Naruto acordou cedo, ele nem ao menos lembrava-se de ter ido para a cama. Aquela madrugada, o loiro apenas pensara em Hinata e o nome tão lindo ecoava por sua mente sem parar, como música. Aquele único nome que representava a garota que ele amava. Anotava mentalmente tudo que descobrira sobre ela, todos os gostos, os problemas com a família (que eram muitos). Tinha quase certeza que ela ainda era apaixonada por ele, mas havia aquela ponta de dúvida e isso o estava matando. Algo que o matava ainda mais, era o desejo que o loiro tinha de beijá-la. Algo incontrolável, fazia-o suar, perder a respiração e o coração subia à boca.

Vestiu-se para o treinamento, ainda com os pensamentos longe. Amarrou com um nó forte a bandana da Folha de frente para o espelho, e observando a própria silhueta magra e comprida. Arreganhou os dentes num sorriso e apontou para o peito:

–Eu sou Naruto Uzumaki. Preciso me concentrar no treino.

...

Neji saia da mansão Hyuga e vociferou para sua prima:

–Hinata, desce aqui!

Ouviu-se passos rápidos descendo a escada e Neji viu Hinata, com um top apertado, shorts de pijama e meião, os cabelos longos enbaraçados e os olhos sonolentos.

–Vou treinar com Naruto, por que você não vem junto?

Ela ficou vermelha no mesmo instante e Neji sorriu solidário.

–O-o que? Ir junto? E-eu não me arrumei ainda e ele pediu para treinar apenas com você...

–Eu vou na frente então... Mas, junte-se a nós, mais tarde...

E com isso saiu e foi encontrar o loiro. Juntos foram à uma clareira na floresta e começaram o treino. Primeiro aquecimentos básicos, taijutsus, atiraram algumas kunais, em seguida passaram para a concentração, usar chkra e reservá-lo para algum jutsu. Neji ficou feliz ao perceber o quanto Naruto tinha evoluído naquele aspecto desde a última vez que treinaram juntos. Depois de cada um treinar seus jutsus individuais, ele os 8 trigramas e todos os outros e o loiro o seu Modo Senin e rasengan, partiram para o duelo que eram o que ambos mais queriam.

Depois de duas rodadas, o sol estava à pino e o Hyuga tinha ganhado as duas, porém estava exausto e nem conseguia manter o seu Biakugan, por isso pediu uma pausa.

–Ah, Neji! Que mole! Aposto que agora te derrubo, estou cheio de energia ainda!

O moreno não duvidava quer seria batido, por isso pediu pausa, aquele garoto era um poço de chakra.

–Eu sei, mas aposto que você quer saber da Hinata mais do que quer treinar comigo... – com esperteza Neji disse, cutucando o ponto fraco de Naruto.

–Ah – respondeu, sentando-se ao lado dele à sombra. – como ela está?

–Hoje pela manhã – disse Neji com uma voz sedosa, um sorriso debochado no rosto, o olhar torto e gesticulando com as mãos provocou o loiro. – ela desceu as escadas para falar comigo, estava vestindo seu shorts de coelhinhos do pijama, um top apertado, - e fez o formato dos seios de uma menina com as mãos. – meias grossas, bochechas rosadas, ah aqueles cabelos, aqueles olhos...

Naruto deu um soco em Neji, assim que ficou vermelho e ele caiu na gargalhada, enquanto o garoto dos olhos azuis o amaldiçoava. O momento passou, mas Naruto continuava bravo, então Neji pensou seriamente o que dizer, algo que fosse sincero.

–Não sei, mas parecia feliz ontem. Extremamente feliz. - parando por um breve momento, observou o formato das nuvens no céu – Seja lá o que você fez, Naruto, deu certo.

–Serio? – exclamou, parecendo exasperado. – Mas... Eu não fiz nada.

–Vai, conta aí o que rolou?

Naruto engoliu em seco e Neji sorriu discretamente, contente por ser temido pelo loiro.

–Eu levei ela para ver o por do sol no lago e depois nós comemos no Ichirako. Só...

–Nossa... Até que você é bom nisso – e riu.

O amigo retribuiu com um riso nervoso.

–E ai, como é que vai ser?

–Como assim?

–O que você vai fazer agora? Convidá-la para um novo encontro? Dizer que a ama?

