O Que Eu Faria? escrita por ADFlowright


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Como eu amo esses dois! Precisava escrever alguma coisa sobre eles. >.



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Manhã de segunda-feira. Os olhos de Nanase Haruka começam a abrir lentamente, tentando evitar o contato com os raios do sol que entram por meio de sua janela semi-aberta. Após esfregá-los lentamente por alguns segundos, o jovem se levanta tão lentamente quanto e caminha para o banheiro. Após tirar a camiseta e a bermuda que lhe serviram de pijama, Haruka vestiu sua tradional bermuda de natação preta e roxa, entrando rapidamente em contato com a água da banheira. Ficara ali um longo tempo, até ouvir seu nome sendo chamado por uma voz muito familiar.

“Bom dia, Haru-chan!”

- Makoto... Já te disse para parar com o ‘chan’. – Haruka disse após levantar de seu mergulho. Olhou para o banheiro e não viu ninguém ali. “Ah, Makoto disse que precisava viajar... Acho que estou ouvindo coisas”.

Há três dias, Makoto informou Haruka, Nagisa, Rei, Gou, Rin e também a escola que precisaria viajar com sua mãe para uma cidade próxima no domingo, pois uma de suas tias não estava muito bem de saúde e precisava que alguém a ajudasse por algum tempo. Makoto disse que o esperado era que ele e sua mãe ficassem fora por uma semana, tempo suficiente para que o marido da irmã de sua mãe voltasse de uma viagem que fez a trabalho. A diretor da escola concedeu a permissão enquanto os garotos e Gou se mostraram solidários ao amigo.

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- Espero que sua tia melhore rápido, Makoto-senpai. – Disse Rei, expressando sincera preocupação.

- Sim, vai dar tudo certo. – Gou fora otimista.

- É por uma semana, não é Makoto? Sua tia vai se recuperar então volte logo e treine... Não quero competir contra uma equipe que não está 100%! – Disse Rin, tentando não parecer preocupado.

- Mako-chan, volte logo ok?! – Nagisa exclamou. – Haru-chan, você ficará muito solitário? Já que vocês dois não se separam nem por um segundo... – Disse mais em tom de brincadeira, já que o clima estava muito pesado para o seu gosto.

- Cale a boca. – Respondeu rápido. É lógico que a ideia de passar uma simples semana longe de seu melhor amigo não soou muito bem aos ouvidos do rapaz, mas é também lógico que ele queria que ninguém soubesse. Assim, estava evitando os olhos verdes que podiam lê-lo por completo.

- Haru não é uma criança com medo de ficar sozinho... E é por apenas uma semana. Vou levar o otimismo de todos vocês para ela e Rin, pode deixar que vou voltar em ótima forma! – Respondeu sorrindo, como sempre.

Todos então se despediram e partiram para suas casas (e dormitórios no caso de Rin). O sol se pondo pintava o céu com uma cor alaranjada que roubava os olhos de Makoto. Aproveitando este momento, Haruka o observou com o canto do olho, porém o maior logo percebeu estar sendo vigiado.

- Algum problema Haru?

- Nenhum. – Virou o rosto para o lado contrário.

Caminharam mais alguns minutos chegando ao ponto em que se separavam. Makoto lembrou-se que esquecera de falar uma coisa, muito importante ao seu ver:

- Haru...

- O que?

- Eu não vou estar em casa, mas meu pai, Ran e Ren vão estar. Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa que seja, pode pedir a qualquer momento.

- Tudo bem.

- Ah! E não tire suas roupas em lugares públicos!

- Tudo bem.

- E não coma só cavalinha!

- Tudo bem.

- E não fique na banheira o tempo todo!

- Tudo bem.

- E não... – Quando Makoto iria continuar a ladainha, Haruka o interrompeu.

- MAKOTO

- Ah... Desculpe Haru. – Abaixou a cabeça, percebendo que havia falado demais.

- Makoto... – Repetiu, chamando a atenção do outro pra si, que logo lhe dirigiu o olhar novamente. – É somente por uma semana não é? – Perguntou enquanto sentia suas bochechas corarem levemente, levando-o a crer que era por causa do sol.

