The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 17
Capítulo 16 — Escondendo


Notas iniciais do capítulo

ooooooooooooooooooooooooops
Eu demorei pra caramba, não foi? Perdão. Mas vejam pelo meu lado: eu N Ã O consigo escrever capítulos como esse em pouco tempo. Desculpem por tudo mesmo, sério.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/419169/chapter/17

Escondendo

ESTÁ ESCURO. Tanto que, quando abro meus olhos, é como se eles ainda estivessem fechados. Mas minha mente está cálida. Confortável. É uma boa sensação, então volto a baixar as pálpebras e me concentrar em respirar.

Ash, acorde.

Dou um sorriso.

Bruma?

Oi. Ela respondeu com sua tradicional gentileza.

Que bom que você está aqui. Eu sussurrei. Eu gosto quando você está aqui comigo.

Eu também gosto de estar aqui. Ela ri, sua risada que parece bolhas de sabão.

Eu sinto sua falta, sabe. Eu sinto. E fico feliz que você tenha voltado.

Não importa o que tentem fazer, Ash, não podem nos separar. Eu vou estar sempre com você.

Eu sei. Sorri novamente. Eu sei, e amo isso.

Abri meus olhos.

A claridade do céu me cega por um instante. O céu está branco. O ar está frio. Há névoa ao meu redor, indicando que acabou de amanhecer. E estou sozinha.

Não passou de mais um sonho.

Mesmo com o ar frio no meu rosto, estou aquecida, coberta por alguns casacos, e meus membros firmes como rocha. Virei-me de um lado para o outro, sentindo uma dor excruciante da cintura para baixo, e eu não sentia meus pés. Isso se eu ainda tivesse pés.

Desisti de tentar me mexer e desabei ainda mais, encostando as pálpebras na base dos olhos. Estou morrendo, pensei, só pode ser isso. Então sinto um cheiro fresco e limpo, o cheiro do céu se preparando para desabar, e sinto a chuva. Chuva. Gotas pesadas e geladas caindo contra meu corpo, e começo a senti-lo novamente – do meu rosto repuxado numa careta de dor, aos dedos abertos da minha mão e as canelas arranhadas. Sinto tudo, frio e molhado, e sei que continuo viva.

Fiz um esforço tremendo para abrir os olhos novamente, e gotas de chuva os lavaram. Consegui me empurrar para cima usando os cotovelos. Não há ninguém comigo, mas vejo corpos em todos os lados que olho. Sempre a mesma pessoa, repetidas vezes. Charles. Tive vontade de desabar novamente e derreter com a chuva, mas uma mão pesada se fechou em volta do meu pulso e me sobressaltou.

Era Chris.

—Você está viva! —Ele me puxou até ele, e percebi que não conseguia mexer as pernas. —Você está viva!

Assenti e me empurrei até ele, que ficava debaixo de um abrigo de pedras, protegido da chuva. Chris esforçou-se para sentar e praticamente me jogou contra seu peito. Eu tombei e me arfei.

—Ficar viva é uma das minhas especialidades.

—Você está viva. —Ele sussurrou novamente.

Ergui meu rosto para encara-lo. Seu supercílio estava cortado, assim como sua bochecha, mas não estava sangrando mais, e Chris parecia desacreditado – quase encantado. Era como se eu não fosse real.

Ele me beijou. Na boca.

Seus lábios se fundiram aos meus, tão quentes e desesperados que o oxigênio sumiu, e não tive forças de empurrá-lo para trás.

Uma de suas mãos firmou minha cabeça quando ele percorreu meu rosto com os lábios. Depois ele encaixou novamente os lábios nos meus com uma voracidade irregular para pessoas tão machucadas quanto nós.

Porém Chris não se importava. Ele parecia tão aflito, tão desesperado por aquilo, e demorou a boca contra a minha, para então me soltar.

—Eu... — Pressionei o indicador contra a boca dele.

—Tudo bem. —Murmurei, e ainda estava de olhos fechados, exausta demais para abri-los. Repousei a cabeça no peito de Chris, sentindo sua respiração infla-lo e contrai-lo.

