A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise. escrita por Helena


Capítulo 45
Capítulo 45: Planos maquiavélicos do velho Valdez; Part um


Notas iniciais do capítulo

EU ESTOU VIVAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA LALALALALALA
E cheguei em grande estilo, com esse capítulo deuso que me roubou horas de sono ( e bote horas nisso, né?).
Fiquem cientes que só não postei antes pois tive problemas com a internet, fazer o quê. Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaas, aqui estou eu!
Amem, gritem, chorem e comentem (principalmente. Eu me matei pra escrever sáporra!)
ENJOOOOOOY, LITTLE MONSTERS!



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Os ponteiros já marcavam mais de meia-noite mas ninguém parecia sequer desanimado. Ao contrário, pareciam mais dispostos conforme o nível de álcool dobrava em seu sangue. Todos se divertiam. Carly e Claire continuavam sumidas mas isso não impedia de Nico, Laila, Leo, Alison e Cloe se divertirem, dançando eufóricos no meio da sala de estar. Leo não demonstrava, mas estava mais que inquieto. Seu coração martelava duas batidas mais rápido certa hora e logo falhava uma, isso só por ele ter se dado conta que precisava colocar o plano em prática, mas primeiro precisava de Cloe sozinha.

Se afastou no final da música Sweet Nothing, ainda mantendo os amigos em seu campo de visão. Nico o encarou, seus olhos esperando pelo sinal de Leo. Ele fez um aceno de cabeça que foi devolvido de forma discreta. O garoto aproximou-se de Laila e cochichou algo em seu ouvido. Leo não pôde ver a expressão da garota, já que a mesma se encontrava de costas para ele, mas ele sabia de algum jeito que ela havia associado as informações. Nico virou-se para Alison e Cloe e disse algo antes de sair com Laila em direção as escadas. Safado, pensou Leo soltando uma risada anasalada.

Agora era vez da morena Wood. Alison vinha sendo uma ótima amiga e conselheira de Leo, o que era estranho já que ele trocou poucas palavras na vida com a garota depois que ela e seu amigo terminaram. Agora Leo arrependia-se amarga e duramente de não ter o feito. Alison era ótima. Leonard sentia que, se ele sentisse necessidade de ligar para a morena no meio do dia para lhe pedir uma ajuda boba, ela estaria lá. Ally era como um Nico de olhos azuis, peitos e saia para ele.

Ele a encarou esperando que, por alguma coisa paranóica do destino, ela se sentisse observada e encontrasse Leo ali parado, clamando sua ajuda com o olhar. Talvez por uma incrível coincidência ou, porque Alison já tivesse conhecimento de Leo ali, ela o encarou e instatâneamente o fez lembrar da conversa que tiveram pelo telefone horas mais cedo.

– Espero que já saiba o quê vai fazer - Alison disse assim que atendeu a ligação de um Leo desesperado naquela tarde.

Era pouco depois das cinco da tarde e Leo já estava encucado com isso. Encucado não, em pânico. Montara o plano perfeito, sem falhas, mas só de se lembrar que faltava pouco mais de quatro horas para a festa e, consequentemente, para coloca-lo em prática, o deixava louco. Não sabia mais o quê fazer, então a única e mais viável opção foi caçar em sua agenda telefônica o nome de Alison e choramingar suas mágoas no ouvido da morena.

– Sim, eu acho – ele murmurou.

Acha? – ela soltou uma risada curta e alta – Valdez, já passamos da fase de “achar” alguma coisa. Seja direto. Se conheço bem a Cloe, e e olha que conheço aquela magrela melhor que ela mesma, sei que ela odeia caras que não dizem logo as coisas e ficam enchendo linguiça.

– De que raio de lugar saiu essa expressão?

– Não importa. Agora, sejamos claros: você sabe ou não o quê vai fazer para ganhar o coração da Aster? - Alison perguntou.

Leo ameaçou desligar o telefone e atirá-lo pela janela. Talvez aquilo ajudasse a espairecer a mente e ele pudesse raciocinar melhor. Mas Ally tinha razão.

Seja mais claro, imbecil! , berrou sua mente como um quarteback furioso.

Ele tomou todo o ar que pôde e soltou lentamente.

