A Perseguidora escrita por Dimitri Alves


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Alooow Pessoas. O capítulo de hoje ta graaaaaaaande! E ele ta maior ainda no meu pc, tive que dividi-lo para não tornar a leitura muito longa e cansativa. Eu creio que esse é o capítulo mais perfeito que já escrevi dessa história! Me empolguei de modo absurdo! Tomara que vocês gostem também desse capítulo cheio de tensão. Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/420461/chapter/20

Como era previsto, de fato havia uma alista para os alunos entrarem nas salas. O prédio havia sido separado, onde uma parte era para os meninos e a outra para as meninas. Cada sala ocupava os meninos correspondentes de cada ano, assim evitaria confusões ou maiores transtornos. Antes de entrar o nome era conferido na lista e a entrada era permitida. Faltava meia hora para os celulares serem recolhidos e nesse meio tempo era para os alunos trocarem de roupa e irem ao banheiro antes do recolhimento do celular.

Alguns dos meninos faziam badernas um com os outros, zoando os trajes de dormir. Igor usava um pijama de calça cumprida e uma camisa de manga longa de cor cinza. Por sorte ninguém gozou de sua cara. Os colchões estavam divididos em duas fileiras, uma do lado esquerdo e outra do lado direito, onde estavam as janelas. Entre elas havia espaço para que o professor passasse e vigiasse os alunos.

Quando deu a hora o professor pediu para que os alunos dessem os celulares. Houve muitos resmungos, mas todos foram entregues. Todos os celulares foram adesivados com os nomes dos seus respectivos donos.

Rapidamente cada um foi escolhendo onde dormir. Igor deitou-se no ultimo colchão, distante do professor e próximo à janela. Os últimos alunos foram entrando e deitando-se nos colchões que havia disponível. Percebendo que estava todos deitados, o professor fez uma ultima chamada para se certificar que todos estavam ali e não havia alunos infiltrados.

– Pois bem, pessoal, façam silencio e nada de conversas. Boa noite a todos – disse o professor apagando as luzes.

A escuridão engoliu a sala instantaneamente. Igor desviou seus olhos para a janela, mas não havia nenhuma claridade vinda do lado de fora. Percorreu seus olhos pela sala, mas não viu absolutamente nada, apenas leves vultos. Ajeitou-se no colhão, encarando o teto escuro. Igor não sentia sono, não teria como sentir por está ali. Aos poucos seus olhos foram se acostumando com a escuridão e o teto se tornou mais visível.

Igor se atreveu a mudar de posição para ver como estava a sala. Agora estava tudo mais claro, os alunos estavam imóveis, poucos se mexiam. O professor andava de um lado para outro lentamente, observando atentamente se os alunos que dormiam. Mentalmente Igor tinha que deixar tudo planejado para que o professor não suspeitasse na hora dele fugir. Agarrou-se no edredom e cobriu-se dos pés a cabeça, de modo que ficasse completamente coberto.

– Ei, você está bem? – perguntou alguém muito baixo, quase num sussurro perto dele.

Igor descobriu a cabeça para ver quem o havia perturbado. Próximo a ele estava um rosto que não identificou de imediato, precisou de alguns segundos para poder reconhecer o rosto. Era o professor.

– Um pouco de frio – respondeu ele.

– Ok – respondeu o professor e voltou a andar de um lado para outro.

Igor voltou a se cobrir por inteiro.

Igor não estava com frio coisa nenhuma, era só uma estratégia que tinha montado na hora que fosse necessário fugir. Quando o professor fosse ao banheiro, teria que ser rápido. Deixaria seu travesseiro coberto com o edredom, assim o professor não suspeitaria do seu sumiço, acreditando que Igor ainda estava embaixo do edredom. Ele torcia para que Laura tivesse a mesma ideia.

O tempo passava e a sala ficava mais fria. Os alunos não se moviam mais. Lá fora a lua resolveu aparecer e emitir um pouco de luz que conseguia. A sala ficou mais clara e visível. Igor odiava aquele silencio profundo que reinava ali, apenas o leve motor do ar-condicionado transmitia som. O professor não andava mais de um lado para outro, ficou por um bom tempo em pé num ponto fixo olhando para a sala e depois ficou sentado numa cadeira.

Igor agora estava atento ao professor, era obvio que agora ele estava cansado e que já sabia que todos os alunos dormiam profundamente. Repentinamente o professor saiu da sala e abriu a porta levemente. Ele viu que ele conversou com alguém do lado de fora, provavelmente o outro professor. Por mais baixo que fosse o cochicho, Igor conseguiu ouvir alguma coisa.

– Vou ao banheiro, fique de olho na porta – disse o professor. Ele deu uma ultima olhada na sala e fechou a porta.

Igor aguardou alguns segundos por segurança e sentou-se, observando todos que estava ao seu redor. Ninguém parecia ter percebido que ele estava levantado. Ninguém se moveu. Todo ali deitado e imóvel fez Igor suar frio, não pode deixar de pensar que ali parecia uma sala de necrotério. Rapidamente levantou-se e ajustou seu travesseiro, lançado o edredom por cima. Estava bem convincente.

