Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano escrita por Laís Bohrer


Capítulo 7
Queimamos outra mortalha... Viagem nas Sombras!




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Aquela também não foi uma tarde animadora. Nós nos reunimos para realizar uma assembleia na fogueira do campo para queimar a mortalha de Benjamin e fazer nossas despedidas. Até os chalés de Ares e Apolo decretaram uma trégua temporária para poderem comparecer.

A mortalha de Benjamin era de seda cinza com corujas bordadas, ela linda, mas eu preferia que ela nunca tivesse tido um motivo para ser queimada. Annie Summers se ergueu, seus olhos estavam inchados e vermelhos, não parecia que tivera uma noite muito boa.

Annie guiou a mortalha cinzenta como os olhos de Benjamin, a mortalha foi engolida pelas chamas desaparecendo em seguida no formato de fumaça dourada.

As chamas da fogueira sempre refletiam o humor dos campistas, e hoje elas queimavam negras.

Eu esperava que o espírito de Benjamin fosse parar no Elísio. Talvez ele até escolhesse renascer e tentar alcançar o Elísio em três vidas diferentes para que ele pudesse alcançar as Ilhas dos Abençoados, que eram como o quartel-general de festas definitivas. Se alguém as merecia, era Benjamin.

Jake alisou o meu cabelo e disse que me veria depois, então ele se foi. A maior parte dos campistas voltou às suas atividades da tarde. Só eu fiquei ali encarando as chamas morrerem.
Silena se sentou perto chorando, enquanto Clarisse e seu namorado, Chris Rodriguez, tentavam confortá-la.

Finalmente eu consegui coragem para ir até lá.

– Ah, Annie. - comecei meio insegura. - Eu sinto muito, mesmo.

Annie fungou. Clarisse me fuzilou com o olhar, mas ela fazia isso com todo mundo, então não me senti ameaçada. Chris mal olhava para mim. Ele tinha sido um dos homens de Luke até Clarisse tê-lo resgatado no verão passado, e eu acho que ele ainda se sentia culpado em relação a isso.

Eu limpei minha garganta.

– Annie, você sabe que Benjamin carregava sua foto com ele?Ele olhou para ela logo antes de irmos para a batalha. Você significava muito para ele. Você fez o último ano o melhor da vida dele.

Annie começou a soluçar de novo.

– Meus parabéns, Peixinha. - disse Clarisse ironicamente.

– Não, está tudo bem – disse Silena. – Obriga... Obrigada, Meg. Eu devo ir.

– Você quer companhia? – Perguntou Clarisse.

Annie sacudiu a cabeça negando, ela tropeçou dos próprios pés antes de sair correndo.

– Ela é mais forte do que parece – murmurou Clarisse, quase que consigo mesma. – Ela sobreviverá.

– Você poderia ajudar com isso – eu sugeri. – Você poderia honrar a memória de Benjamin lutando conosco na guerra.

Clarisse procurou sua faca, mas não estava mais ali. Ela há tinha jogado na mesa de pingue-pongue na casa grande.

– Não é problema meu – rosnou ela. – Se meu chalé não é honrado, eu não luto.

Eu notei que ela não estava rimando. Talvez ela não estivesse por perto quando seus companheiros de chalé foram amaldiçoados, ou ela tivesse uma forma de quebrar o feitiço. Com um calafrio eu me perguntei se Clarisse podia ser a espiã de Cronos no campo. Era por isso que ela estava mantendo seu chalé fora da luta?

Mas por mais que eu não gostasse de Clarisse, espionar para os Titãs não parecia ser seu estilo.

– Tudo bem – eu disse a ela começando a me irritar. – Eu não queria dizer isso, mas você está me devendo essa. Se não fosse por mim, hoje você estaria casada com um ciclope!

Ela fez um som desagradável.

– Qualquer outro favor, Megan. Mas isso de jeito nenhum. O chalé de Ares foi desrespeitado vezes demais. E não pense que eu não sei o que as pessoas falam sobre mim nas minhas costas.

Eu queria dizer, Bem, isso é verdade. Mas mordi minha língua.

– Então, o que? Você vai simplesmente deixar Cronos nos esmagar? – eu perguntei.

