O Que Eu Faria? escrita por ADFlowright


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, pensei que conseguiria terminar a história neste capítulo, mas ainda haverá pelo menos mais um... Falhei no meu planejamento...
Neste capítulo os outros membros do clube não aparecem, mas no próximo eles voltarão o/



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Já passavam das 11:00 da manhã quando um par de olhos verdes começara a abrir. Após duas noites sem dormir, finalmente Makoto pode se sentir mais relaxado. Sentando-se vagarosamente na cama e esfregando um pouco um dos olhos, logo recordou do que havia acontecido na tarde anterior e da situação de sua tia. Abriu sua própria mala, separando uma camisa, calça e roupa íntima para imediatamente depois do banho ir direto ao hospital. Antes, devia procurar pelo seu amigo, que não estava no quarto e nem na cozinha. Bem, não era muito difícil imaginar aonde o rapaz estava. Abrindo a porta do banheiro, o maior deparou-se com Haruka observando a água.

- Haru...

- Makoto... – Não houve a necessidade de palavras para Haruka entender que Makoto queria ir ao hospital o mais rápido possível. Assim, sem esperar quaisquer palavras do garoto, começou a contar o que acontecera enquanto ele dormia. – Ligaram do hospital, sua tia acordou hoje de madrugada e está estável. Sua mãe, Ran e Ren vieram dormir em casa mas já foram. Me pediram para te dizer que eles querem que você descanse.

- T-tia acordou... – Quando Haruka disse que ligaram do hospital, o pior passou pela cabeça de Makoto. Então, quando soube que ela estava bem, o peso que saiu de suas costas foi tão grande que novamente Makoto caiu de joelhos, agradecendo silenciosamente aos céus. Haruka desta vez não foi até ele, continuou dentro da banheira e olhando diretamente para o outro, lhe chamou:

- Makoto.

- Sim, Haru?

Haruka apenas continuou olhando para os olhos de Makoto. Suas bochechas coraram levemente e após poucos segundos, o maior entendeu o que o jovem queria. Levantou-se e se dirigiu para mais perto do outro, estendendo a mão.

- Bom dia, Haru.

Haruka ainda sem dizer uma palavra continuou do mesmo jeito que estava. Makoto logo percebeu onde errou.

- Ah... Bom dia, Haru-chan! – sorriu. O sorriso que Haruka tanto desejava ver.

- Pare de usar o chan... – Segurou na mão que lhe estava sendo oferecida, saindo da água.

- Eh... De novo tomando banho com a bermuda de natação?!

- Não há problema. Vou fazer algo para comer, pode tomar banho.

- Sim Haru, obrigado. E desculpe por envolver você nisso tudo.

- Não precisa se desculpar.

Haruka se trocou com um pouco de pressa, decidindo o que fazer para ambos comerem. Obviamente seria algo com cavalinha. Enquanto preparava a comida, notou o quanto seu coração estava mais calmo comparado com a noite em que quase não conseguiu dormir. Era uma tranquilidade que somente uma pessoa no mundo poderia lhe proporcionar.

- Somente Makoto... – Disse quase num sussurro.

- Eu o que, Haru?

- N..Nada! – Ao virar-se, encontrou Makoto encostado na parede apenas com uma toalha enrolada na cintura, com os cabelos ainda molhados. “Por que meu coração está acelerando? Ver ele assim é normal, então por que?”. Voltou a encarar o peixe que estava cortando, dando as costas para o outro que se aproximava.

- Cavalinha... Não me surpreendo mais – Sorriu, tocando no ombro de Haruka, cujos músculos tencionaram de leve, porém isto não passou despercebido por Makoto. – Algum problema, Haru?

- Não, nenhum. – Abaixou um pouco o rosto, com a esperança de que a franja cobrisse a coloração avermelhada que estava em sua face. Inutilmente.

- Haru, você está vermelho! Será que é febre?! – Disse colocando a mão sobre a testa de Haruka.

- Eu estou bem. Apenas vá se trocar, pois quem ficará com febre é você.

- Haru, olhe para mim. – De alguma forma, Makoto sabia que o menor estava escondendo algo dele. Infelizmente nem mesmo Haruka sabia direito o que era. Como discutir com o maior nunca dava certo, os olhos azuis foram de encontro aos verdes.

- Pronto.

Após pouco tempo fitando um ao outro em uma curta distância, Makoto deu um passo para trás, logo se dirigindo para o quarto. – Tudo bem, já volto Haru...

