50 tons de... escrita por Kaline Bogard


Capítulo 1
Parte 01


Notas iniciais do capítulo

Importante: fanfic oferenda para Evil Kitsune, que terrivelmente me ameaçou de... er... quer dizer... gentilmente me convenceu a escrever sobre esse novo fandom. Pra você, Satan! Por que eu te adoro e você é uma pessoa especial na minha vida desde que nos conhecemos!!

Além disso:

1- Não foi betada
2- Não tem lemon, mas se tivesse seria NaruSasu
3- Personagens podem estar meio OOC, tentei ser fiel, mas não sei se consegui.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421333/chapter/1

50 tons de...

Kaline Bogard

Parte 01

...muito desespero

Os olhos negros observaram o prédio por um longo tempo. Não podia acreditar que realmente estava parado ali, depois de todos os anos afastado, esquecido do passado.

A dúvida e recriminação passavam por sua mente, cobrando o que diabos estava fazendo ali... por que, por tudo que era mais sagrado, mudara de idéia pela... o quê? Centésima? Milésima vez?

E ali estava ele.

O primeiro pensamento ao receber o convite fora de incredulidade. Acabara de chegar ao apartamento, cansado de mais um dia na empresa, quando passara pela recepção e o funcionário lhe entregara o grande envelope. O convite de reunião pelos dez anos de formatura do Ensino Médio.

Dez anos...

O tempo passara rápido demais!!

O impulso foi o de jogar o envelope no lixo, sem ao menos abri-lo. Mas mudou de idéia. Levou o convite para o apartamento e aí sim, seu tormento começou.

A data da festa estava marcada para dezembro, por que era época de feriados e a única em que todos os ex-alunos podiam se encontrar. Para Uchiha Sasuke a reunião era pura perda de tempo. Ele tinha partido de Konoha logo após a formatura e nunca retornara.

Não voltaria agora, depois desses longos anos.

Por que iria a reunião? Talvez para rever os velhos amigos, saber como estavam, o que faziam da vida depois de perderem o contato. Claro que voltar significava enfrentar uma tonelada de coisas mal resolvidas das quais fugira. Era enfrentar o olhar de todos e, sabia bem, ser julgado por...

Sua atual condição, adquirida desde que nascera, evidentemente, veio com força a sua mente. Seria embaraçoso! Definitivamente não iria.

Mas o convite não saiu de sua mente. Ele afirmava a si mesmo categoricamente que não queria ir, que seria ridículo e perda tempo. Mas no fundo uma irresistível vontade de ir a festa o seduzia.

Foi uma das maiores guerras que Sasuke travou contra si mesmo. Ir ou não ir, eis a questão.

No fim das contas resolvera tomar o avião e voltar para Konoha, afinal, ele sempre podia usar um chapéu...

NaruSasu

E ali estava ele, recém descido do táxi que sumia a distância, virando no fim da rua. Os olhos negros observavam o prédio do colégio, todo decorado com motivos natalinos, luzes coloridas e brilhantes. Sasuke podia sentir a movimentação lá dentro, provavelmente no ginásio, onde a tradição dizia que o jantar devia ser realizado.

Lembrou-se da época em que estudava ali e fantasiava que voltaria para essa festa de comemoração da formatura, como outras turmas retornaram antes de si.

Era loucura. Nada saíra como imaginara.

Balançou a cabeça com força. Ia dar o fora dali, aproveitar que ninguém o vira ainda. Isso. Uma saída muito digna a qual o Sasuke de dez anos atrás nunca recorreria. Ou melhor, recorrera, não? Afinal ele deixar tudo para trás...

Apertou as mãos dentro dos bolsos do casaco azul marinho. Neve caia fracamente pintando o tecido grosso com pontinhos brancos, assim como a touca estilo russo que cobria a maior parte dos fios de cabelo negros.

Isso.

Iria embora e fingiria que aquilo nunca acontecera.

Deu meia volta para cumprir a decisão quando ficou lívido. Deu de cara com outro homem que chegara em silencio e o observava, sabe-se Deus há quanto tempo. O recém chegado tirou uma mão do casaco cenoura e acenou.

— Yo...