Ele aproximou-se da janela e levantou a trava com um pouco de dificuldade. Houve um pequeno estralo que ecoou pela sala. Igor agachou-se no escuro para camufla-se, caso o professor colocasse seu rosto para observar o que havia acontecido. Aguardou alguns segundos e nada tinha acontecido. Igor tinha que ser rápido agora, o professor poderia voltar a qualquer instante. Aproximou-se novamente da janela e abriu uma das portas. O vento frio da noite entrou em um pequeno uivo, porém Igor ignorou aquilo e colocou os pés para fora, apoiando-se no parapeito, depois saiu por completo, fechando a janela novamente.

Ele andou toda a extensão do parapeito que ia além da janela. Um pouco mais adiante havia uma árvore por onde ele poderia descer. A noite estava fria e dali de cima Igor viu o mar branco dominar tudo até onde os seus olhos conseguia ver. O solo não era visível, pois o nevoeiro cobria. Ele sentiu medo e travou naquele instante, porém tinha que pensar em Laura que poderia já estar em seu aguardo.

Ele pôs seu pé em um dos galhos grossos da árvore e com ele impulsionou seu corpo. Agarrou-se a um outro galho qualquer e assim foi até descer da arvore. Ao chegar ao solo foi engolido pelo estranho e denso nevoeiro. Igor teve a sensação que ele tinha cometido um erro ao ter aquela ideia, mas agora era tarde de mais para voltar atrás. Guiou-se pela parede do prédio, até encontrar o pátio do colégio. A área se tornava maior quando vazia. Via-se nela que havia dois vultos andando de um lado para outro, mas sabia que eram os professores.

Merda, pensou ele revoltado.

Igor tentou olhar ao redor para tentar encontrar alguma outra saída, mas para ter o acesso da capela, teria que passar por ali. Poderia ir por outras entradas, mas com certeza as grades estariam fechadas. Sem opções, pegou uma pequena pedra no chão e tentou jogar em algum lugar que pudesse chamar a atenção, mas onde? Ele mal conseguia ver o que tinha na sua frente. Com poucas opções, Igor sabia que mais adiante havia uma janela, mas não a enxergava. Jogou a pedra as segas.

O tintilar do vidro foi um grito de vitória. Os professores desviram sua atenção para o som e correram em direção, segurando suas lanternas. Igor os via se afastando dele e foi o momento perfeito para poder cruzar pátio, chegando ao corredor onde poderia ter acesso a qualquer parte do colégio. Ele andou pelos corredores com cuidado, tentando não cruzar com nenhum professor. Quando surgia algum professor, se escondia nas sobras que os corredores projetavam. A maioria deles usavam lanternas, mas Igor escondia-se em pontos estratégicos, onde os professores passavam por ele sem perceber.

Igor entrou em mais um corredor e abriu a porta da capela e fechou. Um silêncio perturbado o recepcionou. Sentiu-se aliviado por está ali. Não havia nenhum professor. Apenas ele e os objetos.

Na claridade, a capela era bonita e rica em detalhes. Um lugar superconfortável e acolhedor. Naquele momento a capela parecia o lugar mais perigoso que ele poderia estar. As imagens que havia ao longo da capela tinham sombras sinistras e antes, que demonstravam um rosto calmo, sereno e tranquilo, agora mostravam-se sombrios e misteriosos. O altar parecia uma monstruosa caverna, guardando todos os tipos de perigo. Igor aproximou-se do altar lentamente.

– Laura? – perguntou ele baixo.

– Igor? – perguntou uma voz baixa num sussurro.

Igor congelou no mesmo instante em que ouviu a voz feminina. Sentiu todos os pelos dos seus braços e do seu pescoço se arrepiarem. Ele ficou em estado de alerta. Afastou alguns passos do altar e olhou ao seu redor. Estava tudo vazio. De repente ele viu algo se rastejar saindo de baixo do altar. Ele se assustou e tropeçou em seu próprio pé, fazendo um barulho alto com o seu baque.

A figura que saiu de baixo do altar se ergueu, revelando uma garota, mas seu rosto manteve-se oculto pela escuridão. A garota aproximou-se rapidamente com urgência. Igor tomou aquilo como uma ameaça.

– Igor, sou eu... O que foi? – perguntou Laura.

No mesmo instante, como se tivesse acabado de tomar um banho de água gelada, Igor sentiu um profundo alívio. Sorrio bobo consigo mesmo por achar que quem estava diante dele era Patrícia, porém seu sorriso murchou ao pensar que poderia ter sido de fato ela que estivesse ali.

– E-eu me assustei – disse ele tentando recompor-se.

Laura ajudou-o a levantar-se e juntos foram para debaixo do altar. Mesmo que o local fosse seguro, eles não poderiam ficar claramente visíveis. Quanto mais discreto fossem e mais cuidados tomassem, era melhor para eles.

– Aguardei você um tempão... Pensava que não vinha mais – comentou ela baixo.

