The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 2
Capítulo 1 — Ardendo


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que ia postar a cada dois dias? Ops.
Sinto muito.
Mas prometo um capítulo por semana.
Espero que gostem.



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Ardendo

FECHEI A CORTINA VERMELHA DE VELUDO por puro costume. Antes, eu a fechava para evitar abordagens surpresa de Alice, minha irmã, mas agora ela não fazia mais isso. Estava muito ocupada com seus novos amigos.

—Beldade. —Murmurou Jamie, tirando de meus pensamentos. —Ninguém mais chama uma garota de “beldade”.

Eu ri enquanto caminhava até ele e me sentei ao seu lado no colchão.

—Eu já disse o quanto você é ciumento?

A expressão de Jamie suavizou-se devagar.

—Eu te amo.

Eu sorri. Aquele sentimento era mútuo e inabalável, eu o sentia a cada batida do meu coração.

—Eu também te amo.

Apoiei-me contra ele e fechei os olhos suspirando.

Jamie segurou meu rosto com as duas mãos e acariciou com os polegares delicadamente, rastreando toda minha face com os olhos, até que enfim se aproximou lentamente.

Eu fechei os olhos quando senti a explosão arrasadora. Já havia passado um ano desde que ele me beijara pela primeira vez, e nunca mudara. A explosão sempre estaria ali para me aquecer e me abrigar.

Segurei seu rosto junto com meu enquanto suas mãos deslizavam até minha cintura.

Minhas mãos percorreram apressadas toda a extensão dos ombros dele, e por fim meus dedos se enrolaram entre seus cabelos lisos e negros.

Eu sabia qual seria cada movimento dele, reconhecia a intenção em seus olhos e a firmeza de suas mãos, contudo, meu coração ainda batia de maneira descompassada, e me empurrava sempre para mais perto dele.

Em seus braços, minha pele toda ardia, uma explosão tão forte e poderosa que me impedia de me afastar, me obrigava a corresponder.

Eu tentara ignorar aquilo no começo. Dizia ser amizade. Fugia dele como o diabo foge da cruz.

Mas meu coração se recusou a desistir, e não havia nada mais que eu quisesse além dele.

Jamie me prendeu junto e ele, e não havia nenhum outro lugar que eu queria estar naquele momento.

Acordei com uma língua pesada e molhada perto da minha orelha. Levantei num susto, e demorei alguns segundos para reconhecer a presença de Lola. Minha labradora grande e dourada, com uma comprida língua babada e olhos âmbar. Precisei de alguns segundos para ler sua expressão.

—Fome? —Perguntei. —Quer comer, Lola?

Ela abanou o rabo, reconhecendo a palavra “comer”.

Meu estômago a reconheceu também, e roncou.

Lembrei-me que não saí do quarto desde o meio da tarde do dia anterior, acho que Jamie e eu acabamos adormecendo juntos.

Com pesar e sono, tentei me concentrar e descobrir o horário. Olhei pelas frestas do quarto, as quais davam para o céu... E ainda era de madrugada.

—Caramba Lola. —Sussurrei para não acordar Jamie.

Saí do colchão com o máximo de cuidado possível e caminhei em silêncio até a cozinha. Peguei uma tigela, achei um ensopado de carne da noite passada, joguei na tigela e coloquei no chão. Ao lado, deixei também um pote com água.

—Sabe onde me encontrar. —Falei para Lola, e voltei para meu quarto.

Encontrei minha mãe no corredor. Seus cachos vermelhos estavam presos num grosso rabo de cavalo e ela se enrolava em um longo vestido floral.

—Está sem sono? —Ela sussurrou com sua voz gentil.

Lola está sem sono. E com fome. Eu estava tratando-a.

 —Agora você está indo para o quarto... Com Jamie?

Eu não via seu rosto no escuro, mas sabia o que ela estava insinuando apenas pelo tom de voz.

—Não fazemos nada de errado, mãe.

