Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano escrita por Laís Bohrer


Capítulo 1
Perseguir ou Ser Perseguido: Operação Explosiva


Notas iniciais do capítulo

Voltei semideuses! Estamos aqui finalmente na última temporada de CDO, espero que gostem! Aliás, agradecendo desde já os comentários, recomendações e favoritos nas últimas temporadas. - Lay.

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"Atender a quem te chama é belo. Lutar por quem te rejeita é quase chegar à perfeição."
— Charles Chaplin

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"Me encontrar de novo
Minhas paredes estão se fechando
Sem um senso de confiança
E estou convencido
De que há muita pressão para eu aguentar
Eu me senti desse jeito antes, tão inseguro"
— Linkin Park, Crawling.



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MAPA DE BATALHA

Para Fernanda

Fiel e companheira como a Megan

O Princesa Andrômeda brilhava no horizonte – um enorme cruzeiro iluminado de amarelo e branco. De longe, você acharia que era apenas um navio de festas, não o quartel-general do Senhor Titã.

Eu acho que eu deveria explicar a situação. Aliás eu venho tentando fazer isso faz tempo, não é mesmo? Digamos que era só mais uma bendita missão, o que não era mais raridade, as pessoas estavam saindo em missões sempre no acampamento agora. Algumas nem mesmo consultavam o Oráculo! E esse era o meu caso, e de Benjamin Chase, o filho de Atena.

Nós dois cavalgávamos no céu (eu já perguntei a BlackJack porque os cavalos galopavam no ar... ) em cima de um grandioso e negro pégaso, que era o meu velho e fiel amigo: BlackJack.

Então enquanto se aproxima você poderia notar a gigante figura na proa – uma donzela de cabelos negros em uma túnica grega, amarrada com correntes com um olhar de horror em sua cara, como se pudesse sentir o fedor de todos os monstros que estava sendo forçada a carregar.

Ver o navio de novo fez meu intestino se retorcer. Por duas vezes eu quase morri no Princesa Andrômeda e essa seria a terceira, com certeza. Agora ele estava indo direto para Nova York.

– Vocês sabem o que fazer?! - gritou Benjamin através do vento.

Assenti. Tínhamos feito testes nos estaleiros de Nova York com navios abandonados. Eu sabia o quão pouco tempo teríamos. Mas também sabia que nossa melhor chance de acabar com a invasão de Cronos, era antes mesmo dela começar.

– Blackjack! – eu disse – nos deixe no pavimento mais baixo da popa.

Certo, chefinha! disse ele. Cara, eu odeio esse barco...

Três anos atrás, Blackjack tinha sido escravizado no Princesa Andrômeda até conseguir escapar com uma pequena ajuda dos meus amigos e eu. Eu achei que ele preferiria ter seu rabo trançado como o My Little Ponei do que voltar para cá novamente.

Não espere por nós. - eu ordenei.

Mas...

– Confie em mim – eu disse. – Nós sairemos daqui sozinhos.

Blackjack dobrou suas asas e mergulhou em direção ao barco como um cometa negro. O vento assoviava em meus ouvidos.

Eu vi monstros patrulhando os níveis superiores do navio – dracaenae, cães infernais, gigantes, e os leões-marinhos humanoides conhecidos como telquines, mas nós passamos por eles tão rápido que nenhum soou o alarme.

Nós estávamos na popa do navio, e Blackjack abriu suas asas, pousando suavemente no deque inferior. Eu desmontei, enjoada.

Boa sorte, chefinha, disse Blackjack. Não deixe eles a transformarem em comida de cavalo!

E com esse feliz comentário... - ele ainda poderia ter dito só "Boa sorte!" - meu velho amigo voou para noite. Eu tirei minha caneta do bolso e tirei a tampa, e Anaklusmos se expandiu ao seu tamanho máximo – noventa centímetros de bronze celestial brilhando nas sombras.

Benjamin puxou um pedaço de papel de seu bolso. Eu pensei que fosse um mapa ou algo assim. Então eu percebi que era uma fotografia. Ele olhava para ela na luz fraca – O rosto de Annie Summers, filha de Apolo.

