Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 24
Eu preciso de amor


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Jubs Hudson e a Nathy que fizeram recomendações simplesmente lindas para a fic. Muito, muito, muito obrigada, meninas!!!
E aqui estamos com o último capítulo. Não se esqueçam que ainda tem um EPÍLOGO!!! E adorei ler as teorias de vocês sobre o que aconteceu com a Kat, quem é o menino... Será que vocês acertaram? Vocês vão descobrir agora!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421325/chapter/24

Gale brinca com o garotinho. O menino ri com as expressões engraçadas que ele faz.

– Está muito pensativa, hoje, hein, Katniss?

Sorrio para a mulher loura que senta ao meu lado.

– Um pouco, Madge...

– Aposto que está pensando nele...

– Em quem?

– Você sabe... um certo inglês...

– Errou! – digo.

– Droga! – diz em um tom brincalhão. – Mas tenho que certeza que era em um homem... – diz esperançosa.

– Hum...

– Sabia! – diz vitoriosa. – Pobre Jimmy – lamenta. – Mal teve tempo de entrar em seu coração... e já está sendo trocado por outro...

– Madge – a repreendo. – Falando assim até parece que sou uma arrebatadora de corações....

– E não, é?

– Claro que não! – contesto.

– Não era isso que pensavam os pobres garotos que você deu o fora – ri. – E eu que pensei que o Jimmy havia finalmente roubado seu coração...

– Sabe que não... Além disso, eu e Jimmy só saímos por alguns meses.

– Alguns meses e o rapaz já queria casar com você!

– Jimmy é apenas apresado demais...

O garotinho louro vem em direção a Madge, dando-lhe um longo abraço.

– Rory, acho que você nunca vai ganhar um amiguinho da tia Katniss.

– Não? Por que, tia? – pergunta.

– Porque a tia Katniss está muito feliz sozinha – digo sorrindo para Rory. – Fala para a mamãe parar de tentar arranjar namorados para a tia Katniss, Rory. Além disso, sua mãe em breve vai lhe dar uma irmãzinha...

Madge está grávida de uma menina. Seu nome será Posy. Ela disse que terá lindos cabelos negros e olhos azuis. Bem, da última vez, Madge acertou na descrição de Rory, dizendo que ele teria os cabelos da mãe e os olhos do pai.

Rory me olha curioso. Mas logo esquece, ao ver o livro que Gale tem nas mãos.

– O papai pegou o livro para você, mamãe. Você lê muito, hein!

– Fazer o quê, filho? – diz Madge fazendo uma caricia no cabelo do filho.

Rory é cara do pai, Gale, herdou seus olhos cinza, seu sorriso; de Madge herdou seus cabelos dourados. Talvez, um dia ele também se transforme em um Casanova arrebatador de corações.

Madge e Gale estão casados há mais de sete anos. Foi uma espécie de amor à primeira vista.

Madge era minha colega de quarto, quando eu estudava em Oxford na Inglaterra.

Gale a conheceu através de mim. Depois que eles se conheceram, não paravam de falar um no outro.

– Seu pobre pai sempre teve uma queda pelas intelectuais – diz Gale para o filho. – Cuidado, filho, para não se apaixonar por uma!

– Não diz isso para ele – repreende Madge. – Rory, as intelectuais são as melhores! Ainda vou te apresentar muitas intelectuais.

– Filho, você está perdido. Sua mãe vai apresentar outra estudiosa da literatura como ela...

– Com certeza! – diz Madge rindo.

Rio com a cena. Os três formam uma família feliz.

Meu celular começa a tocar. Olho para a tela.

– O único homem da minha vida está me ligando! – digo.

– Cinna – diz ela.

– E quem mais seria? – falo enquanto atendo ao celular.

Cinna é meu orientador de doutorado. Estou terminando minha tese. Agora ele vive no meu pé.

Acabei me formando em psicologia. Talvez, eu tentava entender a mim mesma, por isso decidi pelo curso.

