The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 26
Capítulo 25 — Explodindo


Notas iniciais do capítulo

OVERDOSE ASHMIE PRA VOCÊS
Quase morri pra conseguir escrever esse capítulo, espero que gostem.



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Explodindo

JAMIE demorou mais no banho do que o necessário, mas achei justo lhe dar esse luxo. Ele saiu da câmara sendo outra pessoa, limpo e com um sorriso fresco, vestindo seu moletom cinza e a calça jeans rasgada nos joelhos que ele não largava. Eu tinha acabado de terminar de escovar os dentes no riachinho de água fria, então joguei para o lado as minhas coisas e praticamente corri até ele, envolvendo seu pescoço ao mesmo tempo em que ele apertava minhas costelas.

Eu sentia falta dele mesmo ele já estando aqui.

Enterrei o rosto em seu pescoço e subi meus dedos por entre seus cabelos, e ficamos daquela maneira por minutos intermináveis, em silêncio. Até eu sentir que a musculatura das pernas dele começou a ceder.

—Você precisa dormir. —Murmurei, afastando-me só um pouquinho dele.

Jamie assentiu com a cabeça, respirou fundo e então me soltou. Senti seus dedos seguindo a parte interna do meu braço, do pulso até os dedos, e não pude deixar de sorrir.

Fomos andando devagar pelo corredor que levava aos dormitórios.

—Não pense que ainda não vamos falar sobre o incidente no motel aquele dia. —Resmunguei. —Quando você bancou o herói.

Jamie revirou os olhos.

—Eu estava te salvando, tá legal? De ser pega por Buscadores e ter uma Alma inserida dentro de você.

—Eu sei, mas... —Hesitei. —Eu... Eu já tive uma Alma dentro de mim. Sei como é, a sensação de ser invadido. Suprimido. Mas você...

—O que tem eu?

—Você não fazia ideia. —Meus olhos se fecharam por um momento. —E a inserção é algo tão... Sujo e asqueroso. Você não... Merecia passar por isso.

Ele ficou em silêncio até eu erguer meus olhos do chão.

—Está tudo bem. —Ele murmurou.

—Não está. Eu sei quão horrível é ficar tanto tempo preso dentro da própria cabeça, dentro de um corpo que não se pode controlar, eu sei e odeio você e odeio a mim e a todos que permitiram que você sofresse algo assim.

—Ashley...

—É tão injusto que aqueles seres deploráveis tomem posse do nosso corpo e nos empurrem para o lado como lixo. Todo mundo que já teve um inserção se sente assim, Jamie. Como um lixo. Um nada. Eu me sinto assim. Mel se sente assim, Chris, Darcy... Todos nós nos sentimos insignificantes e inúteis, e eu não queria... —Puxei o ar pelo nariz. —Não queria que você perdesse aquele seu olhar inocente e brilhante sobre o mundo, como se toda criatura fosse pura e boa, como se todo mundo fosse especial. E olhando pra você agora... Eu sei que você o perdeu.

Ele manteve os olhos firmes nos meus, olhos crus e quase opacos, provando que eu estava certa. Então fechei meus olhos novamente, não querendo encarar essa realidade.

—Está tudo bem. —Ele repetiu. —Ei, olhe pra mim. —Ele ergueu meu queixo com os dedos. —Está tudo bem. —Insistiu. —Por que eu tenho você. Não há como me achar um ser insignificante quando consigo fazer você feliz, okay?

—Okay. —Sussurrei. Apoiei minha mão em seu rosto, deslizando o polegar pelo seu malar. —Eu senti tanto a sua falta. Mais do que sinto de qualquer outra coisa.

Repentinamente, seus olhos estavam escuros e brilhantes, esquecidos no meu rosto. Inclinei a cabeça e sorri.

—E o que foi?

Jamie pressionou minha mão sobre sua boca e a beijou, do pulso até os dedos.

—Quero ficar o mais próximo de você pelo maior espaço de tempo possível.

Tomei o rosto dele entre as mãos. A pele da sua nuca ainda estava úmida do banho que ele havia tomado, assim como o cabelo. Seus olhos eram tão profundamente castanhos. Fechei os olhos ao tocar minha face na dele e soltei o ar devagar pelos meus lábios.