– Sei exatamente o quê fazer e você vai me ajudar nessa! - ele disse.

Leo se arrependeu de não ter afastado o celular no momento seguinte, quando Alison começou a fazer grunhidos estranhos e agudos, como se tentasse esconder gritinhos histéricos.

– Okay. Diga o que preciso fazer, Valdez – ela disse depois de um minuto, com uma voz quase melodiosa como se contesse um grande sorriso.

–Vai ter que tirar seu time de campo. Preciso da Cloe sozinha pra dar certo.

– O quê eu faço? Digo que vou ao banheiro?

– Não. Garotas são estranhas.Vão ao banheiro de grupos como se temessem um monstro ou sei lá – e deu de ombros.

– Basilíscos, Valdez – Alison ralhou.

– Hein?

– Nada. Continua – ela riu.

– Enfim – Leo também riu apesar de seu nervosismo antes de continuar - Por que não diz que não se sente bem? Daí você pode ir lá pra fora e enrolar.

– Lá fora? Por quê?

Leonard mordeu a língua para que não deixasse nada escapar. A verdade era que não só com Ally que ele fazia um acordo naquela noite e, para que ele cumprisse sua parte, precisaria de Alsion Wood fora da casa sozinha. Se tudo ocorresse como ele esperava, talvez um outro casal finalmente se acertasse naquela noite.

Ele tomou fôlego.

– Para disfarçar. Se conheço a sua amiguinha, ela que vai sugerir isso – ele disse tentando soar o mais despreocupado possível.

– Tudo bem, então – Ally suspirou e Leo agradeceu mentalmente por não ter notado nenhum sinal de desconfiança em sua voz. - E quanto as outras? E se elas aparecerem?

Leo sorriu largamente, mesmo que estivesse sozinho em seu quarto e não tivesse ninguém para ver.

– Esse plano foi minuciosamente projetado, Ally. Digamos que eu já tenha cuidado de tudo.

Ele a ouviu soltar o ar antes de pigarrear levemente.

– Okay, então. Conte comigo, Valdez.

Vou contar, pensou.

Tudo estava como devia. Plano dois já estava em andamento.”

Ally olhou fundo nos olhos de Leo e depois os desviou para a loira que dançava a sua frente. A morena fez uma careta tão convincente que até mesmo Leo acreditaria se não tivesse lido as letras miúdas. Com uma careta digna de um Oscar e uma parada abrupta no meio de uma dança, Alison conseguiu a atenção de Cloe para então cochichar algo para ela. Elas conversaram por alguns intantes - instantes cujo as caretas de Alison só melhoravam no grau de convencimento. Leo percebeu quando Ally fez a menção de se afastar e tudo o quê ele podia fazer era torcer para quê de fato ela fosse para o lado de fora da casa. Uma última conversa e Alison mergulhou na multidão, deixando uma loira sozinha e meio perdida sem ter com quem dançar.

E é aí que eu entro...

Talvez fosse um complô mundial ou um karma muito negativo. Tudo estava indo de mal a pior, como um veículo desgovernado. Cloe já estava mais estressada do quê costumava ficar em festas como aquela. Primeiro, Nico sequestra Laila. Agora, Ally diz que estava mal e recusa sua ajuda.

– Tem certeza que não quer que eu vá com você? - ela perguntou antes que a amiga se afastasse completamente.

Alison negou, mas torceu a cara.

– Não. Eu já disse. Foi a comida tailandesa requentada que comi hoje combinada com álcool, uma dupla nada adorável – ela disse forçando os lábios para cima numa tentativa de sorriso.

– Ally...

– Cloe, relaxa. Só vou tomar um ar. Nada mais, okay?

A loira a encarou, ponderante em desobedecer a morena e ir com ela, mas era como se Alison escutasse seus pensamentos – o quê Cloe sempre achou que fosse verdade.

– Eu estou bem, okay? - Alison reforçou.

Cloe a encarou ainda receosa, mas estava mais que ciente que Ally não voltaria atrás, porquê se tinha uma coisa que ela sabia era ser irritantemente independente.

– Tá. Vai. Mais se piorar... - ela começou.

– Já sei, mãe – Alison riu antes de se afastar, sumindo na massa de pessoas.”