- Sim! Te vejo em breve então. – Respondeu sorrindo, feliz ao perceber que o que Haruka realmente estava pensando era “Volte logo”.

----x----

Depois de se  levantar de outro mergulho, Haruka encarou o golfinho que estava presente em seu banheiro e mesmo sem querer, saiu da banheira. “Assim é melhor, posso ficar o tempo que eu quiser”.

- Tempo... Ah, relógio... Droga. – Ao ver as horas, Haruka notou que já estava atrasado quinze minutos.

Chegou ao colégio somente na segunda aula, ignorando os poucos comentários que ouvia ao fundo. Amakata-sensei lhe disse algumas coisas, porém ele não lhe deu muita atenção. Quando tocou o sinal para o intervalo, ele olhou rapidamente para a carteira vazia ao seu lado, levantando-se e seguindo para encontrar Rei e Nagisa no telhado. Haruka teve uma bela surpresa ao abrir a porta, deparando-se com Nagisa em cima de Rei que, ao avistá-lo gritou por ajuda.

- Haruka-senpai, socorro!!!

- Rei-chan, não seja mau! Me dê um pouco... Parece gostoso!

- Você já comeu metade!

- Mas você não precisa comer tudo isso sozinho! Só mais um pouco...

- Nagisa-kun!! Me solte...

Ao ver a cena, apenas uma coisa passou pela cabeça de Haruka: “Este com certeza é o trabalho do Makoto...”. Sem alternativas, apenas disse – Nagisa, deixe o Rei em paz, pode ficar com metade do meu.

- HARU-CHAN!!! EU TE AMO! Viu Rei-chan, você tem que ser tão solidário quanto Haru-chan! Vamos ver o que temos aqui...

- Cavalinha. – Haruka disse sem rodeios.

- Ah, não... Tudo bem Haru-chan, pode ficar.

Após as aulas, os três mais Gou e Amakata-sensei começaram o treinamento. Haruka, como sempre, foi o primeiro a entrar na piscina logo que a avistou. Sentir a água sempre o fez sentir bem, ambos se aceitavam e ali ele podia esquecer tudo o que o rodeava do lado externo. Após esse “olá” com a água, os treinos começaram para valer quando Sasabe chegou. Haruka fez sua última volta do dia com um tempo ótimo, e ao abrir os olhos deparou-se com uma mão estendida para si.

- Makot... Rei? – Exclamou surpreso. Nagisa, saindo de trás de Rei lhe respondeu:

- Haru-chan! Já que Mako-chan não está aqui, Rei-chan pode fazer o serviço dele! Eu mesmo faria mas acho que a mão do Rei-chan é mais parecida com a do Mako-chan~ - sorriu.

- Deixe de besteiras... obrigado. – Mesmo não gostando muito da brincadeira, ele aceitou a ajuda.

Já em casa, após voltar sozinho pela primeira vez em muito tempo, Haruka percebeu que seu celular havia recebido mensagem. Obviamente de Makoto.

“Haru, está tudo bem? Já chegamos aqui e minha tia está melhor do que imaginávamos. Ela está de cama mas não é muito grave. Espero que esteja tudo bem ai ^-^ Você não se atrasou para o colégio? E tire sua roupa de banho por favor! Bom, até mais :)”.

- Makoto... – Disse em meio a um suspiro. “Por que tem que ser tão preocupado?” – Pensou, jogando o celular em sua cama, sentando-se do lado dela. Olhou para o mesmo novamente e esticando o braço o alcançou, começando a digitar:

“Está tudo bem, não se preocupe. Vou dizer a todos que sua tia está bem. Até mais.”

Em menos de cinco minutos, Haruka escutou um bip. Era uma nova mensagem.

“Não precisa, Haru. Eu já conversei com todos ^^ tenho que ir preparar o jantar agora, desculpe. Boa noite!”

Haruka achou que teria que ficar conversando por mensagem por um longo tempo, então ao ver que Makoto estava ocupado deixou-o mais aliviado de certa forma. Respondeu um breve “Ok, sem problemas. Boa noite.” Colocou o celular em cima de um móvel e deitou para dormir, já que não tinha nada para fazer. Após mais ou menos quinze minutos, ouve-se um novo bip.

