Pétalas De Sangue escrita por Julia


Capítulo 4
Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu estou de volta depois de 3 dias!
Sabem porque? Porque eu recebi uma recomendação tão linda da Dessa que eu resolvi presenteá-la com a parte final da história

Thiemy, japa loira, não precisa me atormentar mais viu? Tá aí o final sua preguiçosa.



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Charlotte colocara o despertador uma hora mais cedo naquele domingo, afinal havia um casal que ela tinha que salvar. Arrumou-se depressa e logo saiu de casa em direção à igreja. Esperava encontrá-la vazia, mas surpreendeu-se ao ver o pastor Clark conversando com um chaveiro.

- Julius, meu amigo, eu preciso que você abra a igreja. Minha filha está aí dentro junto com aquele rapaz, Alexander. Não me pergunte o que ele faz aí dentro. - completou quando Julius levantou a sobrancelha à menção do nome de Alex.

- Sr. Rock creio que seus serviços não serão mais necessários. - Charlotte disse enquanto caminhava em direção aos dois abrindo um de seus melhores sorrisos. Ela sabia que iria ter que se esforçar muito para não ficar de castigo por uma vida inteira. - A chave está comigo.

- Srta. Jones? O que a chave está fazendo com você? - o pastor perguntou surpreso.

- Digamos que já estava na hora desses dois ficarem juntos. - Charlie deu de ombros. - Eu apenas resolvi fazer o papel do cupido.

Sem esperar uma resposta, Charlie colocou a chave na fechadura e abriu a porta. A claridade dos primeiros raios de sol invadiu o ambiente, iluminando os bancos, o chão e um casal que dormia tranquilamente. Ele estava sem camisa o que deixava as tatuagens à mostra, a garota estava com a cabeça apoiada em seu peito, os cabelos ruivos espalhados pelo chão e com a blusa preta dele cobrindo o corpo dela como um cobertor. Charlie suspirou ao ver a cena, eles estavam tão perfeitos juntos. Ela não teve coragem de perturbar o sono dos dois, mas o pastor não teve tanta sensibilidade. Limpou a garganta várias vezes até que Alex acordou. Ele levantou a cabeça e olhou para a plateia que observava atentamente cada movimento deles. Tomando cuidado para não acordá-la, tirou a cabeça dela e pegou a camisa. Depois que ele a vestiu, começou a chamar Sam baixinho no ouvido para acordá-la. Antes que ele conseguisse, o senhor Clark estava com a cara emburrada.

- Samantha! O que é isso?

O grito do pai fez com que ela assustasse e acordasse.

- Papai? - perguntou assustada.

James a olhava com uma fúria que ela nunca tinha visto.

- Não aconteceu nada senhor Clark. Eu só tirei a blusa porque Sam estava com frio. - respondeu quando percebeu o que ele estava pensando.

Ele pareceu relaxar um pouco, percebendo que tinha exagerado na reação. A sua filha não iria fazer algo daquele tipo dentro da igreja.

- Eu vou para o meu escritório. Conversem a vontade. - ele disse sem jeito e saiu.

Julius, o chaveiro, já tinha saído e agora apenas Charlie olhava os dois.

- Então, deu certo? - perguntou animada.

- O que foi que eu disse Sam? Essa peste loira armou tudo.

- Pois é Alex. Essa menina é surpreendente.

Charlie olhava os dois sem saber o que fazer. Parecia que apesar de passarem a noite juntos, nada havia acontecido. Ignorando completamente Charlie, Alex puxou a mulher para um beijo de tirar o folego. Aquilo pegou Sam de surpresa, mas ela logo correspondeu o que fez a garota bater palmas.

- Deu certo! Vocês estão juntos.

- Charlotte não enche. - Alex comentou com a boca no ouvido de Sam. - E você está de castigo. De onde você tirou essa ideia de nos trancar aqui dentro?

- Tio Alex! Eu fiz um favor para vocês. Se não fosse por isso, quanto tempo iria demorar para resolver essa situação toda?

- Ela tem razão capitão. - Sam comentou e Charlie abriu um sorriso. - Acho que dá pra diminuir o castigo. Um mês é tempo suficiente.

- Um mês? - perguntou incrédula.

- Concordo. Três meses é muito tempo e no fundo, ela realmente ajudou.

- Está na minha hora capitão. Boa sorte com ela. Aposto que ela vai te importunar para saber o que aconteceu durante a noite.

- Janta comigo hoje a noite? Eu cozinho. - Sam olhou para Charlie e Alex sorriu. - O castigo dela pode começar amanhã.

- Tudo bem. Vejo você às...

- Oito.

- Às oito, então. - Sam sorriu e saiu da igreja olhando para trás a cada metro.

Alex ainda sorria igual a um idiota quando Charlotte pigarreou tirando-o de seus devaneios.

- Tio Alex, você realmente vai me deixar de castigo? - perguntou fazendo uma vozinha doce.

- A partir de amanhã. Hoje eu preciso de você bem longe. Durma na casa de alguma amiga, aproveite seu último dia de liberdade.

- Vocês adultos são irritantes. Eu ajudei você Alex, ajudei.

- E eu estou grato por isso Charlie, mas quando eu aceitei te criar, eu assumi responsabilidades e uma delas foi te ensinar o que é certo e o que é errado, e trancar duas pessoas em uma igreja e mentir são definitivamente coisas erradas.

Charlie bufou conformada e saiu para a casa da melhor amiga. Alex começou a pensar no que faria para o jantar. Anos morando sozinho e cuidando de uma adolescente o deram uma noção culinária e ele estava pensando em usá-las para fazer o prato favorito de Sam. Talvez desse certo, talvez não, mas independente da comida ele queria fazer daquela noite algo inesquecível.

