Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano escrita por Laís Bohrer


Capítulo 32
Conselho Olimpiano: Um novo pacto entre os deuses


Notas iniciais do capítulo




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Pombos brancos nos cercavam, eu sempre achei pombos meio nojentos, mas não os espantei, pela primeira vez pude notar como aqueles eram bonitos, branquinhos e limpos. Também pude notar algo estranho, eles estavam chorando. Não pude deixar de pensar que Silena morrera do mesmo modo que Percy: Ambos morreram por minha causa, ambos aceitaram o que viria a seguir, ambos riram sem medo da morte.

Eu me sentei olhando para o rosto de Silena, imóvel e calmo. Nossos dedos ainda entrelaçados com um juramento. Eu quase acreditei que ela estava dormindo, quase. Eu não sabia se sorria ou se chorava, eu fiz os dois, nem ligava. Enquanto os pombos se uniam ao redor de Silena, chorando. Eu me erguia com dificuldade, dando passos até o corpo de Luke, depois de alguns minutos eu consegui colocá-lo ao lado do corpo de Silena em uma certa distância. A chuva continuava a cair, o tempo nublado se estabeleceu ali, refletindo em mim.

Luke não era mais recipiente de Cronos, não era mais um semideus, ele estava finalmente livre e Silena... Bem, ela não estava mais presa a Cronos, ela não era mais uma serva, ela não eram mais uma semideusa, ela também estava livre. No final eu consegui salvar mais pessoas do que planejara, e ao mesmo tempo eu consegui perdoar Luke, apagando o rancor de ele ter sido o culpado pela morte de Percy. Apagando o ódio por fim.

Os deuses apareceram alguns minutos depois em todas as suas regalias de guerra, trovejando sala do trono adentro e esperando uma batalha, mas encontrando apenas eu entre os corpos de Silena Beauregard e Luke Castellan também cercado de um grupo de pombos brancos como a neve.

– Megan! – essa voz...

Eu virei o rosto para o lado e vi Jake Turner, todo acabado vindo em minha direção, então ele viu os corpos de Silena e Luke.

– O que Hades...

– Megan... – meu pai chamou. – O que... O que está acontecendo.

Eu dei uma última olhada para Luke e depois para Silena, me levantei e limpei as lagrimas do rosto, eu virei para encarar os Olimpianos.

– Precisamos de duas mortalhas hoje – eu disse – Uma para a filha de Afrodite, e outra para o filho de Hermes.

As Parcas apareceram para levar Luke e Silena embora.

Eu não via as velhas senhoras há anos, desde que eu testemunhara elas cortarem um fio da vida no ponto de ônibus na minha primeira missão quando eu tinha doze anos apenas. Hoje eu entendia que o fio era na verdade de Silena, não sei explicar... Porque não de Luke? Bem, eu não sei, simplesmente sabia que era Silena. Elas me assustaram naquela época, e elas ainda me assustavam agora – três avós demoníacas levando com bolsas com agulhas de tricô e novelos de lã.

Uma delas olhou para mim, e embora ela não tenha dito nada, minha vida passou literalmente por meus olhos. De repente, eu tinha vinte anos, depois eu era uma idosa de meia-idade e logo depois eu podia ver minha cova aberta esperando pelo meu caixão que estava sendo abaixado na terra.

Está feito... – disse ela na minha mente.

A velha ergueu um fio rosa, e eu sabia que era aquele mesmo fio que eu tinha visto ser cortado há quatro anos antes. Eu pensei que era minha vida, mas não... Era Silena, eu sabia disso. Elas me mostraram que algo teria que ser sacrificado para que tudo desse certo. Então, elas levaram minha melhor amiga.

O corpo de Luke estava em uma mortalha branca e verde e o de Silena era branco e rosa. Os pombos brancos permaneciam observando de longe, eu notei. Então, no momento em que os corpos eram levados para fora da sala do trono. Uma voz se pronunciou:

– Esperem... Por favor.

