Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano escrita por Laís Bohrer


Capítulo 27
Diante da lareira... Um novo lar para a esperança




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/420096/chapter/27

Jake estava indo longe demais.

Eu me imaginei em seu lugar, nos dois em uma luta então no momento seguinte eu penso que ele está morto. Enquanto Jake circulava em volta da Quinta Avenida, ninguém ousou cruzar o seu caminho. A carcaça de um drakon de setenta metros de comprimento batia contra o pavimento fazendo um barulho como de mil facas raspando o concreto.

Enquanto isso, atendemos nossos feridos, trazendo-os para o interior do átrio. Muito tempo depois que o inimigo já havia recuado e saído de nossa vista, mas Jake ainda subia e descia a avenida com o seu terrível troféu, exigindo a presença de Cronos. Jake brilhava, literalmente, ele estava envolto em um brilho vermelho vivo, enquanto gritava:

-– EU SOU JAKE TURNER, MATADOR DE DRAKONS – ele gritou. – Eu vou matar todos vocês! Onde está Cronos? Tragam-no! Será que ele é um covarde?

Thalia e eu observávamos de braços cruzados.

- A bênção de Ares... –disse Thalia. – Nunca vi pessoalmente.

- Ele pensa...

Ela assentiu para mim.

- Ele ainda não te viu por isso ainda pensa que está morta.

Eu olhei para ela.

- Ele deve se cansar...

- Duvido – disse uma voz ao meu lado, Christian Armstrong do chalé de Ares, ele era um dos únicos filhos de Ares mais legais e também não desejava minha cabeça em uma bandeja, então eu posso considerá-lo amigo. – Conhecendo Jake... Ele não vai parar tão cedo.

- Por que ninguém avisou a ele que não estou morta? – perguntei.

Christian deu de ombros.

- Bem... Quando Jake está realmente revoltado nós costumamos deixar ele sozinho no chalé, ele não consegue diferenciar amigo de inimigo e quebra tudo o que vê pela frente – disse – Ele se torna um completo destruidor.

Eu parei para pensar.

- Tipo Clarisse de TPM? – perguntei.

- Quase, só que pior. – ele disse.

- Eu ouvi isso! – gritou a voz de Clarisse um pouco atrás de nós.

Thalia abafou um riso.

- Bem, mas realmente, Megan, acho melhor você para-lo – disse ela. – Boa sorte.

Eu não gostei de precisar de sorte para falar com Jake. Eu virei para Christian.

– E o acampamento? – Eu perguntei. – Tem alguém lá?

Christian balançou a cabeça.

– Só Argos e os espíritos da natureza. – disse ele – Peleu, o dragão, ainda está guardando a árvore.

– Eles não vão durar muito tempo – eu disse. – Mas eu fiquei feliz porque vocês vieram.

Ele assentiu tristemente.

– Lamento que tenhamos demorado tanto. Tentei argumentar com Clarisse. Disse que não havia sentido em defender o acampamento se vocês morressem. Todos os nossos amigos estão aqui. Sinto muito por Ridley...

Eu assenti, ele não precisava continuar.

– Minhas Caçadoras vão ajudá-los a ficar de guarda – Thalia disse. – Megan, você e Jake devem ir para o Olimpo. Eu tenho uma sensação de que eles precisam de vocês lá em cima, para preparar nossa defesa final.

Eu assenti, estava prestes a dizer que ia parar Jake quando alguém foi antes de mim, o que foi tão idiota quando seria chamar Cronos de “filho de uma Hera” na cara dele.

Pelo olhar que Jake lançava para Travis Stoll, soube que ele estava morto.

- Ei, cara... Relaxa, Megan está...

- Morta! – gritou Jake. – E vocês serão os próximos, VOCÊS A DEIXARAM MORRER!

Travis recuou quando Jake atacou, eu estava assustada, nunca tinha visto Jake tão assassino.

