The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 15
Capítulo 14 — Lutando


Notas iniciais do capítulo

Oops, desculpem o atraso, mas estou viajando e tenho poucos intervalos vagos para escrever. E - eu odeio pedir essas coisas, mas - comentem, digam o que acharam, porque eu não sei se meus capítulos de ação estão bons. Enfim, aproveitem ;)



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Lutando

NÃO HÁ TEMPO PARA PENSAR, apenas para agir. Sem dizer nada a Chris, pulei insegura para um galho alguns metros acima, derrapando no lismo úmido na madeira. Consegui me firmar e segurei a arma com força, ajeitando-a na cintura.

Olhei para Chris. Um brilho rosado estampado em sua face, e tenho quase certeza de que ele se arrependeu do que disse.

—Fique aqui e atire nos Buscadores que passaram abaixo. Vou tentar me distanciar um pouco para acertá-los também.

—Está bem. —Ele hesita. —Tome cuidado, não se deixe atingir, por favor.

E, sendo a insensível que sou, apenas respondi:

—Tá.

Agarrei os galhos finos sobre o que eu estava, e me impulsionei para frente. Subir em árvores nunca foi minha atividade favorita, mas eu conseguia lidar com isso. Joguei minhas pernas no galho baixo de outra árvore e soltei as mãos. o mundo deu uma chocalhada quando fiquei pendurada pelas pernas, mas me forcei a levantar e continuar avançando, a fim de ficar mais próxima dos Buscadores e abate-los pouco a pouco. Procurei um galho meio escondido com folhagens, mas elas estavam escassas, já que o outono estava no fim. Encontro um galho grande o suficiente para me sentar e firmar as costas contra o tronco, não tão resistente a doze metros no chão. Dou uma espiada para baixo. Se eu cair, morrerei. O pensamento fez minhas costas tremerem. Tirei a Gold Combat do bolso e me certifiquei de que estava munida. Confere. Agora só teria que esperar os Buscadores se aproximarem o suficiente para que eu pudesse atingi-los com facilidade e precisão.

Inspirei pelo nariz, expirei pela boca. Inspirar, expirar. Não gostava de atirar em pessoas, mesmo sabendo que não eram humanos.

Eu não conseguia ver seus olhos. Nenhum reflexo. Nenhum reflexo.

Um leve assovio chama a minha atenção. Não há pássaros assoviando nessa estação, e encontro Chris, bem escondido na forquilha, que ele cobriu com folhas, me encarando. Sua boca se move devagar, e consigo distinguir as palavras.

— Tudo certo?

Assenti levemente com a cabeça.

Tive que engolir em seco e voltar a me concentrar.

Não são pessoas, Ashley. São monstros. Fechei meus olhos. Apenas monstros.

Os estalidos nas folhas estão mais próximos. Abri novamente meus olhos. Eles estão a vinte metros até a distância que considero adequada para começar a atirar.

Apenas. Monstros.

Quinze metros. Pisco longamente, e ao reabrir meus olhos, não são apenas Buscadores. São dezenas de clones de Jamie. Correndo em sincronia. Os cabelos negros, embora mais curtos, continuam cheios e macios. As sobrancelhas apertadas sobre os olhos. Os malares acentuados.

— São apenas monstros. —Sussurrei quase muda.

Dez metros. Os Jamies se aproximam com mais velocidade. Minhas mãos soam. Minhas pernas tremem agachadas sobre o galho.

Não é real. Nada disso é real. Apenas uma peça da sua mente.

Cinco metros. Quase lá. Tento puxar o cão, mas meus dedos estão frios e paralisados.

Anda, vamos lá.

Puxo, com dificuldade, o cão, preparando o tiro, mas meus dedos trêmulos quase escapam do guarda-mato da pistola.

Recomponha-se!

Estão no lugar ideal. Forcei o gatilho, mas o tiro não soou. Não tenho forças. Não tenho forças. Vou desabar daqui de cima e morrerei.

ATIRE!

