Antes de deixar Hinata em casa na noite anterior, ele sentiu que era necessário falar alguma coisa.

“-Hinata... Me desculpe se estou agindo de forma estranha recentemente. Eu te amo mais do que tudo e quero que fique ao meu lado para sempre. As vezes um relacionamento é difícil, mas, sei que nosso amor é maior que essas brigas e inseguranças.

–Naruto... eu nem sei o que dizer, eu te amo...”

As palavras retumbavam na mente do loiro que acordava de mais uma noite mal dormida. Sentou-se na cama e olhou pela janela, ele sentia-se estranho. Não fazia mais o que constumava fazer, sentia falta de sair com os amigos e ser ele mesmo, com suas piadinhas a qualquer momento. Talvez precisasse também conversar com Kakashi-sensei, sentia que precisava de seu mestre, não só de luta, mas também de mente. Quem sabe ele lhe daria algum conselho bom ou paz de espírito ao menos?

Infelizmente, Kakashi ainda não voltara da missão, estaria atrás dos outros membros da Akatsuki?

...

Tenten estava cansada daquela situação. Ela já namorava Neji há um ano e o menino não indicava sinal de melhora. Sempre foi muito rígido e raramente era carinhoso com ela. Tenten se apaixonou pelo menino depois de entrarem para o mesmo time de Genins, mas não foi amor a primeira vista. Eles eram muito diferentes. Ela a pura desordem, ele o Sr. Certinho. Ele tinha jutsus impressionantes, ela lidava com armas. Talvez as diferenças os tivesse unido, mas agora já não bastavam mais para manter as coisas assim.

Estavam caminhando na rua, rumo ao supermercado. Compras que Neji faria sem necessidade alguma. Estava muito quente e Neji reclamava sobre o fato de Tenten nunca organizar as coisas. Vinha com o mesmo papo de sempre. “O sucesso é alcançado através da perfeição, que inclui a organização, dedicação e talento”. Neji nunca negara que Tenten tinha talento, mas falar sobre perfeição irritava Tenten, ainda mais que ele não fazia nada por ela. Não convidava para sair, não dava flores, não viajava, não se declarava, nada. Amanha é o nosso aniversario de namoro e ele não moveu uma grama, pensou a menina.

Irritada como estava e com a voz de Neji entrando no seu cérebro, gritou:

–Quer saber, Neji! Eu cansei! Você não para de falar em como eu sou preguiçosa e desleixada, mas você não é perfeito não! Fica pra cima e pra baixo com suas regras e sua mania por ser todo certinho que esquece das coisas mais importantes!

–o que você está falando Tenten?

–Acha que é só por que sou sua namorada que não precisa me conquistar, dizer que me ama? As coisas não funcionam assim. Eu pelo menos tenho o mínino de descencia e falo o que sinto!

–Tenten... Para de gritar, estamos no meio da rua...

–Não paro não! É bom que todos saibam! Eu estou farta disso Neji! Somos diferentes demais!

–Para... Por favor... Eu...

–Tudo bem, Neji! Acabou!

–Tenten! O que?

–Estou terminando com você! Entendeu agora?

A morena saiu bufando e batendo os pés, sem correr, mas andando rápido e soube que Neji não a seguiria. Ele era orgulhoso demais.

...

Sai estava acostumado a estar sempre em missões e quando não estava ficava dentro de seu apartamento. Tudo que era queria no momento era sair de Konoha. Uma parte de si repreendia o desejo, pois era covardia fugir, mas ele não suportaria ficar perambulando pela vila naquele estado emocional. Desde a última vez que visitara as fontes termais com os amigos (se é que Sai podia chamá-los de amigos) não se sentia nada bem, perdera o apetite. Os olhos teimavam em não desinchar, mas agora já podia disfarçar melhor.

Arrastou levemente a cortina e estreitou (ainda mais) os olhos devido a luminosidade. O sol se punha e dava um aspecto alaranjado lindo ao céu. Um dia perfeito para um passeio romântico, exceto pelo fato de que Sai não tinha ninguém. Bufou mal humorado e caminhou até oespelho do banheiro, olhou sua imagem caótica. Ok, ele teve que admitir, preciso de um banho. Enquanto a água quente batia em suas costas curvadas e molhava todo o cabelo e corpo.

Vestiu-se e decidiu caminhar. Como é que ele podia gostar dele? Era tão desleixado e ignorante, era desorganizado e não tinha nada em comum com ele, mas mesmo assim, mesmo que todas as evidencias apontassem contra, Sai o amava. Estava andando pelo rua, enquanto o sol se punha. Estava distraído e não percebeu quando Ino se aproximou dele.

–Oi, Sai! – disse com um largo sorriso.

Ele olhou para a loira. Estava arrumada, mais arrumada do que deveria estar no meio da semana, parecia ter um encontro com alguém. Será que ela também começaria a namorar?

–Oi, Ino – ele tentou sorrir, mesmo que , um sorriso falso. – Vai encontrar alguém?

Ela riu nervosa e ficou vermelha.

–Não, na verdade, eu queria saber se você tem um tempo para conversar...

Sai não queria aceitar, mas decidiu ser legal pelo menos uma vez. As vezes era necessário. INo começou a falar. Estavam encostados do lado de fora da floricultura de seus pais. Parecia nervosa, mas Sai decidiu não pressioná-la, respondia com naturalidade e até riu um pouco das coisas que a menina falava. Realmente, era bom ter amigos. Tudo corria bem, mas de repente, Ino começou a falar sobre ele, sobre como ele estava bonito.