Alex alisou o forro da mesa, colocou a vela e a acendeu. Os pratos estavam um em frente ao outro como em um perfeito clima romântico. Tudo estava igual a nos filmes. Quando a campainha tocou, Alex foi correndo atender. Samantha tinha preferido usar algo mais simples, um vestido vermelho de corte reto e um scarpin preto, o cabelo estava solto e ela quase não usava maquiagem.

- Você está linda. Como sempre.

- Obrigada. Você também. - Sam comentou e mordeu o lábio. A verdade era que ele estava quente. A calça jeans de lavagem clara estava justa nos lugares certos, a camisa xadrez estava com o último botão aberto dando um ar meio despojado e as mangas curtas deixavam a tatuagem à mostra. Talvez sejam os vários anos de espera, mas a libido dela estava tão alta que ela se sentia capaz de atacá-lo ali mesmo.

Alex reparara no jeito com Sam o olhava, mas resolveu não falar nada. Comentar só a deixaria sem-graça e ele queria que ela ficasse a vontade. Ele podia entende-la, Sam já tinha 35 anos e por mais que ela acreditasse que o sexo deveria ser feito após o casamento, a biologia já estava correndo contra o tempo.

Ele pegou a mão de Sam e a levou até a sala. Tudo estava indo muito bem. Eles jantaram conversando sobre os anos que ficaram afastados, sobre os amigos, as histórias, tudo que um saberia sobre o outro se eles estivessem se falando. Era impressionante o quanto eles tinham em comum, o quanto os interesses ainda eram parecidos. Alex ainda desejava ser um exemplo para os menores, mas acreditava que já tinha honrado o pai. Samantha era uma jornalista de sucesso apenas com uma matéria de importância publicada. A noite passou rápido e antes que Alex percebesse estava na hora do grand finale.

- Bom, está na hora da sobremesa. Ate agora o chef Alex está aprovado?

- Eu ainda não acredito que você sabe cozinhar.

- Eu sempre tive que me virar. Quando eu fui morar com os meus tios, eu tive que começar a fazer coisa que antes não era necessário e desde que voltei tenho Charlie para alimentar. Qualquer um aprende a cozinhar depois dessa.

- Como funciona o trabalho na base? Você ainda não me respondeu.

- Basicamente é trabalho burocrático. Papéis e contas para analisar além de coordenar os treinamentos, mas não é a mesma coisa. Eu estaria ainda mais feliz se estive dando aulas de tiro, mas sem o braço direito fica mais difícil.

- Você já tentou? - perguntou assustada. - Achei que seu braço ainda não conseguia aguentar o peso da arma.

- E eu não consigo. Mas, um bom sniper atira com as duas mãos. A esquerda ainda funciona, mas não é a mesma coisa. É difícil ensinar a atirar sem aguentar o peso da arma.

- O que você fez para a sobremesa? - perguntou tentando aliviar o assunto da conversa. Ela sabia que aquele ainda era um assunto delicado para ele.

- Bom, eu espero que você goste.

Alex foi até a cozinha e pegou as duas últimas bandejas suando frio. Se ela não gostasse, Alex não sabia o que iria fazer. Tremendo, ele colocou a bandeja na frente dela. Nessa hora, ele não se importou de ter o braço meio "defeituoso", pelo menos era uma desculpa para disfarçar o nervosismo. Lentamente, ele tirou a tampa fechando os olhos para não ver a reação dela, mas ainda sim conseguiu ouvi-la ofegar. Sem conseguir conter a curiosidade, abriu os olhos e a viu com a boca aberta.

- Alex, isso é serio? - perguntou atônita segurando o papel no qual as palavras "Casa comigo?" estavam escritas em uma letra caprichada.

- Você me pegou de surpresa ontem. Eu não esperava que nós voltássemos a ficar juntos e agora que eu te tenho de novo, eu não quero perder. Foram 20 anos perdidos, jogados fora e eu podia ter te encontrado casada, com filhos, feliz. Você não estava, mas tinha um anel de noivado em seu dedo. Eu já tinha perdido a esperança, mas qual foi a minha surpresa quando fui buscar Charlie em sua casa? Você tinha cancelado o noivado. Por mais que a partir daquela hora, eu pudesse ter tentado te conquistar, eu não sabia se você estava fim. Ontem, na igreja, eu percebi a verdade. Eu percebi que eu te queria e que você também me queria. Mesmo eu não tendo um anel, eu te pergunto: - Alex se ajoelhou em frente a ela. - Casa comigo?

Os olhos da mulher estavam marejados. Ela não esperava nada disso quando aceitara um simples convite para jantar. Mas ali, olhando nos olhos da pessoa que a conquistara há 20 anos ela não teve nenhuma dúvida quando respondeu:

- Sim.

O sorriso que surgiu o rosto de Alex poderia ter iluminado uma cidade inteira. Ele estava feliz como não se lembrava de estar em nenhum outro momento. Levantando-se de uma vez, ele a pegou e a levantou passando o braço esquerdo pela cintura e a deixando alguns centímetros mais alta.

- Sra. Mason, eu não poderia estar mais feliz com a sua resposta. - comentou com a boca perto do ouvido dela e percebeu a pele de Sam se arrepiar.

- Eu gosto do som. Samantha Mason, parece certo. - ela comentou também perto do ouvido dele. Ele não se arrepiou, mas Sam sentiu o aperto em sua cintura ficar mais forte.