“Ah, Haru... Não se atrase novamente! Agora sim, boa noite xD”

- Só pode ter sido o Nagisa. – Disse para si mesmo. Enquanto escutava outro bip.

“Tinha me esquecido, Ren ficou de levar suas roupas que estavam em casa, meu pai lavou hoje então acho que amanhã ele te leva. Enfim, boa noite ^^”

- Se ele vai trazer amanhã você não precisava me avisar hoje...

“Ok. Boa noite.” Dormiu.

A manhã e tarde de terça-feira foram basicamente iguais a de segunda-feira: Haru se atrasando, aulas, intervalo, Nagisa e Rei discutindo, cavalinha, aulas, treinamento, voltar para a casa sozinho, receber mensagens de seu melhor amigo, responder... “A semana inteira será assim?” Perguntou-se. Justo em meio aos seus pensamentos, Haruka escuta sua campainha tocar. Ao abrir a porta, o rapaz vê o pequeno irmão de Makoto com uma sacola de roupas.

- Ren, obrigado. Quer entrar?

- Posso, Haru-chan? – O pequenino perguntou, e Haruka acenou com a cabeça. – Ok!

Haruka ofereceu cavalinha frita para Ren, que aceitou prontamente e ambos começaram a comer. Em meio a pouca conversa dos dois, o assunto ‘Makoto’ veio em pauta.

- Haru-chan, meu irmão falou com você?

- Sim, algumas mensagens.

- Ele estava normal?

- Sim, pareceu normal. Por que?

- Nada. No telefone ele não parecia muito animado, até papai comentou.

- Ele provavelmente está cansado. Não se preocupe.

- Sim, Haru-chan!

Conversaram mais um pouco e antes de anoitecer, Ren foi embora. Haruka se ofereceu para acompanhá-lo mas Ren recusou, já que sua casa era bem próxima. O jovem então tomou seu não tão longo banho (comparado ao que tomava dias atrás) e foi se deitar. Seu período dentro da banheira estava diminuindo, e seu contato com o celular estava aumentando sem ele mesmo perceber. Haruka deitou-se pensando que Makoto não iria soar desanimado por qualquer coisa. Ele sempre tentava fazer com que ninguém se preocupasse com nada. “Será que está tudo bem mesmo? Por que ele apenas me manda mensagens? Eu... quero ouvir sua voz” Pensou, fechando os olhos. Abriu-os rapidamente ao ouvir um bip.

“Haru, desculpe te incomodar de novo... Ren levou suas roupas ai? Se ele não levou eu posso lembrá-lo por você.”

Haruka apertou o botão para responder mas, antes mesmo de começar a digitar ele começou a sair das mensagens e ir aos contatos. Ao achar o nome de Makoto, pensou duas vezes antes de ligar. Se escutasse sua voz e ele estivesse normal, estaria tudo bem. Mas e se ele não estivesse? Sempre que Makoto tivera quaisquer problemas, Haruka sempre esteve ali para ajudá-lo, mas saber que o outro estava longe e pior, saber que não poderia fazer nada... “Mas eu preciso ouvir sua voz”.

- Haru?! Por que ligou?

- Makoto...

- O que foi? Está tudo bem? – Makoto se preocupou, uma vez que Haruka quase nunca usava seu celular para fazer ligações, na maioria das vezes eram mensagens.

- Sim. Apenas cansei de digitar. Ren veio.

- Ah, sim, então tudo bem. E desculpe por mandar tantas mensagens, mas você não gosta de falar ao telefone, então...

- Tudo bem por mim – fez uma pequena pausa – falar ao telefone por uma semana.

- Sério? Então eu ou ligar! – Makoto respondeu enquanto Haruka pareceu ouvir uma voz de um homem ao fundo: “Tachibana-san?” e logo após a voz da mãe de Makoto: “Sou eu!” – Haru, depois nós conversamos mais ok, tenho que desligar. Boa noite!

- Espera, Makot... – O telefone desligou. Já passava das 21:30 e eles não pareciam estar em casa. O que estava acontecendo? Sem ter como saber qualquer resposta, Haruka dormiu.