Sasuke não respondeu. Os olhos negros foram do rosto sorridente para o gorro de lã que Uzumaki Naruto usava e de volta para a face gravada em sua memória desde sempre e que pouco mudara nesses dez anos.

Os dois ficaram se encarando por alguns instantes. O moreno compreendeu um pouco o porquê de ter vindo àquela noite. Por todos os dez anos estivera preso ao passado, incapaz de seguir em frente, como se houvesse presa a si uma ancora pesando toneladas e o impedindo de continuar com a vida. E o nome dessa maldita ancora era “esperança”. Por isso voltara a Konoha...

O silêncio prosseguia inalterado até Sasuke respirar fundo e menear a cabeça. Mas antes que dissesse alguma coisa o loiro se adiantou:

— Melhor entrar logo.

— Foi uma péssima idéia...

— KYAHHHH!! Sasuke kun!! – a voz conhecida interrompeu Sasuke e chamou a atenção dos dois. Ambos viraram-se na direção de uma mulher de cabelos curtos e rosados, que vinha usando um casaco vermelho, gorro de lã rosa e acenava com a mão enluvada.

— Sakura chan, eu estou aqui também – Naruto apontou para o próprio rosto.

— Tsc... você eu vejo todo dia, idiota – ao aproximar-se dos rapazes voltou-se para o moreno que apenas observava em silêncio – Mas o Sasuke kun estar aqui é uma agradável surpresa.

Uchiha percebeu que os cabelos da garota estavam mais curtos do que ela costumava usar pela época da formatura. Impressionante como tinha mudado tão pouco! Pensando bem, Naruto também mudara pouco...

Mas Sasuke sabia que de todos, ele era o que menos mudara.

Antes que colocasse seu plano de fugir ali em ação Naruto agiu como o impulsivo dos velhos tempos e enganchou um amigo em cada braço e saiu arrastando os dois para dentro do colégio.

— Vamos virar picolé se ficarmos aqui!!

— Ei, não precisa me arrastar! – Sakura reclamou.

Sasuke até pensou em protestar, mas perdeu a voz ao ver o prédio da escola se aproximando cada vez mais. Uma pontinha de desespero começava a nascer em seu coração, fazendo-o bater mais rápido e forte. Quando atravessaram os portões a sensação foi de que a noite seria uma tragédia total...

NaruSasu

A quadra de esportes estava toda decorada com motivos natalinos, mas apesar dos enfeites era exatamente como Sasuke se lembrava.

— Aqui – Sakura aproximou-se de uma espécie de cabide adaptado ao longo da parede, onde todos os convidados iam colocando os casacos e os chapéus.

A moça tirou o casaco vermelho e a touca, assim como Naruto. Quando ambos se voltaram para Sasuke, ele apenas deu de ombros.

— Estou bem assim.

O loiro ergueu as sobrancelhas e pareceu prestar mais atenção na touca russa que o rapaz usava. A vigilância extra deixou Sasuke desconfortável.

— Parece que a maioria dos ex-alunos já chegou! – Sakura soou animada, então o sorriso diminuiu um bocado – Toda vez que eu olho pra Jiraya sensei me surpreendo. Ele ta sempre com a mesma cara!

Naruto riu alto, enquanto Sasuke percorria o salão com os olhos. A amiga de infância estava certa. Podia reconhecer todos os rostos presentes no salão. Lembrava-se exatamente quem tinha cursado o Ensino Médio nas mesmas classes que a sua. Memória impressionante.

Havia uma longa mesa, cheia de quitutes de natal, onde os ex-alunos se sentariam, e uma mesa menor, para os professores que tinham ministrado aulas nos três anos do curso e convivido com aqueles jovens adultos que se reencontravam.

— E o que tem feito, Sasuke kun? – Sakura perguntou enquanto os três entravam mais pelo salão – Aposto que trabalha na empresa Uchiha.

— Sim – o rapaz respondeu estóico. Não era segredo para ninguém que se juntaria ao irmão na empresa de consultoria da família, uma firma que prestava serviços terceirizados a organizações multinacionais. Um cargo que obrigava Sasuke a viajar para várias partes do mundo e que o levara para longe de Konoha. Percebendo que havia se distraído, o moreno olhou de Sakura para Naruto, subitamente curioso – E vocês?