Estava tudo muito estranho para Cloe, e com estranho ela dizia totalmente azarado e macumbado. Ela já podia se considerar a pessoa mais pé frio do mundo pra tudo.

A música mudou mas ela não sentia mais vontade de dançar. Afinal, se fosse pra dançar sozinha e sóbria ela podia dançar em casa. Ou Cloe bebia alguma coisa, ou achava alguém que a acompanhasse. Optando pelo mais fácil, e o que com certeza a mataria de dor de cabeça no dia seguinte, a loira deixou a pista de dança para se meter por entre as pessoas, empurrando-as para alcançar a bancada do bar.

– Cerveja – ela gritou para o barman e se debruçou na bancada. O cara estava atendendo outra garota e nem se moveu. - Ei!

– Veja só quem encontrei sozinha – Cloe ouviu uma voz dizer atrás de si bem próxima. Próxima demais.

Os pelos de sua nuca se eriçaram e Cloe não sabia se amaldiçoava a si mesma por essa reação mais que estúpida ou se esforçava-se em focar numa ação tão simples que era mandar ar à seus pulmões. Ambas as coisas exigiam muito de sua concetração, concetração essa que sempre se esvairiava com a aproximação da voz. Nem tanto assim da voz, mas do dono.

Leo debruçou-se no balcão ao seu lado.

– Oi, loirinha.

XXXX

Alison ainda não entendia Leo.

Por que aqui fora?, a mente dela repetia a cada instante desde que colocara os pés para fora da casa dos Parker. Tudo que tinha ali era o espaço feito de garagem que terminava no portão. Por que cargas d'água ele a teria mandado ali?

– Alison? - uma voz murmurou fazendo a garota ter torcicolos ao girar o rosto para buscar a fonte.

Ali parado ante a porta, a encarando como se não houvesse nada melhor no mundo para se fazer, estava Chase. Era engraçado o fato dele ter aparecido, sendo que Alison não se lembrava de o ter visto na festa.

Onde diabos ele estava esse tempo todo, afinal?

– Ei. Oi – ela murmrou, recebendo de brinde um grande garota estúpida gritado em seu cérebro.

– O quê faz aqui fora? - ele perguntou se aproximando lentamente.

– Estou, er, ajudando o Leo com uns lances. Temos uma espécie de trato e tals – ela riu nervosa.

– Sobre a Cloe, né? - ele perguntou depois de alguns segundos.

– Sim, como sabe?

– Não é a única que tem um trato com o Leo esta noite, acho que devia estar ciente disso.

Alison devia ter feito uma cara de desentendimento muito boa, pois Chase soltou uma risada alta e saborosa, que fez algo na garota aquecer a ponto de explodir.

– O quê quis dizer com isso? - ela perguntou tombando a cabeça e cruzando os braços.

– Que não estamos sozinhos aqui fora por coincidência – Chase disse enfiando as mãos nos bolsos da calça e dando de ombros.

Talvez fosse raiva do Valdez ou outra coisa, mas algo queimou na boca do estômago de Alison, fazendo-a corar e ter um desejo assassino ao mesmo tempo. Chase deu mais um passo em sua direção e foi como se o ar fosse sugado de seus pulmões. Ally não sabia o quê fazer ou dizer, nem mesmo como agir. Tinha medo de onde aquilo levaria e sentia que precisava impedir para se proteger.

Mas era uma guerra interna furiosa e, até então, em um empate inquietante. Parte dela queria saber onde aquilo iria dar e ouvir o quê Chase tinha a dizer, na mesma proporção que a outra parte queria bater nele e fugir para bem longe. Era horrível se ver lutando contra suas prórpias vontades, mas aquele caso era totalmente inevitável.

Para sua eterna infelicidade – ou não – foi Chase que primeiro puxou o ar para falar.

– Ally...

– É melhor eu ir – ela disse sem rodeios.

Chase, que até agora fitava o chão, ergueu os olhos para os dela.

– Alison, nós precisamos...

– Chase, não – e ela deu um passo para trás, quebrando a ligação de olhares para encarar o chão. - É melhor não.

– O quê é melhor não? - ele exclamou de modo que muitos julgariam rude, mas Alison compreendia exatamente como desespero. - Não falar de nós? É isso?

