Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano escrita por Laís Bohrer


Capítulo 33
A Palavra de uma Mãe... Luzes Verdes


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera, eu ia postar ontem, mas não pude.
Hoje então eu ofereço esse lindo capítulo u.u certo, teremos uma nova profecia, e eu decidi que seria arriscado colocar "os sete" já que o Jason é da época do Percy - não, ele não está morto, ele está no acampamento de origem. - eu poderia colocar outros sete criados por mim, mas não vou fazer isso pois a próxima história da Megan, não vai ter muito haver com os sete, decidi fazer diferente até porque eu só li "O Herói Perdido" e eu quero ler o livro fisicamente e não pela internet - e isso SÓ nas férias T.T
MAS ENTÃO? Vamos lá?



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Após a audiência eu não me senti melhor.

Eu e Jake estávamos tomando nosso rumo quando eu esbarrei com a deusa do amor. Afrodite no jardim do palácio olhando perdida para os pombos ao longe.

Eu olhei para Jake.

– Eu te vejo no elevador, tudo bem?

– Tem certeza? – ele estudou meu rosto por um instante. – É... Você tem certeza.

Afrodite não parecera notar quando eu parei ao seu lado. Os pombos agora eram poucos, apenas três permaneceram ali, como se esperassem Silena voltar para ficar com eles. Imagens dos olhos azuis sem brilho de Silena voltaram a minha mente, o modo como ela se colocou na minha frente para me proteger...

– O que ela te disse? – perguntou a voz de seda da deusa ao meu lado, ela não olhava para mim.

Eu me senti desconfortável por um momento.

– Ela disse... – os olhos multicoloridos da deusa me encararam suplicantes. – Ela disse que no final eu era mesmo a heroína.

A deusa assentiu. Na primeira vez em que eu vi Afrodite ela vestia um vestido luxuoso e o rosto estava desenhado em uma perfeita maquiagem. Agora, ali, seu rosto não tinha nenhum sinal de alguma cor artificial em pó, nada de batom, o rabo de sua longa túnica branca estava rasgado, seu cabelo loiro meio acastanhado estava desarrumado em longos cachos. Ela estava linda.

– Cronos teve o que mereceu – eu disse. – Pelo menos eu consegui vingar Silena.

– Eu sei – disse ela – Porém, não acho que minha filha iria querer ser lembrada como um motivo de vingança.

Eu corei. A deusa sorriu pela primeira vez em todo o dia.

– Mas você salvou minha casa, Ariana – disse ela olhando ao longe, aonde Drew e um filho de Afrodite caminhavam. – Devo lhe agradecer...

Ficamos em um silêncio constrangedor até que ela se pronunciou.

– Acha que ela me perdoou? – perguntou ela.

Eu franzi o cenho.

– Perdoar você? Por quê?

A deusa olhou para os pombos, agora restavam apenas dois.

– O coração é algo confuso, Megan Jackson – disse ela – O amor é algo complicado, muitas vezes não se pode lutar contra ele, mas quando se é imortal... Você é obrigado a isso. Silena sempre guardara um pouco de rancor, na primeira vez em que nós nos encontramos ela disse que eu a abandonei na Dixon, eu sei o quanto ela sofreu lá... Eu estive a observando de longe, mas isso só piorou as coisas, ela exigiu por um sinal, por uma ajuda... Você entende quantas vezes eu fiquei tentada a ajudá-la? Igualando essa tentação a todos eles?

Ela olhou para onde Drew e Mitchell – outro filho de Afrodite - caminhavam.

A deusa suspirou como se tivesse percebido o quanto ela tinha falado.

– Ela te perdoou – eu disse – No momento em que ela percebeu o que é certo, ela te perdoou.

A deusa acariciou meu rosto e deu um mínimo sorriso.

– Você é uma boa garota, Ariana – ela disse – Tem uma alma clara e bonita.

Foi quando eu percebi que enquanto ela falava isso, olhava fixamente em meus olhos, do jeito que a Silena fazia.

– Eu pensava que você só ligava para si mesma – eu admiti – Mas Silena teve a quem puxar.

A deusa sorriu.

– É comum esse tipo de julgamento a meu respeito – diz ela. – Meus filhos e eu somos julgados fúteis e egoístas. Alguns realmente não deixam isso a desejar... Entretanto, eles sempre podem ser mais do que um rostinho bonito, apenas alguns não acreditam muito nisso.

Eu assenti.