A deusa do amor, Afrodite, deu sua palavra, ela andou lentamente com a mão no coração até a mortalha de Silena. A deusa vestia uma túnica grega simples, cabelos loiros encaracolados caiam-lhe em uma trança de lado e mal feita, uma lagrima cairá de seu olho - Verde, azul, castanho, era difícil dizer – ao olhar para a filha.

Ela desenrolou o rosto de Silena e beijou-lhe na testa murmurando algumas palavras – uma bênção final.

Adeus, minha menina... – ela disse por fim.

Antes que alguém dissesse mais alguma coisa, Hermes também se pós as frente, indo até o corpo de Luke. O deus mensageiro estava vestido em um conjunto de roupas gregas brancas clássicas, sandálias, e um capacete. As asas de seu capacete batiam enquanto ele andava. As cobras George e Martha enroscaram-se pelo caduceu, murmurando: Luke, pobre Luke.

Eu pensei em May Castellan, sozinha em sua cozinha, assando biscoitos e fazendo sanduíches para o filho que nunca mais voltaria para casa.

Hermes repetiu o gesto da outra deusa. Então acenou com a cabeça pra as Parcas, permitindo que levassem os corpos por fim. Enquanto elas saiam, eu pensei na Grande Profecia. As linhas agora faziam sentido para mim. Um meio-sangue, criança dos deuses antigos, aos dezesseis chegará apesar de empecilhos... Sim, essa era eu. Muitos empecilhos, mas ainda estou viva. Em um sono eterno o mundo irá cair, no coração da criança o ódio virar a se fundir... Morfeu pós todos os mortais para dormir antes da guerra e eu era a criança, significava que eu iria perder o controle de Kinitrus e que o ódio era a chave para isso. Uma escolha seus dias virá a encerrar. A escolha... Bem: Morrer ou confiar, a alma sacrificada à lâmina maldita ceifará... Escolhermorrer e não confiar em Luke no final poderia ter encerrado os dias de todo mundo... Ah, sim... A lâmina maldita era a foice de Cronos e a alma era a de Silena que se sacrificou por mim. O Olimpo preservar ou arrasar. Graças a eles, preservar.

Mesmo com a profecia tendo se cumprido, eu me perguntei se aquilo tudo girava mesmo ao redor do Olimpo... Claro, teve as opções sobre arrasar do tipo bom ou arrasar do tipo ruim, porém seria mesmo? Luke salvou o Olimpo, ele foi capaz de tomar pelo menos parte do controle um momento e apontar os caminhos certos para mim e Silena... Bem, eu poderia ter vivido na miséria daqui para frente, ela me salvou... Do mesmo jeito que Percy fez. Percy também era um pensamento que eu sempre usava. Percy, Luke e Silena se tornaram heróis que mereciam serem lembrado, e nos momentos difíceis eu iria me lembrar deles.

As horas seguintes passaram indistintamente. Apolo deu um jeito nos ferimentos de Jake. Os deuses foram consertar a sala dos tronos, que foi surpreendentemente rápido com doze seres superpoderosos trabalhando. Hansel e eu cuidamos dos feridos e assim que a ponte aérea foi refeita, recebemos nossos amigos que haviam sobrevivido. Thalia estava de muletas, segundo o que ela dissera, ela havia quebrado a perna no caminho, mas estava bem. Connor e Travis Stoll haviam conseguido chegar ao fim da batalha com apenas arranhões. Eles me juraram que não tinham roubado muito a cidade – Uhum... Sei. – Senhora O’Leary tinha tirado Quíron dos escombros e o levado de volta ao acampamento. Os Stoll pareciam um pouco preocupados com o centauro, mas pelo menos ele estava vivo. Katie Gardner disse que ela tinha visto Daniel Kane correr pra fora do Edifício Empire State no fim da batalha. Dan parecia ileso, mas ninguém sabia para onde ele tinha ido, o que também me deixou preocupada.