Depois disso Sai não escutou muito mais, ela falava sobre como gostava dele e se nunca teria uma chance com ele. Sai voltou a pensar sobre outros cabelos loiros, olhos azuis e a voz penetrante de Naruto. Que merda! Ele não conseguia parar de pensar no garoto ridículo. Nesse momento, Ino levantou o rosto de Sai pelo queixo com a ponta dos dedos. Ele não teve reação, estava com os olhos vidrados, então, Ino avançou.

Seus lábios se tocaram rapidamente. Sai fechou os olhos por instinto, mas não retribuiu ao beijo. Não abriu os lábios, apenas acariciou os cabelos da menina por carinho e afastou sua cabeça. Como ela poderia entender? Talvez não precisasse, não estava triste. Sua expressão era confiante, mesmo naquele momento e parecia que tinha descoberto algo fabuloso sozinha.

–Ino... Não posso.

–Por que? – perguntou ela mesmo assim. – Você tem uma namorada secreta ou algo do tipo?

–Não... – ele se aproximou de seu ouvido e disse – Se eu fosse escolher uma garota, tenha certeza de você estaria no topo da minha lista.

...

Chouji saira de casa decidido, o que era raro para o menino. Ele chamaria Ino para sair, somente os dois, para um encontro. No caminho, porém, as coisas não correram como planejado. O menino estava decente, apresentável, não tinha se arrumado muito, afinal, aquele não seria o momento do encontro. Parou no meio da rua ao ver um gato e acariciou sua cabeça. Sorriu. Chouji tinha um grande coração. Quem sabe meu pai não está certo e eu mereço essa garota?, pensou ele.

Seu sorriso desapareceu antes mesmo de chegar até a floricultura. Ele viu duas pessoas ali, uma delas, ele reconheceu, era Sai. A outra, doeu ao perceber que aqueles cabelos loiros e aquele corpo escultural pertenciam a Ino. A menina estava inclinada sobre Sai, beijando-o.

Claro, como Chouji pode ser tão burro. Mais de uma vez, os olhares lançados por Ino tinham sido bem claros sobre quem ela queria e com certeza não era um menino como ele. A culpa é minha, quem mandou eu ser tão... gorducho.

...

Kiba amaldiçoava Akamaru por ser tão barulhente. Sua mãe o expulsara de casa pela noite até Akamaru parar de latir. Maldito cachorro. Ventava um pouco e Kiba colocou o capuz de seu moletom para tentar se esquentar e também para ver se sua irritação passava. O menino não entendia como todos os amigos estavam namorando, para ele, garotas eram tão frescas, não via sentido nenhum em fazer nada para elas.

Kiba tinha um segredo muito bem guardado, que foi embora junto com o traidor da vila. Ninguém nunca imaginaria que Kiba, do jeito que era gostaria de um metidinho como ele, mas era Sasuke. O moreno estava perdido em pensamentos quando viu ao longe alguém correndo, enquanto se aproximava, ele percebeu se tratar de Sai, que chorava desesperadamente.

–Ei, Sai. O que está acontecendo?

Ele não parou. Subiu as escadas do apartamento.

–Fique aqui Akamaru.

Kiba franziu a testa e seguiu o menino pálido escada acima, ele descobriria o que estava acontecendo. Quando chegou ao andar de Sai, viu que o menino tentava abrir a porta, mas suas mãos tremiam e ele não encontrava a chave certa.

–Sai, o que houve?

–Não é da sua conta, Kiba!

–Claro que é, você é frio, nunca choraria sem motivo.

Kiba lembrou-se de quando Sai chegara a vila, logo depois que Sasuke partiu. Ele pensou que esqueceria logo o Uchiha, mas na verdade estava enganado, mas com a chegada de Sai as coisas melhoraram. Ele se sentiu atraído por Sai, por mais estranho que pareça no primeiro momento e isso o ajudou a esquecer um pouco sobre Sasuke, mas aos poucos percebeu que Sai não gostava de lidar com as pessoas.

–Vai, mano conta aí!

Sai não tinha parado de chorar.

–Tá bom! Eu sou gay! Satisfeito?

Ele chorou mais ainda, enquanto Kiba arregalava os olhos. Por essa ele não esperava.

–Eu não queria ser assim, ta bom? Principalmente porque eu gosto do Naruto, mas isso vai mudar e se quiser pode me julgar, falando que sou anormal ou coisa do tipo, cansei de fingir ser quem não sou.

Ah, então ele não sabia sobre Kiba. O sentimento de Kiba sobre o menino pálido à sua frente voltou, ele sentia que finalmente tinha uma chance de estar com alguém que amava, mesmo que ninguém pudesse saber, mesmo que por baixo dos panos, ou melhor cobertores, pensou Kiba. Ele se aproximou de Sai que tinha as mãos no rosto tentando esconder o choro e o abraçou.

Kiba era pelo menos uns dez centímetros mais alto que Sai e tinha ombros bem mais largos. O menino era frágil e forte, mas magro e parou de chorar, talvez por susto, talvez por aconchego, Kiba não soube dizer.

–Eu acabei de falar que sou gay e você está me abraçando?

–Fique tranqüilo, Naruto é um idiota, estou só tentando te acalmar. Não vou contar pra ninguém. Agora, me de as chaves que eu abro para você e vou embora depois de te preparar um chocolate quente.

Sai tinha olhos arregalados no momento, mas Kiba sorriu para ele.

...