- Você enlouqueceu? – gritou Travis para Jake.

Eu larguei Anaklusmos no meio do caminho, sabia que se eu tivesse que parar Jake não seria com uma arma, isso só o deixaria furioso, e talvez nem percebesse que era eu ali.

- Eu vou matar... – começou, mas eu o cortei.

Foi nesse momento que eu o abracei por trás.

- Chega! – eu gritei. – Jake, já chega!

Ele parou com os olhos arregalados, Travis recuava lentamente, enquanto isso eu segurava Jake com toda a força, ele relaxou um pouco, o brilho vermelho envolto dele diminuiu.

- Chega... Por favor. – eu pedi.

Foi por um instante, eu relaxei os braços e ele se afastou, como um vulto vermelho, o sabre de bronze celestial encostando-se à minha nuca, um movimento para trás seria fatal.

- Jake... – eu murmurei.

- O que você é? – perguntou ele com ódio. – Um monstro? Arte da névoa? PARE DE BRINCAR COM A MINHA MENTE!

- Já chega! – eu gritei tocando em seu rosto. – Você sempre exagera, não é?

Ele manteve o olhar.

- Ei, cabeça de Javali... Sou só eu. – eu disse. – Sou só eu... A Megan de sempre, cabeça de alga, sabe? Lembra?

Ele não respondeu, o brilho de sua bênção diminuiu e a lâmina fria do sabre recuou um pouco. Agora ele me olhava como se nunca tivesse me visto antes, eu estava esperando ele cortar minha garganta ou algo desse tipo, eu poderia facilmente escapar agora, mas eu não conseguiria lutar com ele, não por ele ser mais forte (ele é?), mas por ser ele.

Eu ouvi o som do sabre caindo no asfalto atrás de mim, no instante seguinte senti a mão incrivelmente fria de Jake na minha nuca e depois... Bom, ele me beijou. Eu tive certeza de que tinha ouvido um dos Stoll dizer “Vão para um quarto”, mas eu ignorei, Jake se afastou lentamente.

- Como isso? – perguntou.

- Truques de uma filha de Poseidon – comentei. – Nossa... Você ia mesmo me atacar?

Ele pareceu envergonhado.

- Eu...

Eu pousei minha mão em minha barriga, visualizando os olhos do monstro dentro de mim, imaginando se eu ficava igual a Jake revoltado quando eu perdia total controle daquela fera.

- Está tudo bem - eu disse – Pode não parecer, mas eu entendo você.

Demorou uns minutos até que Jake se recuperasse, ele se desculpou com seus irmãos e com Travis que respondeu algo parecido com:

- Ah, não se preocupe com isso, pelo menos uma vez por dia tem alguém tentando arrancar a minha cabeça, então já é normal, não é Katie? – Katie Gardner lhe deu um tapa no braço. – Ai... Viu? Isso é o que eu ganho por ser sincero uma vez na vida.

Nos rimos, uma coisa que eu já achava que nem tempo tínhamos. Eu e Jake retornamos para o Empire State. O porteiro havia desaparecido do saguão. Seu livro estava com a capa voltada para baixo na mesa e a cadeira encontrava-se vazia. O resto do saguão, no entanto, estava lotado de campistas feridos, Caçadoras e sátiros.

Connor Stoll nos encontraram no elevador.

– É verdade? – Connor perguntou. – Sobre Ridley?

Eu concordei.

– Ela morreu como heroína.

Ele pareceu meio desconfortável.

– Humm, eu também ouvi...

– Chega – eu insisti. – Fim da história.

– Certo. – Connor resmungou. – Escute, achamos que o exército inimigo terá problemas em subir pelo elevador. Terão que ir em pequenos grupos. E os gigantes não vão caber.

– Essa é a nossa maior vantagem – eu disse. – Há alguma maneira de desativar o elevador?