Nico di Angelo chegou ao Olimpo e recebeu as boas-vindas de um herói, o pai logo atrás dele, apesar do fato de que Hades só deveria visitar o Olimpo no solstício de inverno. O deus dos mortos pareceu surpreso quando seus parentes vieram dar palmadinhas em suas costas. Duvido que ele jamais tenha recebido uma recepção tão entusiasmada antes. Então fiquei feliz, o sinal de uma família – bem problemática – e eu fazia parte dela.

Quando Jake acordou, ele fez questão de vir me pedir ajuda para nomear o seu sabre, foi bem difícil, eu queria chamar de “Arranca Cabeças” ou algo que fizesse relação a ferimentos letais, foi então que ele acabou chamando-a de Harpe – ele disse que é o nome da espada que Perseus usou para decapitar a Medusa... Tá, né!

Foi então que veio Ares e bagunçou os cabelos de Jake o surpreendendo e em seguida lhe dando tapinhas no ombro:

– O extermínio daquele drakon? É DISSO que estou falando! – disse ele – Esse é o meu garoto! O Melhor guerreiro que eu já vira...

Jake parecera confuso e perdido, ma no fim acabou sorrindo.

Hera e Hefesto passaram por mim, e apesar de Hefesto estar um tanto mal-humorado por eu ter pulado em seu trono, achava que eu tinha feito, “no geral, um trabalho extraordinário.”

Hera suspirou, desanimada.

– Acho que eu não destruirei você e aquele garoto...

– Jake ajudou muito também. – eu insisti. – No final ele convenceu Silena a...

– Humpf...

Hera fez meia-volta e se afastou, zangada, mas calculei que nossas vidas estavam salvas, pelo menos por enquanto.

A cabeça de Dioniso ainda estava envolta em ataduras. Ele me olhou da cabeça aos pés e disse:

– Muito bem, Ariana Jackson, Polux está a salvo – disse ele, eu notara também que ele chamou o meu nome certo de verdade - Então, eu acho que você não é totalmente incompetente. Tudo graças ao meu treinamento, eu suponho.

Eu assenti.

– Aham... Quer dizer, claro! Totalmente... – eu disse. – Foi por isso...

Eu realmente minto mal, mas Dioniso pareceu-me satisfeito.

Senhor D. concordou.

– Como agradecimento por minha bravura, Zeus cortou minha pena naquele horrível acampamento pela metade. Agora só me faltam cinquenta anos ao invés de cem. – disse ele animado.

– Cinquenta anos, hein? – disse eu desanimada.

Eu tentei imaginar ter que aturar Dionísio até eu ser uma velha mulher, supondo-se que eu vivesse até lá.

– Não se anime, Megan – ele disse e eu percebi que ele estava dizendo meu nome cujo qual eu estava acostumada. – Eu ainda planejo fazer de sua vida um inferno.

Eu não pude deixar de sorrir.

– Seria muito perturbador se não fizesse.

– Então estamos entendidos. – Ele se virou e começou a concertar seu trono de videiras, que tinha sido queimado.

Hansel ficou do meu lado com cara de quem precisava de um abraço.

– Tantos espíritos da natureza mortos, Meg... – soluçou. – E Emily...

Eu lhe dei um lenço para assoar o nariz e dei tapinhas em seu ombro.

– Sim, menino-jegue... Vai ficar tudo bem, certo? Nós vamos concertar tudo. Plantaremos novas árvores. Limparemos os parques. Seus amigos reencarnarão em um lugar melhor. Emily vai reencarnar em um lugar melhor...

Ele fungou desajeitadamente e novamente caindo em lagrimas e me dando um abraço de bode que me ergueu no alto então me colocou no chão.

– Eu ainda sou um rejeitado. Eu mal consigo fazer alguém me ouvir sobre Pã. Agora eles vão me ouvir de novo alguma vez? Eu os guiei a uma carnificina.

– Eles ouvirão – eu prometi. – Porque você se importa com eles. Você se importa com o mundo selvagem como nenhum outro faz.

Hansel conseguiu sorrir.

– Obrigado, Megan... Eu... Eu tenho muito orgulho mesmo de ser seu amigo – disse ele e eu sorri.