– Sim! Eu não quero falar nisso!

– E por que não?

– Porque não não gosto de falar de coisas que não existem mais. E acabou – Alison disse. As palavras foram fortes o suficiente para impedi-la de olhar Chase nos olhos mais que dois segundos. - Acabou – ela sussurrou.

Ally sentiu que precisava sair dali ou passaria mal de verdade e dessa vez não seria culpa de sua comida tailandesa imaginária. Tudo ameaçava despencar, deixando-a sem chão. O bolo amargo de lágrimas agora apertava sua garganta e queimava sua vista. Ela tinha que sair dali antes que tudo ao seu redor simplesmente ruísse, mas Chase foi mais rápido.

– É o que você diz, mas eu sei da verdade. - ele disse com a voz baixa e controlada - Eu conheço você . Sei que não é o quê realmente sente. Sei que está fingindo que não quer mais para não sair ferida outra vez, mas, Ally, dessa vez você tem que me ouvir. Tem que, pelo menos, me dar essa chance.

– Chase... Como eu posso sequer confiar em você depois do quê houve?

Chase soltou um grunhido e segurou o rosto da morena com as mãos, forçando seus olhos para cima para encara-lo.

– Quero que você olhe nos meus olhos e diga que realmente acredita que te trai com alguém tão mesquinha e egocêntrica quanto Erika Storne – sussurrou.

Alison abriu e fechou a boca várias vezes, deixando nada além de ruídos inintengíveis saírem. Remeteu a memória até o dia fatídico. Viu-se entrando na cafeteria e dando de cara com Chase e Erika trocando saliva como se fossem se engolir. Lembrou-se que piscou várias vezes e ficou estática observando a cena, até a hora de Chase interromper o beijo e afastar Erika. Sem mesmo que ele tivesse conhecimento de Alison ali, parada, como uma espectadora intrusa, a garota deixou o local, engolindo as lágrimas repetidas vezes para então deixá-las ceder a seu peso somente no carro, estacionado na rua da frente. Chorou tanto que quase o chocou contra um poste, devido a visão embaçada e com a imagem que vira marcada em brasa. Naquele momento, odiou Daniels mais que tudo em sua vida.

Quando ela terminou, sem que desse a mínima chance de explicação dele, achou que fosse o correto a se fazer, mas não passava de uma auto-enganação. A verdade nua e crua era que ela simplesmente não conseguia acreditar no quê via. Simplesmente não dava! Não fazia o feitio de Chase.

Ela nunca conseguiu acreditar, ainda mais com suas amigas intercedendo a favor do Daniels. Mas, mesmo assim, não voltou atrás. Mesmo que fosse um truque da Storne, uma armadilha como Chase vivia jurando que foi, Alison não confiava mais. Era um osso duro na questão confiar e um ainda pior na categoria orgulho. No momento em que viu, ela não se sentiu apenas traída como namorada, mas como pessoa. Ele traiu a confiança dela, sua essência mais rara. Mesmo que fosse tudo mentira, sua insegurança daria um jeito de estragar tudo, enchendo sua cabeça de sussurros. Sempre haveria essa brecha impossível de ser fechada, uma ferida nunca curada.

Ally subiu os olhos para os de Chase. A parte mais profunda de seu ser ainda se sentia extasiada por conseguir lê-los tão bem. Era um azul quase transparente agora e tão claro para Alison como várias palavras montadas em frases e mais frases.

– Eu... Eu...

– Apenas diga.

Alison o encarou e soltou o ar de seus pulmões lentamente. De repente, parece, o mundo girava muito rápido a sua volta.

– Eu...

XXXX

Leo pediu para Nico sumir com Laila? Ótimo. Era isso que ele pretendia mesmo.

A festa não passava de uma grande máscara para a real surpresa de Nico, aquela que ele ficou dias planejando. Se ele acreditasse em coincidências, acharia engraçado que o pedido de Leo para ele fosse nada mais, nada menos, a maior de todas.

– Acho que você me conhece bem o bastante pra saber o quanto odeio me sentir curiosa, certo? - ele ouviu Laila murmurar ao seu lado, antes de encara-lo com um careta.