Jamie segurou minha nuca e me beijou, agora sem plateia e interrupção, e meu corpo foi reduzido a fogo. Os núcleos das minhas células estremeceram e explodiram, com intensidades e formas diferentes, e tudo no mundo perdeu a importância. Minhas mãos ganharam vida própria e correram apressadas pela extensão das costas dele, que por sua vez, me erguia pelas coxas até me segurar em seu colo. Notei a parede prensada contra minhas costas e sua boca impetuosa sobre a minha. Senti as mechas crescidas de seu cabelo se enrolando em meus dedos e seus lábios suaves sobre a pele sensível do meu pescoço, e cada vez eu me consumia mais e mais pelas chamas.

—Jamie... —Sussurrei seu nome, mas ele não abandonou minha pele. —Acho que deveríamos ir... A um lugar mais isolado.

Parecia meio impróprio nos beijarmos daquela forma no meio do corredor.

Senti os lábios dele se esticando em um sorriso contra a minha pele.

—Pensei que você não gostasse de se isolar.

Sua boca voltou a minha, firme e crua.

—Bem. —Murmurei, quase não conseguindo falar com a voracidade de seus lábios. Ele beijou meu maxilar. —Às vezes o isolamento é bem vindo.

—Você não vai correr? —Maldito. Sorri antes de beijar a ponte do seu ombro.

—Talvez eu vá entrar em desespero em certas circunstâncias.

—Certo. —Ele atacou novamente meus lábios, e eu quase não podia mais respirar. —Acho que podemos lidar com isso.

—Sim. —Murmurei. —Acho que podemos.

Seus braços se fecharam ao redor das minhas costelas, mas sua boca parou. Ele me colocou no chão, meus pés tocando um solo como um pássaro aterrissando. Jamie segurou meu pulso, escorregando a mão até meus dedos, e beijou as costas da minha mão. Ele me puxou com um pouco de pressa até a bifurcação, e até o quarto.

A cortina de veludo foi fechada, a bancada de madeira que nos servia de guarda-roupas, arrastada para cobrir a entrada. Jamie se virou para me olhar, e seus olhos vagaram lentamente pela cama antes de subir pelo meu corpo. Minhas mãos começaram a suar de repente, quando me dei conta do que aconteceria. Era como se me estômago tivesse virado do avesso e minhas juntas enferrujassem. Nunca havia me sentido tão nervosa.

Jamie se aproximou de mim, os vinte centímetros de altura que nos diferenciavam o deixavam tão grande, tão alto. Ele notou minha diferença, sei que notou. Seus olhos estavam mais brandos, e não brilhantes como antes. Não havia tanto desejo, só uma imensa serenidade. Senti seus dedos roçando a minha cintura, quase não tocando a camisa, e apenas não fechei os olhos porque queria apreciar seu sorriso por mais alguns segundos. Ele se inclinou para baixo, para que eu não precisasse erguer os pés, e todo meu corpo novamente tomou consciência do dele. Fazia meses que eu não o sentia, mas, mesmo em anos, nunca seria capaz de esquecê-lo.

Não havia nenhuma outra parte do corpo dele que tocava o meu além da ponta de seus dedos na base da minha coluna. Hesitante, descansei minhas mãos em seus quadris e o puxei para mais perto, roubando os poucos centímetros que nos separavam.

Avancei para alcançar seus lábios, mas Jamie recuou, abaixando ainda mais o rosto e tocando a pele sensível abaixo da minha orelha com a boca. Eu o sentia sorrindo, e sabia perfeitamente qual mensagem tal sorriso transmitia. Não tenha pressa; temos tempo.

Então sussurrei:

—Somos eternos.

Ele pressionou os lábios contra minha pele uma vez, pintando-a com fogo.

—Somos eternos. —Concordou.

Finalmente arranjei coragem de subir minhas mãos até sua nuca e pôr minha boca na dele. Jamie agarrou os dois lados da minha cintura, e dava para sentir, ele estava tentando manter a calma. Senti a ponta dos seus dedos se enterrar na minha carne enquanto Jamie amassava minha camiseta, mas apesar do sua ânsia, seu beijo era sereno.

Enterrei meus dedos entre as mechas escuras de seu cabelo enquanto o puxava constantemente para mais perto, por mais fisicamente impossível que fosse diminuir nossa distância, eu ainda não me sentia próxima o bastante. Eu precisava de mais. Mas só a ideia fazia minhas pernas fraquejarem.

