A Perseguidora escrita por Dimitri Alves


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como prometido não demorei para postar o novo capítulo Weeeeeeeee. Preparados para segura os corações? Essa capítulo está bombástico!!! *------* Boa leitura a todos ;)



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A volta para o colégio foi mais rápido do que a ida. Lara segurava na manga da camisa de Igor, guiando o caminho até o auditório. Depois do beijo, ele percebeu que ela ficava um pouco constrangida em tocá-lo, como se o toque entre eles tivesse se tornado algo intimo. A prova disso era que ela tomava a frente e segurava a manga de sua camisa e não a sua mão ou pulso.

Ao entrarem pela porta lateral do palco, que ainda se encontrava aberta, eles foram dominados pelo calor agradável. Certamente ali no auditório estava mais frio que qualquer aposento do colégio, mas em relação ao frio que estava lá fora, ali dentro estava bem mais quente. Igor passou pela porta e a trancou, pendurando a chave no lugar.

A área mergulhou-se na escuridão mais não tardou para seus olhos se acostumarem. Era possível ver o nevoeiro, que havia invadido o lugar, dançando pela escuridão, com movimentos leves e sutis de uma dança de balet. Porém parecia perigoso e imprevisível como uma serpente.

Saindo do auditório e entrando por um dos corredores principais, Laura e Igor viram varias silhuetas andando de uma lado para o outro e alguns lances de luzes desconcertantes. Era os alunos andando de um lado para o outro achando divertido, para a maioria, o fato de ter faltado luz. E as luzes eram causados pelas lanternas dos coordenadores e das lanternas distribuídas para os alunos.

Laura sabia que aquelas alturas, os coordenadores estavam reforçando as portas e as grades que davam acesso as áreas abertas do colégio.

– Temos que ser rápidos, os coordenadores vão ficar vigiando os corredores com mais rigor. Não vão conseguir manter os alunos nas salas de aula. – falou ela rapidamente e encarando-o pela primeira vez depois do beijo.

Laura e Igor andaram a passos apressados, porém sem muita preocupação. Um dos coordenadores os avistaram sem lanternas e os deram.

– Fiquem atentos com as brincadeiras que alguns alunos estão fazendo. Já colocamos quatro de castigo na coordenação. Não se aproximem das portas e grades que dão acesso a área externa do colégio, os professores estarão vigiando. De hipótese alguma tentem ir para o lado de fora, é muito perigoso e não se sabe o que pode ter no nevoeiro – alertou o coordenador entregando as lanternas.

Tanto Laura e Igor sabiam que aquele argumento do coordenador era apenas para assustar um pouco os alunos e ajudarem os professores e coordenadores a manterem os alunos dentro da estrutura do prédio. Além disso eles estiveram lá fora e sabiam muito bem qual não havia nada de mais no nevoeiro. Assim que o coordenador se afastou eles voltaram a andar.

Vários alunos corriam pelos corredores fazendo sustos em outros alunos, uns ou outros fingindo serem fantasmas. Aquela brincadeira soava um tanto irônico para Igor e, para ele, aquilo não tinha a menor graça.

Se eles soubessem do que estão brincando, certamente não estariam fazendo isso, pensou ele consigo mesmo.

Eles chegaram a porta da biblioteca e entraram. O ambiente estava mergulhado na escuridão, exceto pela mesa da bibliotecária, onde havia um pequeno abajur ligado. Igor ficou curioso com o objeto, como ele poderia estar funcionando sem energia?

– Certamente é de pilha – falou Laura respondendo a sua pergunta.

Igor não ficou surpreso com a sua resposta, sabia que a sua pergunta estava estampada em sua cara.

Cruzaram a grande área e chegaram na mesa da bibliotecária, onde havia vários objetos e caixinhas. Laura começou a procurar alguma coisa entre os objetos e alguns livros que tinha por ali.

– O que está procurando?

– Uma copia da chave. A bibliotecária tem a chave, mas eu já a vi guardar uma copia por aqui, no caso de alguém precisar. Claro que quase ninguém sabe disso, porém como vivo por aqui eu sei que há uma copia.

– Ah... – falou Igor pegando um gato rosado de porcelana.