–Erh, eu já convidei ela pra me encontrar na festa de aniversário de Konoha.

–Muito esperto...

–Bem, mais ou menos.

–Ainda está nervoso, não é? – percebeu Neji.

–Aham...

–Leva as coisas com naturalidade que vai dar certo.

–Ah claro! – irritou-se o amigo – assim como você fez, ò mestre dos relacionamentos!

–Ei, não ouse me desrespeitar! Para seu governo, eu tenho uma namorada.

–Vai jogar na minha cara?

–Não, só estou retribuindo a sua ofensa à minha pessoa. Eu estou te ajudando, ou pelo menos tentando e você zomba de mim!

Naruto suspirou desolado e Neji apreensivo, pensou ter exagerado.

–Eu só queria que o Ero Senin estivesse aqui. Ele sim, sabia como lidar com mulheres.

–Ele sabia como abusar de mulheres, isso sim. – murmurou Neji de forma inaudível enquanto eles observavam as suas garotas gritarem e acenarem para eles.

–Já pararam de treinar, não? – perguntou Tenten.

–Err... Sim, estamos apenas, hm, conversando... –o loiro tentou disfarçar, sem muito sucesso.

–Levantem-se, então, nós viemos buscá-los, pois todos vamos ajudar a enfeitar e organizar o festival.

–Ah, certo, vamos sim. – respondeu Neji.

...

Antes de qualquer coisa, todos se reuniram para um lanche para repor as forças e começar o trabalho. Naruto carregou tábuas pesadas de um lado para o outro, corria para o prédio do Poder da Folha e pedia informações à Vovó Tsunade, pegava caixas, bancos enormes com a ajuda de alguns amigos, como Kiba e Chouji. Cada comerciante enfeitava sua loja com lanternas, faixas coloridas e grandes letreiros e todos ajudavam a pregar essas coisas. O loiro, Hinata, Neji e Sakura foram ajudar o velho Ichiraku com a sua barraca, que por sinal estava já bem charmosa e colorida. Naruto atreveu-se a pregar uma faixa e acabou martelando o próprio dedo, todos riram, até Hinata, mas ao mesmo tempo havia preocupação em seus olhos.

O sol começou a descer e Naruto percebeu como estava cansado e quanto eles tinham trabalhado, deviam ser umas seis horas e faltava pouco a ser preparado e a maior parte das pessoas estava indo embora. Sakura foi para casa se arrumar, e Neji foi ajudar Ino na floricultura. Naruto e a Hyuga pintavam o letreiro de Aniversário para o velho. Hinata se sujou de tinta e ficou muito chateada.

–Ai, como eu posso ser tão desastrada? – ela reclamou, - v-vou para casa já me aprontar.

Naruto segurou-a pelo cotovelo, enquanto esta virava-se indo embora.

–Não. Você não vai me deixar aqui sozinho terminando o trabalho, vai? Não se preocupe com a tinta.

Ele pegou o seu pincel e lambuzou a própria bochecha com tinta laranja. Ambos riram da palhaçada e Hinata ficou com ele, parecendo igualmente mais descontraída e feliz. Acabou-se a tinta antes que os dois pudessem acabar o painel.

–Vou buscar mais. – disse a garota.

–Eu vou com você. – Naruto pôs-se a segui-la.

Ela virou em um pequeno beco, mas precisamente um espaço escuro com materiais inúteis e lixo entre o restaurante e a casa ao lado.

–Aqui está. – comentou ela.

O coração de Naruto começou a palpitar, cada vez mais rápido quase pulando por sua boca. O loiro chegou mais perto para que ela lhe desse as latas de tinta, mas então, começou a pensar nela somente nela, abaixada ali pegando as tintas. Pensou em tudo que havia acontecido até ali, todos os sonhos que tivera com ela, pensou em como queria estar tão perto dela sem que nada pudesse afastá-lo. Aquilo era amor e ele sabia disso, sabia que estava apaixonado, mas acima de tudo sabia que estragaria tudo se fosse rápido demais com Hinata.

O único problema foi que esqueceu-se disso por um breve momento, talvez apenas um segundo e perdeu o controle de si. Hinata levantou-se com as latas, os lábios entreabertos e quando percebeu, as latas já haviam sido jogadas no chão e ele estava inclinado , seus lábios se pressionando fechados, sua mão segurando a nuca da menina, sentindo sobre os dedos, o toque dos cabelos sedosos. Naruto abriu os olhos e percebeu que Hinata tinha os olhos arregalados e estava vermelha e se deu conta do que tinha feito.