—Pensei que estivesse morta. —Ele sussurrou, alguns segundos depois. Uma das minhas mãos estava envolta na dele, e Chris alisava o polegar incessantemente pela minha pele fria.

—Quanto tempo eu dormi?

—Trinta e seis horas. —A respiração de Chris aquecia minha face. —E os outros...

—Onde estão os outros? —Perguntei, erguendo os olhos para os dele.

Os olhos cinza de Chris se fixaram nos meus, mas pareciam calmos, cálidos e confortadores, e não perturbados como de costume.

—Eles levaram Jamie e seu pai para casa.

—Por que nos deixaram?

Chris engoliu em seco, e pressionou a lateral da face na minha testa, escondendo meu rosto no calor do seu corpo. Era bom, se contar o fato de que minha cara parecia uma pedra de gelo.

—Eu não deixei que mexessem em você. Eu... Eu fiquei com medo de que acabassem te machucando permanentemente e me ofereci para ficar aqui e cuidar de...

Interrompi-o pressionando meus lábios em seu maxilar. Não pude evitar. Estou tão terrivelmente desgastada que só quero aproveitar o calor do corpo dele, escutar a chuva e lidar com a minha dor. Apenas isso.

—Estou com frio. —Sussurrei. —Muito frio.

—Havia um estilhaço no seu braço. Eu retirei há algumas horas.

Levantei o braço esquerdo e encontrei um curativo no alto do antebraço, próximo ao cotovelo.

—O que foi que explodiu?

—Os carros. —Respondeu Chris. —Provavelmente estavam programados para explodir sem um determinado comando.

—Mais alguém se feriu?

—Melanie bateu com a cabeça e feriu. O corpo de Jamie foi arremessado, mas parece intacto. O restante de nós não estava tão próximo assim do carro...

—Espera. —Interrompi-o. —Você estava do meu lado. Também deve ter se machucado.

—Ah. —Chris hesitou. —Não é nada muito grave e...

—Deixe-me ver. —Insisti.

—Os pontos do meu ferimento abriram. —Ele disse, sem olhar para mim. —Mas estão curando. Eu fiz um curativo. E também machuquei uma perna, mas apenas deslocou algum osso. Estou manco.

—Quando voltarmos para as cavernas, Doc vai nos curar.

Chris passou os braços ao meu redor, soltando minha mão pela primeira vez desde que acordei. O modo como ele se movia, era quase como se não conseguisse me largar.

—Sim, vamos ficar bem.

Assenti com a cabeça e esfreguei o rosto no casaco dele, procurando o máximo de calor suficiente. Eu estava morrendo de frio, com cada centímetro de pele tremendo. Sei que estou com febre. Muita febre. Sei que isso se deve ao fato de meu corpo estar combatendo todos os vírus que pus dentro dele nos últimos tempos. Mas apenas quero que passe.

Por que sinto como se estivesse morrendo.

Estremeci violentamente.

—Desculpe por ter deixado você pegar chuva, eu adormeci alguns instantes...

—Não tem problema. —Respondi. —Não estou tão molhada, só estou com febre, acho.

Chris vestiu mais um casaco, largo demais até para ele, e ofereceu uma abertura quente para que eu pudesse me abrigar. Fui atada novamente contra ele, mas apenas enfiei o rosto pela abertura da gola e descansei o rosto contra a quentura de seu corpo. Perguntei-me onde ele conseguira tantos casacos.

—Você deveria dormir. —Sussurrei. —Já que estava cochilando antes, deve estar cansado.

—Você não se importa?

—Por que me importaria? —Devolvi.

—Certo.

Com cuidado, Chris se inclinou para trás, fazendo um amontado macio com os casacos úmidos de chuva e nos acomodou. Eu ainda não sentia minhas pernas.

—De onde vieram tantos casacos?

—Ian os deixou para nós. —Ele bocejou. —Agora, tente dormir um pouco.

—Tá.