— Eu me casei! – a garota respondeu – Agora cuido da minha filha e da minha casa.

— Eu sou professor! – Naruto respondeu com um sorrisão.

— O quê?! – o moreno não podia acreditar no que ouvira.

— Eu sou professor – repetiu divertido com a surpresa de Sasuke – Dou aula aqui nesse colégio mesmo.

— É verdade! Quem diria que esse idiota ia virar professor? Ele dá aulas pra minha filha... – Sakura pensou um pouco antes de continuar – Mas ele é professor de Educação Física, então não vai ser um grande estrago para as crianças.

— Ei! – Naruto protestou emburrado. O jeito amuado do loiro era tão falso que arrancou um sorriso de Sasuke. Ver o moreno sorrir aumentou ainda mais a alegria de Naruto. Ele aproveitou a abertura e aproximou-se um passo – Ne, Sasuke... por que não tira essa touca...?

A pergunta fez o sangue do rapaz gelar. Ele ficou desconfortável e os outros dois perceberam isso. Só então Sakura pareceu notar esse detalhe e agitou-se.

— Sasuke kun... não pode ser...

— Ei, seus malditos!! – uma voz conhecida quebrou o clima tenso e de expectativa, desviando o foco do assunto – Eu sabia que viriam!!

— Kiba!! – Naruto trocou um soquinho de punho fechado com o amigo. Notou que ele vinha junto com Ino e acenou para a garota.

— Olha só... Sasuke kun e os dois perdedores! – a loira provocou de brincadeira, como nos velhos tempos – E ai, Testuda?

Sakura sorriu torto entrando no clima.

— Porco é o prato principal no natal. Isso é canibalismo, Ino chan...

As garotas deram um riso forçado ao mesmo tempo, fingindo irritação. E em seguida trocaram um abraço. Vendo a movimentação toda Hinata e Neji aproximaram-se do grupo.

Todos eles tinham estado na mesma sala na época da formatura: o famoso terceiro ano B, que botava o terror no colégio todo. Não havia classe que não conhecesse os trinta alunos daquela sala.

— Fiquei surpreso com algumas pessoas que vieram – Neji revelou enquanto lanceava o olhar pelo resto do salão, evitando mirar Uchiha Sasuke.

— Já falei com Kakashi sensei, Iruka sensei e Jiraya sensei. Ouvi por aí que Tsunade sensei vai fazer o discurso dessa noite – Ino afirmou e continuou conversando com Sakura.

— Ahhhh – Kiba respirou fundo, desinteressado do assunto. – Naruto, to te achando muito quieto.

Despertando de seus devaneios, o loiro agitou uma mão descartando o que fora dito.

— Não, não é nada.

Sasuke apenas acompanhava tudo. As coisas estavam indo bem, não devia ter sofrido tanto em vir. Era bom reencontrar velhos conhecidos e, além disso, podia apostar que o próximo assunto seriam as aventuras e trapalhadas do passado. Relembrariam tudo o que o terceiro ano B tinha aprontado antes de se formar. Não seria tão ruim assim. Esse era o pensamento do rapaz, tentando se tranqüilizar.

Ledo engano.

Parecendo perder o interesse em Naruto, Kiba voltou os olhos matreiros na direção de Sasuke. A única coisa mais maldosa que o brilho nas orbes escuras era o sorriso torto nos lábios finos.

— Ei, Uchiha... qual é a dessa touca aí?

A pergunta teve o dom mágico de silenciar a conversa na rodinha. Todos os olhos voltaram-se na direção do moreno que sentiu aquela pontada de desespero voltar com força total. Ele devia ter ficado em casa.

— Nada que seja da sua conta – respondeu de mau modo.

— Ui... – Kiba provocou – “Ela” se irritou...

— Não seja chato, Kiba – Naruto interrompeu a provocação.

— Isso é uma festa – Sakura emburrou – Não vão estragar tudo!

— Não, não – Ino sorriu de forma suspeita – Cala a boca, Testuda. Isso é interessante.

— Cala a boca você, cara de porco!

As garotas se encararam, trocando raios no olhar. Mais um pouco começariam a rosnar e aí sim seria como nos velhos tempos.