– Ridley, Beatrice e Silena... Morreram como heroínas – eu disse – E Silena deu a vida para a salvação do Olimpo assim como Luke, se não fosse por eles... Eu não teria conseguido matar Cronos.

– Eu aprecio suas palavras, Megan, mas Cronos não morreu. Não se pode matar um Titã.

– Então...

– Eu não sei – ela murmurou. – Nenhum de nós sabe. Viram areia. Dispersam ao vento. Com sorte, espalhou-se tanto que nunca mais poderá formar uma consciência de novo, muito menos um corpo. Mas não acredite que ele está morto, Megan.

Meu estômago deu um solavanco.

– Mas e quanto aos outros Titãs?

– Talvez estejam escondidos em algum canto – disse Afrodite. - Prometeu enviou a Zeus uma carta com um pedido de desculpas por aliar-se a Cronos. Crio fugiu e o monte Ótris se desintegrou em ruínas. Oceano recuou quando ficou claro que Cronos perderia. E minha filha Silena morreu. Ela acreditou que eu não me importava com ela... Sabe, Megan, mesmo que os deuses ajam de forma indireta não significa que eles não amem seus filhos... Pena que talvez Silena não soubesse disso, não a tempo.

Eu respirei fundo.

– Há muito tempo atrás – eu disse – Certo deus me disse que a coisa mais difícil em ser um deus era não poder ajudar os filhos. Ele também me disse que não se pode abandonar a família, por mais tentador que seja. Silena era a Silena, ela te amava por mais que talvez não admitisse. Quando tínhamos doze anos em nossa primeira missão, eu podia ver seu orgulho em ser quem era, filha de quem era. Eu acho que ela percebeu porque você não podia ajudá-la. Ela se lembrou do que era realmente importante.

– Tarde demais para ela e para mim.

– Você tem outros filhos. Honre Silena reconhecendo-os. Todos os deuses podem fazer isto.

Afrodite sorriu.

– Nós tentaremos, Megan. E talvez por um tempo as coisas melhorem. Mas nós deuses não somos bons em manter juramentos. Você nasceu de uma promessa quebrada, não foi? Eventualmente nós esqueceremos. É sempre assim.

– Vocês podem mudar, eu sei.

Ela riu.

– Após de três milênios, você acha que os deuses podem mudar sua natureza?

– Sim – eu disse. – Eu acho.

Seu sorriso desvaneceu e seu rosto ficou sério.

– Você acha... Que Silena realmente me amava? Depois de tudo o que eu fiz?

– Tenho certeza, absoluta.

Ela olhou para a cidade abaixo de nós. Em seguida para o céu.

– Você cuidou bem dela enquanto pode – disse Afrodite. – Obrigada. Talvez você possa ainda ensinar a nós deuses uma ou duas coisinhas. Eu lhe concedo a minha bênção, Megan Ariana Jackson.

Outra deusa me esperava no caminho para sair do Olimpo. Atena me esperava de braços cruzados e uma expressão que me fez pensar Uh-oh. Ela havia trocado a armadura por jeans e uma blusa branca, mas ela não parecia menos preparada para uma guerra. Seus olhos cinzentos brilharam.

– Senhora Atena – eu saudei.

– Pois bem... – ela disse – Megan Jackson, você continuará mortal.

– Sim, senhora.

– Gostaria de saber suas razões.

– Hum... Eu não poderia abandonar meus amigos. – eu disse. – E também, eu queria ter uma vida quase normal, até porque normal não dá pra ser enquanto eu ainda for metade deusa. Acho que ainda vão ter muitos porcos voadores pra amansar.

Seus olhos cinzentos brilharam.

– Você está brincando comigo?

– É, você é realmente inteligente. – eu disse. – Sabe, Senhora Atena, eu ainda não sei o porquê desse seu ódio todo. Eu não sou o meu pai.

Atena ficou mais perto de mim, e eu podia sentir sua aura fazendo minha pele formigar.

– Eu avisei você antes, Megan Jackson, que ao salvar um amigo você destruiria o mundo. Talvez eu estivesse errada. Você parece ter salvado tanto seus amigos quanto o mundo. Mas pense com muito cuidado em como vai agir a partir daqui.

– Sinto muito, prima. – eu disse. – Eu não sou do tipo que pensa antes de agir.

– Você poderia realmente ter sido um motivo de destruição, e ainda é - assim que ela me disse me lembrei de como eu perdera o controle. - Eu te dei o benefício da dúvida. Não estrague tudo.