Cinna ama seu trabalho. É uma das coisas que mais admiro nele. Ele é uma mente brilhante, sabe como ninguém cuidar de seus pacientes. Quando eu o conheci, ele foi meu grande refúgio, me compreendeu como jamais ninguém havia me compreendido.

Falo com Cinna, que está acertando os últimos detalhes de minha tese.

– Sua tese já está pronta? – questiona Madge após eu desligar o celular.

– Quase... ainda falta resolver alguns detalhes.

– Katniss... Vai continuar morando na Inglaterra após terminar sua tese ou vai voltar?

– Ainda não sei... Cinna me indicou para dar aulas em uma universidade em Londres e ainda tem o consultório...

Atendo em um pequeno consultório na Inglaterra, juntamente com Cinna.

– Mas também estava pensando em fazer meu pós-doutorado na Sorbonne... É, talvez, eu vá viver em Paris por algum tempo.

– Você adora mesmo morar em outros países!

Sorrio.

Durante estes doze anos, já morei em vários países diferentes e fiz inúmeras viagens para outros países. Conheço a Europa inteira e parte da África e da Ásia melhor do que meu próprio país. A verdade é que sinto esta necessidade de mudar, de conhecer lugares diferentes. Não gosto de ficar em um mesmo lugar por muito tempo.

Me despeço de Madge e Gale.

Volto para meu apartamento. Ele foi um dos presentes que meu pai, Haymitch, deu a minha mãe. O apartamento é bonito, elegante, com uma ótima localização.

Caminho até a sacada. Em frente ao prédio há um pequeno parque. Apesar do frio, algumas pessoas sentam-se na grama e aproveitam o frio do final de tarde.

Fecho os olhos e deixo o vento frio acariciar meu rosto. Os dias frios me trazem tanta nostalgia, deve ser por isso que estou assim, nostálgica.

Não sei por que voltei. Passei doze anos fugindo daqui e agora voltei...

Pensei que depois de doze anos minhas memórias estariam borradas. No entanto, elas estão mais vivas do que nunca.

O frio aumenta. Resolvo entrar.

Preciso voltar a estudar para a minha tese. Entretanto, não estou com muito animo para fazer isso agora. Começo a mexer em algumas revistas. Uma das revistas é sobre arquitetura. Folheio ao acaso, mas me detenho em uma das páginas. Lá está ela, sorrindo, Rue. Ela se formou em arquitetura e agora é uma jovem e promissora arquiteta. Sempre que podemos nos falamos. Porém, ultimamente, não temos nos falando muito, Rue está ocupada com sua empresa de arquitetura e eu como minha tese de doutorado.

Quando eu decidi ir estudar em um colégio interno na Suíça, Rue me questionou muito sobre minha decisão. No entanto, não disse a verdade a ela, apenas que gostaria de estudar naquele colégio. Nunca contei a ninguém o real motivo de eu ter ido estudar na Suíça naquela época.

Cato e Glimmer desapareceram no mundo. Nunca mais soube qualquer notícia deles... Devem ter continuado a levar a mesma vida de sempre.

Resolvo sair para dar um pequeno passeio. Aproveitar o sol de final de tarde, já que hoje não conseguirei trabalhar em minha tese.

Pego meu casaco e saio ao acaso.

Não sei ao certo como, apenas que meus pés me levaram até aos arredores de Panem.

Como vim parar aqui?

Estou ficando louca.

Começo a me afastar do imenso prédio.

Mas... meus pés se detêm.

Meus olhos se detêm naqueles olhos azuis que por tanto tempo me perturbaram.

Apesar de já ter se passado mais de doze anos, ele ainda continua o mesmo, talvez um pouco mais sexy e charmoso, traços adquiridos com a idade. Ele já não é mais o cara de dezenove anos que eu conheci, agora ele é um homem de trinta e um anos.