Quarta-feira foi também uma repetição dos dias anteriores, com duas únicas diferenças: Haruka não se atrasou para aula e não houveram mensagens ou ligações de Makoto. O menor segurou seu celular até tarde da noite, porém ele não emitiu nenhum sinal. Cansado de esperar e começando a ficar sonolento, observou a sacola que Ren trouxe no dia anterior e resolveu guardar as roupas. Estava com sono mas talvez se esperasse mais alguns minutos... Abriu a sacola e tirou as roupas de dentro, guardando a calça, a camisa e meias que a mãe de Makoto insistiu em lavar quando o garoto dormiu na casa deles. Viu também uma peça de roupa conhecida, mas que não lhe pertencia. Aquela camiseta laranja/amarela que já emprestara de seu amigo algumas vezes. “Devem ter colocado aqui por engano. Depois eu devolvo”.  Deixou a camiseta junto ao celular e dormiu.

Quinta-feira. Haruka não se atrasou, aliás, permaneceu menos que 10 minutos na banheira (seu recorde até o momento). Olhou para o céu da janela de sua classe e pode avistar nuvens escuras anunciando que logo viria chuva. E foi o que aconteceu. Nagisa Rei e Gou passaram o intervalo na sala de Haruka e os quatro concordaram que naquele dia não teria como utilizar a piscina. Sem treinamento. O rapaz de olhos azuis, movido pela curiosidade (para não aceitar que era preocupação) perguntou:

- Makoto falou com algum de vocês ontem?

Os três negaram.

- Mako-chan somente enviou mensagens até terça, ontem não. Para você também não, Haru-chan?

- Não.

As aulas passaram muito devagar e na hora de ir embora, Haruka tirou o celular da mochila e checou as mensagens e ligações. Nada novo. Aquela era a primeira vez que ele levou seu celular para o colégio. Parou e sentou nos degraus da escada, olhando o pôr do sol não tão bonito, já que o céu ainda estava muito nublado e ligou para Makoto.

- Desligado ou fora de área? – Guardou o celular e foi para casa.

Tomou um banho tão rápido que bateu o recorde do banho de manhã e tentou ligar para Makoto mais umas cinco vezes. O resultado sempre foi o mesmo. Conforme as horas passavam, o sono de Haruka cada vez mais distante ficava. Antes que percebesse, sua cabeça ficara cheia de pensamentos sobre Makoto. Mesmo a água não conseguia deixar sua mente em branco. O rapaz de cabelos negros sabia que Makoto voltaria em poucos dias, então porque estava com essa urgência de ouvir a sua voz? Não, não queria apenas ouvir sua voz, queria vê-lo. Dentro de si, Haruka sentia que alguma coisa não estava tão bem quanto aparentava. Mesmo com o maior em outra cidade, ele podia sentir as mãos de Makoto tremendo. Sem conseguir se acalmar, Haruka levantou e buscou a camiseta do amigo, deitando abraçado à ela, na esperança de que aquele sentimento dentro de si passasse logo. Queria sentir que Makoto estava bem. Adormeceu ainda abraçado à camiseta.

Sexta-feira. Haruka acordou e percebeu a camiseta de Makoto toda amassada. “Preciso passar para devolver” pensou. Olhou para o lado e viu o celular, no qual rapidamente viu que constava uma mensagem.

“Haru-chan!! Mako-chan ligou e disse para te avisar que ele esqueceu o carregador em casa e só agora pode usar o telefone. Disse para você não se preocupar que está tudo bem.. Tchau~”

Era uma mensagem de Nagisa. Por que Makoto pediu para o loiro passar a mensagem? “Não teria sido mais fácil ligar para mim?” Haruka pressentiu que talvez Makoto não queria que ele ouvisse sua voz. Aquele aperto no peito que o menor sentiu na noite anterior ainda estava presente e nem ele mesmo sabia explicar o que era. A única coisa que ele podia afirmar no momento é que ele precisava, o mais rápido possível ter Makoto perto de si. Sua voz, seu rosto, suas mãos, seu olhar, seu sorriso... Tudo. Ele nunca imaginou ser tão dependente daquele rapaz. “O que eu faria se perdesse Makoto?”