Chris não demorou mais de alguns segundos para adormecer, o rosto pressionado contra o meu. Ajeitei minha cabeça para encaixar debaixo do queixo dele, meu rosto coberto até o nariz pelo casaco, e fechei os olhos. Obviamente, não consegui dormir. Só conseguia ver o sangue escorrendo pelo pescoço do meu pai, manchando o rosto com barba rala e o peito poderoso. Com dificuldade, puxei minha mão com cuidado para cima, evitando tocar Chris, e enxuguei meu rosto. Era impossível, já que sempre havia lágrimas novas para tomar o lugar das outras.

Provavelmente devo ter adormecido, e acordei com um sacolejo violento. Abri os olhos e murmurei irritada.

— Ah. —Chris suspirou. —Você tem que dormir por menos tempo. Assustou-me.

—O sono combate a febre. —Murmurei.

—Eu sei, mas você dormiu nove horas seguidas.

Suspirei e aninhei o rosto contra a maciez de seu casaco. Estava tão cansada que mal podia abrir os olhos.

—Você tem o kit de primeiros socorros aí? —Perguntei.

—Tenho.

—Não tem nenhuma aspirina?

—Se houvesse, eu já teria lhe dado.

Esfreguei os olhos.

—Minha cabeça vai explodir. —Comentei.

Chris segurou meu rosto e alisou o polegar sobre minha têmpora, sem dizer nada. Eu odiava aquilo. O silêncio incômodo. Sabia que Chris ainda estava pensando no beijo que me deu, e talvez se arrependendo, talvez querendo mais. Por que ele me amava. Fechei os olhos bem apertados. Meu Deus, ele me amava e estava me vendo morrer. É claro que ele quer me beijar mais uma vez antes que eu parta. Mas não sei se consigo ser altruísta a esse ponto. Beijar Chris para satisfazer um – possível – desejo antes que eu morra? Parece meio sem nexo, mas mesmo assim giro meu corpo para olhar para ele, o queixo se destacando do rosto do meu ponto de vista.

Os olhos cinza de Chris estavam fixos na parede, e ele estava longe. Mas voltou em um segundo quando inclinei meu rosto e toquei a testa em sua bochecha. Seu nariz roçou meu maxilar quando ele beijou minha testa. É, dava para perceber pelos movimentos e intenção em seus olhos que ele queria me beijar. Talvez eu devesse mesmo fazer isso. Afinal, por mais difícil que seja admitir, beijar Chris não é realmente uma tarefa complicada. Eu sabia como sentiria os lábios dele contra os meus, mas assim que os selei, foi inexplicável.

Por ainda estar atada a ele pelo casaco, Chris não teve muita dificuldade em me prender, mas nunca pensei que todo seu tamanho bruto pudesse ter um toque tão suave, segurando minha nuca e acariciando meu cabelo, sustentando meu peso com a mão firme na base da minha coluna. Por um momento ele procurou minha mão, mas as mantive apertadas contra meu próprio peito, fechadas em punhos apertados. Eu não entrelaçaria meus dedos nos dele apenas para satisfazê-lo. Isso iria além dos meus limites de extrema bondade.

O beijo foi interrompido por um violento ataque de tosse. Pus a mão sobre a boca, mas não consegui evitar de tossir como um cachorro magro.

Comecei a me sentir extremamente quente, um calor agoniante, e o ataque de tosse me impedia de dizer a Chris para abrir a jaqueta, então puxei o zíper com dedos trêmulos e pulei para o ar frio, tentando levar oxigênio aos meus pulmões por entre as tosses. Quando eu pensei que desmaiaria por falta de oxigenação, as tosses cessaram e pude inspirar longamente.

Chris, obviamente, estava de pé na minha frente, esperando que eu recuperasse o fôlego.

—Passou?

Assenti com a cabeça.

—Você está mesmo gripada. Vou pegar mais um casaco para você.

Assenti novamente, e assim que Chris se afastou, vasculhei com os olhos o lugar onde estava. Duas pedras encostadas uma na outra formaram um telhado tosco, mas que, coberto com a vegetação, oferecia um telhado. O chão era de terra seca, e não chovia mais, porém o ar estava úmido e doentio. Estiquei minha mão para alcançar uma trepadeira que pendia das pedras e quebrei uma folha. Estava coberta de gelo.

Era raro termos temperaturas tão baixas no Arizona a ponto de nevar, mas parecia ser algo comum aqui. Droga.