Ela passou os lábios pelo pescoço de Alex e pode sentí-lo enrijecer. A mão direita dele que antes estava solta na lateral do corpo agora passeava pelas costas da mulher causando arrepios. Samantha era muito sensível a qualquer toque e ele usaria disso durante o período até o casamento. Alex começou a beijá-la como nunca antes. Tudo naqule momento parecia mais mágico. Sem que ele percebesse as mãos de Sam já tiravam a blusa da calça e se aventuravam pelas costas do rapaz. Foi somente quando ela se desfez do abraço para começar a desabotoar a camisa foi que Alex percebeu que aquilo estava indo longe demais. Separando as bocas, ele olhou nos olhos dela e disse:

- Baby, eu acho melhor nós pararmos por aqui.

- Porque? - perguntou fazendo uma cara emburrada igual à de uma criança que acabou de perder o brinquedo favorito.

- Se você quer que eu me controle até o casamento é melhor você não me provocar. Já é difícil sem você tão perto, imagina com suas mãos em mim. Eu juro que não vou tentar nada, mas eu ainda sou um homem.

- Desculpa. - respondeu abaixando a cabeça.

- Vem aqui. - ele pediu levando-a até o sofá e deitando nele com ela ao seu lado. - Que tal se a gente ficar assim? Apenas deitados, sem nenhum amasso que possa levar a consequências indesejadas?

- É uma boa ideia. Eu não consigo resistir a você também sr. Mason, se isso te fazer se sentir melhor.

- Não faz. - ele respondeu meio desconfortável e ela riu o que fez com que a tensão na sala se dissipasse. - Quanto tempo um casamento leva para ser planejado?

- Um ano, mais ou menos.

- Droga. Acho melhor você e a sua mãe trabalharem rápido.

- Isso é o sr. Ateu dizendo que não se importa em casar na igreja?

Ele pensou durante algum tempo e respondeu:

- Para você, o mundo. Só não se esqueça de avisar sobre as tradições militares. Os garotos ficariam arrasados se não pudessem nos saudar no final.

A bolha de felicidade estava formada e nada seria capaz de desfazê-la.

Samantha olhou para o reflexo no espelho da sala anexa a igreja e foi impossível conter um sorriso. O vestido branco simples de alça fina com bordados no corpete modelava o seu corpo e vendo-se assim não se arrependia nem um pouco por ter batido de frente com a mãe e escolher o vestido que queria.

- Mamãe! - a garota chamou. - Onde está o véu?

- Está aqui. - respondeu entrando na sala com a peça na mão.

Ingrid ajudou a filha a colocar o véu tomando cuidado para não atrapalhar o elaborado coque preso com a mesma presilha que Daisy usara em seu casamento. Mesmo sabendo que os médicos não a liberariam para um casamento por mais estável que ela estivesse, Sam mandou um convite recebendo em resposta uma carta escrita a punho pela própria Daisy e uma caixa com o acessório.

- Você está ainda mais bonita filha. - comentou chorosa.

- Obrigada.

- Sabe Sam, eu já estava desistindo de te ver assim, vestida de noiva, a caminho do altar. Você enrolou Noah por 16 anos. Mas aqui está você, linda, de noiva. E eu tenho certeza, bem aqui no meu coração de mãe, que ele é o homem perfeito para você. Você e Noah parecia algo meio falso. Você está fazendo a escolha certa como sempre. - Sam estava se segurando para não chorar enquanto sua mãe já deixava que elas molhassem o seu rosto. - Vá ser feliz minha filha. E faça aquele homem feliz. - as duas se abraçaram e logo os sinos da igreja tocaram anunciando a hora do casamento. - Está na sua hora.

As duas caminharam pela lateral da igreja até a porta principal que estava fechada. Dan a aguardava pronto para levá-la pela nave principal. Os cabelos ruivos realçavam ainda mais em contraste com o terno preto. Ao contrário do usual, Sam entraria com o irmão, não apenas pelo fato de o pai realizar o casamento, mas também porque ela tinha uma ligação com Dan que não conseguia explicar. Eles eram mais do que amigos e irmãos.

Sam sabia que Alex não havia escolhido um padrinho. Rob seria a única pessoa com a qual ele queria compartilhar aquele momento e não tinha motivos para que outro assumisse o posto.

As portas se abriram assim que uma música escolhida pelos dois começou a tocar e Sam passou o braço pelo do irmão começando a andar até o altar. Ela deu os primeiros passos olhando para os convidados e consegui distinguir Paul e Jack, dois dos amigos da época de adolescente de Alex, e Noah. Ela abriu um sorriso tímido quando o viu de braço dado com uma mulher de cabelos cacheados. Sam não esperava que ele viesse, mas estava feliz que ele o tivesse feito. Antes de namorarem ele foi seu amigo e aguentou todas as choradeiras por causa do futuro marido. Abaixou o olhar para o buquê, mas assim que a música tocou "As long as you came to me, you turn around and became a memory. You know how I know God loves me? 'Cause I'm still standing", Sam levantou o olhar e cantou apenas mexendo os lábios para Alex.

- I don't miss you, 'cause I'm always thinking about you in my arms. I don't miss you, 'cause I'm always living with you in my heart. - ele respondeu da mesma maneira.

Sam sabia que alguns convidados tinham percebido já que pode ouvir suspiros e comentários de "Eles são tão fofos juntos" e "Meu marido nunca teria feito isso." vindos dos bancos.

Alex estava maravilhado com a esposa. O sorriso que ela exibia era o mais lindo que ele já tinha visto e isso parecia chamar ainda mais atenção para ela. Depois que seus olhos se fixaram no marido, Samantha não conseguia mais desviá-los. Se ela soubesse que a farda cerimonial ficava tão bem nele, já teria pedido para ver a muito tempo. Verde-escuro definitivamente era a cor dele. Cada músculo dele parecia definido, e as condecorações chamavam ainda mais a atenção para o peitoral.