– Você é realmente o sátiro mais corajoso que já conheci, lembre-se disso menino-jegue, tá bom? – eu disse.

Ele corou, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa, trombetas de concha soaram. O exército de Poseidon marchou até a sala dos tronos.

– MEGAN! – ouvi a voz de Tyler depois de eu ser erguida no ar. Felizmente ele tinha diminuído a seu tamanho normal, e assim seu abraço foi como ser atropelado por um trator, e não pela fazenda toda.

– COSTELAS! – eu gritei.

– Ah... – o ciclope me colocou no chão. – Desculpe... – então ele se animou de novo: - Você ainda está inteira!

– É... – concordei. – Pelo menos até agora sim... E veja! Você também está inteiro.

Ele bateu as palmas e riu feliz.

– Nós acorrentamos Tifão, foi muito divertido! Ei! Na próxima vez você pode ir com a gente!

Eu gemi desanimada

– Talvez, garoto-ciclope, talvez...

Atrás dele, uns cinquenta ciclopes armados riram, concordaram e bateram as mãos espalmadas nas dos outros.

– Tyler nos liderou – bradou um deles. – Ele é corajoso!

– O mais corajoso dos ciclopes! – outro gritou.

Tyler corou.

– Não foi nada.

– Eu vi você! – eu disse. – Você estava incrível! Mesmo...

Eu pensei que Hansel fosse desmaiar ali mesmo, mas ele segurou os nervos, o pobre menino-jegue tinha pavor de Ciclopes.

– É... Hã... Vida longa ao Tyler! – disse ele se apoiando em mim.

– UHUUUU! – os ciclopes rugiram.

– Por favor, não me devorem... – implorou Hansel, porém acho que nenhum dos ciclopes ouviu.

– Hansel você está legal? – disse um dos Stoll’s ao passar por nós. – Você está verde.

Hansel engoliu seco.

– Ah, claro... Eu só preciso de um pouco de tônico... – disse ele.

As trombetas de concha soaram de novo. Os ciclopes separaram-se e meu pai entrou na sala dos tronos em sua armadura de guerra com seu tridente brilhando em suas mãos.

– Tyler! – ele gritou. – Muito bem, meu filho e Megan... – ele apontou o dedo para mim e por um segundo eu pensei que ia virar churrasco de frutos do mar. –Eu te perdoou por ter sentado no meu trono... Você salvou o Olimpo.

Ele abriu os braços e me deu um abraço. Eu percebi um pouco envergonhada, que eu nunca tinha abraçado meu pai antes. Ele era quente – como um humano normal – e cheirava a praia e brisa fresca marítima.

Quando ele se afastou, ele sorriu para mim. Senti-me tão bem, admito que eu chorei um pouco. Acho que até esse momento eu não me permitira perceber o quão aterrorizada eu me sentira nos últimos dias.

– Pai, eu...

– Shiu... – ele chiou. – Nenhum herói está acima do medo, filha. Eu tenho que admitir isso, eu estava com minhas dúvidas, e foi complicado permitir a mim mesmo a lhe dar minha confiança... Um medo idiota, você superou até mesmo Hércules...

– POSEIDON!

Zeus tinha sentado em seu trono. Do outro lado da sala, olhou ferozmente para meu pai, enquanto os outros deuses entravam e tomavam seus assentos. Até Hades estava presente, sentado em uma cadeira de pedra simples na frente da lareira. Nico sentava de pernas cruzadas aos pés de seu pai.

– Então, Poseidon? – Zeus grunhiu. – Está orgulhoso demais para se juntar a nós no Conselho, meu irmão?

Pensei que Poseidon fosse ficar furioso, mas ele só me olhou e piscou.

– Ficaria honrado, Senhor Zeus.

Acho que milagres acontecem. Poseidon sentou-se em sua cadeira de pesca, e o Conselho Olimpiano se reuniu.

Enquanto Zeus falava – um longo discurso sobre a bravura dos deuses etc. – Jake entrou e parou perto de mim com uma cara sonolenta, mas ele parecia bem.