– É mágico – Travis disse. – Normalmente você precisaria de um cartão-chave, mas o porteiro desapareceu. Isso significa que as defesas também estão comprometidas. Qualquer pessoa pode entrar no elevador e acioná-lo.

– Então temos que mantê-los longe das portas – eu disse. – Nós vamos bloquear a portaria.

– Precisamos de reforços – Travis disse. – Eles não param de atacar. Daqui a pouco vão nos esmagar.

– Não reforços – Connor queixou-se.

Olhei para fora e vi a Sra. O’ Leary, comprimindo sua cara na porta de vidro e enquanto dava uma boa cheirada, lambuzava tudo com sua baba de cão infernal.

– Talvez não – eu disse.

Fui para fora e passei a mão no focinho da Sra. O’Leary.

Quíron enfaixou uma de suas patas, ainda estava mancando. Seu pelo estava emaranhado e sujo de lama, folhas, pedaços de pizza, e sangue seco de monstro.

– Ei, garota. – Tentei parecer otimista. – Eu sei que você está cansada, mas tenho que te pedir mais um grande favor.

Debrucei-me ao lado dela e sussurrei em seu ouvido. Depois que a Sra. O'Leary se afastou, voltei para junto de Jake no saguão. No caminho até o elevador, vi Hansel, ajoelhado sobre um sátiro gordo e muito ferido.

– Leneu! – Eu disse.

O velho sátiro estava horrível. Seus lábios estavam azuis. Ele tinha uma lança quebrada espetada na barriga e as pernas peludas de bode torcidas num ângulo doloroso.

Ele tentou se concentrar em nós, mas não creio que tenha nos visto.

– Hansel? – Murmurou.

– Eu estou aqui, Leneu. – Apesar de todas as coisas horríveis que Leneu tinha dito a ele, lágrimas escorriam pela face de Hansel.

– Será que não poderemos ganhar?

– Humm, sim – Hansel mentiu. – Graças a você, Leneu. Nós expulsamos o inimigo para longe.

– Falei para você – o velho sátiro resmungou. – Verdadeiro líder. Verdad...

Ele fechou os olhos pela última vez.

Hansel engoliu seco. Colocou a mão na testa de Leneu e falou uma benção antiga. O corpo do velho sátiro dissolveu, até que tudo que restou foi um pequeno ramo em cima de um montinho de terra nova.

– Um loureiro – Hansel disse em reverência. – Ah, esse velho bode sortudo.

Ele pegou a muda em suas mãos.

– Eu devo... Plantá-la no Jardim do Olimpo.

– Nós estamos indo para lá – eu disse. – Você está bem?

Ele fungou e assentiu em seguida.

- Sim, vamos então...

Música de orquestra tocava no elevador enquanto subia. Eu lembrei a minha primeira vez aqui no Monte Olimpo, quando eu tinha doze anos. Hansel não estava comigo. Fiquei contente que estivesse comigo agora, nós três junto. Eu tinha uma sensação de que poderia ser a nossa última aventura juntos.

– Jake... – eu disse. – Talvez você esteja certo sobre Silena.

Ele mantinha os olhos fixos no visor do elevador, que piscavam os números mágicos: 400, 450, 500. Até que ele e Hansel trocaram olhares suspeitos.

– Megan – ele disse. – Me desculpe...

– Você tentou me avisar. – minha voz estava trêmula. – Eu sei que talvez... Talvez ela seja realmente má, talvez estava me manipulando, eu queria pedir que quando eu e Silena lutarmos, você não interrompa.

Ele me encarou.

- Megan...

Eu coloquei a cabeça contra a parede do elevador e não o olhei.

- Nenhuma de nós pode vencer... E se ela for má ou não, ainda está do lado inimigo – eu disse mesmo querendo ainda lá no fundo acreditar nas minhas palavras. – Beckendorf e Ridley, os dois me pediram a mesma coisa, se eu for salvar Silena de alguma coisa, não vai ser por mim, vai ser por eles.