Assim que os dois chegaram até o altar, Dan entregou Sam ao futuro marido.

- Tome conta dessa garota. A ruivinha não sabe a hora de parar.

- O problema, cunhado, é que eu também não. - respondeu olhando para ela e dando os ombros. - Talvez seja por isso que somos perfeitos um para o outro.

Dan riu e se dirigiu até sua mãe que já chorava horrores. Sam e Alex se olharam por alguns minutos antes de virarem para o altar e encararem o pastor Clark.

A cerimônia emocionou a todos e quando os votos foram ditos, as mulheres não conseguiram mais segurar as lágrimas, até mesmo a mulher que estava com Noah deixou algumas escaparem. As alianças foram colocadas e James Clark anunciou o fim do casamento com a famosa frase:

- Pode beijar a noiva.

Os dois se olharam por um momento e sussurraram "Para todo sempre." antes de darem o primeiro beijo como Senhor e Sra. Mason. Assim que eles se viraram para sair da igreja, o corredor foi cercado por militares, devidamente fardados com a farda cerimonial, todos comandados por Alex e desembainharam as espadas, unindo as de lados opostos acima da cabeça dos noivos. Os únicos rostos conhecidos por Samantha eram os de Jack e Peter que fechavam a fila um de cada lado. Sorrindo, os dois passaram pelos soldados, Alex cumprimentava todos com o olhar, e por mais que comandasse mais de mil rapazes, ele sabia exatamente quem eram aqueles que estavam ali. Quando saíram da igreja, os soldados embainharam as espadas e seguiram os noivos até o carro que os levaria até a festa. Já dentro desse carro, os dois permitiram relaxar. Agora eram marido e mulher e as coisas que enfrentariam não seriam fáceis. Sam odiou o fato de ter que começar a trabalhar em Graz, mas Davis, o seu editor garantiu que o cargo que ela ocupava no The New York Times continuaria lá para ele desde que as matérias continuassem chegando. Adaptar o trabalho dela era muito mais fácil que transferir Alex.

Assim que o carro parou em frente ao salão, Samantha reparou que um dos convidados não parecia muito disposto a entrar. A mulher ao lado dele sorria para todos que a cumprimentavam e parecia realmente feliz em estar ali. Suspirou pesadamente e o marido virou seu rosto para ela preocupado:

- Tudo bem baby?

- Tudo. Eu só não esperava ter que encará-lo tão cedo. - respondeu apontando para Noah que agora estava sozinho já que a mulher tinha começado a conversar com outras pessoas.

- Se você não quiser falar com ele, é só ignorar. Eu não acho que ele fará uma cena no dia do seu casamento.

- Não é isso. É que eu não esperava que ele viesse. Mas, eu preciso falar com ele. É o mais justo se levar em conta o que eu fiz para ele.

- Ele parece ter se recuperado rápido. - comentou sarcástico observando a morena que olhava para ele com paixão. Alex não conseguia gostar de Noah. Saber que fora ele quem consolara Samantha de toda a dor que ele tinha causado gerava uma sensação ruim, mas por isso ele era grato. O que ele não podia sequer imaginar sem ficar com uma raiva incontrolável eram os beijos, os abraços que ele dera nela.

- Vamos. - a garota decidiu e começou a sair do carro.

Assim que pôs o pé para fora do carro, sentiu alguns olhares sobre ela e sorriu. Caminhou até Noah e apenas o encarou. Não sabia nem como cumprimentá-lo. Um beijo no rosto? Aperto de mão? Abraço? Ele pareceu quebrar o desconforto e a abraçou.

- Você está linda, mas todos já devem ter te dito isso.

- Obrigada por vir Noah. Realmente estou feliz por estar aqui.

- Nós somos amigos acima de tudo certo? - a mulher acenou com a cabeça e ele continuou. - Eu fiquei muito mal depois daquela ligação sabe? Eu realmente te amava, mas com o tempo, fui descobrindo que você estava certa. Nós nunca fomos um casal de verdade, sempre havia uma barreira entre nós. Depois de alguns dias na fossa eu resolvi que estava na hora de parar de me fazer de coitado e mudar. Pedi uma folga no jornal e voltei para o Texas. Tudo que eu queria era me reencontrar, ficar tranquilo, sem problemas. Foi ali que eu reencontrei a Cláudia. Estranho não é? Ir para um lugar se reencontrar e acabar reencontrando alguém que você não esperava? Cláudia era uma menina que morava com os pais na fazenda, ela era alguns anos mais nova por isso eu só a via uma vez ou outra quando Finn a trazia para dentro de casa. Todos achavam que eles iriam ficar juntos no futuro, Finn sempre falava dela e em como ele gostava dela. Acontece que ela fez faculdade de veterinária e voltou para a fazenda trabalhar para o meu pai. Finn desencanou dela logo depois que ela saiu e quando eu a vi brigando com um funcionário, realmente furiosa porque ele não tinha feito como ela queria, ela tinha esse brilho sabe, ela sabe exatamente o que quer e parece meio do contra na maioria das vezes. Foi isso que me conquistou nela.

- Fico feliz que tenha achado alguém que te mereça Noah. - a garota comentou realmente feliz. - Eu quero te apresentar o Alex, tudo bem? - ele balançou a cabeça e ela chamou o marido que veio até ela andando lento o suficiente para que não pudessem dizer que ele estava correndo. - Alex, - ela disse depois ele chegou e deu um selinho nela. - esse é o Noah, Noah, esse é o meu marido Alex.

- Prazer. - Alex respondeu tentando ao máximo ser educado, mas visivelmente desconfortável. - Estamos felizes por poder ter vindo.

- Eu não perderia o casamento de uma amiga. Bom, foi um prazer, mas já está na hora de voltar para Cláudia.

