The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 3
Capítulo 2 — Testando




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Testando

ENCAREI MAIS UMA VEZ o protótipo a minha frente.

—Você tem certeza de que isso funciona? —perguntou Jamie.

—Não. —respondeu Chris. —Como eu disse, é só um molde inicial. Ainda precisa ser testado.

Examinei com cuidado as lentes de contato na minha frente. Era transparente, com um furo no lugar onde a pupila ficava, e ao redor do furo, uma delgada linha prateada brilhante. A lente era sólida e, segundo Chris, feito com material biocompatível, que não irritariam o organismo. Demoraram três semanas até conseguir o material necessário, mas, segundo Chris, iria ser muito útil.

—Eu posso testá-las. —Falei. —Se não der certo...

—De jeito nenhum. —Disseram os dois juntos.

—Se não der certo, pode cegar você. —explicou Chris.

—Isso vai te machucar Ash. —Disse Jamie, cruzando os braços sobre o peito. —Não vou deixar.

—Pouco me importa a opinião de vocês. —Falei em alto e bom tom.

Segurei a lente entre o indicador e o polegar, e respirei fundo. Puxei a pálpebra e ajeitei a lente na íris do olho esquerdo. Fechei os olhos.

Quando os abri, minha vista esquerda estava turva e esbranquiçada, primeiro defeito.

O segundo veio momentos depois, quando a lente começou a arder como se fosse feita de ácido.

Dei uma arquejada e me apressei em tirar a lente.

—Mas que diabos! —Exclamei.

Jamie começou a discutir com Chris, algo como “o que tem na cabeça para fazer algo assim”; “você deveria tê-la impedido”; “se ela se machucou, arranco seu couro”.

Eu estava ocupada demais procurando pelo Curar para me importar com eles, mas cerrei os dentes com a minha busca fracassada.

—Podem parar de se engalfinhar e me ajudarem aqui?                    

As reclamações cessaram e uma mão segurou minha cintura, guiando meu corpo até encontrar com o de Jamie.

Ele segurou meu rosto com uma mão enquanto a outra espirrava um liquido frio no meu olho esquerdo fechado.

—Fique de olhos fechados. —Ele murmurou.

Assenti e debrucei meu rosto contra o peito dele.

—Chris. —Chamei, sem abrir os olhos. —Além da ardência, não deu para enxergar direito. Estava muito claro.

—Certo. —Ele murmurou.

—Talvez se você colocasse mais uma película de proteção e diminuísse o brilho...

—Claro. Claro. Vou arrumar isso. —Sua voz estava distante.

—E eu estou bem. —complementei.

—Bom. —Ele murmurou.

Não gostei do tom indiferente na voz dele, mas não ousei protestar, ou iria parecer uma hipócrita. Remexi-me desconfortável, querendo abrir os olhos. Jamie me ergueu sem aviso, e me agarrei no pescoço dele com o susto. Ouvi sua risada.

—Não vou te deixar cair.

—Você me assustou. —arfei.

Ele riu novamente e me segurou melhor. Cruzei meus pés atrás das costas dele, me firmando, e deitei a cabeça no ombro dele.

—Está com fome?

—Estou. —Admiti. —Morrendo da fome, para ser exata.

—Acho que Maggie preparou omeletes hoje.

Eu sorri.

—Ah. As omeletes de Maggie.

Jamie riu.

—Vou te colocar no chão, está bem?

—Certo.

Ele me firmou.

—Já pode abrir os olhos.

Eu os abri com cuidado. No início, estava tudo borrado, mas os borrões ganharam forma em alguns instantes. Reconheci o rosto de Jamie perto do meu e sorri.

—Melhor? —Ele sussurrou.

—Muito melhor. —Também sussurrei, e segurei sua nuca para conseguir alcançar seu rosto.

Prendi seu lábio entre meus dentes antes de beija-lo profundamente.

Jamie me prendeu pela cintura e me empurrou devagar até minhas costas ficarem pressionadas contra a parede de pedra.

Seus lábios desceram para meu pescoço enquanto suas mãos me seguravam pelos quadris. Enrosquei meus dedos entre seus cabelos e busquei novamente pelo calor dos seus lábios, fechando os olhos.

Eu estava completa.

—Tentem não fazer isso em lugares públicos, tudo bem?

Eu me afastei de Jamie, rindo, e olhei sem graça para Melanie.

Jamie franziu as sobrancelhas e limpou a garganta, me olhando com o canto do olho.

—O que você quer, Melanie? —Ele perguntou.

Mel apontou com o polegar por cima do ombro.

—Jared está recrutando pessoas para uma incursão. Algum voluntário?

—Eu vou. —Respondi.

—Eu também. —Disse Jamie.

Melanie suspirou e começou a andar de volta para a cozinha, mas freou e olhou por cima do ombro.

—Vocês já pensaram em andar menos grudados? Desse jeito vão acabar sufocados.

—Não quero ficar longe dele. —Respondi.

Ela nos deu uma ultima olhada e continuou seu caminho, sumindo.

—“Não quero ficar longe dele”? —Jamie se aproximou sorrindo maliciosamente.

—Mantenha suas mãos longe de mim, Jamie Stryder. É mentira.