– Então, o que eu perdi?

– Ninguém quer nos matar até agora.

– Legal, é a primeira vez hoje...

Eu ri. Hansel me cutucou, pois Hera estava lançando aquele olhar assustado que as mães fazem.

– Falando por meus irmãos – Zeus disse – estamos agradecidos... Hum... – ele limpou sua garganta como se as palavras fossem difíceis de sair. – Er, agradecidos pela ajuda de Hades.

O deus dos mortos acenou. Ele tinha um olhar presunçoso em seu rosto, mas eu acho que tinha recebido o merecido. Ele deu tapinhas no ombro de Nico, e Nico parecia mais feliz do que ele jamais esteve.

– E também é claro... – o senhor dos céus parecia que ia vomitar. – Devemos também agradecer a Poseidon...

– Desculpe, irmão... Mas eu não ouvi muito bem. – disse meu pai. – O que disse?

– Devemos agradecer a Poseidon – rosnou Zeus. – Sem ele... Teria sido difícil de...

– Difícil? – Poseidon perguntou e eu segurei uma risada.

– Impossível – Zeus disse. – Impossível de se derrotar Tifão.

Os deuses murmuraram concordando e levantando suas armas em aprovação.

– Ah, pode, por favor, repetir a primeira parte? – perguntou Poseidon de modo inocente.

– Basta! – rosnou Zeus, em seguida pigarreou. – O que nos deixa agora – continuou Zeus – com apenas a questão de agradecer aos nossos jovens heróis semideuses, que defenderam o Olimpo muito bem – mesmo que haja alguns amassados em meu trono.

Ele chamou Thalia à frente, primeiro, sendo ela sua filha, e lhe prometeu ajuda no preenchimento das fileiras de Caçadoras.

Ártemis sorriu.

– Você oi excelente, minha tenente. Estou orgulhosa, e todas as Caçadoras que pereceram em meus serviços nunca serão esquecidas. Elas irão para o Elísio, tenho certeza.

A deusa lançou um olhar para Hades que desviou.

– Provavelmente... – disse acanhado.

Ártemis continuou olhando para ele.

– Tudo bem! – ele grunhiu. – Vou acelerar seu processo de requerimento.

Thalia encheu-se de orgulho.

– Obrigada, minha senhora.

Thalia curvou-se diante de todos os deuses e depois seguiu mancando e se posicionou ao lado de Ártemis.

– Tyler, filho de Poseidon! – convocou Zeus.

Tyler parecia nervoso, contudo ele foi tropeçando em direção ao centro do conselho, Zeus virou o rosto para Poseidon.

– Ele não perde muitas refeições, não é? – Zeus murmurou. – Tyson, por sua bravura na guerra, e por liderar os ciclopes, você está promovido a general dos exércitos do Olimpo. Daqui pra frente, você deverá liderar seu exército para uma batalha sempre que for requerido pelos deuses. E você terá um novo... Hum... Que tipo de arma você desejaria? Uma espada? Um machado?

– Um bastão – Tyson disse, mostrando seu bastão quebrado.

– Muito bem – Zeus disse. – Nós lhe daremos um novo, hã, bastão. O melhor bastão que possa ser encontrado.

– Viva! – gritou Tyler pulando.

O resto dos ciclopes aplaudiu gritando bravamente:

– MANTEIGA DE AMENDOIM!

O que resultou em muitas sobrancelhas erguidas. Os ciclopes apenas colocaram Tyler em seus ombros enquanto o meu maninho se juntava a eles.

– Hansel Phelps, o sátiro! – chamou Dioniso.

Hansel tropeçou nos próprios cascos antes de se juntar ao centro do conselho nervosamente.

– Ah, pare de mastigar sua camisa – repreendeu o deus. – Bom, eu não irei fulminá-lo ou estilhaçá-lo em mil pedaços por causa de sua grande bravura, coragem e blá, blá, blá. E como temos uma vaga, os deuses e eu discutimos que seria melhor o promover a membro sênior do Conselho dos Anciãos de Casco fendido.