Eles começaram a sair no último verão depois dos fogos de Agosto, e depois de anos do resto de nós dizendo “Dã, vocês gostam um do outro!”

Mesmo com todas as missões perigosas, Benjamin esteve mais feliz esse verão do que eu já o havia visto até então.

– Nós voltaremos vivos. - eu disse para ele.

Por um segundo eu vi preocupação em seus olhos cinzentos tempestuosos. Mas depois ele sorriu confiante.

– Claro, podemos fazer isso.

Retribui o seu sorriso com um igualmente confiante e despreocupado.

– Vamos explodir Cronos em um milhão de pedaços de novo. - eu disse me animando... De certo modo, não sabia como aquilo poderia me deixar animada, mas eu adorava quando as coisas explodiam (desde que essa coisa não fosse eu.)

– Claro. - ele disse. - Muito divertido.

Benjamin ia a frente. Nós seguimos por um corredor estreito até a escada de serviço, como tínhamos praticado, mas congelamos quando ouvimos barulho acima de nós.

– Eu não me importo com que o seu nariz diz! – Disparou uma voz meio humana, meio canina de um telquine. – A última vez que você cheirou um meio-sangue, acabou sendo um sanduíche de carne com pão!

– Sanduíches de carne com pão são bons! – disse uma segunda voz. – Mas isso é cheiro de meio-sangue, juro. Eles estão a bordo!

– O seu cérebro não está a bordo!

Eles continuaram a discutir, mas Benjamin apontou para as escadas. Nós descemos o mais silenciosamente possível. Dois andares abaixo, as vozes dos telquines começaram a sumir.

Benjamin estava com sua adaga de bronze na mão, eu permanecia com Anaklusmos, pronta para o ataque.

Finalmente nós chegamos a uma escotilha de metal.

Estava trancada, mas Benjamin tirou da bolsa alguns cortadores da mochila e quebrou o ferrolho como se fosse feito de manteiga. Ele olhou para mim e piscou.

– Beckendorf. - disse ele. - Preciso agradecer a ele mais uma vez...

Dentro, umas filas de turbinas amarelas do tamanho de silos se agitavam e zuniam. Manômetros de pressão e terminais de computadores revestiam a parede oposta. Um telquine estava debruçado sobre o console, mas estava tão envolvido em seu trabalho, que não nos notou. Ele tinha aproximadamente 2 metros de altura, o pelo preto marcado e ensebado e pés pequenos e atarracados. Ele rosnava e murmurava enquanto digitava no teclado. Talvez estivesse passando mensagens para seus amigos no carafeia.com

Eu dei um passo à frente, e ele ficou tenso, provavelmente cheirando alguma coisa errada. Ele saltou para o lado em direção a um grande e vermelho botão de alarme, mas eu bloqueei seu caminho. Ele me bateu e lutou, mas com um corte de Anaklusmos e ele explodiu em pó.

– Pronto. - disse Benjamin. - Menos um monstro, agora só faltam 1999.

Ele me jogou uma jarra de um espesso líquido verde – fogo grego, uma das mais perigosas substâncias mágicas no mundo.

Depois ele me jogou outra ferramenta essencial de heróis meio-sangues: fita adesiva.

– Jogue esse no console – ele disse. – Eu cuidarei das turbinas, eu não tenho uma mão de Hefesto, mas acho que posso fazer isso...

Eu assenti. Nós começamos o trabalho. A sala estava quente e úmida, e em pouco tempo estávamos encharcados de suor.

Sendo o filha de Poseidon e tudo mais, eu tenho ótima orientação no oceano. Não me pergunte como, mas eu sabia que estávamos 40 Norte, 71 Oeste, andando a 18 nós, o que significava que o barco chegaria ao porto de Nova York ao amanhecer. Essa seria nossa única chance de pará-lo.

Eu tinha acabado de amarrar uma segunda jarra de fogo grego no painel do console quando ouvi o som de passos no metal – tantas criaturas descendo as escadas que eu podia ouvi-las acima das máquinas. Não era um bom sinal. Eu troquei um olhar com Benjamin.