– O professor demorou a sair da sala. Na primeira oportunidade que tive, sai rapidamente – falou ele num sussurro.

– Precisamos nos concentrar agora. A secretária fica perto da recepção do colégio. Lá a vigilância é um pouco mais intensa. Trouxe comigo meus grampos de cabelos. Precisamos ser extremamente rápidos, pois os professores estão circulando todos os corredores, foi quase impossível eu chegar aqui – concluiu Laura.

Ambos assentiram com a cabeça e saíram de baixo do altar, entraram na sala da sacristia, pois por ali dava um atalho para outros corredores. A sala era um pouco apertada e possuía mais objetos do que a capela. Laura aproximou-se de uma das portas e observou a estreita brecha que havia embaixo da porta.

– Os professores estão com lanternas, podemos ver através da brecha quando é que eles passam – falou Laura.

Igor concordou e ambos esperaram alguma alteração na iluminação. Debruçaram-se no chão e ficaram olhado a escuridão pelo pequeno espaço. Quando menos esperaram, lentamente, uma iluminação ia surgindo, se expandido pelo corredor do lado de fora. Eles ficaram alerta quando o professor passasse. Eles acompanharam a luz ficar mais intensa até ver os pés do professor passar diante deles. Foi impossível Igor não lembrar o episódio das estufas.

Levantaram-se, Igor rodou a pequena chave que já havia na porta. Houve um pequeno e leve estalo. Ambos ficaram imóveis esperando que algo acontecesse. Felizmente nada aconteceu. Igor abriu uma pequena parte da porta para que pudesse colocar seu rosto para fora. De um lado via o professor se afastando com sua lanterna. Do outro lado estava tudo vazio. Ele abriu a porta e se escondeu em um das sombras projetadas pelo corredor. O professor continuou com seu caminho. Laura fechou a porta delicadamente e se escondeu em uma sombra próxima a Igor.

– Temos que ser rápidos, o professor já já dará meia volta – alertou ela num sussurro.

O professor estava mais distante deles, breve faria a meia volta. Seus passos eram lentos e ritmados, Igor e Laura sabiam o momento que ele faria o retorno. Eles andaram rente a parede, tendo se camuflarem da melhor forma possível pelas sombras. Não tardou muito e, ao olhar para trás, já percebiam que o professor já estava voltando. Eles aceleraram os passos até entrar no corredor que dava acesso a recepção.

Como havia previsto havia mais professores ali. Quatro no total. A situação deles ficou bem complicada. Como iriam burlar a segurança daqueles quatro professores? Como entrar numa sala trancada sem ser percebidos? Igor e Laura mantiveram-se imóveis na escuridão, observando os professores e imaginado o que faria. Estava tudo no mais absoluto silencio, quando ouviu-se uma porta se fechar com extrema violência.

Todos se assustaram com o som.

– Mas o que foi isso? – indagou um professor olhando para o corredor escuro e vazio.

Não tardou e o outro professor, que vigiava o corredor que Igor e Laura tinham passado, apareceu correndo... Assustado como os outros.

– O que foi isso? – perguntou ele a todos ali presentes.

– Alguma porta se fechou. Ação do vento, talvez? – arriscou alguém.

– Não, todas as portas foram trancadas antes do toque. Há algum aluno fora da cama – comentou outro professor.

Igor e Laura gelaram. Se descobrissem que eles estavam fora da cama, iriam procura-los por todas as partes do colégio.

– Fale com os professores das salas onde os alunos estão dormindo e certifique se há alguém fora da cama. Você volte para o corredor onde estava e dois professores vão para o corredor aonde veio o barulho. Nós ficaremos aqui – disse um professor apontando para o outro.

Todos foram para os seus destinos, sobrando apenas dois professores na recepção. Agora estava mais fácil de poder entrar na secretaria. Igor e Laura teriam que cruzar a frente deles para poderem chegar a secretaria. Agora eles precisariam de um golpe de sorte. Os dois professores vigiavam as extremidades do corredor com os olhos cansados, era nítido. Um deles se sentou numa cadeira e deixou sua cabeça cair para trás. O outro permaneceu firme. Depois de uma longa duração imóvel, ele decidiu esticar as pernas e andou até o portão de entrada. Foi a oportunidade que Igor e Laura encontraram.

Chegando à porta da secretaria, eles sabiam que tinham segundos para abrir a porta. A qualquer momento algum professor poderia surgir. Laura tinha suas mãos nervosas, enquanto tentava abrir a porta com o grampo. Igor suava frio e agitava a sua perna de tão nervoso. Não muito longe dali eles ouviram passos. Os professores estavam voltando e a passos acelerados. Laura tremia mais ainda e quando a porta fez um click, eles entraram na secretaria sem cerimonia. Ao passar pela porta, eles não tiveram tempo de fecha-la, penas a encostaram. No mesmo instante que a porta se encostou os professores passaram ali.

Igor e Laura respiram fundos e aliviados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Iai pessoal, bacana, né?
Esse capítulo foi super bem elaborado. Não foi fácil escrevê-lo.

Até a próxima



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Perseguidora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.