Jovens Caçadores - As Escolhas (4) escrita por Duquesa da Noite
Notas iniciais do capítulo
Oi gente, desculpa a demora na postagem, mas final de ano é sempre uma bagunça e eu acabo ficando sem tempo para escrever, essa semana vou postar mais três capitulos para compensar.
Quem ler e quiser comentar será muito bem vindo
bjosbjos
Ass.:D.
Thiago Narrando
Já passava da uma e meia da noite, era o horário que eu costumava sair para ver se a minha Ana tinha respondido.
Pulei o muro e andei até a arvore que deixava as cartas escondidas e lá ao invez de ter uma carta tinha apenas um papel pequeno dobrado de uma forma que parecia ter sido as pressas.
Abri com cuidado para não rasgar, ainda não tinha total controle sobre a minha força entao qualquer movimento mais rapido rasgava o papel.
" Meu príncipe, precisamos conversar urgente! Descobri uma coisa péssima e preciso te ver logo. Não se esqueça que acima de tudo eu te amo..."
Li umas três vezes o que ela tinha escrito e tentava entender o porque de tanta apreensão.
Olhei para o meu relógio, duas horas da manha, ela nunca dormia cedo, devia estar acordada ainda e nessa hora todos ja deviam estar no centésimo sono, pensei bem nos riscos de ser pego ou morto ou os dois, calculei em quanto tempo conseguiria fugir caso precisasse, tambem pensei nos riscos que poderia causar a ela, de machuca-la sem querer ou... estremeci e nem terminei o pensamento.
Tinha "caçado" ontem, na verdade onde eu morava eles compravam muitas bolsas de sangue e eu tambem me alimentava de pessoas que não mereciam nem ter nascido, como estupradores e pedófilos, não as matava, mas elas ficam hospitalizadas entre a vida e a morte por um bom tempo, era disso que eu estava vivendo no momento, então talvez ela não sofresse tanto risco.
No final das contas acabei decidindo em arriscar, queria saber como ela estava e o porquê de estar tão preocupada.
Fui caminhando por onde tinha mais sombras para me camuflar, ainda lembrava o caminho para o quarto dela, mesmo tendo estado lá apenas uma vez e a cada vez que eu via aquela escola parecia maior e mais antiga, não podia negar que era linda e ao mesmo tempo assustadora.
Me aproximei do quarto e escutei a Ana falando alto, parecia estar discutindo com alguem. Cheguei o mais perto que pude e apurei os ouvidos para escutar melhor e ouvi metade da frase dela.
–... E você queria que eu estivesse dando pulos de alegria?
–Isso deveria ser uma honra para qualquer um de nossa espécie Ana, só você para se irritar com isso!- Era a voz do idiota do Murilo.
Comecei a sentir uma raiva gigante e um instinto de possessão tomar conta de mim, a Ana era minha, o que ele estava fazendo discutindo com ela? Que intimidade ele tinha para isso? Fechei as mãos com força dando para ver até os nós dela esbranquiçando.
–Você não entende mesmo não é? Para você tanto faz Murilo! O que importa é o orgulho da especie, que esse orgulho vá para o INFERNO!
Me afastei da porta e fui em direção da janela, queria ouvir mais, queria ver ela, como ela estava, o que estava fazendo e se o Murilo estava longe dela.
–Ana, você que nunca vai entender, nunca quis ser uma feiticeira e infelizmente você que teve a sorte de ter poderes fortes e a chance de honrar isso, mas como sempre quer ser do contra e negar isso! Vai fugir de novo?
Ana estava sentada na cama encarando o Murilo do outro lado do quarto incrédula e nervosa, nunca tinha visto ela tão irritada em todo o tempo que convivemos. me afastei um pouco para as sombras ficando de frente para a janela, assim podia ver tudo e ninguem me veria.
–Você não entende mesmo o que está acontecendo... Você não soube contra quem eu vou lutar ou realmente não está se importando?
Ele se aproximou dela e a segurou pelos braços a chacoalhando de leve, isso me faz quase perder o controle.
–Ana, acorda, ele não é mais um humano, tambem esta treinando para lutar contra você! você acha que ele vai hesitar tanto assim quanto você esta fazendo?
Ela o empurrou com força e caminhou até a janela, vi as lagrimas nos olhos dela, queria abraça-la com força, perguntar o que estava acontecendo e falar que ia ficar tudo bem e depois bater nesse moleque por tê-la feito chorar.
–Sai daqui Murilo, agora! Ou eu mesma vou te tirar daqui.
Ele a olhou irritado e incredulo mas se encaminhou até a porta.
–Você esta fazendo papel de idiota Ana e sabe disso... Amanha se trinamento começa as 8 horas, esteja já pronta e calma para facilitar as coisas.
Ele saiu batendo a porta, me segurei para não ir atrás dele, olhei-a e ela ainda olhava pela janela, fazendo força para não chorar.
