Jovens Caçadores - As Escolhas (4) escrita por Duquesa da Noite
Ana Narrando
Ao contrario de quase todos da minha espécie eu não gostava de usar minha magia para ir aos lugares que precisava, gosto de andar nas ruas, ver as construções, as pessoas, as lojas, até que eu vi uma cafeteria e entrei para comprar alguma coisa para beber.
–Vai demorar muito ainda?
–Dá para parar de reclamar? Você só reclama desde que nó saímos do hospital e eu falei que não queria usar magia e andar um pouco.
O Murilo teve que ir comigo ver a Nina e o Diogo porquê, por uma ordem da Virginia, eu não poderia sair mais sozinha dos muros do colégio e meu protetor teria que ir comigo onde fosse. Mas digamos que ele não era uma boa companhia quando se tratava em andar entre os humanos, uma coisa que ele odiava e fazia contra a sua vontade.
–Não consigo entender o que você viu para fugir da escola e ficar aqui com esses...- Ele abaixou a voz- Humanos.
Abri um sorriso e olhei em volta, era um dia bem claro, com muito sol e calor e dentro da cafeteria tinham famílias comendo e rindo, casais de namorados e grupos de amigos conversando alegremente e mesmo com algumas pessoas emburradas por estarem trabalhando em um dia tão bonito quanto esse, eles mostravam o que realmente estavam sentindo, minha especie era muito seca, sem emoção.
–Tudo neles me encanta, tenho mais de humano em mim do que da nossa espécie e você sabe disso pois acha estranho minha troca rápida de sentimentos e emoções.
Fui atendida e comprei um café gelado que ficou pronto quase que instantaneamente e fomos para a rua andar mais antes de ir para a prisão, quer dizer, colégio.
Senti falta do Thiago, andar com ele sempre era bem mais divertido, ele ficava me cutucando, imitando as mulheres que andavam de uma maneira estranha com o salto, ficava me jogando de um lado para o outro e me fazendo rir quando fazia suas palhaçadas, roubando a minha bebida mesmo tendo a dele ele falava que a minha era sempre melhor, bagunçava meu cabelo e depois quando me via irritada começava a arrumar e fazer uma cara tentando não rir de como estava ficando. Já o Murilo parecia um segurança particular, não olhava para os lados e apenas encarava as pessoas, andava reto e como se quisesse que até do vento não tocasse em mim, não falava, não sorria, apenas fazia seu papel de me proteger. Comecei a me irritar muito com isso.
–Você está nervosa, aconteceu alguma coisa? Alguém te irritou?
–Sim, VOCÊ me irritou. Não preciso de segurança particular na rua, sei andar sozinha e o vento não vai me machucar, não sou de papel.
Bati o ombro nele desequilibrando-o e passei direto pisando alto. Parei em uma lixeira jogando meu copo no lixo e me lembrando mais uma vez do meu Thiago me irritando e rindo.
–Não consigo acompanhar suas mudanças, agora você esta triste. Bem que falou que é mais humana do que da nossa espécie.
Fuzilei ele com o olhar, mas não era culpa dele, ele tinha nascido e sido criado naquele mundo seco que eu convivi e odiei desde o primeiro instante em que me colocaram la.
–Vamos embora, tenho que resolver umas coisas para a Nina, completar umas pesquisas.
Fomos para uma entrada deserta e ele nos levou para o colégio onde eu fui direto para o lago, fiquei sentada la um pouco disfarçando e depois fui para a pequena trilha que me levava a arvore com o filtro dos sonhos pendurado e embaixo dele estava a minha resposta.
Abri um sorriso e peguei a carta com cuidado e me sentando em uma raiz mais alta da árvore que ficava parecendo um banco.
Nem li a carta, apenas abri e vi a letra dele e a guardei dobrada no bolso da calça para leva-la ao meu quarto sem ninguém perceber.
Mas minha alegria foi apenas momentânea, cheguei no corredor do meu quarto e já vi Virginia encostada na porta me esperando. Andei até ela contando até 100 apenas com números impares para me acalmar.
–Pois não?
–Precisamos ter uma conversinha.
Abri a porta e entrei já irritada de novo e me sentei na minha cama, o que ela queria comigo?
–Precisamos? Eu não estou sabendo disso.-Falei irônica.
Ela se sentou na escrivaninha e me olhou com um ar superior que me enojava.
–A lua de sangue está chegando, você tem que estar preparada até ela.
–Preparada para o que?
–Teremos uma luta em breve e você terá que se preparar para ela.
Me levantei e parei de frente dela com os braços cruzados.
–Eu vou lutar? Como assim? Para isso que você me queria aqui? ME transformar em uma versão de você? Uma guerreira sem emoção e sem saber o que quer?
–Aconteceu essa guerra, não lembrávamos disso, mas vai ser bom para as duas espécies essa luta, até mesmo para você.
Dei uma risada irônica.
–Desde quando guerra é boa? E você arrumou briga com uma das espécies e quer me colocar no meio? Não vou participar dessa palhaçada!
Ela se levantou e parou na porta me olhando nervosa.
–Seu treino começa amanha as sete horas, esteja pronta, senão vai do jeito que estiver, arrastada, mas vai e vai fazer tudo direitinho e vai se tornar uma ótima guerreira. Entendeu?
Ela saiu batendo a porta e eu me virei dando um soco na parede onde ficou uma marca mais profunda, estava tão fora de mim que aquilo nem doeu, me ajudou a extravasar.
Me sentei e peguei a carta do Thiago nas mãos e comecei a ler e comecei a chorar quando tudo começou a fazer sentido...
Da carta inteira apenas uma parte me chamava a atenção: "Eles estão me treinando, falam que em uma tal de lua de sangue terá uma guerra e eu terei que lutar para representar minha espécie e que meu oponente é muito poderoso..."
Essa luta seria entre duas espécies como a Virginia falou... Seria entre feiticeiros e vampiros e como tradição os futuros líderes teriam que lutar entre si... Eu era a futura líder e o Thiago também... Teríamos que lutar um contra o outro e nessas guerras a luta só acaba quando um dos dois morre...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!