O tiro soa. Um Buscador caiu, agora ele é apenas um Buscador baixinho, e não Jamie. Os outros começam a procurar de que lado veio o tiro, mas Chris também começa a disparar. Engatilhei o cão mais uma vez e mirei na moleira de uma Buscadora loira e alta. Atirei; ela caiu. Outra vez, dessa vez mirei entre as sobrancelhas de um oriental. O tiro explodiu seu crânio.

Há mais de seis corpos, contando minhas vítimas e as de Chris. Os Buscadores atiram para todos os lados, mas os tiros passam longe de mim e da forquilha onde deixei Chris. Comecei a acreditar numa vitória, onde eu sobrevivo sana e salva e volto para as cavernas com todos eles. Inclusive com Jamie.

Meu pequeno devaneio me distraiu, e preciso adicionar mais munição no carregador. Catei balas no meu bolso e carreguei a pistola rapidamente, apontando para o peito de um cara loiro de dois metros de altura. O tiro o derrubou, mas não o matou. Tentei sentir compaixão dele, e atirar na cabeça, mas não consegui. Pela primeira vez, não há nenhum outro pensamento ou sentimento em minha mente, e só consigo focar em uma coisa: atirar.

Atirar para matar.

Minha quinta vítima é um garoto. Sim, seu corpo é jovem, talvez dezesseis anos, mas consigo ver o reflexo de seus olhos quando ele se vira contra a luz, quase me encontrando. Atiro bem no meio de sua testa.

Os vinte Buscadores foram abatidos. Senti minha mente enevoando, parte pela adrenalina que abandonou meu sangue, parte pela tontura terrível que estou sentindo, efeito da dor da cabeça latejante que me persegue desde que a febre começou. Agarrei-me firmemente no galho, mas tudo parece escorregadio demais.

—Vou cair. —Sussurro.

—Não vai, não.

Chris usa suas pernas compridas para saltar até o galho onde estou, e me ajuda a me firmar.

—Peguei você, peguei você. —Ele murmurou.

—Conseguimos. —Uma onda eletrizante percorre meu corpo. —Conseguimos!

Os braços de Chris estão fortemente apertados ao meu redor, seu rosto sob o topo da minha cabeça.

—Sim, conseguimos.

Então eu ri. Como uma criança boba, joguei a cabeça para trás e ri. Não um riso maldoso ou histérico, como se eu tivesse acabado de matar pessoas. Apenas um riso. Por que agora havia chances de levar Jamie para casa. Agora havia chances de um final feliz.

—Vamos para casa. —Eu disse.

—Vamos. —Concordou Chris. Ele desceu da árvore e logo o segui, mantendo a distância necessária para que ele se movimentasse, mas me mantendo por perto de medo de ficar tonta e cair dali. Saltei sobre o chão e o impacto dos meus pés ecoou. A mata, que alguns quilômetros adiante se fechava numa floresta, estava extremamente silenciosa. Silenciosa demais.

—Quantos quilômetros faltam até o local combinado? —Perguntei sussurrando, por medo de alguém nos ouvir naquele silêncio pesado.

Chris avalia a distância dos dois lados, estreitando os olhos, entreabrindo os lábios e franzindo o cenho por causa da claridade.

—Seis quilômetros, aproximadamente.

—Bem. —Suspirei. —Vamos indo.

—Você ainda tem munição?

Remexi os bolsos e encontrei algumas balas.

—Um pouco. E você?

—Estou zerado. —Ele responde, e começa a caminhar. Preciso saltitar para alcançar seus passos. Jamie é alto, algo próximo a 1,95m de altura, mas seu passo é leve e calmo, fácil de acompanhar. E Chris, mesmo sendo cinco centímetros menor que Jamie, caminha rápido e apressadamente, e minhas pernas curtas não seguem seu ritmo.

—Devagar. —Pedi, um pouco arfante pelo esforço redobrado nas pernas. —Sou muito menor que você.

—Ah. —Ele freia quase bruscamente, enfiando os pés na terra. Esbarrei contra suas costas e bufei. —Desculpe.