— Shikaramu e eu temos uma teoria – Deidara, que estava no grupo ao lado, foi falando enquanto chegava atraído pela curiosidade e foi empurrando Sakura e Ino sem consideração alguma, para entrar na rodinha.

Sasuke trincou os dentes tentando conter a raiva. Mais uma palavra sobre aquele assunto e alguém ia acabar com a cara roxa.

Mas não eram aquelas crianças do passado e a expressão de frieza de Uchiha não assustava mais ninguém. A prova disso foram as próximas palavras de Kiba.

— Cinqüenta pratas para quem tirar a touca do Uchiha! – falou num tom alto o suficiente para silenciar as rodinhas mais próximas. Então repetiu – CINQUENTA PRATAS PRA QUEM TIRAR A TOUCA DO UCHIHA!!

Pronto. Agora o salão inteiro olhava Sasuke como se ele fosse a atração da noite. Não pelo valor que Kiba oferecia, irrisório até. Mas pelo desafio, pela diversão. Todos os ex-alunos das cinco classes que se formaram dez anos atrás cogitavam aceitar ou não aquela provocação.

Deidara foi o primeiro a se mover. Ele esticou a mão tão rápido quanto um gato dá o bote num ratinho. Porém Sasuke moveu-se ainda mais veloz e desviou da investida. O troco não se fez esperar: o punho de Sasuke acertou o nariz de Deidara em cheio, fazendo o rapaz enxergar estrelas dentro do salão.

Um burburinho tomou o salão na mesma velocidade que o desespero consumiu Sasuke. Ele viu que Deidara não era o único que se atreveria a tentar pegar sua preciosa touca russa.

Nos velhos tempos... nos bons e velhos tempos um olhar de Sasuke seria suficiente para manter todos a uma distancia segura. Porém as coisas tinham mudado. Não eram mais crianças e ninguém tinha medo dele.

Mas o que transformou o desespero em horror foi captar um movimento a sua direita. Ele virou a cabeça e flagrou Naruto dando um passo a frente.

Naruto.

Isso destruiu qualquer vontade que Sasuke pudesse ter de enfrentar a situação. Os dois amigos de infância se fitaram durante uma breve fração de segundo. Então o moreno fez algo que nos bons e velhos tempos jamais faria.

Bons e velhos tempos. Tempos que não existiam mais.

Ele aproveitou a brecha que um Deidara ainda tonto abriu e correu para longe dali.

Kiba deu um sorriso tão cheio de dentes que faria um tubarão sentir inveja.

— AUMENTO PARA CEM PRATAS!! – gritou.

E a confusão estava armada.

Continua...

Os professores assistiram aqueles alunos, homens e mulheres adultos, debandando do ginásio como crianças correndo atrás de doce. Acabaram de se acomodar na mesa destinada a eles sem pressa. Jiraya sensei levantou a tampa de uma das tigelas e aspirou o aroma. Cheirava muito bem.

— Tomara que esses pirralhos não demorem – reclamou.

Kakashi sensei riu um pouco, então inclinou a cabeça na direção de Iruka sensei, sentado ao seu lado e estendeu a mão.

— Me deve dez pratas.

— Tsc – o professor resmungou, puxando uma nota e entregando para Kakashi – Pensei que nessa turma fosse a Hinata...

O misterioso professor de cabelos claros não respondeu. Todos os anos algum coitado tinha que passar pela provação do chapéu. Todos os anos apostava com Iruka sobre quem seria a vítima. E sempre vencia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yo! Aqui estou eu em um fandom novo. Acho que eu cansei de ficar muito tempo escrevendo sobre uma coisa só (foram dez longos anos escrevendo sobre Weiss Kreuz).

Dessa vez a culpa dessa fanfic ter sido escrita é da Evil Kitsune. Eu devo 15485685525662 oferendas para ela, mas a mestra disse que perdoa 20 se eu escrevesse uma de Naruto.

E aqui estamos nós.

A parte 02 (que é a última) vem segunda feira que vem! Até lá!!

—--

PS: Gostaria de agradecer a alexdinhohd que me avisou que os links das imagens estavam quebradas! Acho que agora arrumou. Valeu!