– Eu ainda tenho que conectar o fio do receptor e carregar as cargas. Mais dez minutos no mínimo é o que eu preciso... - disse ele. - Quanto tempo ainda temos?

– Julgando pelo som dos passos - eu calculei. - Nós temos uns dez segundos restantes. Te vejo no ponto de encontro.

– Ei! - ele chamou. - O que vai fazer?

– Distraí-los. - respondi.

– Megan...

– Me deseje sorte.

Ele parecia que queria discutir. A ideia toda era entrar e sair sem sermos vistos. Mas nós teríamos que improvisar.

– Boa sorte – ele disse.

Abri a porta e saí.

A primeira coisa que vi foi meia dúzia de telquines vindo na minha direção, eu os fatiei ao meio e os transformei em pó antes que eles pudessem dizer: "Bolo azul".

Agora você me pergunta: Por que "bolo azul". A resposta é simples, eu estava com fome. E desde a primeira vez que comi bolo azul no meu aniversário de quinze anos... A verdade é que sempre tive um fraco por coisas azuis, mas essa não é a questão.

Eu continuei seguindo, pronta para fatiar o próximo que aparecesse na minha frente, mas acabo que eu deixei vivo um telquine que estava assustado tremendo até os joelhos (Cães-focas tem joelho?) que deixou cair sua lancheira do Homem de Ferro 3. Como eu havia dito, eu o deixei vivo, em 95% da razão foi por que eu achei a lancheira dele irada. E 5% para que ele tocasse o alarma fazendo os monstros me perseguirem, assim eu poderia ganhar algum tempo para Benjamin.

Eu passei irrompendo por uma porta no convés 6 e continuei correndo. Eu tinha certeza de um dia aquele corredor acarpetado pudesse ter sido bonito, mas com os últimos três anos de ocupação de monstros o papel de parede, carpete, e as portas duplas haviam sido estragadas e arrebentadas, parecia agora mais como a garganta de um dragão e infelizmente eu falo por experiência própria.

Na primeira vez em que eu estive naquele cruzeiro, havia a bordo vários turistas de olhos vidrados, Luke, meu antigo inimigo, os deixava ali para manter as aparências, mas agora eu não via nenhum mortal por perto, eu estremecia só de pensar aonde é que eles foram parar. Mesmo assim, eu meio que duvidava que eles tiveram permissão para ir para casa com seus prêmios do bingo.

Finalmente alcancei a parte externa, um grande shopping aberto que ocupava todo o meio do navio. Eu congelei ao ver um caranguejo enorme ocupando uma fonte no meio do pátio. Eu não quis dizer um caranguejo enorme tipo... Eu não estou falando “enorme” como uma oferta especial na Lanchonete Rei dos Caranguejos. Apenas quis dizer que era maior que a fonte.

O monstro erguia-se 3 metros fora d’água. Sua carapaça estava manchada de azul e verde e suas pinças eram maiores do que meu corpo. Eu já havia lutado com um desses em um pequeno jogo no verão passado, mesmo assim aquele parecia realmente maior.

Se você já viu a boca de um caranguejo, toda espumosa e nojenta com bigodes, você pode imaginar que este não parecia muito melhor expandido para o tamanho de um outdoor. Seus olhos negros me encararam, e eu pude ver inteligência neles – e ódio. O fato de eu ser filha do deus do mar não iria me fazer ganhar pontos com o Sr. Caranguejo.

– FFFFfffffff – ele sibilou, a espuma marítima gotejando de sua boca. O cheiro que emanava dele era o de uma lata de lixo cheia de peixe que tinha sido deixada ao sol por uma semana... Ou duas. Vai saber.

Assim que os alarmes soaram eu já pude imaginar que eu já não estaria com o caminho livre por muito tempo.

– Ei, zangado... - eu fui andando pela borda. - Eu só vou dar a volta... Bem devagar...