Nico não pôde expressar nada além de um sorriso cheio de segredos, enquanto a guiava até o segundo andar. Quando assim o alcaçaram, tudo o que Laila fez apenas foi olhá-lo com mais intensidade, estendendo a careta a um biquinho e braços cruzados a espera de uma explicação.

– Eu sei. Estou contando com isso.

A garota soltou o ar como um gesto de indignação antes de acertar um tapa ardido no braço de Nico.

– Ai! Assim você me desmotiva em continuar com a surpresa, sua chata – ele disse esfregando o braço com uma falsa expressão de seriedade.

– Surpresa não! – Laila gemeu como uma criança fazendo birra e Nico não pôde deixar de notar o quão adorável isso era, perdendo sua linha de pensamento por um segundo.

Ele se aproximou, ainda com o mesmo sorrisinho dançando em seus lábios, e beijou o topo dos cabelos da garota.

– Dessa você vai gostar. Prometo.

Sem demorar muito ainda no corredor, Nico entrelaçou seus dedos aos de Laila e a puxou suavemente para enfim o destino de ambos.

– Seu quarto? - Laila indagou com as sobrancelhas tão altas que quase tocavam seu couro cabeludo. Nico buscava algo em seu bolso, que ela logo descobriu ser um molho com algumas chaves

– Essa é a grande surpresa?

Nico a olhou de soslaio, contendo um riso. Enfiou a chave na fechadura, girou-a e, antes de agarrar a maçaneta, encarou Laila bem nos olhos.

– Você ainda não viu como está dentro, moça.

Ela devolveu um olhar mais confuso do quê pretendia, deixando várias perguntas pendendo da ponta de sua língua. Logo todas elas desapareceram, deixando apenas um 'oh' em seu lugar, um segundo depois que Nico girou a maçaneta.

– Está tudo tão... lindo.

XXXX

Quando Chase afirmou que Ally não era a única que fez tratos com Leo naquela noite, talvez não soubesse, mas não estava referindo-se apenas a si mesmo ou a Nico.

Mal Carly pisou na festa e já foi arrastada por Claire e sua lista interminável de desculpas esfarrapadas para o canto oposto da sala.

– O quê...? Claire, o quê pensa que está fazendo? Vamos nos perder dos nossos amigos...

– Não dá pra explicar agora – a garota disse fazendo alguns gestos com as mãos – É coisa do meu irmão.

– 'Tá, mas por que me trouxe pra tão longe?

– Olha, eu só preciso nos manter o mais longe possível da Cloe, okay?

– Mas...

– É lance do Leo – Claire insistiu – Não me faça tantas perguntas, por Deus!

Carly não teve como reagir a não ser sorrindo de um modo que logo contagiou Claire. Em poucos segundos, estavam as duas rindo alto, quase gargalhando.

– Eu, de verdade, nunca entenderei sua família – ela disse.

Claire deu de ombros, concordando.

– Podíamos beber alguma coisa, pelo menos? - continuou, recebendo os ombros como resposta novamente.

Com algumas cotoveladas e empurrões, elas alcançaram o balcão. Quase não havia espaço para se acomodar ao redor dele, mas Claire, engenhosa, como sempre, deu seu jeito e tratou de arrastar a Wigon consigo.

– Duas cervejas – ela gritou acima da música próximo ao ouvido do barman, que assentiu e deu as costas.

Carly, apoiada com um cotovelo no balcão, revezava o olhar no barman e na pista improvisada de dança. Ela enxergava pouco com as luzes piscantes e coloridas, mas agradecia por isso. Tinha medo da visão que encontraria caso houvesse um pouco mais de claridade no meio daqueles corpos loucos e suados, que se chocavam ao ritmo das batidas.

No meio de toda aquela loucura, achou um rosto familiar. Na verdade, dois rostos familiares, sendo o segundo o motivo pelo qual Carly sentiu o rosto queimar em brasa. Ela se virou rapidamente, tentando focar sua atenção no homem atrás do balcão, que agora lhe entregava uma garrafa de cerveja. Bebeu o mais profundo gole, numa inútil tentativa de se afogar, o que só resultou em um engasgo.

– Ei, maninha! Vai umas batidinhas aí? - a voz de Derick se fez presente, assim como eu sua mão dando palmadinhas em suas costas.