No caminho para o quarto, Makoto ficou surpreso porque pela primeira vez não conseguiu entender direito os pensamentos do jovem. “Ele estava com vergonha de mim? Não... Isso é impossível...”. Já na cozinha, Haruka apoiava as mãos na pia, tentando parar o pensamento que lhe veio a mente quando viu o rosto de Makoto tão perto do seu. “Por que eu... eu quis, não, eu pensei... por que? Beijo... Por que eu pensei nisso? Ou eu quis...”. Ambos passaram um tempo perdidos em suas confusões, até que o almoço ficou pronto.

Durante a refeição, não conversaram muito. Haruka contou mais detalhes sobre a ligação que recebeu do hospital e Makoto lhe disse que como já estava descansado, a tarde ele iria visitá-la. E foi o que fez. O moreno pediu para acompanhá-lo, recebendo permissão. No hospital, não puderam conversar muito com a senhora, mas foi o suficiente para que Makoto se acalmasse de vez. Enquanto trocavam palavras, o tio de Makoto entrou correndo na sala onde sua esposa se encontrava, com lágrimas nos olhos.

- Graças a Deus! Você está bem! – Dizia em meio as lágrimas, segurando firme a mão da mulher.

- Sim, não se preocupe. Eu já estou bem. – A senhora sorriu para o marido. Um sorriso parecido com os de Makoto, aos olhos de Haruka.

- Você não sabe o medo que eu fiquei de perder! Eu te amo tanto... Por favor, fique comigo!

- Eu vou... Eu sempre vou.

Ao ouvir aquelas palavras, Haruka lembrou que foi praticamente o mesmo que ele sentiu em relação a Makoto. Tudo ficou mais claro quando ele presenciou um rápido beijo entre o casal a sua frente. Foi como se a resposta para todos os seus por quês estivesse sendo jogada na sua frente. Haruka sabia que, quando se tratava de Makoto, por mais que ele lutasse tudo sempre ia em direção a ele. Até mesmo esse tipo de sentimento. Com um sorriso imperceptível aos demais, o moreno aceitou que o ‘tudo’ que ele queria era realmente tudo.

O tio de Makoto e sua esposa disseram para a família Tachibana e Haruka que se quisessem já poderiam voltar para casa, uma vez que já passaram tanto tempo ali e logicamente eles também tinham seus compromissos, Ran, Ren, Makoto e Haruka ainda tinham que se aprontar para a escola e os mais velhos seus serviços. Agradeceram mais de duas vezes por terem saído de sua cidade para ajudar a senhora, e assim combinaram de retornarem no dia seguinte.

Chegaram em casa de noite, e cada um foi arrumar sua própria mala. Os dois rapazes estavam no quarto e o abrir a sua mala, Haruka viu a camisa laranja/amarela de Makoto completamente amassada. Tentou escondê-la embaixo das outras peças de roupa mas os olhos de Makoto foram mais rápidos que as mãos de Haruka.

- Ah, essa é a minha camiseta?

- Sim. Eu iria te devolver mas amassou. Te devolvo depois que eu passar.

- Não precisa, Haru.

- Te devolvo depois.

- Ahh... Ok. Terminei de arrumar minha mala, vou ajudar a Ran e o Ren.

- Sim. Também estou quase terminando.

Haruka dobrou sua camiseta e fechou o zíper, teminando logo após Makoto. Quando levantou sua mala da cama, percebeu que uma bermuda de Makoto estava embaixo dela. Não pensou duas vezes em guardá-la, pois qual era o problema? Abrir o zíper do meio e colocou a peça dentro. Notou um papel saindo do zíper interior da mala e o riscado que aparecia no pouco que era visível lhe era familiar.

- Isso é... – Abrindo o papel um pouco amassado, viu algo que não via há muito tempo. No dia dos namorados/amigo da terceira série, o professor pediu para que cada um desenhasse seu amigo e trocassem desenhos. Makoto desenhou Haruka e Haruka (que não desenhava tão bem quanto agora, mas já era melhor que praticamente todos da sala) desenhou Makoto. – Eu me lembro. Também tenho isso guardado.

- Haru, terminou? Temos que dormir cedo hoj... ONDE ACHOU ISSO?! – Makoto ficou realmente envergonhado ao ver o que estava na mão do outro.

- Na sua mala. – Haruka pensou que talvez ele tivesse esquecido aquilo ali, mas o nervosismo e constrangimento do maior deixou claro que não era o caso. – Fui guardar a sua bermuda e vi.

- Ah sim... Então me deixe apenas guardar e esqueça isso, tudo bem, Haru? – Sorria disfarçadamente.