Só para deixar mais claro, ela irrompeu em chamas e desapareceu.

Depois disso eu encontrei Jake no elevador.

– M-Megan? – ele gaguejou a me ver.

Ergui as sobrancelhas.

– O que foi?

Ele sacudiu a cabeça.

– Você está... A... Esquece, deixa pra lá.

Eu notei como ele ficou vermelho então não disse nada, mas a viagem toda de elevador Jake ficara olhando para meu rosto até que eu perguntei:

– Tem alguma coisa no meu dente?

Ele estava prestes a responder quando Nico passou correndo por nós.

– Megan! – ele parecia desesperado. – É Daniel, acabei de esbarrar com ele na Rua 32.

Jake bufou.

– O que aquele imbecil fez dessa vez?

– É pra onde ele foi – Nico disse. – Eu disse a ele que ele morreria se tentasse, mas ele insistiu. Ele apenas pegou Blackjack e...

– Wow... Espera – eu disse começando a ter um ataque de ciúmes. – Daniel sequestrou o meu pégaso?

Nico assentiu.

– Ele está indo para o Acampamento Meio-Sangue. Ela disse que tinha que chegar ao Acampamento antes que fosse tarde demais, disse que tinha que ter certeza.

O trânsito estava horrível. As pessoas foram para as ruas observar os danos de guerra. As sirenes da polícia soavam em todos os quarteirões. Não havia possibilidade de pegar um táxi, e os pégasos já tinham partido. Eu me conformaria com alguns Pôneis de Festa, mas eles desapareceram junto com a maior parte da root beer do centro da cidade. Então corremos, atravessando uma multidão de mortais confusos que se aglomeravam nas calçadas.

Eu não sabia se estava mais zangada, surpresa ou preocupada.

Ninguém rouba o meu pégaso, nem mesmo Daniel.

– O que aquele idiota estava pensando? – perguntou Jake.

– Tenho um palpite... – eu disse. – Espero que esteja errado.

– Peleu vai devorá-lo se não chegarmos a tempo!

Eu não tinha pensado nisso. A névoa não enganaria Daniel como a maioria das pessoas. Ele seria capaz de encontrar o acampamento sem problemas, mas eu tinha esperança que as fronteiras mágicas a manteria fora como um campo de força. Não me ocorreu que o dragão poderia atacá-lo.

– Temos que nos apressar. – Olhei para Nico. – Não creio que você possa evocar alguns cavalos esqueletos...

Ele ofegava enquanto corria.

– Estou tão cansado... Não conseguiria convocar nem um osso de cachorro.

Passamos pelo aterro com dificuldade e finalmente chegamos à costa, e dei um assovio bem alto. Eu odiava fazer isso. Mesmo com o dólar de areia que eu tinha dado para o Rio East para uma limpeza mágica, a água aqui ainda era poluída. Eu não queria deixar nenhum animal marinho doente, mesmo assim eles vieram ao meu chamado.

Três linhas apareceram na água cinzenta, e um bando de cavalos marinhos subiu à superfície. Eles relincharam infelizes, sacudindo a lama do rio de suas crinas. Eram lindas criaturas, com cauda de peixe multicolorido e a cabeça e patas de garanhão branco. O cavalo marinho na frente era muito maior do que os outros, uma carona apropriada para um passeio de ciclope.

– Arco-íris! – Eu falei. – Como vai amigo?

Ele relinchou uma queixa.

– Sim, eu sinto muito mesmo – eu disse. – Mas é urgente. Nós precisamos chegar ao acampamento meio-sangue e rápido.

Ele resfolegou.

– Tyler? – Eu disse. – Tyler está bem, eu sinto muito que ele não esteja aqui. Ele agora é um grande general do exército ciclope.

RIIINCH!

– Sim, eu tenho certeza que ele ainda vai lhe trazer maçãs. Agora, sobre a carona...

Em um momento, Jake, Nico e eu estávamos cruzando o Rio East mais rápido do que um Jet Ski. Muito velozes – poderia ter algum filme com Hipocampos de “Velozes e Furiosos” eu poderia ser personagem, eu estava veloz e muito furiosa mesmo. -, passamos por debaixo da Ponte Throgs Neck e seguimos em direção à Long Island.