Ele segurou minha cintura.

—Pareceu muito convincente.

—Eu sou uma ótima atriz.

Ele pressionou os lábios contra os meus carinhosamente.

—Claro que você só estava fingindo. —Ele ironizou.

—Apenas mentiras. —Concordei, beijando-o levemente mais uma vez.

Segurei o rosto dele entre as mãos e nos prendi em mais um beijo.

Jamie me afastou abruptamente, mas sem conter um sorriso.

—Cuidado, Mayfleet, você está me sufocando.

Eu o empurrei para que conseguisse andar.

—Idiota.

Ele me segurou por trás e implantou um beijo no topo da minha cabeça antes de me soltar.

Estávamos terminando de comer as omeletes quando Chris adentrou a cozinha com pressa. Ele carregava uma pequena caixinha branca, e eu já sabia o que era.

Ele sentou-se com força em nossa mesa, onde estávamos eu, Jamie, Jared, Melanie, Jeb, Maggie e Sharon.

—Acho que consegui. —Ele arfou. —Testei-as e estão estáveis, em sua maioria. Apenas não consegui conter totalmente a ardência.

—Posso ver? —Pedi.

Chris me entregou a caixinha e abri-a, revelando o par de lentes prateadas. Peguei uma com cuidado.

—Posso testar?

—Fique a vontade. Estão higienizadas.

Puxei minha pálpebra e coloquei a lente sobre a íris. Fechei os olhos e esperei três segundos. Peguei a outra lente e coloquei no outro olho. Olhos fechados mais uma vez e contei até três. Abri os olhos, encontrando diversos rostos curiosos.

Houve alguns arquejos.

—Ficou parecido? —perguntei, desejando ter um espelho.

—Está idêntica. —Respondeu Jamie. Ele parecia mais surpreso que os outros. —Idêntica há um ano e meio.

Pisquei algumas vezes e corri os olhos pelos rostos, para que todos pudessem ver.

—O que acham?

—Tem certeza de que Bruma não está aí? —Perguntou Melanie, brincalhona.

Mais pessoas se aproximaram, entre elas, nossa mascote, Peg. Ela afastou com cuidado alguns corpos para conseguir enxergar meu rosto. Peg cobriu a boca com uma mão.

—Está muito parecido.

—Caramba, Chris. —Disse Jeb. —Isso é inovador.

Chris sorriu orgulhoso.

—Quando eu disse que tinha uma solução para nossos problemas, não estava brincando.

Comecei a piscar mais vezes quando as lentes ardiam com mais intensidade. Meus olhos ficaram mais úmidos.

—Está tudo bem? —Perguntou Jared.

—Está. Nada que não possamos aguentar.

—Ainda arde, não é? —perguntou Chris, o sorriso se desmanchando. —Foi o máximo que eu consegui. Se abaixasse demais o brilho...

—Está ótimo. —Interrompi-o. —Com certeza diminuirá as chances de sermos pegos.

—Consegue fazer mais dessas? —Perguntou Jared, se dirigindo a Chris.

—Acho que sim. Agora que tenho um modelo, fica mais fácil de criar réplicas. Esse é todo seu, Ashley.

Coloquei a mão logo abaixo dos olhos, desejando poder me ver.

—Obrigada.

—Acha que é possível criar mais alguns pares até amanhã? —perguntou Jared. —Precisamos sair para uma incursão.

—Verei o que posso fazer. —Respondeu Chris, já se dirigindo a saída.

Jared assentiu.

—Ele é mesmo inteligente. —Disse Melanie.

—Um dos nossos melhores achados. —Concordou Jeb.

—Iria ser ótimo se pudessem viver mais seguros. —Divaguei. —Sem se preocupar com os Buscadores.

—Mas as lentes não são perfeitas. —Sussurrou Peg, sem querer atrair muita atenção. —Se colocar uma luz sobre elas, dá para perceber que são falsas.

—Tomaremos cuidado para não chamar atenção. —Disse Jamie.

Ele se aproximou e segurou meu rosto entre as mãos, avaliando as lentes.

—Nostalgia? —Perguntei com um sorrisinho.

—Eu só estava pensando em quando você apareceu. Você tinha, sabe, esses olhos quando eu me apaixonei por você.

Toquei suas mãos.

—Não gosta dos meus olhos agora?

Jamie segurou meu rosto colado ao dele. Seus movimentos pareciam tristes.

—Eu amo seus olhos. Eu amo você.

Passei meus braços pelo pescoço dele e respirei fundo.

—Eu também amo você.

Retirei as lentes e guardei-as na caixinha, deixando-a ao lado da minha pilha de roupas. Debrucei-me de bruços sobre o colchão e fechei os olhos, suspirando.

Já estava escuro, e meu corpo estava cansado. Amontoei o travesseiro embaixo da cabeça e me concentrei em minha respiração.

Um estalo baixo no meio do silêncio me alertou um pouco, e senti sua aproximação antes da mão de Jamie tocar minha cintura. Ele beijou minha nuca.

—Boa noite, Ash.

Eu suspirei e virei de lado. Jamie deitou atrás de mim, acomodando o corpo na curva das minhas costas.

—Boa noite, Jamie.


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