Jake não respondeu, o silêncio dominou o elevador, apenas uma deprimente orquestra tocava.

Hansel embalava seu rebento de louro em suas mãos.

– Bem... Claro, é bom estarmos juntos de novo. Discutindo. Aterrorizados. Prestes a morrer. Ah, olha. É o nosso andar.

As portas abriram e pisamos na passarela suspensa. Deprimente, não é uma palavra que geralmente a gente descreve o Monte Olimpo, mas é o que parecia agora. Nenhum braseiro aceso. As janelas estavam às escuras. As ruas estavam desertas e as portas trancadas. Havia movimento somente nos parques, onde haviam sido criados hospitais de campanha.

Will Solace e outros campistas de Apolo cuidando de um amontoado de feridos. As náiades e dríades tentavam ajudar, usando a natureza, canções mágicas de curar queimaduras e envenenamento.

Hansel foi plantar a muda de loureiro, Jake e eu tentávamos animar os feridos. Passei por um sátiro com uma perna quebrada, um semideus que estava enfaixado da cabeça aos pés e um corpo coberto pela mortalha dourada do chalé de Apolo. Eu não sabia quem estava ali embaixo. Não queria descobrir.

Meu coração parecia que fora arrancado, mas nós tentávamos achar coisas positiva para dizer.

– Vai estar em pé para lutar com os Titãs daqui a pouco tempo! – Eu disse a um campista.

– Você está ótimo – Jake disse a outro.

– Leneu transformou-se em um arbusto! – Hansel falou com um gemido de sátiro.

Achei o filho de Dioniso Pólux, encostado contra uma árvore. Ele tinha um braço quebrado, mas o resto parecia bem.

– Eu ainda posso lutar com a outra mão – ele disse, cerrando os dentes.

Não – eu disse. – Você já fez o suficiente. Eu quero que fique aqui e ajude com os feridos.

– Mas...

– Prometa-me que vai ficar em segurança – eu disse. – Tudo bem? Um favor pessoal.

Ele franziu a testa com incerteza. Não era como se fôssemos bons amigos, nem nada, mas eu não ia contar que era um pedido de seu pai. Isso iria apenas constrangê-lo.

Finalmente ele prometeu, e quando voltou a se sentar, eu poderia dizer que estava mais aliviado.

Jake, Hansel e eu continuamos caminhando em direção ao palácio. Era para lá que Cronos seguiria. Assim que subisse pelo elevador – e eu não tinha dúvida que ele conseguiria – ele destruiria a sala do trono, o centro de poder dos deuses.

As portas de bronze se abriram. Nossos passos ecoaram no chão de mármore. As constelações brilhavam friamente no teto do grande salão. O fogo do braseiro esta baixo com um fraco brilho vermelho. Héstia, sob a forma de uma pequena menina com vestes marrons, debruçada na borda, tremia. O Ofiotauro nadava tristemente em sua esfera de água. Ele soltou um tímido muu, quando me viu.

A claridade do braseiro projetava sombras assustadoras nos tronos, como se fossem mãos malignas os agarrando.

Aos pés do trono de Zeus, olhando para as estrelas estava Daniel Kane, mais pálido o que nunca, eu podia dizer que ele estava bem magro também, seu rosto era como o de alguém que não sorria havia anos. Ele estava segurando um vaso grego de porcelana.

– Daniel? – Eu disse. – Hmm, o que você está fazendo com isso?

Ele olhou para mim como se estivesse saindo de um sonho.

– Eu encontrei isso. É a jarra de Pandora, não é?

Seus olhos brilhavam mais do que o habitual, e eu tive um desagradável flashback de sanduíches mofados e biscoitos queimados.

– Por favor, coloque o vaso no chão – eu disse.

– Posso ver esperança dentro dele. – Daniel passou os dedos sobre os desenhos da cerâmica. – Tão frágil.

– Daniel.