– Se você quer tanto a minha ajuda, diga a Apolo para nos dar a biga!

– Cale a boca. - eu disparei. - Você está sendo muito infantil, sabia? Está parecendo uma criança, Annie estará lá e você vai deixa-la assim? E Jake... Ele é seu irmão?

– Aonde quer chegar? - perguntou ela tentando se controlar, só mais uma palavra minha e ela tentaria me matar.

– Você está sendo egoísta, é ai que quero chegar. - eu disse. - Tudo por causa de uma droga de biga, você vai deixar Cronos nos esmagar tudo por causa da droga de uma biga?

Ela me atacou, mas Chris entrou entre nós.

– Whoa, pessoal – ele disse. – Clarisse, você sabe, talvez Megan esteja certa...

Clarisse olhou para ele de modo sarcástico.

– Você também com isso?

E saiu pisando firme, com Chris em seus calcanhares.

– Hey espere! Eu só quis dizer - Clarisse, espere!

Eu assisti as últimas fagulhas da fogueira de Benjamin subirem para o céu da tarde. Depois eu me dirigi para a arena de treinamentos com espadas. Eu precisava de um tempo, e queria ver uma velha amiga.

A Sra. O’ Leary me viu antes de eu vê-la, o que era um truque excelente relembrando que ela é do tamanho de um caminhão de lixo.

Assim que adentrei na arena, uma parede de pelos me atingiu.

“WOOF!”

A próxima coisa que eu sabia era que estava prensado no chão com uma pata gigante na minha barriga e uma língua superdimensionada lambendo a minha cara.

– Ou! – eu disse. – É bom te ver também. Ei!

Levou alguns minutos para Sra. O’Leary se acalmar e sair de cima de mim. Até lá eu já estava bem encharcado de baba de cachorro. Ela queria brincar de ir buscar, então eu peguei um escudo de bronze e o joguei do outro lado da arena.

Falando nisso, Sra. O’ Leary é o único cão infernal amigável do mundo. Eu meio que tinha herdado ela quando seu dono anterior morreu. Ela morava no acampamento, mas Beckendorf e Kim Dewes costumam tomar conta dela quando eu estava fora. Beckendorf tinha fundido o osso de bronze para mascar favorito de Sra. O’ Leary. E Kim tinha forjado sua coleira com pequenas carinha felizes e uma etiqueta de identificação.

Próximo a mim, os irmãos de Hefesto eram seus melhores amigos.

Eu joguei o escudo mais algumas vezes porque Sra. O’ Leary insistiu.

Logo ela começou a latir – um som super mais alto do que uma artilharia de armas – como se ela precisasse sair para uma caminhada. Os outros campistas não achavam engraçado quando ela ia ao banheiro na arena – isso já tinha causado acidentes infelizes. Então eu abri os portões da arena, e ela foi direto para a floresta.

Eu corri atrás dela, não muito preocupada que ela estivesse na frente. Nada na floresta podia ameaçar Sra. O’ Leary. Mesmo os dragões e escorpiões gigantes fugiam quando ela se aproximava.

Quando eu finalmente a achei, ela não estava usando o banheiro. Ela estava em uma clareira familiar onde o conselho dos anciões uma vez tinha colocado Hansel em julgamento. O lugar não parecia muito bem. A grama tinha amarelado. Os três tronos de topiário tinham perdido todas as folhas. Mas não foi isso que me surpreendeu.

No meio da clareira estava o trio mais estranho que eu já havia visto: Emily, a ninfa da árvore, Nico di Angelo, e um muito velho, muito gordo sátiro.

Nico era o único que não parecia assustado pela aparição de Sra. O’ Leary. Ele estava bastante parecido com quando o vira em meu sonho – uma jaqueta de aviação, jeans pretos, e uma camisa com esqueletos dançantes nela, como um daqueles retratos do Dia dos Mortos. Sua espada de ferro estígio estava pendurada ao seu lado. Ele tinha só doze anos, mas parecia muito mais velho e triste.

– Oi, Megan. - disse ele coçando as orelhas da Sra. O'Leary.

Ela cheirou suas pernas como se ele fosse a coisa mais interessante desde os bifes de costeleta. Sendo o filho de Hades, ele provavelmente esteve viajado por todos os lugares que cães infernais adoravam.