—Eu já falei com você sobre isso, Ash... Mas sei como é ser adolescente. Não pensamos nas consequências.

—Mãe...

—Não podemos cuidar de uma criança na situação que nos encontramos.

—Criança? —O pensamento dela era muito mais avançado que o meu. —Achei que você estava falando apenas de, hum, você sabe. E nós, bem, não fizemos nada.

—Querida... Isso é um assunto delicado.

—Com certeza eu não quero ter “a” conversa no corredor no meio da noite. —Complementei.

Minha mãe deu uma risada baixa.

—Como assim “não fizemos nada”?

Eu corei um pouco, e agradeci pelo escuro.

—Eu estou falando sério.

—Sei que está. Você é uma péssima mentirosa, Ashley. Eu só achei que, bom, eu e seu pai não temos tempo para te vigiar, e você é uma moça tão linda e crescida...

Escondi meu rosto entre as mãos, envergonhada. Minha mãe continuou falando e evitando suas risadas.

—E Jamie é tão... Bacana. Eu nem sei se ainda usam essa expressão. Talvez algo mais apropriado como... Caliente?

—Você me deixa sem graça.

—Eu adoro fazer isso, Ash.

Tentei dar risada, mas minhas faces estavam queimando.

—Você não acha... Que Jamie é caliente, querida? É possível ser tão inocente?

—Pare de falar espanhol. —Repreendi-a, mas minha mãe apenas deu risada, esperando pela resposta. —Certo, talvez eu o ache... Terrivelmente sexy.

Ela deu uma risada mais alta, e cobriu a boca com a mão.

—Essa é a minha garota. —Fez uma pausa para se recompor. —Apenas me prometa que tomará cuidado.

—Prometo a você que não vou engravidar.

—Dessa vez eu não estou brincando, Ash.

Eu me aproximei dela e passei os braços pela sua cintura fina, apoiando meu rosto em seu peito.

—Não se preocupe comigo, mãe. Eu sei me cuidar.

Jane passou a mão pelo meu cabelo liso e beijou minha cabeça.

—Eu sei que é responsável. Eu apenas acho que é jovem demais para tanta responsabilidade.

—Fui obrigada a me acostumar com isso.

Ela me apertou mais em seus braços, me certificando de que eu estava lá.

—Vá dormir, querida.

Eu me afastei um pouco dela.

—Boa noite, mãe. Amo você.

—Eu também te amo. Durma bem.

Com certeza dormirei.

Parei na porta, ajeitando a cortina de veludo, e me recostei na parede.

Jamie dormia de lado, com o corpo virado para o espaço vazio onde eu estivera. Seus cabelos negros cobriam os olhos, os lábios formando uma linha reta. Ajoelhei-me ao lado dele e me deitei no espaço ao seu lado, sem acordá-lo. Automaticamente, um dos seus braços caiu a minha volta assim que reconheceu meu corpo, e Jamie resmungou e se aproximou. Voltou a cair em sono pesado e sua respiração lenta batia no meu rosto. Acariciei com cuidado toda a lateral do seu maxilar, sentindo a pele macia sob a ponta dos meus dedos. Os malares pronunciados. O cabelo cheio e negro como o céu da meia-noite. Eu me abracei a ele, passando um dos braços por seu pescoço e abandonando-o em suas costas. Aproximei meu rosto do dele, minha testa tocando a bochecha dele, e fechei os olhos.

Diversas coisas haviam mudado nos últimos três anos. A vida ficara árdua e difícil. Era uma luta constante.

Mas eu sabia que enquanto tivesse ele comigo, nada seria difícil. A dor era passageira. A perda era substituída. A morte era fraca demais.

Nenhuma ameaça para algo tão grandioso quanto nós dois.

E, no calor dos seus braços, eu adormeci.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que está demorando mais agora, mas por favor, não desistam da história.
Estou me esforçando para não decepcionar vocês.



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