Acenando com a cabeça, ele foi ao encontro da namorada que agora estava visivelmente incomodada com as perguntas de uma tia de Sam.

Os dois caminharam até a entrada do salão sorrindo para os convidados e começando a socializar, tirando fotos e conversando animadamente. Já estavam a um bom tempo assim, quando a voz de Charlie irrompeu o salão e fez todos os olhares se dirigirem até a porta.

- Mamãe! - ela não conseguiu conter a emoção e saiu correndo até a mulher que parecia sua cópia alguns anos mais velha. A verdade é que já fazia um bom tempo desde que a garota vira a mãe. Todas as vezes que queria marcar um encontro, os médicos insistiam em arranjar desculpas.

- Ei meu anjo. - Daisy respondeu emocionada acariciando os cabelos da filha. - Como você está? Espero que não esteja dando trabalho para seu padrinho. Principalmente agora que ele será um homem casado.

- Eu estou bem. E eu definitivamente não apronto, apenas agilizo o que já estava para acontecer. Foi assim que esses dois voltaram. - ela respondeu toda orgulhosa.

- Achei que não poderia vir. - Samantha comentou abraçando-a.

- E eu não podia, mas os médicos estão doidos se acham que eu perderia esse casamento. Vocês são muito importantes para mim. - respondeu e em seguida abraçou Alex. - Obrigada por cuidar da minha filha.

- Não é nada. Ela compensa quando resolve ajudar. - comentou e atrapalhou o cabelo dela fazendo com que a garota soltasse um muxoxo de desaprovação.

- Eu espero que você possa voltar logo Daisy. Sem você, tenho que conversar com as fofoqueiras da igreja.

- Samantha querida, me escreva. Nenhuma tortura se compara a ter que dividir segredos com aquelas mulheres.

As duas mulheres continuaram conversando, contando segredos sobre os anos que se passaram, sobre o que levou cada uma a estar exatamente onde estavam. Charlie estava ao lado delas, aproveitando cada momento com a mãe. Alex continuou conversando com os convidados entretendo-os e deixando que sua mulher pudesse ter paz para conversar com a amiga.

A festa durou até à noite. Como em toda festa, alguns convidados ficaram bêbados e pagaram um pequeno vexame. Já era quase dez da noite quando Alex chegou perto da esposa que estava sentada ouvindo entendiada a tia-avó contando sobre casos da época em que ela era jovem e a chamou em um canto:

- Baby, acho que se saírmos agora não será falta de educação.

- Por favor, me tira daqui. Eu não aguento mais tia Hilda contando casos sobre o tempo em que ela era jovem.

- É só você jogar esse buquê e eu te levo daqui no colo do jeito que uma noiva merece. - o marido respondeu rindo.

- Alex, seu ombro... Você vai me aguentar? - perguntou preocupada.

- Não me trate como um inválido baby. É claro que eu te aguento. - ele respondeu meio indignado.

Samantha olhou para ele incrédula, mas ignorou-o logo em seguida. Desejando que o momento em que ficaria sozinha com o marido chegasse logo, dirigiu-se para o palco onde a banda se encontrava e com um sorriso contagiante anunciou um dos momentos mais aguardados pelas solteiras de platão. Metade da população feminina aglomerou-se em frente a ela e sua vista flagrou Charlie em um canto, afastada da multidão conversando com um rapaz que ela não conhecia. Ela teria uma conversa com a garota no dia seguinte.

- Meninas! Agora é a hora mais esperada! Um! - ela fingiu que ia jogar. - Dois! Três! - o buquê voou até o meio da multidão que se acotovelou para pegar pelo menos um resquício das flores. - Agora vocês me dão licença, eu tenho que curtir o meu marido. Aproveitem o resto da festa!

Gritos foram ouvidos, e Sam pode distinguir uma voz mandá-la aproveitar o corpo de Alex ou ela mesmo faria. Rindo e sentindo suas bochechas ficarem vermelhas, a garota desceu do palco e andou até o marido que a aguardava para ir para longe dos convidados e perto do paraíso.

Alex carregou Samantha no colo do carro até o quarto sem se importar com a dor no ombro. Era a tradição e ele não iria fugir dela. Quando chegaram ao quarto, a mulher pegou a chave no bolso do paletó e abriu a porta sorrindo. Alex deu o primeiro passo para o quarto com um sorriso, a colocou em pé no meio da ante-sala e ao fechar a porta, aproveitou para apagar a luz e virou-se lentamente para Sam. Ela olhava para baixo com vergonha, estava sem saber o que fazer. Evitou esse momento durante tanto tempo e agora aos 36 anos não se sentia preparada para tal.

Sentindo o desconforto da mulher, Alex suspirou alto o que a fez olhar para cima e esticou os braços chamando-a para um abraço. Sam se aconchegou nos braços do marido e aproveitou da sensação de segurança que aquele simples gesto fez surgir nela. Ela podia ser uma simples garota do interior, mas os dois tinham sido feitos um para o outro e naquele momento o fato dele saber muito mais que ela nessas questões não importava.

- Eu vou fazer de tudo para que você se sinta o mais confortável possível baby. Para isso, eu preciso que você me diga tudo, está bem? - ele disse com a boca a poucos cemtímetros da orelha dela.

Sam apenas acenou com a cabeça e Alex desceu as mãos pelas costas dela até o final do espartilho onde ele desfez o laço e começou a alargá-lo. Quando chegou ao topo, desceu as finas alças fazendo o vestido cair com um baque no chão. Ainda estava abraçado a ela e pode senti-la estremecer.

- Relaxe baby, por favor.

