia leves arrepios na nuca, mas queria parar de pensar nisso pelo menos por um minuto, então, quando saiu da banheira, colocou uma música alta para tocar em seu quarto, o que funcionou bem. Cantando, ela não pensava em muita coisa além da letra e a roupa que escolheria. Em eventos como esses todos usavam seus melhores quimonos.

Tinha tantos quimonos que ganhara em seus aniversários ou por alguma data especial, um mais bonito que o outro, por isso ficava difícil escolher. Tinha o laranja bordado, o preto brilhante, o amarelo com detalhes laranja, o lilás, o roxo, o azul escuro, o cinza, o vermelho rendado...

Qual Naruto irá gostar mais? Talvez o laranja seja o melhor, ou o azul claro que combina com os olhos dele, pensou e se repreendeu por fazer isso, Não, vou escolher o que eu quero vestir e não aquele que vai agradar ele. Com isso, pegou o preto e batendo os pés, voltou ao banheiro para se maquiar e perfumar.

...

Naruto saiu da loja e escreveu um bilhete para Hinata. Andou um pouco pelas lojas e encontrou Shikamaru e Chouji com a família, todos em seus quimonos, Shikamaru em um preto simples e Chouji em um vinho. Parou lá e jogou um pouco de conversa fora, mas Shikamaru, sempre esperto percebeu que ele estava mais agitado que o comum:

–Para quem é esse presente, Naruto?

–Ah, o que?

Shikarmaru levantou uma sobrancelha, numa expressão safada demais para ele.

–Para ela, não é?

–Er...Sim. E já que tocou no assunto, pode entregar este bilhete, quando a encontrar. Precisa ser hoje.

Shikamaru pareceu confuso.

–Tudo bem. Posso ler o bilhete?

–Você decide se é melhor ler ou não. Preciso ir gente, - continuou o loiro afobado – Confio em você, Shikamaru! – gritou ele já caminhando rapidamente em direção à noite.

...

O moreno achou aquilo tudo muito suspeito, mas decidiu respeitar a privacidade do amigo e não leu o bilhete. O que estivesse escrito ali era para Hinata e mais ninguém, uma intimidade que apenas os dois deviam compartilhar. É claro que Shikamaru estava muito curioso. Teve que se controlar. Andou pela festa com Chouji e Kiba por um tempão, parando em cada lugar para que Chouji pudesse comer. E nada dos Hyuuga.Shikamaru já estava começando a ficar irritado e impaciente. Suspirou revirando os olhos, teria que esperar até que Hinata aparecesse.

Ela finalmente chegou, com todos os Hyuuga. Estava bem arrumada. Shikamaru teve que esperar um pouco para abordá-la. Quando finalmente chegou à ela disse:

–Oi Hinata.

–Oi Shikamaru, tudo bem?

–Sim e você?

–Também.

–Sabe o Naruto...

–O que quer que você esteja pensando n-não é isso e... e

–Eu não estou pensando nada e só que ele me pediu...

Mas a garota o cortou de novo aflita como nunca:

–Não precisa falar, eu não esperava nada mesmo eu...eu...

–Calma, Hinata. É só um bilhete. – Shikamaru prosseguiu para tentar acalmá-la – Não acho que seja nada ruim... E espero que não seja.

Hinata respirou fundo.

–Ah certo, obrigada. – e sorriu para o moreno.

Shikamaru esticou o braço entregando o bilhete para ela e retribuindo o sorriso.

–Eu vou aproveitar o resto da festa, posso te deixar sozinha Hinata?

–Sem problemas, até.

Assim virou de lado e abriu o bilhete. Shikamaru não uma palavra sequer naquele mísero papel, mas nem queria. Sorria satisfeito, pois se dera conta que não precisava ficar curioso, o loiro idiota o contaria o mais rápido possível.

...

Hinata não soube o que pensar quando leu o bilhete do loiro. Ansiedade. Medo. Dúvida. Paixão. Fizera seu coração a bater mais e levara sua mente a loucura.

Hinata,

Precisamos conversar. Me encontre na Ponte Eterna*,

assim que puder. Estarei esperando.

Naruto

Aquele estranho bilhete deixou Hinata mais agitada ainda. Nem se lembrava muito bem do que fez na festa, ela não saiu tão rápido para que a família não perguntasse nada. Já bastava aquela sensação de estômago embrulhado, ter que responder perguntas, pra ela não ia dar.

–Otousan... Vou falar com meus amigos, está bem?

–Ah, certo... – respondeu ele. – Não demore muito.

–Hai...

Ela saiu, tentando permaner calma, porém as pernas não colaboravam, tremiam um pouco, esperava que não ficasse aparente sobre o quimono...

...

A lua estava linda naquele dia. Em Konoha as paisagens eram as melhores, que qualquer pessoa no mundo podia imaginar. Enquanto esperava pela garota, olhava para o seu reflexo na água. Estava aliviado, aquele era seu momento e tudo que ele queria era vê-la, e ser amado por ela.