Dou alguns passos em direção à parede e paro. Olhei para baixo e sorri. Ainda consigo mover minhas pernas, mas observo, com tristeza, que há rasgos na pele maiores que eu desejava. Isso vai infeccionar fácil.

Passei as mãos no rosto e os ferimentos abertos arderam. Estou com um corte na linha do couro cabeludo e outro perto do queixo. Meus braços também estão cortados, os ferimentos como rasgos num tecido frágil.

E estou tonta. Não sei se é por causa das tosses anteriores ou da febre, que sei estar bem alta, mas estou quase caindo no chão. Apoiei uma mão na parede. A tontura faz as bordas da minha visão escurecerem.

Quase começo a chorar quando penso que talvez nunca mais vou ver Jamie. Que eu posso morrer aqui e a última pessoa que terei beijado será Chris. Esfreguei as costas da mão na boca, mas nunca conseguirei tirar o rastro que apagou as explosões.

Que bela porcaria eu fui fazer. Mas agora não há volta.

—Ashley, vista esse casaco para que sua gripe não se agrave...

Quando percebi, meus lábios já estavam selados nos dele com voracidade. Quase que com pressa, provei a umidade e o gosto de sua boca, a firmeza de seu toque, a quentura da pele, o pinicar das pontas de cabelo na nuca. E quando afastei-me dele para respirar, toda a minha visão ficou escura e eu sumi.

Já está na hora de abrir os olhos.

Sorriu, mesmo de olhos fechados. Gosto da sensação quente na minha cabeça. Como se estivesse no sol, deitada sobre a relva.

Bom dia, Bruma. Eu sussurro.

Você tem que abrir os olhos. Percebi uma agonia incômoda na voz dela.

Por quê? O que há de errado?

Abra os olhos, Ashley, para ver o mundo. Abra-os agora, ou nunca mais poderá fazê-lo.

Abro os olhos. Apenas isso. Não consigo me espreguiçar, bocejar, murmurar, nada. Não consigo nem proferir uma única palavra, nem separar meus lábios. Devo estar meio-morta.

Sinto que estou aquecida, mesmo que tremendo de frio, e sei que é Chris. Ele está produzindo ruídos como um animal machucado, e, com dificuldade, ergo minha cabeça pendida para trás e apoio na curva do braço dele. Chris se assusta com meu movimento, mas quase cai por cima de mim quando me abraça.

—Você parou de respirar. —Ele murmurou, segurando meu rosto e o observando, lágrimas finas escapando dos cantos de seus olhos.

Ergui minha mão e toquei a face dele. Não pensei que ele me beijaria, mas beijou. Uma leve pressão separou meus lábios, mas não tive forças para me mover. Então Chris me ajeita melhor, minhas pernas esticadas no meio das dele, o tronco apoiado contra seu tórax. Minha cabeça está pesada e latejante. Meu corpo parece estar enferrujando. Minha mente está enevoada por causa da dor. Percebi, com infelicidade, que todos os meus ferimentos estão piores. Proferi minhas últimas palavras.

—Eu vou morrer.

—Não! —Os braços de Chris me apertam, me mantendo no lugar, me afastando da morte. —Não, você vai ficar bem aqui e voltar para as cavernas. —Ele engoliu em seco. —Voltar para Jamie.

Arregalei automaticamente meus olhos. Jamie. A harmonia entre a luz e a sombra. Amanhecer e meia-noite. O cheiro quente. A voz gentil. O gosto doce. A promessa.

Revivi as memórias por um instante, e quase tenho forçar para me ajeitar.

—Estou com fome. —Aquelas não foram minhas últimas palavras, enfim.

—Não falta muito tempo para Ian voltar para no buscar, só algumas horas...

—Eu vou morrer. —Repito.

—Não. Não. —Há uma dor pesada na voz de Chris. —Por que... Porque você não me conta alguma coisa? Para o tempo passar mais rápido.

Não consegui encontrar nenhum pensamento concreto, então disse a única coisa que sei.

—Eu amo Jamie.

—Certo. —O peito de Chris infla e contrai. —Por que você o ama?