Depois que deixei aquele bilhete, viajei para a casa da praia. E por meio de Chaff anunciei minha decisão de ir estudar na Suíça, em um colégio interno.

Peeta atendeu meu pedido e não me procurou. Ele continuou sendo meu tutor até eu que adquiri a maioridade. No entanto, nunca nos cruzamos, tudo foi feito por meio de procurações.

Depois da Suíça fui estudar em Oxford na Inglaterra, morei em outros países, viajei pelo mundo, conheci pessoas, lugares...

Peeta, como desejou meu pai, tornou-se o único dono de Panem. Atualmente, ele é um jovem bem sucedido empresário. Herdou de Haymitch o talento para os negócios. Panem em suas mãos cresceu muito, é uma das empresas mais importantes do país. E está se tornando uma das empresas mais importantes do mundo.

O segredo de ele ser o herdeiro Everdeen nunca foi revelado ao mundo. Peeta continuou sendo Peeta Mellark.

Apesar de ser um jovem bem sucedido, preferiu levar uma vida discreta. No entanto, vez ou outra, encontro algumas notas sobre ele em revistas especializadas, elogiando sua capacidade empresarial, ou em revistas de fofocas, comentando sobre sua beleza. Ninguém ficaria imune diante de um jovem tão belo como ele. Todos querem saber com quem um jovem, rico, belo como ele está saindo.

Tentei esquecer Peeta de diversas maneiras. Mas o fato é que embora eu estivesse em outros braços, eram nos braços de Peeta que eu desejava estar. Nunca senti absolutamente nada parecido ao que senti nos braços dele nos braços de outros homens.

E agora, estou aqui, diante dele novamente.

Uma vez acreditei que não precisava de amor, que o amor era uma grande farsa.
Mas agora, eu sei que... Eu preciso de amor. Finalmente, a pedra deu flores.

Ele me olha, como se esperasse por minha reação. Sei que vai esperar minha decisão.

Caminho em sua direção e paro em sua frente com um sorriso nos lábios.

Ele retribui meu sorriso. Em seu sorriso não há dor, magoa, é um leve sorriso.

– Katniss – diz baixinho. – Não sabia que havia voltado...

– Tive um pouco de folga e resolvi voltar... – nós falamos como se tivéssemos nos falado ontem, e não há doze anos.

– Você está se tornando um nome conhecido no mundo acadêmico.

Olho para ele interrogativa.

– Li alguns artigos seus... – fala um pouco constrangido, como se tentasse se justificar. – A psicologia me interessa bastante... E você está se tornando um nome conhecido neste campo...

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

– Mas de qualquer forma, fico feliz que tenha voltado... Você deveria ir até a mansão Everdeen... – Peeta me olha. – Afinal, é a sua casa...

Ele coloca as mãos no bolso e espera que eu diga algo.

– É talvez... algum dia... – falo.

– Mags iria gostar de te ver...

– Ela ainda continua trabalhando lá?

– Sim – sorri. – Diz que deseja criar a quarta geração Everdeen.

Ficamos em silêncio por um tempo. Eu e Peeta começamos a caminhar lentamente e silenciosamente um ao lado do outro.

– Você deveria voltar para lá... – diz após alguns minutos. – Sabem o que dizem, os pássaros sempre voltam para seus ninhos...

Olho para seus olhos.

– Mas os pássaros feridos não podem retornam para seus ninhos... – olha para seus sapatos. – Você já não é mais um pássaro ferido? Já curou suas feridas? – sua voz é apenas um murmúrio.

Olho no fundo de seus belos azuis e sorrio. Em seus olhos já não há mais aquela dor que eu via antes. Agora eles são calmos, embora continuem intensos.

– Sim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? O que acharam do reencontro entre Peeta e Katniss? Kat finalmente admitiu que precisa de amor, e Peeta parece que não esqueceu a Kat, mesmo depois de 12 anos. O que será que o futuro reserva para estes dois?