Mas o caranguejo era bem esperto, ele se moveu em uma velocidade que era surreal, só o fato dele existir era surreal, mas minha vida é surreal, então nem adianta reclamar mais das coisas estranhas.

O Sr. Caranguejo veio na minha direção sibilando e estalando as suas pinças gigantes, eu realmente não estava muito a fim de ser fatiada por aquela coisa, calculei que seria partida no meio como manteiga derretida antes mesmo de sentir o veneno da coisa.

Eu entrei em uma loja de presentes, destroçando algumas camisas. Uma pinça esmagou as paredes de vidro e atravessou a sala. Eu voltei para o lado de fora, respirando pesadamente, mas o Sr. Caranguejo se virou e me seguiu.

– Ali! - gritou uma voz na bancada acima de mim. - Forasteira!

Se eu quisesse criar uma distração, poderia até ser bem sucedida, mas eu perderia muito tempo ali e realmente acho que lutar com um monstro entre 1999 monstros, não ia dar mais tempo para Benjamin.

O crustáceo demoníaco investiu em mim. Eu o cortei com Anaklusmos, arrancando a ponta de sua garra. Ele se remexeu e espumou de raiva, mas não pareceu muito ferido fisicamente, eu acho que feri mais é o orgulho dele.

Eu tentei me lembrar alguma coisa das histórias antigas que pudessem me ajudar com essa coisa. Benjamin tinha me dito alguma coisa sobre um caranguejo monstro – algo sobre Hércules tê-lo esmagado sob seu pé? Isso não ia funcionar aqui. Esse caranguejo era visivelmente bem maior que meu All star.

Então um pensamento estranho me ocorreu, um dia desses no acampamento, o lago de canoagem estava infestado de caranguejos (advinha quem teve que dar conta deles com uma grande onda que os mandou para sei lá aonde?), lembro de que eu acabei descobrindo que os caranguejos têm uma fissura em seu casco, bem no meio de suas barrigas feias, isso acabou me ajudando naquele momento. Jake que só olhava, dizia que era inútil saber disso... É, seria um problema se eu tivesse ouvido o que ele diz.

Eu olhei para a fonte, depois para o chão de mármore, já escorregadio por causa do rastro do caranguejo. Eu estendi minha mão, me concentrando na água, e a fonte explodiu. Água foi borrifada para todos os lugares, até três andares acima, encharcando os balcões, os elevadores e as janelas das lojas. O caranguejo não se importou. Ele amava a água. Ele veio de lado até mim, espumando e sibilando, e eu corri direto para ele, gritando:

– POR POSEIDON!

Logo antes de colidirmos, eu me joguei no chão ao estilo dos jogadores baseball e escorreguei no chão molhado direto para debaixo da criatura. Eu tive medo de que meu plano não funcionasse, mas Quiron diz que os pensamentos negativos sobre uma única estratégia pode estragar tudo e nossa, como é bom que isso não aconteceu.

Tudo que o caranguejo tinha que fazer era sentar e me esmagar, mas antes que ele entendesse o que estava acontecendo, eu atingi a fissura com Anaklusmos, soltei o punho, e empurrei a mim mesma para o lado de trás.

O monstro estremeceu e sibilou. Seus olhos se dissolveram. Sua concha se tornou vermelho vivo enquanto seu interior se evaporava. A concha vazia caiu no chão com um estrondo e se amontoou pesadamente.

– Certo, Ben. - suspirei. - Agora são 1998.

Eu corri para as escadas mais próximas enquanto a minha volta monstros e meio-sangues gritavam ordens e desembainhavam suas armas. Eu estava de mãos vazias. Anaklusmos, sendo mágica, reapareceria no meu bolso mais cedo ou mais tarde, mas por enquanto estava presa em algum lugar nos destroços do caranguejo, e eu não tinha tempo de reavê-la.

De agora em diante, eu teria que manjar bem nos paranauê.