Mesmo na velocidade em que nós estávamos pareceu uma eternidade até o momento em que vimos a praia do acampamento. Eu agradeci aos cavalos-marinhos, e aterrissamos em terra firme. Argos era quem esperava por nós, com seus cem olhos nos fitando seriamente, a areia fofa atrapalhava nossa corrida até o homem de cem olhos.

– Ele está aqui? – eu perguntei desesperada e sem fôlego.

Argos assentiu com a cara amarrada.

– Algo errado? – perguntou Jake.

Ele balançou a cabeça.

Era estranho ver aquela paisagem pacifica do acampamento, parecia tudo tão surreal. Nada de edifícios queimando, nada de campistas feridos. Os chalés brilhavam a luz do sol, e o orvalho cintilava nos campos. Mas o lugar estava praticamente vazio, sem vida.

Na casa grande havia algo muito, muito errado. Meu coração disparo quando vi aquelas luzes verdes disparando por todas as janelas, do mesmo jeito que eu vi no meu sonho sobre May Castellan. Uma névoa mágica contornava o jardim de um modo macabro. Quiron estava deitado em uma enorme maca sendo cercado por um bando de sátiros na quadra de vôlei. BlackJackson batia os cascos nervosamente no gramado, quando me viu galopou até mim.

Não foi minha culpa, chefe! Suplicou. O garoto magrelo me fez fazer isso!

Eu o afaguei.

– Está tudo bem... Mas onde está Daniel?

Foi quando eu o vi. Daniel Kane, totalmente diferente do Daniel Kane alegre e idiota que eu conheci há um ano. Daniel estava mais magro e mais pálido. Sombras contornavam seus olhos. No momento em que eu o vi eu corri até ele e agarrei pelos ombros.

– Megan... – Jake tentou me chamar antes de qualquer coisa, eu não o ouvi.

– Você! – eu gritei com Daniel. – Seu idiota, o que estava pensando? Quiron! Você não o avisou? Eu não vou deixar, ou... Ou você já o fez?

Ele tentou falar alguma coisa. Sua pele tinha leves pintinhas vermelhas sobre a pele e algumas marcas roxas que eu não tinha notado antes.

– Daniel... – eu comecei.

– Se você se refere ao Oráculo – ele começou – Eu não tentei aquilo, não se preocupe.

Eu o soltei e no mesmo instante Dan começou a esfregar os ombros.

– Megan, o que está acontecendo? – perguntou Jake atrás de mim.

Eu não respondi, eu simplesmente olhei para a casa, o brilho verde já diminuiu. A névoa estava mais fraca. Mas eu ainda não entendia o que estava acontecendo. Se Daniel não tinha tentado hospedar o Oráculo... Então quem estava lá em cima?

– Eu... – Daniel voltou a falar. – Eu tive uma visão sobre a maldição de Hades, achei que pudesse tentar, mas ele me impediu. Quiron me convidou para vir aqui, e aquele cara disse que não era o meu destino.

Eu ia perguntar do que Hades ele estava falando quando eu o vi.

Um garoto alto e magricela, com cabelos cor de palha, jeans um pouco grande demais, camiseta larga e uma toga frouxa. Octavian estava no topo dos degraus da varanda. Seus braços esticados como se ele esperasse que alguém dali começasse a jogar bola com ele.

– Octavian? – eu murmurei. – O que... O que ele está pensando?

Eu tentei chegar mais perto. Mesmo que Octavian fosse um grande cabeça dura, assassino de Nemos de pelúcia – sim, eu nunca esqueci isso. – eu um cara estranho e meio até metido eu não achava que ele merecia aquilo, ninguém merecia aquilo.

Sátiros me detiveram enquanto eu tentava chegar até Octavian.

– Megan, não – Quiron advertiu. Ele estremeceu quando tentou se mover. Seu braço esquerdo estava em uma tipoia, as duas patas traseiras estavam em talas, e sua cabeça estava envolta em bandagens. – Você não pode interromper.

Olhei incrédula para o homem-cavalo.

– Você disse que nunca deixaria ninguém tentar novamente!

– Eu sei... Eu sei, mas eu estava errado – disse Quiron. – Daniel teve uma visão, ele acredita que possa ser quebrado, eu ia deixá-lo tentar, mas Octavian me convenceu de que esse era o destino dele.

– E se a maldição não for quebrada? Se Hades não conseguiu o que queria, ele pode ficar louco!

A névoa mágica girava em torno de Octavian. Ele tremia como se estivesse entrando em choque.

– Ei! Pare com isso! – eu gritei para ele.