O velho sátiro não parecia nem um pouco tão feliz.

– Alguém poderia... o que esta criatura do submundo está fazendo na minha floresta?

Ele sacudiu seus braços e trotou em seus cascos como se a grama estivesse quente.

– Você aí, Megan Jackson! Esse monstro é seu?

– Ah, sim... Foi mal ai, Larry... Leneu, e isso? - perguntei confusa de verdade, estive passando muito tempo com Dioníso hein...

O sátiro revirou os olhos. Seu pelo era de uma cinza de coelho e uma teia de aranha crescia entre seus chifres. Sua barriga o teria feito um carrinho de bate-bate invencível.

– Bem, é claro que sou Leneu. Não me diga que esqueceu um membro do conselho tão rapidamente! Agora, chame a sua besta!

– Eu esqueci até o meu nome! - eu protestei. - Mesmo, eu perdi a memória quando tinha uns... Uns... Uns anos ai.

“WOOF!” disse Sra. O’ Leary alegremente.

O velho sátiro engoliu.

– Faça isso ir embora! Emily, eu não irei ajudá-la sob essas circunstâncias.

Emily se voltou para mim. Ela era bonita de um jeito dríade, com seu vestido fino roxo e seu rosto de elfo, mas seus olhos estavam tingidos com um tom de verde da clorofila, de tanto chorar.

– Megan – fungou ela. – Eu queria saber de Hansel, ele está com problemas, eu sei disso. Ele não ficaria longe tanto tempo se não estivesse em apuros. Eu estava esperando que Leneu...

– Eu disse a você! – O sátiro protestou. – Você está melhor sem aquele traidor.

Emily bateu os pés.

Ele não é um traidor! Ele é o sátiro mais corajoso do mundo, e eu quero saber onde ele está!

“WOOF!”

Os joelhos de Leneu começaram a bater.

– Eu... Eu não responderei perguntas com esse cão infernal cheirando a minha cauda!

Nico parecia estar tentando não desmaiar.

– Eu passearei com o cachorro – ele se voluntariou.

– Cadela. - corrigi.

– Cadela. - disse ele.

Ele assobiou, e Sra. O’ Leary foi andando atrás dele até o fim da clareira. Leneu xingou indignamente e escovou os galhos de sua camisa.

– Agora, como eu estava tentando explicar, jovem dama, seu namorado não mandou relatório algum desde que votamos para que fosse exilado.

– Você tentou votar para que fosse exilado – eu corrigi. – Quíron e Dionísio o pararam.

– Bah! Eles são membros honorários do conselho. Não foi um voto apropriadamente.

– Vou contar a Dionísio que você disse isso. - cantarolei.

Leneu ficou pálido.

– Eu só quis dizer... Agora olhe aqui, Jackson. Isso não é problema seu.

– Hansel é meu melhor amigo – eu disse. – Isso é com certeza problema meu. Ele não estava mentindo a você sobre a morte de Pã. Eu a vi eu mesmo. Você estava apenas assustado demais para aceitar a verdade.

Os lábios de Leneu tremeram.

– Cale-se! - exclamou ele. - Ele é um mentiroso e é bom se ver livre dele. Nós estamos melhor sem ele.

Eu apontei para os tronos murchos.

– Se as coisas estão indo tão bem, onde estão seus amigos? Parece que o seu conselho não tem se reunido ultimamente.

– Maron e Sileno...Eu...Eu tenho certeza que voltarão. – Disse ele, mas pude perceber medo em sua voz. – Nós estamos apenas tirando algum tempo para pensar. Tem sido um ano muito conturbado.

– Vai ficar muito mais "conturbado" – eu prometi. - Pode acreditar nisso. Nós precisamos de Hansel. Tem que haver um modo de encontrá-lo com sua magia.

Os olhos do velho sátiro piscaram.

– Estou dizendo a vocês que não ouvi nada. Talvez ele tenha se explodido.

Emily engoliu um soluço.

– Ele não está morto – eu disse. – Eu posso sentir isso.

– Elos empáticos – disse Leneu desdenhando. – Muito pouco confiáveis.