No hall dos elevadores do convés 8 duas dracaenae se arrastavam no meio do meu caminho. Da cintura para cima, elas eram mulheres com pele verde e escamosa, olhos amarelos e línguas bifurcadas. Da cintura para baixo tinham dois troncos de cobras ao invés de pernas. Elas seguravam arpões de pesca e redes, e eu sabia por experiência, que elas poderiam usá-las.

– O que é isssso? – Disse uma delas. – Um prêmio para Cronosss!

– Ah, vai para o Tártaro. - resmunguei.

Eu não estava com vontade de brincar de quebre-a-cobra, mas na minha frente estava um modelo do navio, do tipo VOCÊ ESTÁ AQUI. Eu arranquei o guia do pedestal arremessou na primeira dracaenae. O barco bateu na cara dela e ela caiu com o navio. Eu passei por cima dela agarrei o arpão de sua amiga, e girei com ela. Ela bateu no elevador e eu continuei correndo em direção a frente do navio.

Há! Manjei. (Só que não...)

– Peguem-na! - gritou a Dracaenae.

Cães infernais latiram. Uma flecha veio de algum lugar, passando assoviando pelo meu rosto e ficou empalada nos painéis de mogno da parede da escada. Eu não me importei – desde que os monstros ficassem longe da sala de máquinas e dessem mais tempo a Benjamin.

Sabem... Estar prestes a morte novamente não é nada legal como se imagina enquanto faz isso por quatro anos.

Enquanto eu corria escada acima, uma criança me atacou gritando "Por Cronos!", a criança não parecia ter mais do que a idade em que cheguei no acampamento meio-sangue, e isso me deixou deprimida. Sua armadura estava vestida pela metade.

Essa criança estava passando por uma lavagem cerebral – treinada para odiar os deuses e insulta-los por ter nascido meio olimpiano. Cronos o estava usando, e ainda assim o garoto pensava que eu era sua inimiga.

Eu não o machucaria, de maneira alguma. Não precisava de uma arma para isso. Desviei-me do golpe dele, agarrei seu pulso e o bati contra a parede. Sua espada caiu com ruído de sua mão.

Então pareceu idiota o que eu fiz a seguir, simplesmente o encarei fixamente e disse:

– Se você quiser viver... - comecei, - saia desse navio agora. Avise aos outros meio-sangues. – Então eu o empurrei pelas escadas e ele desceu dando cambalhotas até o próximo andar.

Então eu continuei subindo.

Más memórias: um corredor passava pela cafeteria. Jake e meu meio irmão Tyler, e eu nos esgueiramos por aqui três anos atrás na minha primeira visita.

Eu irrompi para fora do convés principal. Acima da proa o céu estava escurecendo. Uma piscina brilhava entre duas torres de vidro com balcões e deques de restaurante. Toda a parte superior do navio parecia deserta. O silêncio não era algo legal de se ouvir quando você poderia estar próximo de momentos em que logo você estaria sozinha com o inimigo.

– Você está atrasada, Megan Jackson... - momentos como esse.

Tudo que eu tinha que fazer era chegar ao outro lado. Daí eu poderia pegar as escadas e descer até o heliporto – nosso ponto de encontro de emergências. Com alguma sorte, Benjamin me encontraria lá. Nós pularíamos para o mar. Meus poderes aquáticos nos protegeriam, e nós detonaríamos os explosivos a um quilometro e meio de distância.

Mas a voz dele, do senhor titã, me fez congelar.

Luke estava num balcão acima de mim, com um sorriso no rosto e uma cicatriz. Ele usava calças jeans, uma camisa branca e chinelos de dedos, como se ele fosse apenas um cara normal na época da faculdade, mas seus olhos falavam a verdade. Eles eram como ouro sólido.

– Estivemos esperando por você, fazem dias... Semanas... Meses...

No começo ele parecia normal, como o Luke. Mas então sua cara mudou. Um tremor passou por seu corpo como se ele tivesse acabado de beber alguma coisa realmente nojenta. Sua voz se tornou mais pesada, e poderosa – a voz do Titã Cronos. As palavras passaram raspando pela minha coluna como a lâmina de uma faca.

– Agora, curve-se diante do senhor do tempo! - sua voz ecoou.