Eu corri na direção dele, ignorando os sátiros. Cheguei a três metros de Octavian e bati em algo, como se tivesse acertado uma bola de praia invisível. Eu caí na grama e me recuperei.

Octavian abriu os olhos e se virou. Parecia que estava sonâmbulo, como se ele pudesse me ver, mas apenas em um sonho.

– Ariana... – ele chamou em um sussurro, sua voz parecendo distante. – Por que está aqui?

– Você vai ser destruído – eu lhe disse. – Você tem que parar antes que...

– Você se importa. – não era uma pergunta. – Você se importa comigo... Por quê? Ninguém se importa.

Eu me coloquei de pé.

– Sabe o significado da palavra “Amigo”? – eu perguntei, Octavian arregalou os olhos como se eu tivesse lhe dito algo errado, como se ele não ouvisse aquela palavra geralmente, como se não soubesse que ela tinha um real significado. – Eu sou sua amiga, não sou? Seu assassino de bichinhos de pelúcia maldito.

– Amigo... – ele repetiu lentamente.

– Escute – eu pedi – Só porque você acha que não tem emoções não significa que não tenha de verdade, você gosta de fingir que não tem... Você vai morrer assim, tem que parar.

Então pela primeira vez em toda a minha vida eu vi Octavian sorrir, não um sorriso falso, ele estava sorrindo de verdade.

– É a minha escolha – ele disse. – Eu achava que esse não era o meu lugar, mas agora eu vejo, eu pertenço a esse lugar.

A névoa ondulou em uma centena de serpentes de fumaça, se enrolando nas colunas da varando e ao redor da casa. Em seguida, o oráculo apareceu na porta. A múmia de Rachel Elizabeth Dare ressequida se arrastando para frente no seus jeans rasgados e camiseta laranja do acampamento. Ela parecia pior do que o habitual, se é que era possível. O cabelo ruivo dela estava caindo em tufos. Sua pele curtida rachando como assento desgastado de ônibus. Seus olhos vidrados olhavam fixamente para o espaço, me arrepiei quando vi que ela estava indo na direção de Octavian.

– Obrigado, Megan. – ele me disse antes de estender seus braços para Rachel se referindo a ela agora. – Você esteve esperando muito tempo. Mas agora estou aqui.

O sol brilhou mais intensamente. Um homem apareceu acima flutuando no ar um cara loiro com uma toga branca, com óculos escuros e um sorriso arrogante.

– Apolo – eu disse.

Ele piscou para mim, mas levantou o dedo aos lábios.

– Octavian, Legado de Apolo – disse ele. – Você tem o dom da profecia. Mas também é uma maldição. Tem certeza de que quer isso?

Octavian assentiu.

– É minha decisão final

– Você aceita os riscos?

– Aceito.

– Que assim seja – disse o deus.

Octavian fechou os olhos.

– Eu aceito este papel. Comprometo-me com Apolo, deus dos oráculos. Abro os meus olhos para o futuro e abraço o passado. Eu aceito o espírito de Delfos, voz dos Deuses, orador dos mistérios, vidente do destino.

Eu não sabia de onde ele tirava estas palavras, mas fluiu dele como névoa espessa. Uma coluna verde de fumaça, como uma serpente enorme, saiu da boca da múmia e deslizou para baixo da escada, envolvendo carinhosamente os pés descalços de Octavian. A múmia do Oráculo desintegrou, caindo no chão, restou apenas um monte de pó e uma camiseta do acampamento e seus jeans. A névoa envolveu todo o corpo de Octavian e por um momento eu não podia vê-la.

Octavian caiu no chão e ficou em posição fetal.

Eu tentei correr em sua direção.

– Pare! Esta é a parte mais delicada.

– O que vai acontecer? – Eu quis saber. – O que você quer dizer?

Apolo estudou se neto com preocupação.

– Ou o espírito se estabelece, ou não.

– E se ele não se estabelecer? – Jake perguntou.

– Quatro palavrinhas – Apolo disse, contando nos dedos. – Isso seria muito ruim.

Apesar da advertência de Apolo, e me ajoelhei em frente a Octavian, e o cheiro do sótão tinha desaparecido. A névoa afundou no solo e a luz verde esmaeceu. Mas ele estava ainda pálido. Quase sem respirar.

Então seus olhos se abriram. Ele focou em mim com dificuldade.

– Ariana...

– Você está bem?

Ele fechou os olhos por um segundo.