– Então pergunte por aí – eu insisti. – Ache-o. Tem uma guerra chegando. Hansel estava preparando os espíritos da natureza.

– Sem a minha permissão! - exclamou.

– Ele não precisa da sua permissão! - exclamei de volta tentando sem sucesso manter a calma. - Ele é o sucessor de Pã!

– Mentiras! E essa guerra não é nossa.

Então eu me descontrolei totalmente. Ergui minha mão na direção de Leneu e uma água cintilante em azul fluiu dos meus dedos formando um gigante punho quase um pouco maior do que de um ciclope como Polifemo. O Senti como se aquele punho fizesse parte do meu corpo, o punho agarrou Leneu pela gola e o ergueu no ar, o sátiro assustado sacudia freneticamente os cascos.

– Escute bem, Leneu.– eu disse ameaçadoramente. - Quando Cronos atacar, ele irá mandar matilhas de cães infernais, dracaenais, lestrigões e todos os monstros que talvez nem você possa imaginar. Ele destruirá tudo em seu caminho, ele matará todos, semideuses, deuses, mortais... Acha que ele terá realmente piedade dos sátiros? Você deveria ser um líder. Então LIDERE. Vá lá fora e veja o que está acontecendo. Ache Hansel e traga algumas notícias a Emily. Vá, AGORA!

Eu não o empurrei muito forte, mas a cabeça dele era meio pesada. Ele caiu sentado com bunda peluda, depois conseguiu se por de pé e correu com sua barriga gingando.

– Hansel jamais será reconhecido como legado de Pã! Ele morrerá um exilado!

Quando ele desapareceu nos arbustos, Emily piscou seus olhos.

– Eu sinto muito, Megan. Eu não queria te envolver nisso.

Dei de ombros.

– Eu me envolveria de qualquer maneira. - prometi. - Hansel é meu amigo.

– Leneu ainda é um Senhor da natureza. Você não quer fazer dele um inimigo.

– Sem problemas – eu disse. – Eu tenho inimigos piores do que sátiros acima do peso.

Nico voltou até onde estávamos.

– Bom trabalho, Megan. Julgando pela trilha de pelos de bode, eu diria que você o sacudiu bastante.

Eu temia que eu soubesse o porque de Nico estar ali, mas eu tentei sorrir.

– Bem vindo de volta. Você veio aqui só para ver Emily?

Ele corou.

– Um, não. Isso foi um acidente. Eu meio que... caí no meio da conversa deles.

– Ele nos assustou até a alma! – Disse Emily. – Saiu direto das sombras. Mas, Nico, você é filho de Hades, e tudo. Você tem certeza de que não ouviu nada sobre Hansel?

Nico mudou o peso da perna.

– Emily, como eu tentei dizer a você... mesmo se Hansel morresse, ele iria reencarnar como alguma outra coisa da natureza. Eu não posso sentir coisa assim, só almas mortais.

– Mas se você souber de algo... – ela pediu, colocando suas mãos nos braços dele. – Qualquer coisa...

As bochechas de Nico ficaram ainda mais vermelhas.

– Ah, certo... Manterei os ouvidos bem abertos.

– Hansel está vivo, tenho certeza. Deve haver alguma razão simples para ele não ter nos contatado.

Ela assentiu sombriamente.

– Eu odeio não ser capaz de deixar a floresta. Ele pode estar em qualquer lugar, e eu estou presa aqui esperando. Oh, se aquele bode tolo tiver se metido em encrenca de novo...

Sra. O’ Leary se voltou saltitando e se interessou pelo vestido de Emily.

– Oh, não você não vai! Eu sei muito sobre cachorros e árvores. Já fui!

Ela se foi com um poof em névoa verde. Sra. O’ Leary pareceu desapontada, mas ela arrastou-se para achar outro alvo, deixando Nico e eu sozinhos.

Nico jogou sua espada no chão. Um pequeno monte de ossos de animais irrompeu do chão. Eles se uniram e se transformaram em um esqueleto de rato-do-campo, e fugiu.

– Eu sinto muito por Benjamin.

Um caroço se formou em minha garganta.

– Como é que você...

– Eu conversei um pouco com o fantasma dele.