Samantha soltou um suspiro pesado e desceu dos saltos brancos passando a bater no peito do marido. Era estranho estar apenas de lingerie na frente de um homem completamente vestido. Percebendo o desconforto da esposa, ele se distanciou dela e tirou o paletó. Antes que pudesse começar a desabotoar a camisa, Sam já estava com as mãos nela. Ela desfez os punhos primeiro e em seguida puxou a camisa para fora da calça e começou a desabotoar de baixo para cima em uma lentidão que fez Alex suspirar a cada botão. Assim que a blusa dele estava no chão, ele virou a esposa e puxou a presilha que sustentava o coque fazendo com que os cabelos cor de cobre caíssem às suas costas.

Naquele momento, os dois estavam completamente entregues. Samantha se virou para ele e reparou no homem a sua frente. Os músculos definidos marcados por cicatrizes de guerra e as grandes tatuagens. O dragão negro do lado direito parecia encará-la e ainda tímida, passou a mão pelos contornos do desenho fazendo-o se arrepiar. Sem conseguir mais se segurar, Alex passou a mão esquerda pela cintura da esposa e a levantou fazendo com que ela passasse as pernas pela cintura dele o que fez com que os narizes deles se tocassem.

- Me avise se eu for muito longe baby. - ele sussurrou antes de começar a beijá-la. A mão esquerda ajudava a sustentar o peso dela e a direita espalmada nas costas.

Tomando cuidado para não esbarrar nos móveis, ele foi até o quarto e deitou-a na cama. Os beijos se tornaram mais profundos, mais exploratórios, avançando um sinal sem nenhuma volta e eles definitivamente não queriam parar. As mãos experientes de Alex começaram a percorrer o corpo dela causando sensações que Sam não conhecia. A medida que ele descia os beijos pelo pescoço dela, Sam ofegava xingando-se mentalmente por ter esperado tanto tempo. Ela queria proporcionar a Alex as mesmas sensações que ele causava nela.

Em um gesto tão rápido que Sam quase nem percebeu, Alex desabotoou o sutiã aproveitando o momento que ela arqueou as costas. A peça tomara que caia não era mais um empecilho para o contato total de seus corpos.

Os cabelos ruivos de Samantha estavam espalhados pelo peitoral de Alex, a respiração dos dois em um mesmo ritmo. Alex dormia tranquilamente enquanto Sam encarava o teto e passava os dedos pelo abdome dele em um movimento de ida e volta. Por mais cansada que estivesse não conseguia fechar os olhos. As lembranças da noite continuavam em sua mente e o sorriso besta não saía de seu rosto.

- É capitão, você realmente consegui me conquistar. - falou baixo para não acordar o marido. Pelo que ele contara dormir era algo raro e ela não queria atrapalhá-lo. Marido. Era estranho chamar alguém assim. Sempre pensara que ira acabar solteira e com vários gatos na velhice, mas ali estava ela deitada com o amor da sua vida.

Todas as tatuagens dele eram lindas, mas Samantha não conseguia tirar os olhos do imponente dragão negro. Ainda não acreditava que ele tinha marcado no corpo uma homenagem para ela sem ter a certeza sequer de que iria vê-la novamente.

Ela suspirou alto e pode senti-lo mexer em baixo dela. Pensando que o tinha acordado, levantou a cabeça pronta para se desculpar, mas ele continuava de olhos fechados o que a fez relaxar. Aproveitando que já estava levantada, vestiu a lingerie e saiu do quarto. Era melhor guardar o vestido antes que ele ficasse arruinado. Andou até a sala e o pegou do chão lembrando do momento em que ele foi tirado do seu corpo. Colocou-o na cadeira e abaixou-se novamente pegando o paletó e a camisa colocando o primeiro em cima do vestido e vestindo a camisa. Começou a abotoar por baixo e quando faltavam apenas três botões ouviu um grito vindo do quarto e correu até lá. Pode sentir a dor que emanava dele e seu coração se aperou. A cena que encontrou fez com que lágrimas escorressem de seus olhos. Alex se contorcia na cama, gritando frases desconexas e apertando a mão nos lençois. Sentou-se na cama ao lado dele e o sacudiu com força chamando o nome dele e tentando fazê-lo acordar. Depois de vários minutos chamando sentiu-o relaxar e abrir os olhos.

- Ei amor. - comentou visivelmente aliviada.

- Baby, você está chorando? O que foi que eu fiz? - perguntou preocupado e Sam soltou um soluço o que fez com que compreenção o atingisse. - Eu estava tendo um pesadelo, certo? - Sam concordou e ele virou o rosto quase envergonhado.

- Ei, ei. Olha para mim. - pediu. - Não precisa ficar com vergonha. Eu não me importo com os seus pesadelos. Eu só quero te proteger como você sempre fez por mim. Tá vendo essa aliança aqui? - ela apontou para a mão esquerda onde uma fina aliança de ouro havia sido colocada horas antes. - Quando você a colocou aqui, nós juramos que seria para sempre. Isso para mim significa alguma coisa. Sobre o que você estava sonhando?

- O meu acidente. - respondeu depois de pensar um tempo tentando se lembrar dos demônios que o atormentavam.

- Você não está mais lá, amor. Nós estamos em um quarto de hotel, aproveitando nossa noite de núpicias. É só relaxar e deixar que nós, juntos, mandaremos todos esses demônios para longe.

- Você faz ficar tão fácil baby. Eu estou me odiando aqui por ter te assustado, ter te feito chorar. - ele começou o discurso, mas seus olhos logo perceberam a blusa semi-aberta mostrando o detalhe do sutiã o que o fez engolir seco. - Baby, porque você está vestida assim?