Hansel caiu para trás.

– Ah, que ótimo – resmungou Sr. D – Alguém pode tirá-lo daqui?

Algumas ninfas se aproximaram de Hansel e o arrastaram de lá.

– E alguém faça o favor de quando ele acordar dizer que ele não será mais um rejeitado? – pediu Dioniso - todos os sátiros, náiades, e outros espíritos da natureza, daqui pra frente terão que tratá-lo como o Senhor da Natureza, com todos direitos, privilégios, e honras, blá, blá, blá. Agora, por favor, levem-no para fora antes que ele acorde e comece a se deleitar com torpezas.

–... A boca da Caríbdis abre e fecha, abre e fecha, abre e fecha pelo mar de monstros... – cantarolava o menino-jegue.

– Ele vai ficar bem... – eu disse - Ele vai acordar como Senhor da Natureza rodeado por náiades. A vida podia ser pior.

Atena chamou:

– Malcolm Willians, meu filho.

Um garoto de cabelos loiros e tempestuosos olhos cinzentos como o da mãe se aproximou.

– Você, meu filho, superou todas as expectativas. Usou toda sua inteligência, sua força, e sua coragem para defender essa cidade, e nosso lugar de poder. Chamou-nos a atenção, o fato do Olimpo estar, bem... Arruinado. O Senhor Titã causou muito estrago que terá que ser reparado. Podemos reconstruir com mágica, é claro, e fazê-lo exatamente igual ao que era antes. Mas os deuses acham que a cidade pode ser melhorada. Então aproveitaremos essa oportunidade. E você, meu filho, fará essas melhorias.

Malcolm olhou para cima surpreso.

– Minha... Minha senhora?

Atena sorriu, divertindo-se.

– Você é um arquiteto, não é? Você tem estudado as próprias técnicas de Dédalo. Quem melhor pra redesenhar o Olimpo e fazer dele um monumento que durará por outra eternidade?

– Você quer dizer que... Eu posso projetar o que eu quiser?

– O que seu coração desejar. – A deusa disse. – Faça-nos uma cidade que dure eras.

– Contanto que você coloque muitas estátuas minhas – Apolo adicionou.

– E minhas... – Afrodite concordou.

– E minhas! – Ares disse. – Grandes estátuas com grandes espadas e...

– Chega – Atena interrompeu. – Ele entendeu. Levante-se, Malcolm Willians, arquiteto oficial do Olimpo.

Malcolm veio até nós, ele parecia em estado de choque, achei até que fosse desmaiar também quando ele tropeçou, eu e uma de suas irmãs o seguramos.

– Eu estou bem... – disse ele. - Eu tenho que começar a planejar... Pegarei papéis e, hã, lápis...

– MEGAN JACKSON! – meu pai anunciou.

Meu nome ecoou pela sala.

Todas as conversas cessaram. A sala estava em silêncio, exceto pelo som do fogo na braseira. Os olhos de todos estavam em mim – todos os deuses, semideuses, ciclopes, e espíritos. Eu andei para o meio da sala dos tronos. Héstia sorriu para mim, encorajadamente. Ela estava em forma de garota agora, e ela parecia feliz e contente por estar sentada perto do fogo de novo. Seu sorriso me deu coragem para continuar caminhando.

Inicialmente eu me curvei a Zeus e depois me ajoelhei diante de Poseidon.

– Levante-se, minha filha. – disse ele.

Eu me coloquei de pé, inquieta.

– Uma grande guerreira deve ser recompensada, suponho. – Poseidon disso. – Alguém aqui negaria que minha filha, Megan Ariana Jackson, é merecedora?

Eu arregalei os olhos, sabia que Megan Ariana não era exatamente meu nome de nascença, lembrei-me de quando eu disse isso a Cronos: “A partir de hoje eu sou Megan Ariana Jackson...”, me perguntei como eles sabiam disso...

Eu esperei por alguém se pronunciar. Os deuses nunca concordam em nada, e muitos deles ainda nem olhavam para mim, mas nenhum protestou.