Minha voz pareceu trazê-lo de volta à realidade. Ele largou o vaso, e eu o peguei. Senti a cerâmica tão fria quanto gelo.

– Hansel – Jake murmurou. – Vamos dar uma olhada no palácio. Talvez possamos encontrar mais algum fogo grego ou quem sabe algumas armadilhas de Hefesto.

– Mas...

Jake deu uma cotovelada nele.

– Certo! – Ele uivou. – Eu adoro armadilhas de Hefesto!

Ele arrastou-se para fora da sala do trono.

Mais perto do braseiro, Héstia estava encolhida em seu manto, balançando para frente e para trás.

– Venha – eu falei para Daniel que aprecia perdido – Eu quero que você conheça alguém.

Sentamos ao lado da deusa.

– Héstia – eu disse dando-lhe um meio sorriso.

– Olá, Megan – a deusa murmurou. – Está frio. Difícil de manter o fogo aceso.

– Eu sei – eu me sentei. – Os Titãs estão perto.

Héstia olhou para Daniel.

– E você?

Daniel piscou.

– Ah... Eu sou Daniel Kane – ele se apresentou – Senhora Héstia? Tipo, a deusa da lareira?

Héstia estendeu as mãos, e as brasas brilharam.

- Exatamente, vejo que conhece um pouco de nosso mundo – disse ela. – Consigo ver seu futuro.

Daniel olhou para baixo, como se tivesse acabado de voltar de um funeral.

- Não é o fim, querido – disse Héstia acolhedoramente – Todos tem fardos que não podemos carregar, não para sempre, sem que ninguém note.

Daniel ergueu a cabeça em direção à deusa e assentiu.

- Espere. – eu interrompi. – O que você quer dizer com “Não é o fim”?

Héstia virou-se para mim e sorriu.

- Não estou surpresa por você ainda estar viva – disse ela – Poucos sobrevivem depois da primeira perda de controle da besta.

Eu estremeci, lembrei-me da visão que Prometeu havia me mostrado no momento de trégua, sobre a expressão de Hermes ao citar uma besta, era aquilo do que ele estava falando?

- Eu sabia, sempre soube na verdade – disse a deusa.

- Você fala daquela coisa... Dentro de mim? – eu perguntei hesitante.

Héstia assentiu.

- Mas é claro – disse ela. – Percy, não foi?

Eu assenti para ela.

- Entendo... – disse ela pensativa. – Imagino que Kinitrus não deve ter amado ter visto Percy novamente...

Eu franzi o cenho.

- Kinitrus? – repeti.

Héstia riu.

- Você não pensou que ele não tivesse nome, pensou? – disse ela. – Ele sempre fica irritado quando as pessoas pensam isso.

Então... Seu nome é Kinitrus. Eu pensei, mas não obtive resposta.

- Mas esqueça disso por um segundo...

- É meio difícil esquecer que tem um monstro dentro de você. – eu disse.

- Megan, o importante é que você no futuro vai ter que dar conta dessa besta – disse-me Héstia – Esteja ciente, a raiva é a chave para o afrouxamento do selo.

Eu pisquei.

- Você quer dizer...

- Os humanos são seres que podem perder o controle facilmente – contou - eles podem falar coisas que não queria falar, pensar o que não queriam pensar, isso acontece quando estão estressados e com raiva, não é muito diferente com você, a única diferença é que o prejuízo é maior.

- Prejuízo? – eu repeti.

Héstia encarou as chamas na fogueira.

- Sim, o poder de Kinitrus não é seu – disse – mas um sentimento forte o suficiente, no seu caso a raiva ou o desaponto, é a chave para o descontrole, o poder de Kinitrus agirá através do seu poder.

Eu me lembrei dos punhos de água saltando do asfalto depois que eu vi o corpo de Ridley ser jogado para longe pelo Drakon. O modo como meu olho mudou, como eu mudei, eu já não sabia quem eu era.