Sai das sombras e fui até a porta do quarto dela batendo de leve.
–Eu já mandei você ir embora.
Bati de novo, não ia chamá-la, talvez alguem escutasse. Ela abriu a porta em um baque.
–Eu mandei você ir...- Ela parou me olhando espantada -Thi? É você mesmo?
Abri meu melhor sorriso para ela e me aproximei.
–Não adianta me mandar em bora, você sabe que eu não vou.
Ela abriu um sorriso e me abraçou com força, estava com saudades dela, do abraço dela, até do cheiro de chocolate que os cabelos dela tinham. Mas o fundo da minha garganta ardeu um pouco com a sede, respirei fundo me controlando não podia atacá-la, não podia nem pensar nisso.
Ana me soltou pegando apenas na minha mão e me puxando para dentro do quarto.
–Ninguem pode te ver aqui nem saber que você veio aqui.- resmungou mais para si mesma do que para mim.
Depois me abraçou de novo e me deu um beijo. Tambem estava com saudade disso, do beijo dela. Tive que, de novo, controlar ao maximo minha força, não queria machuca-la.
Ela se afastou um pouco, eu ainda estava com as mãos abraçando a cintura dela e ela começou a passar a mão pelo meu rosto.
–Não mudou tanto, a pele clareou um pouco, seu cabelo esta mais escuro e o seu dente mais aparente...- Ela olhou dentro dos meus olhos e sorriu- Mas continua sendo o meu Thiago.
Depois disso o sorriso dela começou a sumir e eu vi os olhos dela se enchendo de lagrimas de novo.
–O que foi Ana? Por que você esta chorando?
Puxei ela para a cama sentando-a e me sentei de frente, ainda segurando as duas mãos dela.
Ela suspirou e, com a parte de tras da minha mão, enxugou uma lagrima que tinha caido.
–Antes de tudo, o que você esta fazendo aqui? É perigoso de mais.
–Eu vi seu bilhete e fiquei preocupado, cheguei aqui e você estava discutindo com o babaca, quero dizer, com o Murilo, peguei só o final da discussão e fiquei mais preocupado ainda. O que esta acontecendo Ana?
Ela respirou fundo e se aproximou se alinhando em meus braços e brincando com as minhas mãos. Minha garganta ardeu mais forte, mas eu respirei fundo e me concentrei na conversa passando pela minha mente "ela não".
–Você soube da guerra que vai ter?
–Eu ouvi comentários sobre ela, que eu devo lutar e é por isso que estão me treinando, pois meu oponente é muito forte.
–Ninguem te falou contra que é a guerra? Ou quem é seu oponente?
–Não, ninguem comentou sobre isso.
Ela se separou de mim me olhando nos olhos e vi as lagrimas ali de novo.
–A luta vai ser sua espécie contra a minha...
–E você sabe contra quem eu vou lutar diretamente?
Ela respirou fundo ainda chorando e a briga que eu ouvi entre ela e o Murilo começou a fazer sentido. Ela estava falando que não queria lutar e ele estava falando que ela era a mais forte, a mais poderosa e que ela ia representar a espécie...
–Ana, me fala por favor que você não é o meu oponente?
Ela começou a chorar mais ainda e colocou o rosto nas mãos para esconder, estava irritado com o que estava acontecendo, por que eu e ela? Por que não eu e o idiota do Murilo? Puxei ela a abraçando forte e ela começou a chorar no meu ombro, senti minha camiseta ficando molhada nos pontos onde as lagrimas caiam.
–Não quero lutar com você Thi, estou fazendo de um tudo para sair disso, mas eles não deixam.
Dei um beijo no topo da cabeça dela e comecei a fazer um carinho leve em seus cabelos para ela se acalmar.
–Vamos dar um jeito bruxinha, vamos dar um jeito, eu juro para você que vamos sair dessa juntos.
Ficamos assim por um bom tempo até ela parar de chorar, deitei com ela na cama e a puxei para o meu peito fazendo cafuné nela até ela cair no sono.
A sede ficava mais forte de acordo com quanto mais tempo eu ficava la, mas eu teria que aprender a controlar isso tambem, eu amava a Ana e ia ficar ao lado dela sempre.
Amanha quando voltar para casa terei uma conversinha com a minha mãe, ela tinha que me ajudar a sair dessa ou eu sairia por conta própria, por bem ou por mal. A abracei mais forte e fiquei escutando sua respiração continua e calma ate, por incrivel que pareça, dormi.
Parece piada um vampiro dormindo de noite, mas ainda temos algumas coisas dos humanos, ainda mais quando faz pouco tempo que foi trasformado e ficar ali com ela acabou me fazendo cair no sono, só tinha que acordar antes do sol nascer, mas pelo menos ia ficar algumas horas com a minha Ana.
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