Laura procurava pela chave freneticamente, sabia que eles não tinham muito tempo até alguém perceber que a energia do colégio tinha apenas sido desligada. Igor, por sua vez, era para estar ajudando-a, mas estava com o seu pensamento longe e distraido com o objeto de porcelana em sua mão.

– Desculpa – falou ele.

– O que? – perguntou Laura despreocupada e procurando a chave em uma pequena caixa cheia de papeis.

– O beijo... – falou Igor rouco.

Laura parou instantaneamente. Foi algo que a tinha pego de surpresa no momento e achou que Igor não fosse tocar no assunto. Ela sentiu um calor dominar as suas bochechas e um sorriso vergonhoso surgir nos seus lábios.

– Ah... Aquilo não... Ah, tudo bem... – tentou falar algo, mas na realidade ela não sabia o que dizer. Na realidade sabia, mas não queria assumir.

Igor abaixou a cabeça, tentando esconder o seu constrangimento. Laura também ficou em silêncio, como se o silencio deles tornassem a quela situação menos constrangedora.

Laura voltou a procurar a chave, mas não no mesmo foco que estava antes. Agora ela que possuía os seus pensamentos longes. Olhava para os livros, caixas e papeis mais sem ver o que estava fazendo de fato. Enquanto se distraia com o seus pensamentos longínquos, ouviu um som metálico deslizar em algum lugar. Ela levantou seu rosto e olhou em direção a Igor, e percebeu que ele tinha um olhar mais curioso no gato de porcelana em sua mão.

– Faz de novo – falou ela para que ele fizesse algum movimento no objeto.

Igor inclinou o gato para o lado e novamente eles ouviram o som de algo metálico. Igor viu o gato de cabeça para baixo e viu que no fundo havia uma pequena tampa. Um gato de porcelana oco. Abriu a tampa e tirou uma pequena chave que habitava ali dentro.

– Eu sabia que tinha uma copia!

Laura lentou-se e virou-se para a porta e a destrancou. Ela e Igor entraram rapidamente e fecharam a porta, trancando-a de volta. Os dois foram engolidos pela escuridão absoluta e por mais que esperassem seus olhos se acostumaram com a escuridão, nada físico surgia diante de seus olhos.

– Acenda a lanterna – sussurrou Laura.

Ao mesmo tempo os dois acenderam a lanterna e se depararam em uma sala não muito grande cheia de gavetas de arquivo, prateleiras cheia de livros velhos e caixas de papelão já se desfazendo devido ao tempo. A sala era abafada e apesar de não ser muito grande, havia muito mais coisa do que ela realmente conseguia comportar, tornando-a menor.

Igor deu o primeiro passo se aproximando em um gaveteiro qualquer. Percebeu que os gaveteiros ali eram de cor verde já desbotado e alguns deles já apresentavam sinais de ferrugem. Abriu uma gaveta aleatória com dificuldade e encontrou varias pastas suspensas com papeis velhos e já amarelados. Olhou rapidamente ao redor e encontrou um par de luvas e uma pinça, material usado para a pele não ter contato direto com o papel, assim evitando o desgaste.

O papel era velho e amarelado. O material era muito fino, aprecia que a qualquer momento ele poderia se desfazer na sua frente. As letras ali digitadas eram de uma maquina de escrever. O papel estava datado no dia 25/10/1936.

Laura se aproximou e estudou o papel junto com ele. Sabiam agora que o papel que iriam procurar era bastante antigo. Eles se dividiram em busca das informações que precisavam. Laura decidiu que ela iria procurar pela pasta de Patrícia e Igor iria buscar informações da sala na qual ela estudou.

Igor foi para o fundo da sala, onde se encontrava as prateleiras com os livros velhos. Todos os livros ali era de capas duras, onde na frente tinha um o brasão dourado do colégio, na a qual agora se encontrava desbotado. Os livros se tratavam de álbuns escolares, onde tinham fotos da época e dos alunos. Na frente de cada livro, era descriminado o ano respectivamente.