- Entende? – perguntou – Nos momentos que você perdeu a cabeça, como quando sua amiga Ridley, Charles Beckendorf ou Annie Summers, foi Kinitrus tomando pequena parte de sua mente, imagine se ele a controlar por completo, mesmo que seja por um único segundo.

Eu não queria imaginar, mas lembrei de Jake atacando Travis e a mim, seja o que for que pudesse acontecer se eu perdesse o controle, era mil vezes pior do que aquilo.

- Seu momento está chegando, e sua decisão se aproxima rapidamente. Você está preparada?

Eu queria dizer que não, não estava nem perto de estar preparado. Olhei para jarra de Pandora, e pela primeira vez eu tinha necessidade de abri-la. Esperança parecia bem inútil para mim, mesmo agora. Muitos de meus amigos estavam mortos, a situação também não era das melhores. O Olimpo estava à beira da ruína, e eu já tinha visto tantas coisas cruéis que os deuses haviam feito.

Zeus destruindo Maria di Angelo, Hades amaldiçoando o ultimo Oráculo, Hermes virando as costas para Luke, mesmo quando soube que seu filho se tornaria mau.

Renda-se, a voz de Prometeu sussurrou no meu ouvido. Caso contrário, seu lar será destruído. Seu precioso acampamento irá queimar.

Então olhei para Héstia. Seus olhos vermelhos brilhavam calorosamente. Eu me lembrei das imagens que eu tinha visto da minha casa, amigos e família, todos que eu me importava.

Lembrei-me de algo que Christian Armstrong havia dito: Não há nenhum jeito de defender o acampamento se vocês morrerem. Todos os nossos amigos estão aqui. E Nico, enfrentando o pai: Se o Olimpo cair, disse ele, a segurança de seu palácio não terá importância.

Ouvi passos. Hansel e Jake voltaram para a sala do trono e pararam quando nos viram. Eu provavelmente tinha um olhar muito estranho em meu rosto. Enquanto isso ao meu lado, Daniel também não parecia mais o mesmo.

- Megan? – chamou Jake parecendo preocupado. - Devemos, hum, ir embora de novo?

De repente, senti como se alguém tivesse me injetado aço. Eu entendi o que tinha que fazer.

Olhei para Daniel.

– Você não vai fazer nada estúpido, não é? Quero dizer... Você já falou com Quíron, certo?

Daniel forçou um leve sorriso.

- Você, a pessoa que mais faz coisas estúpidas no mundo está preocupada com o fato de eu fazer algo estúpido? – ele perguntou. – Megan Jackson, você está liderando um exército contra titãs, percebeu isso?

Revirei os olhos.

- Você vai ficar bem ou não?

Seu sorriso se desfez e Daniel voltou ao seu estado semimorto.

- Não sei – disse ele – Não tenho tanta certeza, mas isso depende de você.

Peguei o jarro de Pandora. Um espírito de esperança flutuava dentro de mim, tentando aquecer o recipiente frio.

– Héstia – eu disse – eu dou isto a você como uma oferenda.

A deusa inclinou a cabeça.

– Eu sou uma deusa menor. Por que você o confiaria a mim?

– Você é o último Olimpiano – eu disse. – E o mais importante.

– E por que motivo, Megan Jackson?

– A esperança sobrevive melhor no seio de nossos lares – eu disse. – Guarde-o para mim, eu não quero ficar tentado a desistir de novo e não se preocupe com o fato de eu perder o controle, eu vou fazer tudo dar certo no final, porque é isso o que os heróis fazem.

A deusa sorriu. Ela pegou o frasco em suas mãos, e ele começou a brilhar. O fogo do braseiro ficou um pouco mais brilhante.

– Bem feito, Megan Jackson – disse ela. – Que os deuses abençoem você.

– Estamos prestes a descobrir isso. – Olhei para meus amigos. – Vamos pessoal.

Eu marchei em direção trono do meu pai.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.