Quando ia afastar-se dela, Hinata entrelaçou os braços firmemente no pescoço do loiro e ambos fecharam os olhos. Ela abriu os seus lábios delicadamente com os dela. Naruto puxou-a para perto dele pela cintura e sentiu os seus corpos tão próximos, que quase ocupavam o mesmo espaço. Mantinha uma das mãos na cintura e outras em seus cabelos, tão sedosos e macios. Percebeu que ela estava na ponta dos pés segurava seus ombros e brincava com seus cabelos.

O estômago do loiro revirava e o coração palpitava mais que tudo. Deram um passo para frente e encostaram na parede de madeira. Os dois estavam ofegantes e Naruto não queria parar. Podia sentir tudo nela. Cheiro de tinta forte, calor, sabonete, suor, mas não cheiro ruim, apenas puro suor. Mas, o cheiro do shampoo era o que predominava. Ele não sabia dizer do que era mas, certamente uma drogo entorpecente para ele. A boca da garota parecia estar com febre, de tão quente, sua língua na boca dele, e a dele na dela, o gosto da amora da sobremesa e a respiração fazendo cócegas, em seus lábios e provavelmente nos dela também.

Naruto não percebeu como, mas ambos pararam, talvez por precisarem, talvez por não agüentarem mais. Olharam-se por longos minutos com os olhos arregalados, pasmos com o que acabara de acontecer, com a respiração ofegante.

–Hinata... er... eu... me desculpe por...

Os olhos da garota perderam o brilho, assim como seu sorriso, de uma hora para outra. Antes que Naruto pudesse se explicar, Sakura apareceu ali e disse:

–Ei, o que vocês dois estão fazendo aqui? Têm que terminar de pintar! Naruto, seu imcompetente!

Sakura calou-se e olhou para eles. Pareceu indignada.

–Ahn... Hinata, Neji disse que vocês precisam voltar agora para casa.

–M-mas...

–Pode deixar que eu termino o trabalho aqui.

–Ahn... Tudo bem – Hinata respondeu. Deu uma última olhada para o loiro e sumiu.

Aquele momento, mal esclarecido e constrangedor, acabou péssimo. Ou será que não acabou? Por que Sakura tinha que aparecer justo agora e estragar tudo?

–O que está acontecendo entre vocês? - a rosada perguntou tirando-o do transi.

–Nada.

–Como assim nada? Eu vi o jeito que vocês estavam.

–Estávamos pegando as tintas.

–Sei... – respondeu desconfiada.

Eles terminaram de ajudar ali rapidamente e Naruto não conseguia tirar Hinata da cabeça. Foi para sua casa e lá tomou um banho relaxante, penteou os cabelos, perfumou-se e vestiu o seu quimono roupão azul escuro simples e as sandálias. Estava pronto e nervoso, não sabia se aquilo era suficiente, mas já havia decidido, ele iria abrir seu coração para Hinata naquela noite. Ele teria de um jeito ou de outro olhar nos olhos perolados e dizer que a amava. Talvez até comprasse algo para ela, falaria coisas que ela gostaria de ouvir.

A lua estava cheia e branca lá fora, como uma moeda de prata iluminando o caminho. Chegando perto das lojas, tudo estava mais iluminado ainda. Todos os comerciantes da Folha capricharam, os cheiros vindos das barracas eram melhores que o de qualquer festival que Naruto já fora. Olhava para os lados sem saber onde parar primeiro. Encontrou os amigos em algumas das barracas, mas não se prendeu à nenhum deles aquela noite. Precisava ficar um pouco sozinho para pensar e também para ter tempo de comer de tudo. Comeu no Ichiraku, já que tudo era de graça por causa da comemoração. Comeu espetinhos, experimentou bebidas novas, não alcoólicas, mesmo na festa Tsunade não liberava.

Tudo estava perfeito e ficaria ainda mais. Naruto sentiu-se tão bem naquela festa, que a confiança veio e sentiu-se novamente o Naruto que ele mesmo conseguia reconhecer. Passou numa loja e viu algo que lhe interessou. “Podia dar isto para Hinata...” , pensou consigo mesmo. E entrou com passos determinados ali.