– O Conselho concorda – Zeus disse. – Megan Jackson, você terá direito há um presente dos deuses.

Eu hesitei.

– Um... Um presente?

Zeus concordou sorrindo.

– Eu sei o que você vai pedir. O melhor presente de todos. Sim, se você quiser, ele será dado a você. Os deuses nunca concederam esse presente a um herói em séculos, mas Ariana Jackson, se você desejar, você poderá se tornar uma deusa. Imortal. Você servirá como a líder de seu pai para sempre.

Eu olhei para ele, petrificada.

– Você quer dizer... Que eu me tornaria uma deusa?

Zeus rolou os olhos.

– Uma deusa menor, aparentemente. Mas sim. Com o consenso de todo o Conselho, eu posso torná-la imortal. Então terei que aturá-la para sempre também...

– Humm – Ares meditou. – Quer dizer que eu posso esmagá-la, transformando-a em polpa na hora que eu quiser, e ele sempre voltará para que eu faça mais. Gostei da ideia.

– Pai! – repreendeu Jake e depois parecera arrependido, mas Ares não parecia zangado.

– O que eu disse? – perguntou ele.

– Eu aprovo. – disse Atena.

Olhei para trás, para Jake especificamente. Ele tentava não me olhar nos olhos. Lembrei de todas as vezes que pensei que perderia-o para sempre, e agora ele estava sentido a mesma coisa.

Pensei nas Três Parcas, e o modo como vi minha vida em um flash. Eu poderia evitar tudo isso. Sem envelhecer, sem morte, sem o corpo em um túmulo. Eu poderia ser uma adolescente para sempre, em alta condição, poderosa, e imortal, servindo a meu pai. E poderia ter poder e vida eterna.

Quem poderia recusar isso?

Depois olhei para Jake de novo. Pensei nos meus amigos do acampamento: Charles Beckendorf, Michael Yew, Silena, Percy, Annie Summers... E tantos outros estavam mortos agora. Pensei em Ethan Nakamura e Luke.

E soube o que fazer.

– Eu recuso. – eu disse.

O Conselho estava em silêncio. Os deuses olharam entre si, como se eles tivessem ouvido mal.

– Você recusa? – repetiu Zeus. - Você está... Negando nosso generoso presente?

Havia um tom perigoso em sua voz, como se uma tempestade estivesse pronta para explodir.

– N-Não me entenda mal. – eu pedi – Eu estou realmente honrada, mesmo. Eu ainda tenho muito pela frente, eu nasci uma semideusa, tenho que aceitar isso. E, aliás... Existem coisas – eu olhei para Jake que estava com os olhos brilhando então virei novamente. – Bem, não vem ao caso. Mas eu tenho um pedido.

Zeus pensou sobre isso.

– Se estiver ao alcance de nossos poderes...

– Está – eu disse. – E nem é difícil. Mas preciso que vocês jurem pelo Rio Estige.

– O quê? – gritou Dioniso. – Você não acredita em nós?

– Uma vez, alguém me disse – repliquei, olhando para Hades – que sempre se deve obter um juramento solene.

Hades deu de ombros.

– Culpado – admitiu.

– Muito bem! – Zeus berrou. – Em nome do Conselho, juramos pelo Rio Estige conceder-lhe seu pedido razoável contanto que esteja dentro de nossos poderes.

Os outros deuses murmuraram em aprovação. Um trovão rugiu, chacoalhando a sala do trono. O acordo estava feito.

– Eu quero que vocês não ignorem seus filhos a partir de agora – eu disse. – Todo semideus deve ser reconhecido por seu pai ou mãe Olimpiano até os treze anos, de todos os deuses.

Os Olimpianos mexeram-se, desconfortáveis.

– Megan – meu pai disse – o que exatamente você quer?

– Cronos não teria se erguido se não fossem pelos semideuses rejeitados por seus pais – eu disse elevando a voz. – Eles sentiram raiva de vocês, e isso causou uma rebelião, mortes... Guerra. Sem amor... E eu não posso culpá-los hoje.