– Não... Enche... Derick – ela ofegava.

– Você está bem, Carly?

Essa simples pergunta já foi mais que suficiente para a vontade de se enfiar em um buraco crescesse de tal modo no peito de Carly que se tornou totalmente irresistível. Tudo o quê ela e seu brilhante cérebro conseguiram realizar foi um sorriso tosco e quase um segundo engasgo.

– Bom, não sei você, Claire, mas não quero ficar no meio dessa situação constrangedora. - Carly ouviu Derick dizer ao seu lado, como se ela nem estivesse ali, morrendo dentro de seu próprio corpo.

Você está morto foi o quê disse para o irmão apenas movimentando os lábios.

Ele devolveu a ameaça com uma piscadela.

– Por Deus, eu também não! - Claire se manifestou, ganhando a atenção assassina de Carly, assim como seu irmão.

– Me acompanha, então? - Derick perguntou, erguendo o braço para que Claire encaixasse.

– É claro. – ela respondeu, sem ao menos hesitar em agarrar o Wigon e partir com ele dali.

Carly poderia estar ficando louca, mas jurou tê-los visto entrelaçar os dedos em determinado momento, quando já estavam um pouco distantes, mas ainda sob sua cuidadosa vista. Talvez estivesse mesmo ficando maluca.

Ouviu alguém pigarrear ao seu lado, onde antes estava Claire, e quase teve um AVC por ter esquecido completamente de sua presença.

– Isso foi totalmente embaraçoso – Patrick sorriu meio emcabulado, bagunçando os cabelos do alto antes de deslizar a mão para coçar a nuca. Ele olhou rapidamente para os olhos de Carly antes de voltar a encarar a frente como se sua vida dependesse disso.

Carly ouviu o coração falhar e se permitiu engolir em seco, apertando os dedos em volta da garrafa de cerveja até que os nós ficassem brancos.

– Em uma espécie de escala global? - ela indagou – Sim, foi.

XXXX

– Eu... - e lá estava a grande e obstinada Alison, engasgando na linha tênue de suas palavras com seus pensamentos desenfreados.

Sim, Chase , era o que parte dela queria dizer, quase como uma auto defesa.

Eu realmente acredito.

Mas não... saía. Simplesmente, pensar em Chase aos beijos com Erika um ano atrás não fazia o menor sentido e Alison não podia mentir. Nem para ele, nem para si mesma.

Ela baixou o rosto, com o medo que sempre teve ao olhar demais nos olhos de Chase. Sempre teve a sensação que ele acabaria lendo seus pensamentos, interpretando suas falas e suas ações antes dela mesma.

Não – ela sussurrou.

– O quê disse?

Alison sentiu Chase ficar rigido e precisou forçar-se a encará-lo nos olhos. Tinha que dizer aquilo alto. Talvez, desse modo, acabasse se convencendo daquilo que sempre teve a maior certeza.

Inspirou e inspirou mais ainda antes de repetir:

– Não – disse – Não, eu não acredito. Não acreditei na época e acredito muito menos agora. Mas tem que entender o quanto aquilo me deixou confusa, Chase. Fiquei apavorada. Magoada. De coração partido. – Alison agora o encarava sem ao menos ameaçar romper a ligação – Eu não queria que as pessoas me vissem como alguém frágil e, naquele momento, eu não passava disso. Uma porcela quebrada bem ao meio, sem chances de reparo. Então, fugi. Fugi, pois pensei que seria a coisa mais sensata a se fazer, mas foi o maior erro da minha vida – forçou uma risada - Deus! Foi como pular da terra boa e firme pra um lamaçal. Se me sentia perdida antes, sem você foi milhões de vezes pior. E-eu não sabia o queê fazer, então o ignorei e machuquei. Por isso, quero me desculpar. Sinceramente.