– Quando Ártemis tive um caso com Atlas... Talvez. - eu disse.

Na primeira vez que vi Cronos eu estava bem mais assustada que isso, e ali eu estava realmente assustada, mas qual é... Eu posso ser uma péssima mentirosa, mas nesses momentos eu sei disfarçar.

Lestrigões gigantes estavam enfileirados de cada lado da piscina como se estivessem esperando por um sinal. Cada um tinha dois metros e meio de altura com braços tatuados e armaduras de couro.

Arqueiros meio-sangues apareceram no telhado acima de Luke. Entre eles estava Silena Beauregard, a filha de Afrodite com sua foice de prata e bronze celestial, brilhando como a lua. Sua expressão ainda era vazia, ela estava ali para me atacar, porém... Eu ainda estava aliviada dela não ter sido esmagada pelos restos do labirinto de Dédalo.

Dois cães infernais saltaram do balcão oposto e rosnaram para mim. Dentro de segundos eu estava cercado. Uma armadilha: não havia como eles terem assumido posição tão rápido, a menos que soubessem que eu estava vindo.

Eu olhei para Luke, e a raiva ferveu dentro de mim. Eu nem sabia se a consciência de Luke estava ao menos viva dentro daquele corpo.

Talvez, o modo como sua voz mudou... Ou talvez seja apenas Cronos se adaptando a sua nova forma. Eu disse a mim mesmo que isso não importava. Luke já era distorcido e mal desde antes de Cronos o possuir.

Uma voz em minha mente disse: Eu vou ter que lutar contra ele no futuro. Por que não agora?

De acordo com a grande profecia, eu deveria fazer uma escolha que salvaria ou destruiria o mundo quando eu fizesse dezesseis anos. Isso aconteceria em apenas sete dias. Por que não agora? Se eu realmente tivesse o poder, qual diferença que uma semana faria? Eu podia terminar essa ameaça agora mesmo se destruísse Cronos. Hey, eu já tinha lutado contra monstros e deuses antes, até mesmo Atlas que é um titã.

Mas outra voz dentro de mim dizia que uma profecia era sempre uma profecia, e que era o pior inimigo de todos, por isso ninguém luta contra uma profecia... Apenas alguém realmente idiota e estúpido faria isso... E se eu me encaixo nessa categoria, vou descobrir isso agora.

Como se estivesse lendo meus pensamentos, Luke sorriu. Não, ele era Cronos. Eu tinha que me lembrar disso.

– Enfrente-me... Se for capaz.

A multidão de monstros se dividiu, abrindo caminho para mim. Meu coração estava acelerado em velocidade hiper-máxima enquanto eu subia as escadas. Eu tinha a estranha paranoia de que alguém tentaria me acertar pelas costas, mas eles simplesmente me deixaram passar. Eu procurei por Anaklusmos no meu bolso, aguardando por mim, então eu tirei a tampa e a caneta se transformou em minha fiel espada de bronze celestial.

Uma foice de dois metros de altura - metade bronze celestial, metade aço mortal. - apareceu em luz dourada nas mãos de Cronos. Só olhar para aquela coisa fez os meus joelhos virarem gelatina. Mas antes que eu pudesse mudar de ideia, ataquei.

O tempo parecia se arrastar em câmera lenta na medida em que eu me aproximava. E não quero dizer "câmera lenta" como esses efeitos de cinema, mas sim literalmente o tempo diminuiu de velocidade. Pois sendo Senhor do Tempo, Cronos tinha esse poder.

Eu me senti como se meu cérebro estivesse processando tudo de forma lenta, como se eu tivesse tomado uma boa grande dose de flor de lótus de novo. Meus braços estavam tão pesados, que eu mal podia erguer minha espada. Cronos sorriu, agitando sua foice na velocidade normal e esperando que eu me arrastasse em direção a minha morte.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? O que esperam para essa última temporada? Acham que o Benjamin vai morrer? Ou que a Megan será capaz de não deixar isso acontecer? Hum...

Mas vamos lá, estou ficando empolgada! - Lay