Jamie sentiu quando eu me retraí. Ele separou nossos lábios e procurou meu olhar, mas este estava abandonado no chão, incapaz. Soltei-me lentamente dele, ficando de pé entre seu corpo esguio e a parede irregular de terra, focada no seu peito que subia e descia com uma respiração pulsante.

—Ash...?

—Eu, hum... —Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, dando uma ocupação para minhas mãos trêmulas. —Eu só acho que... Acho que...

Jamie riu do meu acanhamento. Beijou minhas faces coradas. Ergueu meu queixo com os dedos para que eu não pudesse desviar o olhar. Seus olhos eram tão inteiramente castanhos, tão humanos e saudáveis e brilhantes, que eu quase recomecei a chorar. Funguei e estendi a mão para poder tocar sua face.

—Você não teme meu toque, teme? —Murmurou Jamie, enquanto segurava a mão que tocava seu rosto e a beijava.

—Não. —Pigarreei. —É só que... Não é você, e ao mesmo tempo é, e eu estou... Tremendo feito uma maldita covarde.

Jamie deu uma risada e se afastou levemente. Seus dedos roçaram a barra de seu moletom e ele retirou a peça num puxão. Parece que, mesmo com uma Alma no corpo há meses, ele não perdera o porte musculoso de um humano. Ponto para mim. Fixei os olhos em seu rosto enquanto Jamie segurava minha mão entre as suas. Ele a beijou e a pressionou contra seu peito. Sentia seu coração batendo com força sob minha palma.

Ele finalmente ergueu o olhar para mim e sorriu.

—Não precisa ter medo de mim.

—Bem... —Deslizei a mão contra seu coração até seu abdômen, e sua pele se encheu de arrepios. Segurei sua cintura em ambos os lados, trazendo-o para bem perto de mim. —Eu não tenho medo de nada.

Sua pele era ainda mais quente na região do tórax, com músculos tão duros quanto rochas, músculos de um rebelde, de um resistente. E havia tanto calor, e aquela sensação confortável de lar, a quentura quase febril que emanava de Jamie como se ele fosse o próprio sol. Toquei o osso saltado de seu quadril e segui o contorno dos músculos das costas, sentindo-os sob minhas mãos. Jamie me ergueu pela cintura quando meu primeiro impulso foi puxá-lo para mim. Minhas pernas se enrolaram automaticamente na sua cintura, o desespero voraz sobrepôs a lentidão dos nossos lábios. Senti novamente a parede contra minhas costas, os braços dele firmemente presos ao redor das minhas pernas, a felicidade apressada dos nossos movimentos. Eu o queria; eu o queria.

O ar do crepúsculo era fresco, quase frio por estarmos no meio do deserto, o que provocava calafrios insistentes nas minhas costas. Enrolei-me ainda mais nos braços de Jamie. Era de se esperar que sua nudez parcial me acanhasse, mas apenas queria me perder no cheiro morno misturado com o aroma de chuva, terra molhada e o sabão da câmara de banho que fluía de sua pele bronzeada.

Jamie cerrou a mão na base da minha coluna e me apoiou sobre ela, me inclinando para trás. Segurei ambos seus ombros e deixei que ele me deitasse com gentileza na cama. O algodão fresco recebeu meu corpo com temperatura elevada, mas não dei muito atenção a ele, já que Jamie havia se inclinado sobre mim e beijava a ponte do meu ombro. Suas mãos encontraram a barra da minha camiseta, escorregar para minha cintura e eu o senti. Pele contra pele, bruto e real.

Minha respiração estava supérflua e meu corpo estremecia, mas consegui reunir forças para puxar a peça por cima da minha cabeça e sentir sua textura quente contra mim, sem nenhuma barreira que nos separasse. Ele rapidamente se livrou das suas calças enquanto eu fazia o mesmo com as minhas, e tive de rir de tão nervosa quando seu olhar cruzou com o meu.

Apoiei-me sobre o peito dele e toquei sua pele com a ponta dos dedos enquanto o beijava ternamente. Segurei a mão de Jamie que subia pela minha coluna e eu mesma tirei meu sutiã. A peça se foi, jogada junto com o restante das nossas roupas. Os olhos de Jamie nos varreram por um instante, depois se fixaram nos meus. A sombra e a luz, a vida e a morte, o perigo e o lar, a dor e o amor. Contraditórios, desejados, bonitos e humanos.