Ainda sentado na cama, segurando o celular em uma mão e a camiseta na outra, Haruka permaneceu imóvel por muito tempo. Esqueceu de banho, de colégio, de treino, de cavalinha... Esqueceu-se de tudo. A única coisa que lembrara foi aquela noite em que Makoto tentou salvar Rei e quase se afogou. Aquela foi a primeira vez que Haruka sentiu que podia perder o amigo. Depois disso, conseguiu esconder esse sentimento no fundo de seu ser, porém agora voltou de certa forma pior. Makoto não está por perto. Haruka não consegue vê-lo, não consegue tocá-lo. Com pensamentos terríveis que não o deixavam em paz um segundo, o rapaz soltou o celular em sua cama e agarrou a camiseta com ambas as mãos, trazendo-a até seu rosto, rezando para que tudo estivesse bem. Quando seus dedos estavam já doendo de tanto apertar a camisa, Haruka ouve a campainha tocar.

- Tachibana-san, Ran, Ren... – os olhos de Haruka revelavam a surpresa do rapaz.

- Nanase-kun, nós também estamos indo para a casa da irmã da minha esposa. Ela teve que ser operada... Minha mulher e Makoto devem estar muito cansados. Então, viemos aqui te avisar, caso você vá em casa e não tenha ninguém.

- Operada? Mas ela não estava bem? – Haruka perguntou ainda mais surpreso. Makoto, pelas mensagens, havia dito que ela estava em casa e melhor do que eles imaginavam. – Quando foi a operação?

- Ela estava internada desde domingo e a operação de urgência foi ontem. Não se sabe o que ela teve, mas ontem a noite teve um infarto e a cirurgia foi às pressas. – Explicou o mais velho.

- Infarto?

- Sim, agora temos que ir. Até logo, Nanase-kun.

- Espere. Por... por favor, me deixe ir junto! Eu... Eu preciso ir! – O pai de Makoto, Ran e Ren nunca viram Haruka com uma expressão tão... Nem eles sabiam explicar. Naquele momento, alguma coisa disse ao senhor Tachibana que Haruka era a única pessoa que poderia ajudar Makoto. Talvez fosse a força nas palavras que o menino acabou de dizer, talvez fosse o olhar implorando para que o senhor desse permissão, talvez foi o momento em que o homem percebeu a camiseta se seu filho ser quase perfurada pelos dedos da mão esquerda de Haruka. Ele não tinha como dizer não.

Embarcaram no trem logo de manhã. Haruka enviou uma mensagem a seus amigos avisando o que acontecera e sem esperar pelas respostas, guardou o celular na mochila. Deu uma última olhada no céu pela janela e fechou os olhos. Na noite passada, o que ele sentiu estava certo. Com certeza Makoto estava tremendo, muito provavelmente chorando mas tentando segurar as lágrimas para suportar sua mãe. “Eu não estava perto... Eu não pude ajudar”. O pai de Makoto, percebendo que o garoto queria ficar sozinho, chamou Ran e Ren para sentarem junto com ele no banco da frente e os dois assim fizeram. Agora sozinho, sem se preocupar com o mais estranho que isso parecesse, Haruka abriu a mochila e retirou a camiseta de Makoto, segurando-a firme em seus braços novamente. Era a única coisa que o acalmava. Quando se sentiu mais calmo, a guardou. Aquele pensamento de “o que eu faria se eu perdesse o Makoto?” não tinha ido embora, porém um novo pensamento surgiu em sua mente: “o que eu quero do Makoto? Somos amigos há tanto tempo, mas... O que eu realmente quero do Makoto?” A única resposta que ele encontrou, depois de poucos minutos pensando, veio em uma só palavra: “Tudo. Makoto, me dê tudo.”

Depois de 40 minutos, os quatro chegaram ao destino. Passaram na casa da tia de Ren e Ran, e com a chave escondida no local passado por telefone pela mãe de Makoto, entraram na casa e deixaram suas coisas, partindo brevemente para o hospital. Mas antes:

- Nanase-kun, quando eu for ao hospital, vou pedir para o Makoto vir para casa. Quer esperar aqui ou prefere ir conosco?

- Eu... – Haruka queria vê-lo o mais rápido possível, mas queria deixar Makoto encontrar sua família sozinho antes. – vou esperar aqui.

