Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 5
Você não sabe


Notas iniciais do capítulo

Katniss tem um plano, mas nem todos os planos são bons...



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Rue pela sétima vez retoca seu batom no espelho. Ela está linda, tenho que ficar de olho para que nenhum garoto com más intenções se aproxime dela. Não vou deixar que nenhum outro Marvel entre em sua vida novamente, não enquanto eu estiver por perto.

– Passe este batom, Katniss – ela me entrega um dos batons que trouxe com ela. – Nem acredito que vamos a festa de Gale, já ouvi tanto sobre estas festas!

– Ah, Rue é só uma festa! Música barulhenta, pessoas se esfregando uma nas outras... Isso com certeza resume as festas de Gale – falo me olhando no espelho.

Estou vestindo uma minissaia, uma blusa com alças e uma sandália com um enorme salto alto. Rue fez uma maquiagem em mim, e soltou meus cabelos. Estou estranha, não me sinto eu. Por que eu tinha que inventar de ir nesta festa? No entanto, eu preciso testar meu “querido” tutor... Ver qual é o seu limite. Eu já representei vários papéis, a garota que começou a aceitar seu tutor, a que está tentando conviver bem com ele, a que é fácil de enganar. Qual papel irei representar, hoje?

– Vamos! – diz Rue, saindo do meu quarto.

Acompanho Rue. No entanto, antes que possamos sair de casa, encontrarmos meu querido tutor na sala.

– Katniss... – ele me olha. – Que horas você vai voltar?

– Não sei... – dou os ombros. – Talvez, quando a festa terminar...

– Vou te buscar.

O olho, no primeiro momento minha intenção é de recusar esta oferta, e me fazer de ofendida. Porém, acabei de ter uma ideia sobre o papel que irei representar hoje...

– Como quiser – digo. – Vamos, Rue – quase arrasto Rue que não para de babar em cima de Peeta.

– Como ele pode ser tão lindo... – fala quando saímos da casa.

– Vamos nos atrasar, Rue.

Rue ri.

– É uma festa. Ninguém liga se você vai chegar ou não atrasado.

– Eu sei que não, mas tenho planos para esta noite... – sorrio.

– Planos, que planos? – pergunta, me analisando.

– Apenas planos... – respondo laconicamente.

Eu estava complemente certa a respeito da festa de Gale, música alta, pessoas se esfregando uma nas outras e... muita... muita... bebida. Ótimo, meu plano vai ser perfeito.

– Katniss! Rue! – Gale grita, já que é impossível falar em um tom normal e ser escutado neste lugar. – Vocês vieram! Estou surpreso! Você disse que não gostava destas coisas – diz imitando meu tom de voz de nossa conversa desta tarde na livraria.

– Resolvi estudar o modo de vida de... – olho para ele. – Pessoas como você, Gale – respondo de maneira debochada.

– E o que aprendeu em seu estudo? – fala divertido.

– Por enquanto, que eu estava absolutamente certa sobre tudo aqui – olho ao meu redor.

– E sobre o que você estava certa? – pergunta Gale, me olhando.

– Que lugares assim combinam exatamente com pessoas como você... – sorrio.

Gale ri, e se prepara para fazer outra pergunta. Mas é interrompido por uma bela loura que se joga praticamente em seus braços lhe dando um beijo que o impede de pronunciar qualquer silaba.

– Vejo como as coisas funcionam aqui – murmuro.

– O que foi, Katniss? – diz Rue retirando seu olhar de um pelo louro que ri para ela e voltando sua atenção para mim.

– Nada – respondo. – E você, Rue, não fique dando muita corda para a conversa destes caras... Você sabe o que eles querem...

Rue ri.

– Vamos dançar, Katniss! – diz ela pegando em minha mão.

– Não, Rue, você sabe que eu não sei dançar.

– Mas ninguém aqui sabe, basta você se mexer e fingir que está seguindo o ritmo da música...

– Não... – olho para uma espécie de bar que fica em um canto da sala. – Tenho outros planos...

– Você quem sabe – ela sorri para o louro e vai para uma espécie de pista da dança improvisada que está no meio da imensa sala.

Vou para o bar, um dos empregos de Gale serve bebidas. Peço um copo de vodka. Nunca bebi antes. Respiro fundo, lembro que preciso atormentar meu tutor “preocupado”. Ele terá uma bela surpresa quando vier buscar sua “querida” pupila e a ver bêbada. Sei que é loucura, mas preciso testar Peeta de todos modos, encontrar seu ponto fraco, e para isso estou disposta a fazer tudo, até mesmo ser uma bêbada hoje. Com apenas uma tragada entorno todo o conteúdo do copo em minha garganta. Isso é horrível! Mas eu preciso seguir adiante com isso, peço mais outro copo de vodca, e mais outro, e outro... Passo a noite entre beber, observar Rue dançar com o louro, e ver Gale beijar quase a metade das garotas da festa.

Gale se aproxima do bar.

– Katniss, você passou a festa inteira aí? – questiona.

– Passei – digo.

– O que você tem, algum bicho te mordeu?

– Por quê? – o encaro. – Uma garota não pode beber?

– É claro que uma garota pode beber – fala com sua voz sedutora. – Mas Katniss Everdeen bebendo é um evento que apenas uma vez a cada mil anos acontece.

Rio.

– O que foi?

– Você é engraçado.

– Eu sempre fui divertido, você é que nunca reparou nisto – responde Gale.