Chase estava impressionado. Não esperava que a garota revelasse tanto assim. Fazia tanto tempo que eles não tinha uma conversa duradoura que ele nem sabia como reagir. O garoto sempre soube dos problemas de Alison com confiança e como a garota sempre foi cabeça dura. Para ela, a impressão a ser passada aos outros era ser inabalável. Nada, nem em um milhão de anos, poderia te afetar. Ele sempre achou errado, já que a conhecia bem o bastante para já te-la visto desmoronar. Chase precisava agir. Precisava mostrar a ela o quanto era errado agir assim. Era a hora de mostrar à Alison que se, ela pensava estar totalmente perdida, era porque não conviveu com o próprio Chase dentro de sua cabeça no último ano. Foi horrível sem ela. Tenebroso seria uma palavra melhor. Poder vê-la, mas não tocá-la. E, caso isso ocorresse por acidente, sentir o repúdio que emanava como ondas de calor do azul profundo dos olhos dela. Era insuportável. Uma dor imensurável.

Ele inspirou fundo e expirou devagar, tomando uma carga de coragem ao agarrar a mão de Alison com delicadeza.

– Ally, ouça... - começou, mas Alison achou sua voz e o interrompeu ao pronuncia-la.

– O quê aconteceu, afinal? - murmurou, encarando seus dedos entrelaçados aos dele.

– O quê?

Levantando o olhar em uma marcha muito lenta, ela focou fundo nos olhos de Chase. Por um segundo, eles só lhe tranpareciam uma chama quente de expectativa e aquilo o agradou.

– Se você – ela voltou a falar com mais calma – Diz que não me traiu realmente, então, o quê aconteceu?

O azul cheio de esperança em seus olhos começou a vacilar, dando lugar a um lampejo que Chase já conhecia bem: mágoa.

Ele engoliu em seco lentamente, dando um passo para perto de Alison.

– Eu não faço ideia – confessou - Na verdade, não sei como me achou naquele café. Eu só estava...

O lampejo crescia ao mesmo tempo em que o azul dos olhos dela, sempre tão claro, escurecia, tomado pela mágoa. Logo Alison estava puxando seus dedos de volta.

– Eu recebi uma mensagem sua – ela disse baixinho – Me pedindo, claramente, para te encontrar lá.

Chase a encarou sem saber o quê dizer. A mágoa transbordava em seu olhar dando lugar à raiva.

– Chase, o quê aconteceu? - ela exclamou – Se não me traiu, o quê aconteceu? Droga, o quê houve, Chase?

– Eu não sei! Alison, eu não...

Está mentindo de novo – sussurrou. Alison puxou a mão com força, desvencilhando-a de Chase, só para meter os dedos entre os cabelos. - Está mentindo! - praticamente gritou.

– Ally, você tem que confiar em mim, okay? - ele exclamou, puxando as mãos do couro cabeludo da garota para ele. - Tem que confiar.

O azul da mágoa se desfez assim como o da raiva. Juntos e molhados, eles se desfizeram em lágrimas pelo rosto alvo de Alison, percorrendo seu caminho irregular até pingar do queixo. Ela tentava caminhar para longe, mas, estava claro e tatuado na testa de Chase que ele não a deixaria escapar. Não outra vez.

– Eu não posso, eu não posso... - ela começou a choramingar, repetindo e repetindo, entre fungadas e soluços baixos – Eu não consigo!

– Sim, consegue sim. – e ele tocou o rosto de Alison, do jeito que fazia há um ano e esperou ansioso para fazer de novo. Usou os polegares para secar os caminhos das lágrimas ao mesmo tempo que inclinava o rosto dela para cima. - Sim, você consegue. E vou esperar até que isso aconteça.

E Alison o encarou, os olhos mais azuis que nunca, brilhantes e limpos de qualquer mágoa.

Vai esperar?– ela sussurrou, descendo um pouco até fitar os lábios de Chase.

Tão próximos, tão próximos dos meus...

Ele notou e não ficou para trás ao fazer o mesmo. Lábios rosados, com o formato que encaixava perfeitamente nos seus.

Os narizes já roçavam quando Chase lembrou-se de responde-la.

– Pelo tempo que precisar.

E a distância já não existia.


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Notas finais do capítulo

Perdão erros, perdão a demora, perdão tudo o mais que da pra se pedir perdão...
Espero que tenha gostado tanto quanto eu. Ah, coisa boa que tenho que dizer: o próximo já tá lindjo e feitinho. Posto domingo, okay? Okay.
KISS NO ASS, AMORAS



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