Cansada, essa palavra me definia por completo. Eu estava definitivamente cansada de gostar de Naruto e ele se quer me notar. Certo, também, trabalhando como modelo profissional aos dezessete anos, quem olharia para a Hinata Hyuuga desengonçada, tímida e, ainda por cima, míope?

Naruto podia ter qualquer garota aos seus pés e, pelo que parecia, escolhera Shion como primeira dama da escola. Pois, sempre que estava na cidade, era nela que Naruto grudava. É meus amigos, eu era um zero a esquerda, um pontinho invisível naquele colégio horrendo.

Ahã, quantas vezes já não fui humilhada por ser míope? Quero dizer, para os padrões do colégio, eu era uma aberração.

Naquela escola de merda, eu era a cinco olhos, a estranha, a gaga... Fora os "elogios" que eu não ouvia.

Eu podia ser completamente invisível e algumas vezes até era; porém, a minha timidez, meus olhos incomuns e meus óculos de grau, não colaboravam para isso na maior parte do tempo. Tornando-me alvo de piadinhas horríveis e chacota toda vez que eu ia apresentar algum trabalho e gaguejava em toda a apresentação.

Eu sofria!

Sofria ainda mais nutrindo um amor unilateral e platônico pelo popular do colégio; Naruto Uzumaki. Ele que, de dez meninas, onze queriam para si. E eu era uma dessas, obviamente, mesmo pedindo aos céus que tirasse tal sentimento do meu peito. Porque, vejam bem, não aguentava mais sofrer por um garoto que nem sabia da minha existência. E, se soubesse, por certo me esnobaria como todos os outros.

Mas, fazer o que, não dava para mandar no coração. Assim sendo, resignada, mais uma vez caminhei para a escola. Ciente de que Naruto retornaria do último trabalho que fez e talvez eu pudesse passar despercebida apenas hoje. Pois, a comoção com a chegada dele, sem dúvidas ofuscaria a Hinata cinco olhos como faziam questão de me chamar, essa era a referência que usavam, quando falavam de mim.

Segui caminhando, no entanto, parei para comprar um lanche e fui comendo. Nem me dando conta do que acontecia ao meu redor, visto que ninguém reparava em mim mesmo, não fosse para me humilhar. Assim sendo, eu não fazia questão de reparar neles também.