– Ah... - eu exclamei, Eu nunca me acostumaria com o fato que esse garoto de doze anos de idade passasse mais tempo falando com os mortos do que com os vivos. – Ele disse alguma coisa?

– Apenas mandou dizer que era para você não se culpar, ele acha que você deve estar bem chateada consigo mesma, e ele disse que você não deveria.

– Ele vai tentar renascer?

Nico sacudiu a cabeça.

– Ele vai ficar no Elísio. Disse que estava esperando por alguém, acho que sua irmã.

– Annabeth. - eu disse.

Nico deu de ombros.

– Não tenho certeza do que ele quis dizer, mas ele parece estar aceitando bem a própria morte. Também falei com Percy, ele disse para você tomar cuidado com seus próprios sentimentos.

Isso não era muito reconfortante, mas era alguma coisa.

– Eu tive uma visão em que você estavam no Monte Tam – eu disse a Nico. – Isso era...

– Real – ele disse. – Eu não pretendia espionar os Titãs, mas eu estava nas redondezas.

– Fazendo o que?

Nico puxou o cinto de sua espada.

– Seguindo uma pista de... você sabe, minha família.

Eu assenti. Eu sabia que seu passado era um assunto dolorido. Até dois anos atrás, ele e sua irmã Bianca estavam congelados no tempo em um lugar chamado Lótus Hotel e Cassino. Eles tinham estado lá por tipo setenta anos. Eventualmente, um advogado misterioso os resgatou e os colocou em um internato, mas Nico não se lembrava de sua vida antes do cassino. Ele não sabia nada sobre sua mãe. Ele não sabia quem o advogado era, ou o porque eles tinham estado congelados no tempo ou permitidos a saírem. Depois que Bianca morreu e deixou Nico sozinho, ele tinha estado obsessivo por encontrar respostas.

– Então como foi? – eu perguntei. – Teve alguma sorte?

– Nada – ele murmurou. – Mas eu talvez tenha uma nova pista em breve.

– Qual?

Nico mordeu seu lábio.

– Isso não importa nesse momento. Certamente você sabe o verdadeiro motivo para eu estar aqui.

Estremeci. Uma sensação de pavor começou a se formar em meu peito.

No verão passado Nico havia aparecido por ali novamente para me contar sobre um suposto plano que ele tivera para eu vencer Cronos, eu tinha tido pesadelos sobre isso. Ele aparecia de vez em quando e me pressionava por uma resposta, mas eu continuava adiando.

– Nico, eu não sei... - comecei incerta. - Parece meio que... Uma ideia realmente radical demais.

– Qual é!? - ele insistiu. - Tifão estará em Nova York, em o que... Uma semana? Nós temos que começar a ter ideias radicais. A maior parte dos outros titãs está a solta agora e do lado de Cronos. Você tem outra opção? Eu sei que você é forte, mas precisará de muito mais para vencer alguém como Cronos.

Eu olhei de volta para o campo. Mesmo dessa distância eu podia ouvir os chalés de Ares e Apolo brigando de novo, jogando maldições e versos ruins.

– Eles não são páreo para exército Titã – disse Nico. – Você sabe disso. Isso tem que ser entre você e Luke. E só há um modo no qual você pode vencer Luke.

– Nico, eu...

– Também tem Silena! O que? Já desistiu dela? Megan, é o único jeito.

Eu hesitei agora, e Nico parecia prestes a pular de alegria por isso. Um brilho travesso e esperançoso se acendeu em seus olhos negros e de repente eu me lembrei do meu objetivo verdadeiro.

– Nós podemos te dar o mesmo poder – Nico sugeriu. – Você ouviu a Grande Profecia. A menos que queira ter sua alma arrancada por uma lâmina maldita...

Eu me perguntei como Nico sabia da grande profecia – provavelmente com algum fantasma.

– Não se pode escapar de uma profecia – eu disse.

– Mas se pode lutar contra ela. – Nico tinha uma luz estranha e faminta em seus olhos. – Você pode se tornar invencível.

– Talvez nós devêssemos esperar. Tentar lutar sem...

– Não! – Nico rosnou. – Tem que ser agora!

Eu não vi seu temperamento se incendiar assim há muito tempo.