- Não. Makoto, por que você trouxe isso?

- Por nada em especial, eu.. eu..

- Não minta.

Vendo que não tinha como escapar, Makoto se rendeu.

- Desculpe Haru. Você pode achar estranho mas... Eu realmente preciso de você. Mesmo que seja um desenho de anos e anos atrás. Tinha que ser algo relacionado a você... Naquela noite da operação, segurar isso realmente me tranquilizou um pouco.

Haruka notou que naquele momento, os dois estavam conectados através da camiseta de Makoto e do desenho dele. Não, o que realmente os conectava era o forte sentimento que um nutria pelo outro, mas que demoraram tanto tempo para perceber, sendo colocados naqueles dois objetos. Pelas palavras de Makoto, sem a necessidade que este dissesse explicitamente, Haruka percebeu que o que sentiam era a mesma coisa. “Makoto, eu vou te esperar”. Ao mesmo tempo que queria ir de encontro aos braços do maior, o rapaz de olhos azuis também queria respeitar o próprio tempo do outro.

- Não é estranho. Mas se você precisar de mim, não me busque em um desenho. Eu estou aqui.

- Haru...- Makoto sentiu seu coração acelerar.

- IRMÃÃÃO!! – Ran entrou no quarto, seguida por Ren. – Nós podemos dormir aqui com vocês?

- Sim, por favor!! - Ren completou.

- Mas vocês tem seu próprio quarto... E vai ficar apertado todo mundo aqui. – Makoto tentava argumentar.

- Mas é o último dia! Por favor! Haru-chan, o que você acha? – Ran perguntou.

- Ran, Ren, dessa vez Makoto tem razão. Não tem espaço suficiente aqui. Tudo bem em ser outro dia?

- Promete? – Os gêmeos perguntaram ao mesmo tempo.

- Prometo.

- OBRIGADO HARU-CHAN!!! – As duas crianças deram boa noite e saíram já planejando o que iriam jogar quando Haruka fosse dormir na casa deles.

- Bom, vamos dormir. Vou pegar o futon. – Makoto já demonstrava sinais de sono.

- Não precisa.

- Mas Haru...

- A cama não é pequena, é o suficiente para nós dois.

- Tudo bem. Já faz um bom tempo que não dormimos na mesma cama, não é, Haru?

- Sim... Um bom tempo. – Os dois deitaram, com Haruka virado para a parede e Makoto para o lado que Haruka estava.

- Boa noite, Haru.

- Boa noite, Makoto.

Makoto manteve seus olhos no rapaz ao seu lado até cair no sono, o que não demorou. Já Haruka estava um pouco ansioso. “Eu ficava tão nervoso assim por dividir a cama com ele? Eu ficava um pouco inquieto...”. Deu uma pausa em seus pensamentos para um pequeno bocejo. “Será que eu gosto dele assim há tanto tempo?”. Dando agora as costas para a parede, pode observar a face de Makoto adormecida. Não podia negar que o amigo era bonito, que havia crescido muito desde a última vez que dormiram assim e que olhar para ele nesse estado estava despertando desejos ainda mais fortes que os que ele tivera mais cedo.

Sem conseguir resistir muito, levantou uma de suas mãos tocando gentilmente o rosto de Makoto. Tirou a franja que cobria parte da sua face, trazendo aos pensamentos de Haruka uma só palavra “Lindo”. Deixando-se levar por seus desejos, foi aproximando seu próprio rosto com o do rapaz ao seu lado, segurando-o agora com ambas as mãos “Makoto...”

- Haru...ka.. – Makoto abriu um dos olhos sentindo as mãos do menor.

- Shh. – Ao ouvir seu nome sair da boca que ele estava observando a algum tempo, não havia como se segurar. Puxou-o e encostou os lábios nos dele, permanecendo assim por vários segundos. Makoto ainda sonolento, demorou para perceber o que estava acontecendo, mas quando percebeu, não tentou resistir, não tentou afastar Haruka de si e nem separar o beijo. Apenas envolveu o menor em um forte abraço.

Quando o beijo foi apartado, o garoto de olhos azuis também o abraçou, fechando os olhos e dizendo apenas:

- Boa noite, Makoto.

- Boa noite... Haruka. – Sorriu.

Novamente, não eram necessárias palavras naquele momento para que um entendesse o que o outro estava sentindo. Tudo estava claro. Os corações batendo loucamente, as mãos um pouco trêmulas, e a certeza de que agora em diante algumas coisas iriam mudar.


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