- Ainda tenho que me acostumar a vida de casada. Enquanto isso, eu precisava me cobrir e sua blusa estava mais perto do que minha mala. Porque? Algo errado? - comentou inocente.

- Eu não diria errado. Muito sexy e excelente para me distrair de assuntos sérios, mas definitivamente nada de errado. - respondeu com a voz rouca o que fez com que as bochechas dela ficassem muito vermelhas.

- Alex! - ela o repreendeu e começou a fechar o que faltava da blusa. - Estou falando de coisas sérias aqui.

- Prefiro você com esses botões abertos. - comentou brincalhão e puxou-a para cima dele e desabotoando os botões que ela tinha acabado de fechar.

Puxando-a mais para perto, ele a beijou e por ora aquilo era tudo que importava. Não havia pesadelos, não havia perdas, havia apenas o amor dos dois.

A barriga extremamente grande já fazia parte da rotina de Sam. É claro que houve o surto inicial quando soube que estava grávida de gêmeos, mas logo toda aquela preocupação deu lugar a uma felicidade extrema. Havia dois seres dentro dela, os frutos do amor que ela sentia por Alex. Assim que soube da notícia, ele mudou completamente. Os poucos surtos de lembranças do tempo no Vietnã haviam sumido completamente e ele usava todos os segundos do tempo livre para mimar o máximo possível a barriga.

Charlie já estava na faculdade e logo seria uma mulher independente, o que significava que Sam teria apenas a ajuda de sua já não tão nova mãe para cuidar dos dois homenzinhos que já estavam para nascer. Ela não era mais uma adolescente e cuidar de dois bebês aos 38 não seria uma tarefa das mais fáceis.

Era um dia de sol em um setembro que mesmo no inicio já anunciava o outono. As árvores já começavam a se colorir de amarelo e tons de marrom, preparando-se para perder as folhas. Sam estava sentada em sua máquina de escrever batendo habilmente os dedos nas teclas. Não sabia o porquê de ter protelado tanto a entregada daquela matéria, mas sabia que tinha que terminá-la logo se quisesse dedicar seu tempo apenas para os gêmeos quando chegasse a hora de eles nascerem. Lembrava-se exatamente do dia em que chegara em casa com o resultado do ultrassom que mostrava que estava esperando dois meninos. A expressão de felicidade no rosto de Alex e a empolgação ao comprar as primeiras roupinhas. Tudo em dobro: dois berços, dois carrinhos, dois cangurus, o dobro de fraldas, o dobro de problemas e o dobro da falta de sono, mas também o dobro da felicidade. A escolha dos nomes não fora nem um pouco difícil: eles haviam discutido naquele dia, algo besta que podia ser facilmente explicado pelos hormônios da gravidez e Sam tinha ido se deitar com raiva. Estava tão cansada e estressada que pegou no sono rapidamente e não percebeu quando o marido se deitou ao seu lado na cama e começou a conversar com a barriga.

- Deixem mamãe dormir hoje rapazinhos. Ela está cansada, vocês são tão fortes que ela tem dificuldade para carregá-los. Se papai pudesse, ele carregaria ela de um lado para o outro e seria um verdadeiro escravo para ela se ela precisasse, mas papai não pode. O ombro dele é dodói e ele não consegue carregar muito peso. Então, por favor, não se mexam muito. - Sam havia acordado no meio da conversa, mas resolveu não falar nada. Sabia que se abrisse os olhos lágrimas escorreriam de seus olhos. Alex fazia o seu melhor em tudo e ela sabia que se pudesse, ele realmente cumpriria aquelas palavras. Enquanto falava, ele passava a mão delicadamente pela barriga da esposa. Foi naquele momento que soltou os nomes que queria dar para os filhos desde que soube que seriam homens. - Papai ama vocês Cory e Robert. Eu vou ensinar tudo para vocês sobre como ser um homem de verdade. Nós iremos passar horas jogando futebol americano nos domingos e quando chegar a hora eu irei ensinar a como tratar uma garota como ela merece. Sem pressão para vocês, mas papai realmente era um pegador e um Mason sempre é um Mason.

Sem conseguir se segurar, Sam comentou:

- Desde que eles não me deixem com cabelo branco antes da hora, você pode ensinar a eles o que quiser. - Alex levantou a cabeça assustado e olhou para ela.

- Ei baby, você acordou. Não era minha intenção.

- Não tem problema. - ela respondeu com lágrimas nos olhos. Os hormônios estavam deixando-a muito emotiva. - Você realmente falava sério quando disse os nomes?

- Eu adoraria poder fazer essa homenagem. - ele começou sem saber muito bem como se comportar. Ele estava pisando em ovos ali. Ela podia achar a coisa mais linda do mundo ou odiar e ele sabia que nunca mais poderia tocar no assunto.

- Eu adorei. É tão lindo. - comentou emocionada e ele respirou aliviado. - Robert e Cory Mason.

Samantha expulsou as lembranças da mente e se concentrou em trabalhar. Matthew esperava por aquela matéria na edição da segunda feira e não se importaria de ligar dizendo impropérios a ela mesmo estando grávida. Estava quase acabando quando sentiu uma dor no ventre.

- Calminha garotões. Mamãe precisa acabar isso.

Samantha voltou a digitar, mas logo outra fincada de dor a atingiu fazendo-a soltar um grito agudo. Alex não estava em casa e levaria pelo menos uma hora até que ele chegasse em casa. Andando o mais rápido que a dor e a barriga permitiam, ela seguiu até o telefone e digitou o tão conhecido número. Depois de alguns toques ouviu a voz de Maxwell, um dos novos garotos da base.

- Ei Max, você pode passar o telefone para o Alex, por favor. - pediu e outra pontada a atingiu fazendo com que ela abasse um grito. Não queria deixar o garoto preocupado.