Não foi necessário procurar muito, pois Igor lembra-se que tinha encontrado registro de Patrícia no ano de 1901, quando estava na sétima serie do ensino médio. O livro era de cor verde musgo e na frente, assim como todos, estava o brasão dourado desbotado. O livro fazia uma breve apresentação do colégio e apresentava algumas fotografias dos espaços, alguns textos, hino do colégio e do país.

Mais a dentro havia uma foto da turma da sétima série do ano de 1901. A foto era mesma que Igor e Laura tinham visto no computador da secretaria. Igor sentiu um arrepio surgir em sua perna e correr todo o seu corpo, estranhamente sentiu a temperatura diminuir um pouco. Ao lado da foto estava o nomes dos alunos em ordem alfabética, referente a foto.

– Laura – chamou ele num sussurro, porém audível na distancia em que Laura se encontrava – encontrei uma coisa.

Ela se aproximou e viu que ele segurava um livro em sua mão. Laura tinha uma expressão confusa, mas não abriu a boca para perguntar algo, esperou que Igor explicasse o que tinha encontrado. Igor, por sua vez, apoiou o livro em cima de um dos gaveteiros e abriu na pagina que tinha a foto. A expressão dela foi a mesma de Igor, e ficou empolgada com os nomes ali ao lado.

– Também encontrei algo – disse ela virando-se e andando para o gaveteiro que estava investigando. Igor a seguiu.

O gaveteiro estava aberto e nele estava cheio de pastas suspensas, igual a gaveta que ele tinha aberto aleatoriamente. Cada pasta tinha os nomes que correspondia com o conteúdo ali de dentro. Havia um pequeno espaço entre as pastas, como se tivesse faltando uma. Logo em cima do gaveteiro, estava uma pasta aberta com uma foto na qual Igor reconheceu.

– Patrícia... – falou ele num sussurro.

– Sim, ela mesma. Esse gaveteiro tem todas as informações dos alunos da sétima série do ensino médio do ano de 1901. Não encontro nenhum outro registro dela depois desse ano. – falou ela pausadamente, com cuidado no que dizia.

Igor suou frio com o seu desfecho. O fato de nenhum outro registro dela depois daquele ano é porque ela havia morrido em 1902. Aquilo era angustiante para ele. A foto mostrava Patricia com o rosto descontraído. Seus cabelos estavam soltos e peteados para trás. Logo atrás da foto havia as informações completas.

Patrícia dos Campo Ferreira

Nascida em: 06/12/1886

Pais: Casados

Endereço: Rua Barão Fortuno 75, bairro Inverno, Arvoredos – RS, Brasil

Matrícula em 03/02/1894

Igor sentiu um bloco de gelo surgir em seu estomago e um mal estar simultâneo surgir. Seus músculos se contraíram de modo involuntário e com violência. Seu rosto era de puro panico. Laura também ficou assustada ao ver aquilo.

– Igor... – começou – Ela morava na mesma rua que você – falou ela surpresa, apesar da voz quase não ter saído de sua garganta.

Eram muitas as coincidências que surgiam ao longo das investigações e pela milionésimas vez, Igor se perguntava se queria seguir em frente com aquilo. Laura fechou a pasta e virou-se para Igor ainda assustada com o que viram. Ambos tinha a respiração descoordenada. Foi necessários alguns minutos para eles se recuperarem do choque.

– Ela está mais próxima de você do que imaginávamos – falou ela num sussurro.

– Você não sabe o quanto... – falou ele ainda assustado.

Laura percebeu que Igor quis dizer mais do que aquilo que estava falando. Havia algo oculto naquelas suas palavras.

– O que você quer dizer? – perguntou ela curiosa.

Igor se sentiu desconfortável com a pergunta e, de certa maneira, impotente em respondê-la, como se suas palavras fossem palavras perigosas ou proibidas.

– Eu moro na casa 74, Laura. A casa 75 hoje não existe. É um terreno baldio. A casa de Patrícia era vizinha a minha – falou ele com a sua voz falha.


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Notas finais do capítulo

E então pessoal, gostaram? Dês que tive a ideia de escrever essa história, eu estava louco para escrever essa parte e, finalmente, eu escrevi! Espero que eu tenho os surpreendidos! Vem mais por aí :D



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