— Eu amo você, Ash.

Meu coração se expandiu até não poder mais e então se dobrou, batendo de forma anormal e apressada, e a centelha fora acionada perto demais, as explosões retornaram. Inclinei meu rosto até tocar o dele, e minha respiração arfante agitou seus cabelos.

—Você sabe que eu também amo você.

Ele sorriu, seu sorriso largo e verdadeiro, que ainda estava presente quando ele voltou a me beijar. As explosões rugiram dentro de mim com uma intensidade nova. Cada parte minha estava fundida com alguma parte dele, e havia explosões em todo lugar, por que ele estava em tudo. Minha boca estava seca, e minha respiração, pesada. Jamie ergueu-se sobre mim e encontrei seus olhos antes de ele tocar a testa na minha.

—Você... —Ele arquejou. — É a criatura mais bela que eu já vi.

Dei uma risada, leve e borbulhante. Tudo brilhava intensamente.

—Parece que você é muito sensível a beleza.

—Não. —Ele se inclinou mais sobre mim e seus lábios umedeceram os meus. —Você é mais bela que a lua tocando o horizonte. É mais bela que o uivo de um coiote e o nascer do sol. —Beijou-me do pescoço até o umbigo, vagarosamente. —Mais bela que a melodia de um Cardenal e que a brisa de verão. Você, Ashley, é uma chama intensa e brilhante. —Seus lábios beijaram as lágrimas que desciam pela minha face, mas eram lágrimas felizes. —E eu a tenho nos braços, e jamais a deixarei ir.

Ele baixou novamente o quadril entre minhas coxas, e enterrei os dedos em seus braços enquanto minha respiração fluía levemente por meus lábios. Sua boca pressionou contra a minha clavícula e depois sorveu meus gemidos à medida que as explosões ficavam fortes demais.

Jamie me beijou por inteira, e me senti tudo e nada, como se o universo se tornasse paralelo a mim, se contorcendo e se dobrando ao meu redor. O ar era rarefeito, contudo, segurei o pescoço dele para trazê-lo para mais perto e beijá-lo.

Meu corpo foi consumido em chamas e ressuscitado, apresentado de volta à vida milhares e milhares de vezes em poucos minutos. Foi gentil, sussurrante e brando. Ele tocou cada centímetro da minha pele e me manteve aquecida na quentura irreversível de seu corpo. Jamie era único, seguro e meu; e eu o amava.

Abri os olhos por um instante. Jamie está de costas para mim, o lençol cobrindo apenas até seus quadris. Bocejei e procurei me orientar, e vejo que, pela altura do sol, já estamos no meio da manhã. Mas apenas quero dormir.

Puxo o tecido até meu pescoço e me arrasto pela cama até sentir o calor de Jamie.

—Ash?

Eu sorri.

—Sim?

—Você acordou?

—Bem, parece que sim.

Ele se vira para mim. Seus olhos ainda estão fechados, sonolentos demais.

—Como está?

—Parece que você não dormiu muito.

—Fiquei acordado o máximo de tempo que consegui. Queria ver você dormindo.

Fechei os olhos e me aproximei, respirando o mesmo ar que ele, sem dizer nada.

—Acho que preciso dormir mais. —Ele murmurou, se virando sobre o braço direito, de costas para mim. Ele sempre dormia virado para o lado direito.

—Tudo bem. —Beijei sua nuca. —Descanse.

—Não saia daí.

Afundei o rosto no vão das suas costas, entre as omoplatas.

—Não sairei. Vou estar bem aqui quando você acordar.

Inspirei o aroma quente dele e fiquei daquela maneira até sentir meus olhos pesando novamente. Jamie havia praticamente desmaiado ao meu lado, se esticando enquanto dormia.

Então, como um despertador em meio a um sonho perfeito, um som alto e abafado ecoou até nosso quarto. Parecia muito acima de nós, mas ao mesmo tempo, perigosamente próximo. Sentei-me na cama para conseguir prestar atenção no que estava acontecendo, agarrando o moletom e o enfiando sobre a cabeça. O som se expandiu, agora bem acima de nós, no teto, e antes que meu cérebro processasse tudo veio abaixo.

Primeiro, escutei os gritos de Jamie. Ele me chamava.

Depois, veio a dor.


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Notas finais do capítulo

Não me matem, amo todos.



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