- Ele não está na sala, Sra. Mason. Acho que ele está treinando tiros de longa distância com um grupo. - comentou e Sam bufou indignada. Antes que pudesse continuar, outra pontada a atingiu, mas dessa vez ela não conseguiu segurar o grito. - Sra. Mason, a senhora está bem? - perguntou preocupado.

- Não Max, eu não estou bem. Acho que os gêmeos querem nascer. Tire Alex daquela aula e o mande vir para casa.

- Sim senhora. Boa sorte com os garotos. - respondeu e em seguida desligou o telefone indo chamar o comandante.

Correu pela base como um doido. Sabia o quanto Alex esperava pelo nascimento dos filhos e ele não queria ser o responsável se ele não chegasse em casa a tempo. Encontrou-o deitado no chão da área de treinamento com um M-16 apoiado em seu ombro direito e a mão esquerda no gatilho. Era o único com a arma invertida e conseguia atirar melhor do que todos os outros juntos.

- Comandante Mason! - o garoto gritou afobado e o Alex virou a cabeça na direção dele. - Sua mulher ligou, parece que os gêmeos estão nascendo.

As palavras tiveram um efeito imediato em Alex. Ele levantou-se em um salto e saiu correndo do galpão indo direto para o estacionamento. Nenhum dos alunos pareceu se importar muito, apenas continuaram atirando como se Alex ainda estivesse lá.

Dirigindo como um doido, ele conseguiu fazer todo o caminho que separava a base até sua casa no centro de Graz em quarenta minutos. Abriu a porta de casa com força e encontrou sua mulher sentada na sala assistindo televisão calmamente com as bolsas que preparara para ir ao hospital a seu lado.

- Baby, eu estou aqui. Como você está? - perguntou andando até ela.

- Por favor, me leve para um hospital. As contrações estão ficando mais rápidas. - ela respondeu calma, mas seu rosto já estava sem nenhuma cor e ele sabia que ela estava sentindo dor.

- Você consegue andar? - perguntou enquanto pegava as duas bolsas com a mão esquerda e usava o ombro machucado para apoiá-la.

- Devagar, mas consigo.

Os dois caminhavam até o carro quando Alex a sentiu estremecer. Ela não gritou, mas ele sabia que mais uma contração havia chegado.

- Respire Sam, como a mulher do pré-natal ensinou. Puxe o ar com força e solte lentamente. - ele começou e pode senti-la começar a fazer o exercício. Ele a sentou no carro, colocou as bolsas no banco de trás e deu a volta correndo. - Eu sei que você sempre reclama do jeito como eu dirijo baby, mas...

- Só chegue ao hospital rápido. - ela o interrompeu.

Alex guiou o carro como um louco pelas ruas da cidade até o hospital. Assim que estacionou, deixou a mulher dentro do carro e saiu correndo porta a dentro chamar algum médico. Em poucos minutos, ele já voltava sendo seguido por um enfermeiro com uma cadeira de rodas. Ele o ajudou a tirar Sam do carro e logo os dois já estavam entrando no hospital. Alex pegou as bolsas e correu para dentro logo em seguida. Sabia muito bem que o fato de estar usando uma farda de combate o deixava amedrontador e usaria esse fato para que Sam tivesse o melhor atendimento possível. Contrariado, fez a ficha de entrada dela na maternidade e logo depois segui correndo pelos corredores a procura do quarto onde sua esposa estaria.

Encontrou-a no quarto 206, deitada na cama com um médico ao seu lado e uma enfermeira analisando se realmente estava na hora do parto. Assim que o viu seu sorriso apareceu e ela estendeu a mão que ele prontamente pegou.

- Está quase na hora amor. Você vai ficar aqui comigo não é?

- Ninguém pode me impedir disso baby. - ele retribuiu o sorriso e logo depois a enfermeira anunciou que os bebês já estavam prontos.

- Sra. Mason quando eu disser eu quero que empurre com força, certo? - a mulher acenou e ele começou a contagem. - Um, dois, empurra!

Depois de duas horas, o parto finalmente acabou. Os cabelos de Samantha estavam grudados em sua nuca por causa do suor, mas ela não se importava. Em seus braços estavam seus dois filhos. Tão iguais, tão pequenos, tão lindos. Os dois eram ruivos assim como ela, mas os olhos eram negros assim como os de Alex, a única forma de diferenciar os dois era pela pulseirinha do hospital. Ela ainda tinha que se acostumar em carregar dois bebês ao mesmo tempo. Podia sentir que eles estavam desconfortáveis. Ajudando-a, Alex pegou Cory de seus braços e começou a niná-lo. Sabia que em pouco tempo, toda a família de Samantha estaria ali para ver os bebês e queria aproveitar o máximo que podia. Sentou-se na beirada da cama e sorriu para a esposa. Era impressionante como a maternidade conseguiu deixá-la ainda mais bonita.

- Baby. - ele a chamou e Sam olhou para cima encontrando os olhos do marido a analisando. - Acho que depois de tudo que passamos, nós podemos escrever um livro.

- Acho que não. - ela comentou risonha. - Quem iria querer ler tanto drama? Hoje em dia, as pessoas preferem romances água com açúcar bobinhos e previsíveis.

- Acho que iriam gostar da nossa história. Afinal, ela fala de amor e como ele pode superar tudo, até mesmo a distância causada por uma guerra.

- E como essa história se chamaria? - perguntou já entrando no clima.

- Acho que nós poderíamos chamá-la de Pétalas de Sangue.

Fim


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Notas finais do capítulo

e ai? o q vcs acharam do final? foi digno da história? merece comentarios?
thiemy eu quero uma recomendação gigante ouviu bem?