Nós dois damos gargalhadas. Minha mente está confusa, eu não sei o que estou fazendo direito. Percorro meus olhos pela festa, até que meu olhar se detém em uma cabeleira loura. Lá está ele, percorrendo os olhos pela sala, sei o que seus olhos querem. Peeta Mellark você vai ter uma surpresinha.

Olho para Gale que ainda ri. Sem pensar no que estou fazendo, salto sobre os lábios de Gale. Isso é estranho, estou beijando Gale Hawthorne, o cara que sempre desprezei por ser o maior galinha que existe. No começo o corpo de Gale está tenso, porém logo ele relaxa, passando seus braços por minhas costas, e me puxando contra seu corpo.

Até agora eu apenas beijei um cara. Não me lembro de seu rosto, e nem de seu nome. Meu primeiro e único beijo, aconteceu quando eu tinha treze anos e Rue me arrastou para uma festa. No meio da festa algumas pessoas resolveram organizar uma espécie de jogo de verdade e consequência. Quando chegou a minha vez uma garota me desafiou a beijar um garoto que estava ao meu lado, e assim fiz. Foi horrível, senti apenas o gosto de baba. Trocar saliva com outra pessoa para mim não foi tudo menos bom.

O beijo de Gale nem de longe se compara com meu primeiro beijo. Ele é até bom, seus lábios são macios. Porém, não sinto nada. Mas o que eu deveria sentir quando beijo um cara?

Entreabro meus lábios e sinto a língua de Gale indo parar dentro da minha boca. No entanto, isso não dura muito.

– Katniss! – uma voz me chama.

Retiro meus lábios dos de Gale.

– Ah, é você! – quase grito.

– Você não acha que já passou da hora de voltar para a casa? – diz Peeta, passando a mão por seu belo cabelo louro.

– Mas já... – digo. – Agora que estava ficando legal.

– Você bebeu? – diz ele se aproximando de mim.

– Só um pouquinho – respondo.

– Só um pouquinho? Você está caindo de bêbada! – fala exaltado. – E você é um irresponsável – aponta o dedo para Gale. – Deixar uma garota menor de idade beber desta maneira. Mas eu sei o qual era seu plano e eu não vou deixar isto acontecer!

– Ei, cara, ela bebeu porque quis – diz Gale.

Peeta ri.

– Vamos, Katniss, não vou discutir com um garoto irresponsável.

– Mas eu não posso ficar só mais um pouquinho? – uso uma voz de garotinha.

– Não! – ele está exaltado.

Peeta me olha, fazendo uma careta de aborrecido se aproxima de mim. Ele passa a mão por minha cintura e praticamente me arrasta consigo. Peeta me leva até seu carro. Em menos de cinco minutos estou na porta de casa.

– Ei, Katniss, já chegamos – fala Peeta.

– Estou tonta – digo, saindo do carro.

Quando percebo estou vomitando todas as triplas no jardim de minha casa. Sinto o toque de Peeta em minhas costas. Ele segura o meu cabelo.

– Eu poderia te dar uma bronca – seu tom não é nada amigável. – Mas sei que amanhã você não vai lembrar nada.

Por fim consigo parar de vomitar. Estou exausta me sento no gramado. Peeta me olha interrogativo.

– Por que você é assim, Peeta? Por que você tinha que aparecer em minha vida? Minha vida já não é triste o suficiente, problemática o suficiente, para ter mais um problema para me preocupar? – grito.

Ele se senta perto de mim.

– Por que, Peeta? Por quê? Ninguém nunca me amou! Nunca! Por isso eu não preciso de amor! Porque eu não sei o que é amor! Não se pode precisar de uma coisa que nunca se têm – grito cada vez mais forte. – Mas você não me convence com seu papo de que deseja me dar amor. Não – rio. – Você é uma farsa, Peeta, uma farsa. Você não sabe a dor que eu sinto aqui – bato em meu coração. – Não sabe! Não sabe como é solitário estar cercado por pessoas que só querem seu dinheiro, que só estão com você não por quem você é, mas por sua conta bancaria. Não sabe como é doloroso ser julgada por sua conta bancaria. Você não sabe como é nunca ter alguém que realmente goste de você. Você não sabe como é doloroso nunca receber amor nem de seus pais! Você não sabe de nada! – começo a esmurrar o peito de Peeta com toda a força que tenho.

Ele nada faz apenas deixar que eu bata nele sem pestanejar. Estou exausta, uma lágrima começa a escorrer por minha face. Sinto os braços de Peeta que me envolvem. Peeta faz com que eu encoste minha cabeça em seu peito. Ele acaricia meus cabelos. A última coisa que lembro é eu sendo carregada pelos braços de Peeta.

Lentamente abro meus olhos, porém a claridade do meu quarto faz com que os feche rapidamente. Aos poucos as imagens da noite de ontem vêm a minha mente. Plano estúpido, idiota. Esta foi a ideia mais ridícula que tive em toda a minha vida. Eu não medi as consequências de meus atos e como resultado, expus meu lado frágil, um lado que ninguém nunca viu antes. E eu dei este trunfo para meu inimigo. Minha cabeça dói, todo o meu corpo dói. Sinto um gosto horrível na boca, um gosto amargo. Tento mais uma vez abrir meus olhos. No entanto, me detenho, a claridade só piora a situação. Começo a me mover, preciso levantar desta cama. Não faço a mínima ideia de que horas são. Meus movimentos são detidos, sinto algo perto de mim. Abro meus olhos. Ao meu lado está Peeta dormindo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E do que aconteceu com a Katniss?