Uma vez Kakashi-sensei disse palavras estúpidas e incompreensíveis para um garoto como ele. Agora aquelas palavras antigas lhe voltavam à mente, tão claras e verdadeiras. Achava idiota o fato de um excelente shinobi como Kakashi ler algo como livros de romance fajuto. (sem ofensas ao Erro-Senin).

“Naruto, um homem precisa amar e ser amado. Isso não é algo que posso te ensinar.-*suspira* - Quando você se apaixonar por alguém é que vai entender... Ficará sem chão e ao mesmo tempo terá a melhor sensação do mundo. Fará tudo apenas para vê-la sorrir, é a pior forma de tornar um homem totalmente dependente... A paixão...”

Só agora o loiro entendia como Kakashi era um homem sábio...

...

A coragem que reunira em todo percurso até a Ponte Eterna se esvaiu no momento que viu Naruto ali, inclinado sobre o corrimão vermelho descascado, com algo na mão. Ele vestia um quimono azul escuro, os cabelos loiros caiam sobre o rosto e tinha algo nas mãos.

Hinata parou. E ficou apenas observando, enquanto o vento balançava seus cabelos negros. Ela chegara até ali, depois de tantos anos estava ali, com medo, esperança, expectativas... É claro que podia ser totalmente o contrário. Podia estar ali para pedir que ela esquecesse o que aconteceu no beco. Ela teria que estar preparada para tudo, por isso parou, mesmo que por apenas um segundo para observar e respirar fundo.

Um passo de cada vez caminhou a ponte, as mãos no peito, mexendo nas próprias unhas. Escutou o garoto murmurar:

–Ela me ama... não me ama... Ela me ama...

Se deteve novamente, já estava quase na metade da ponte, mas Naruto ainda estava distante. Andar mais estava fora de questão ela estava quase vomitando. Sussurrou, quase sem voz.

–Naruto-kun.

Ele recompôs a postura em segundos e arregalou os olhos tão azuis, mesmo de longe. O que quer que ele estivesse mexendo foi para as costas rapidamente.

–Hinata...

Como o nome dela ficava lindo quando ele sussurrava. Ela nem precisou pedir, ele caminhou até ela. Ele estava lindo.

–Você está linda Hinata...

–Ah, obrigada. Você também Naruto-kun.

Apoiaram-se no beiral e ficaram apenas lado a lado sem dizer nada. O loiro segurou seu cotovelo levemente e começou a falar:

–Hinata, elas são para você. –disse entregando-lhe um buque do flores amarelas com beiradas mais claras e o miolo vermelho.

–Naruto-kun! São lindas!

–São flores Sol-Fogo. Pensei muito antes de comprá-las para você...Ia comprar lavandas ou orquídeas lilases, mas tem uma boa razão para ter comprado essas para você.

Ele deu um passo a mais se aproximando dela. Desceu com o polegar no arco de sua bochecha, chegando até seu queixo e finalmente delinear seus lábios. Hinata ficou completamente sem ar.

–Você sabe o que seu nome significa?

–N-não.

–“Hinata” – disse ele num sussurro – Significa “um lugar ensolarado”. Essas flores são as que melhor representam você. Quanto mais profundo, mais sente-se seu calor e o brilho que você emana. Além disso, é por sua Vontade de Fogo em proteger a Vila que sei que nunca vai morrer, esse é seu Nindo.

Ele pausou e seus olhares se encontraram, enxergando a alma do loiro, como ela o amava!

–Você é tão brilhante, minha luz. Hinata, eu gosto de você e quero que seja o lugar ensolarado ao qual eu posso retornar, o meu porto ensolarado, então... Quero saber se você quer ser minha namorada.

Não soube quanto tempo passou em silêncio. Naruto não a retirou da inércia e não disse mais nada, apenas esperava uma resposta. Ela colocou a mão livre em seu rosto.

–Naruto-kun... Eu te amo tanto, há tanto tempo. É claro que eu aceito. Serei seu porto ensolarado e acima de tudo sua namorada.

Ela chorava de felicidade, poucas lágrimas de pura felicidade. O sorriso do loiro se abriu mais radiante do que qualquer sol. Ele é que era o lugar ensolarado dela. Que palavras lindas! Melhor do que Hinata pode imaginar.

–Hinata, não chore...

–É que estou tão feliz.

Ela o abraçou forte, agarrando seu pescoço, mas Naruto ficou perplexo demais e demorou a corresponder o abraço, mas quando o fez ficaram ali até que as lanternas em homenagem à Konoha foram lançadas iluminando o céu. Enquanto as lanternas subiam os dois ficavam abraçados lado a lado apoiados na ponte sentindo um ao outro e fazendo seus pedidos e promessas para que os sentimentos daquela noite enluarada e iluminada por mil lanternas durassem para sempre.