As narinas reais de Zeus inflaram.

– Você ousa acusar...

– Sem crianças indeterminadas – eu disse. – Quero que vocês prometam reclamar todas suas crianças, todas suas crianças semideuses, quando elas fizerem treze anos. Elas não serão jogadas no mundo vivendo por conta própria e a mercê de monstros. Eu quero que elas sejam reclamadas e levadas ao acampamento para que elas possam receber treinamento adequado, e poderem sobreviver.

– Agora, espere um momento – Apolo disse, mas eu já estava no embalo.

– E os deuses menores – eu disse. – Nêmesis, Hécate, Morfeu, Janos, Hebe... todos eles merecem anistia e um lugar no Acampamento Meio Sangue. Suas crianças não devem ser ignoradas. Calipso e os outros filhos pacíficos de Titãs devem ser perdoados também. E Hades...

– Você está me chamando de um deus menor? – Hades berrou.

– Não, meu senhor – apressei-me em dizer. – Mas suas crianças não devem ser excluídas. Elas devem ter um chalé no acampamento. Nico provou isso. Semideuses sem ser reclamados não deverão ser jogados no chalé de Hermes, perguntando quais são os seus pais. Haverá chalés para todos os deuses. E nada mais de pacto entre os Três Grandes. Afinal, isso não funcionou. Vocês tem que parar de tentar se livrar dos semideuses poderosos. Nós os treinaremos e os aceitaremos. Todas as crianças de deuses serão bem vindas e tratadas com respeito. Esse é meu pedido.

Zeus bufou.

isso?

– Megan – Poseidon disse. – Você está pedindo muito...

– Vocês estão presos pelo juramento – eu disse. – Todos vocês.

Recebi muitos olhares duros. Estranhamente, foi Atena quem se pronunciou:

– A garota está certa. Nós tivemos sido imprudentes ignorando nossas crianças. Isso mostrou uma fraqueza estratégica nessa guerra e quase causou nossa destruição. Megan Jackson, eu tinha minhas dúvidas sobre você, mas talvez eu esteja enganada. Eu voto para que aceitemos o plano da garota.

– Humpf – Zeus disse. – Receber ordens de uma mera criança. Mas eu suponho que...

– Todos a favor? – Hermes disse.

Todos os deuses levantaram as mãos.

– Obrigada. – Eu disse.

Eu me virei, mas antes que eu pudesse sair, Poseidon chamou.

– Guarda de Honra!

Imediatamente os ciclopes vieram para frente e fizeram duas filas, que iam dos tronos até a porta – um corredor para eu passar. E ficaram em posição de sentido.

– Todos saúdem Megan Ariana Jackson – Tyson disse. – A Lenda do Olimpo, filha de Poseidon e... Minha irmã mais velha.


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Notas finais do capítulo

Galera, eu irei leiloar o Daniel, quem quer? o/
—__________________________________________
Primeiramente, eu queria agradecer a vocês, estamos chegando ao fim de "Crônicas do Olimpo" (CDO) e chegando ao começo de "Lendas do Olimpo" (LDO), eu poderia citar um bocado de nomes, mas eu vou resumir:

Ontem a noite eu recebi um comentário e até agora estou com aquelas palavras na cabeça (Muito obrigada, Julliana T.T). Então, eu dei uma lida dos primeiros capítulos que eu escrevi de LDL (A Ladra de Raios) e eu não gostei muito do que vi. Eu sou muito perfectionista comigo mesma, mas fui notando que eu fui corrigindo esses erros com o passar do tempo levando lições importantes pra casa. Ainda acho que não é hora de um ponto final, Megan ainda pode ser muito criativa com a sua "caneta". De qualquer modo, gostaria de mandar meus sinceros agradecimentos aos meus leitores/amigos/sobrinhos irmãos e primos. Vocês acabaram me proporcionando o orgulho de ser a Lay.

"Lay, Obrigado por escrever as Cronicas do Olimpo"

Beijos azuis.



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