– Existem coisas... Tão difíceis – disse ele. – Eu não queria ser humano... Eu não queria ter emoções.

Eu sorri.

– Você sempre vai ser o mesmo legado chato de sempre tenha emoções ou não, não se preocupe com isso.

– Você... – ele disse com a voz rouca. – É muito idiota sabia disso?

Eu assenti.

– É o que me dizem.

Eu o ajudei a levantar.

– Você... – Nico disse – a sua aura de vida quase desapareceu. Eu pude ver você morrendo.

– Eu... Eu estou bem – ele murmurou.

– Você tem certeza de que está bem? – Eu perguntei.

Apolo desceu suavemente para a varanda.

– Senhoras e senhores, gostaria de apresentar o novo oráculo de Delfos.

– Você está brincando – Jake disse.

Octavian se apoiou em mim.

– Estou surpreso, tinha minhas dúvidas se eu pertencia mesmo a esse lugar – disse ele – Jano esteve me importunando com essas escolhas... Hoje eu percebo, esse era o meu destino.

Eu pisquei.

– Isso quer dizer que agora você pode ver o futuro?

– Não o tempo todo – disse ele. – Mas há visões, imagens, palavras em minha mente. Quando alguém me faz uma pergunta, eu... Ah, não...

– Vai começar... – Apolo falou.

Octavian se dobrou como se alguém tivesse dado um soco nele. Então ele se endireitou e seus olhos brilharam com um tom verde.

Quando falou, sua voz triplicou, como se três Octavians estivessem falando ao mesmo tempo:

O controle de um só coração, um mesmo irão disputar.

Entre dois lados, os olhos negros irão se colocar.

E a ponte a proteção no vão desses, ambos irão se comprometer.

Entre viver ou morrer, cabe a cada um escolher.

Deuses e semideuses, juntos terão que batalhar.

Aos amigos e inimigos, a morte a deixar escapar.

Recorrerá à decisão final, as Portas da Morte afinal.

Eu estremeci e aquela terrível sensação voltou. Pousei a mão em minha barriga aonde se estabilizava aquela familiar dor aguda como uma lâmina fria atravessando meu corpo. Com a última palavra, Octavian entrou em colapso, Jake e Nico se apressaram para pegá-lo e então eles o levaram para a varanda.

– Eu estou bem – ele disse, com a voz retornando ao normal.

– O que foi? – Eu perguntei.

Ele balançou a cabeça, confusa.

– O que foi aquilo?

– Eu acredito – Apolo disse – que acabamos de ouvir a próxima Grande Profecia.

– O que isso significa? – Eu quis saber.

Octavian franziu a testa.

– Eu nem lembro o que eu disse.

– Não – Apolo ponderou. – O espírito só falará através de você ocasionalmente. O resto do tempo, o nosso Octavian será mais igual como sempre. Não há nenhuma razão em interrogá-lo, mesmo que ele tenha previsto o futuro do mundo.

– O que? – Eu disse. – Mas...

– Megan – Apolo disse – eu não me preocuparia muito. A última Grande Profecia sobre você levou quase setenta anos para se completar. Esta pode nem acontecer durante sua vida.

Eu pensei sobre as linhas que Octavian tinha falado com sua voz assustadora: Olhos negros, portas da morte... Dois lados, batalha, morrer ou viver...

– Talvez – disse eu mesmo não acreditando nisso – mas não soava muito bem.

– Não – disse Apolo alegremente. – É claro que não! Ele vai ser um ótimo oráculo!

Nesse momento ouve uma maratona de tosses vindas de algum lugar atrás de mim. Eu me virei para Daniel, que estava curvado no chão, enquanto ele tossia, sangue saia de sua boca como vômito. Daniel parecia tentar falar alguma coisa, mas sua tosse era frenética. Eu me ajoelhei ao seu lado:

– Daniel... Dan! – eu chamei, mas já não sabia se ele estava me ouvindo.

Foi quando Daniel caiu desmaiado no chão.


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Notas finais do capítulo

Talvez eu escreva outro capítulo hoje - ou pelo menos parte dele.
Então, vocês já estão de férias?
Seguinte... Obrigada pelos comentários passados, eu fiquei muito emocionada galera, dessa vez foram vocês que me fizeram chorar. - Sim, Luiza, por dentro também.

Mais alguns capítulos - 2, eu acho. - pra chegarmos ao "final" e no começo.
Beijos azuis ♥ FUI-ME

Alguém sabe o que deu no Dan? O.o



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