Enquanto esperava o retorno do rapaz, Haruka foi procurar o quarto em que o rapaz ficava e logo o encontrou. Suas roupas usadas estavam jogadas em cima da cama, que não dava sinais de que fora usada “ele não tem dormido aqui, deve ter ficado no hospital”. No outro quarto, em que provavelmente a mãe de Makoto estava, parecia mais ‘usado’.  Haruka raciocinou que Makoto deve ter feito sua mãe voltar para descansar enquanto ele ficou no hospital “isso é típico dele”. O garoto esticou o braço e alcançou a camisa jogada na cama. Trazendo-a próxima ao rosto pode sentir o cheiro que nunca imaginou que pudesse lhe fazer tão bem.

Enquanto isso, a porta da casa se abria. Makoto entrou com o abatimento estampado em seu rosto. Não dormia há dois dias. Após alguns passos dentro da casa, ele pode ver as malas de seu pai, Ran, Ren e mais uma. Conforme chegava mais perto desta última, mais achava que estava tendo alucinações. Ele conhecia aquela bolsa, era a bolsa da pessoa que ele mais queria ver naquele momento, mas... “não é possível, é?” Pensou. Abaixou-se, tocando na mochila com medo de que fosse apenas uma ilusão. Quando seus dedos tocaram o objeto, e se deu conta de que aquilo era real, não conseguiu segurar e com o resto de suas forças, gritou o nome do outro.

- HARUUUUU!!!! HAAAARUUUUUUUU!!! – Caiu de joelhos quando não ouve resposta. Fechou os olhos e largou a mochila. “Impossível, não é?”.

- Makoto... – Haruka disse do alto das escadas, trazendo os olhos marejados do maior para si.

-Haru...ka. – Makoto permaneceu imóvel, não acreditava que ele estava ali. – O que voc...

Haruka desceu correndo as escadas e parou em frente ao maior que ainda encontrava-se de joelhos. Levantou a mão calmamente tocando no rosto do rapaz de olhos verdes como se tocasse na coisa mais delicada do mundo. Makoto, tentando engolir as lágrimas, segurou Haruka pelo braço e o puxou, abraçando-o tão forte que parecia poder parti-lo ao meio a qualquer momento. Porém aquilo não doía. Aquilo era o que Haruka queria.

- Desculpe Haru. Posso ficar assim um pouco?

- Não. Me solte.

- Tudo bem, desculpe. – Makoto soltou-o imediatamente ao ouvir a negação. Porém, Haruka não se afastou. Ao invés disso, segurou os braços de Makoto e os guiou em volta de sua cintura, passando os seus próprios braços em volta da nuca do maior.

- Agora sim, me abrace.

- Obrigado, Haruka. – Makoto não conseguia mais segurar as lágrimas, não na frente daquela pessoa.

- Se quiser, pode apertar mais forte. – Haruka disse ao ouvido de Makoto, vendo que esse tentava não fazer o que havia feito antes. Logo sentiu o forte abraço novamente.

- Me desculpe por mentir, eu não queria mas... – tentava dizer em meio as lágrimas.

- Shh. Não precisa dizer nada, eu sei de tudo. – Mais do que saber o que Makoto estava pensando, Haruka podia sentir.

- Eu... tanto medo. Eu não quero perder ninguém! Eu...

- Eu sei. Eu... também não quero. – Haruka abraçava firme Makoto, tentando acalmá-lo. – Venha comigo, Makoto. – Levantou-se, puxando-o pela mão.

- Mas Haru, eu... – Haruka o interrompeu - Se chegar alguma notícia eu te aviso. Você precisa descansar. – O menor guiou o outro até o quarto, fazendo-o deitar na cama, sentando-se do lado.

- Haru...

- Oi?

- Fique comigo, por favor. – Disse Makoto, apertando mais forte a mão do rapaz.

- Eu vou ficar, não se preocupe. – Logo após as palavras de Haruka, Makoto dormiu profundamente.

Depois de alguns minutos olhando para o rosto do  outro, o menor deitou-se ao seu lado, abraçando-o, encostando sua própria cabeça no peito do maior

“Eu que te peço... fique comigo, Makoto.”


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Notas finais do capítulo

Logo logo o capítulo 2 (provável fim) ^^