– Nico... Você está bem?

Ele respirou profundamente.

– Megan, só o que eu quero dizer... quando a luta começar, nós não seremos capazes de fazer a jornada. Essa é nossa última chance. Sinto muito se estou pressionando demais, mas há dois anos minha irmã deu sua vida para te proteger. Eu quero honrar isso. Faça tudo o que precisar ser feito para permanecer viva e acabar com Cronos.

Eu não gostava da ideia. Mas lembrei do verão passado, quando Silena me pediu que eu a matasse... Ela queria fugir de algo, mas eu não quis fazer aquilo e nem fiz. Então... Uma velha ansiedade me possuiu e pensei que talvez fosse realmente o único jeito.

Se Cronos atacasse Nova York, os campistas não seriam páreo para suas forças. Eu tinha que fazer alguma coisa. O jeito de Nico era perigoso – talvez até mortal. Mas poderia me dar uma luta mais justa.

– Tudo bem – eu decidi. – O que faremos primeiro?

Seu sorriso frio e sinistro fez com que eu me arrependesse de ter aceitado.

– Primeiro nós vamos precisar refazer os passos de Luke. Nós precisamos saber mais sobre seu passado, sua infância.

– Ok, mas como?

– Eu explicarei quando chegarmos lá – disse Nico. – Eu já rastreei sua mãe. Ela mora em Conneticut.

Eu o encarei. Eu nunca tinha pensado muito no progenitor mortal de Luke. Eu tinha conhecido seu pai, Hermes, mas sua mãe...

– Luke fugiu quando era realmente novo – eu disse. – Eu não achei que sua mãe estivesse viva.

– Oh, ela está viva.

O modo como disse isso me fez perguntar o que havia de errado com ela. Que tipo de pessoa horrível ela poderia ser?

– Okay... – eu disse. – Então como chegamos a Conneticut? Eu posso chamar Blackjack...

– Não. – Nico fez uma carranca. – Pégasos não gostam de mim, e o sentimento é recíproco. Mas não há necessidade de voar.

– Ele assoviou e Sra. O’ Leary veio das árvores. – Sua amiga pode ajudar. – Nico coçou a cabeça dela. – Você ainda não tentou viajar nas sombras?

– Viajar pelas sombras? - repeti, e julgando pelo nome eu realmente não ia gostar da ideia.

Nico sussurrou no ouvido de Sra. O’ Leary . Ela inclinou a cabeça, subitamente alerta.

– Suba a bordo – Nico me disse.

Eu nunca tinha considerado montar em um cachorro antes, mas Sra. O’ Leary certamente era grande o suficiente. Eu subi em seu dorso e segurei sua coleira.

– Isso a deixará muito cansada – Nico alertou, – então você não pode fazê-lo constantemente. E funciona melhor à noite. Mas todas as sombras são parte de uma mesma substância. Só há uma escuridão, e as criaturas do submundo podem usá-la como uma estrada, ou porta.

– O que? - perguntei sem entender.

Nico revirou os olhos.

– A pratica é sempre melhor que a teoria. - suspirou ele. - Diga a ela onde ir. Diga a ela Westport, a casa de May Castellan.

– Você não vem?

– Não se preocupe – ele disse. – Encontro você lá, certo?

– Você está animado demais pro meu gosto... - resmunguei.

Eu estava um pouco nervosa, mas eu me inclinei sobre o ouvido de Sra. O’Leary.

– Certo, garota. Hã, você pode me levar a Westport, Conneticut? A casa de May Castellan?

Sra. O’Leary cheirou o ar. Ela olhou para dentro da floresta. Então ela se inclinou para frente, direto para o oco de uma árvore. Logo antes de colidirmos, nós passamos por dentro de sombras tão frias quanto o lado escuro da lua.


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Notas finais do capítulo

Galera, espero que tenham gostado.

Enfim, eu gostaria de fazer uma propaganda aqui, faz pouco tempo que acabei de criar um blog aonde estou disponibilizando e-books free, e futuramente pretendo divulgar fanfic, falar dessas coisas que interessam voltando para o mundo dos livros.

Ainda estou trabalhando na organização do blog: http://nyahbooksoficial.blogspot.com.br/



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