Esforcei meu cérebro. Eu conseguia pensar, e encontrei milhares de motivos para dizer à Chris. Mas, com o peito doendo, eu disse:

—Eu o amo por que... Por que... Quando tudo está errado, ele é algo certo. Ele é um ponto seguro que posso me apoiar. E eu preciso desse apoio... Não sou... Forte o suficiente para aguentar sozinha.

—Você é forte, Ashley. —Ele disse as palavras com tanta veracidade que quase acredito nelas.

—Tá, mas... —Há lágrimas estúpidas nos meus olhos, e por mais que eu pisque não consigo me livrar delas. —Mas e o que eu ganhei com isso? Uma dor triste e um coração cicatrizado.

Chris faz uma pausa, estudando minhas palavras.

—Você ganhou um motivo para lutar.

—Lutar pelo quê?

—Por você mesma.

Fechei os olhos. Chris está certo. Há dois minutos, eu estava certa de que morreria. Agora, anseio pelo tempo, pelo momento que voltarei para casa. Preciso lutar para me manter viva. Então me arrepiei, esfreguei os olhos e expulsei um nó dolorido da minha garganta.

—Isso parece legal. —Dou um sorrisinho, e estico os braços para alonga-los. Minha cabeça está com uma pressão horrível, mas faço tudo para ignorá-la.

Chris mantém as mãos apoiadas na minha cintura, e isso me incomodou. Remexi-me para me afastar de seu toque, mas continuei perto dele, caso eu caísse ou desmaiasse novamente. Francamente, estava cansada daquilo.

Virei o rosto para Chris. Ele está acabado. Olheiras profundas, olhos marejados, pupilas do tamanho de cabeças de alfinetes. Mas me recebe com um olhar e um sorriso doce. Ele gosta mesmo de mim. Isso me machuca um pouco.

—Algo mais que queira contar?

Uma coisa vem na minha cabeça, mas hesito antes de pronunciar as palavras, mordendo o lábio.

—Você pode me contar qualquer coisa. —Insisti Chris. —Ninguém nunca vai saber.

—Ninguém?

Ele negou com a cabeça.

—Pode confiar em mim.

Respirei fundo.

—Quando eu abracei Peg, na floresta, pensei o quão grandes são nossas diferenças. O quão facilmente ela se amedronta e quão facilmente se assusta. Pensei em sua imensa delicadeza e bondade, que comparadas a mim, me transformam em um monstro. Pensei o quão bruta e sólida pareço ao lado dela. Como uma rocha e uma margarida, porém... —Engoli em seco. —Porém também estive pensando que... Nossas diferenças vão além disso. Eu... Bem, vou tentar simplificar. —Não era fácil. Os pensamentos na minha cabeça eram uma bagunça, e era difícil explica-los com palavras claras, mas Chris manteve os olhos firmes em mim, esperando. —Uma margarida é tão frágil a ponto de se partir com apenas um golpe. Um impulso violento de vento, e seu frágil caule se parte. É facilmente atingida. E, e, uma rocha é sólida e firme, e... —Passei as mãos nas bochechas para enxugar as lágrimas que caiam covardemente. —E é tão difícil de atingi-la. Tão difícil de quebrá-la. Mas não é impossível, claro. —Minha voz falha e preciso pigarrear para me livrar da rouquidão do choro. —Entretanto, quando uma margarida quebra, em pouco tempo seu caule se regenera e nasce uma nova flor. O caule cria novas camadas de sustentação, o que a torna mais firme. A cada queda, ela volta mais forte. Já a pedra, bem... É preciso muito tempo, muitos impactos e muita força para quebrá-la. É difícil atingi-la, mas... —Nesse ponto minha voz mal existe. —Mas quando ela quebra, nunca mais consegue se consertar. Apenas se partirá, e nunca terá conserto. Nunca será capaz de reparar o dano feito. E eu sou uma pedra, Chris, e estou quebrada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

CRASH CRASH CRASH CRASH
Desculpa pra quem não shippa, mas eu TINHA que fazer um capítulo para eles. Mas não liguem pra minha opinião, ok?
Não deixem de comentar (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Surviver 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.