—Vamos indo, mas num ritmo normal. Meu fôlego não está em seus melhores dias.

Chris para, vira-se de frente para mim e segura meu rosto entre as mãos.

Fiquei um minuto paralisada, pensando “Meu Deus, Meu Deus, ele vai tentar me beijar” e apoiei os punhos contra o peito dele para afastá-lo, se necessário. Porém Chris apenas toca a face na minha testa. Medindo minha temperatura. Solto o ar lentamente com a boca.

—Você ainda está quente. —Ele murmurou, mas não se afastou.

—Se eu tirar meu casaco, talvez me resfrie. —Eu resmunguei, já pensando no frio que me aguardava.

Senti o rosto de Chris se contraindo enquanto ele dava um sorriso torto.

—Não acho que vá resolver, afinal, você é sempre quente. —Que ótima hora para uma piadinha.

Pensei em empurrá-lo e gritar “babaca”, mas com um pouco de ousadia e uma dose de raiva, afasto minha cabeça para olha-lo nos olhos, e com uma voz sussurrada, digo:

—Se me ama, beije-me.

Chris franziu as sobrancelhas e me soltou. Meus punhos fechados continuaram apoiados em seu peito.

—O que você está dizendo, Ashley?

—Algum problema?

Chris vacilou sob os pés. Ele não sabia como agir. Esperou qualquer coisa de mim. Talvez que eu explodisse, o empurrasse, fugisse, corasse, mas não ceder a brincadeira dele. Apenas me olhou.

—Esse é seu maior defeito, Chris. Você não tem coragem de fazer o que quer.

Ele franziu ainda mais as sobrancelhas que viviam tensas.

—Diferente de você, que nunca mede as consequências dos seus atos.

Deixo meus punhos escorregar pelo seu tórax, devagar demais, uma pequena provocação que não pude evitar, até caírem ao lado do meu corpo.

—Eu consigo o que quero. Não importa o que eu precise fazer.

Continuamos andando, e apressei o passo para conseguir alcançar Chris, mesmo que ele caminhasse sempre na minha frente. Mesmo de costas, eu via o rubor que cobria sua nuca, assim como seu rosto todo, tanto de raiva quanto vergonha e mais arrependimento.

Não conseguia deixar de me sentir quase satisfeita. Posso estar louca e transtornada, mas ninguém mexe com Ashley Mayfleet sem levar o troco.

Quando faltavam menos de um quilômetro para o lugar combinado, Chris deu a ideia de subirmos novamente em uma árvore e garantir que a região estava segura. Escolhi uma sequoia larga e alta e subi até quinze metros do chão. A altura não me incomodava, entretanto, nunca me senti totalmente confortável fora do chão.

Agachada em um dos galhos, rastreei a área com os olhos, e tudo parecia relativamente tranquilo.

—Tudo certo, eu acho. —Sussurrei para Chris, alguns galhos abaixo de mim.

—Vou tentar subir mais alto. —Ele escalou próximo ao tronco. —Procure não cair.

—A-hã.

Chris subiu cada vez mais, hesitante nos galhos finos, confiante nos que ofereciam mais resistência.

—Então?

Ele estreitou os olhos para ver na claridade, e seus olhos cinza refletiram o céu nublado. Chris usou a mão para fazer sombra e enxergar melhor.

—Não há nada.

Dei um suspiro aliviado.

—Bom.

—Não, eu quero dizer. —Ele faz uma pausa para engolir. —Não há absolutamente nada.

Franzi as sobrancelhas.

—E daí?

Chris olhou para mim, e não gostei da agitação em seus olhos.

—Se não há nada, onde estão os outros?

Onde estão os outros?

Acho que fiquei fora do ar, pois não me lembro de chegar no chão, e nem de como meus pés se moveram sobre os galhos. Provavelmente Chris deu um jeito de me jogar para baixo, mas só acordei quando estava sentada no chão, as pernas esticadas e abertas, os braços caídos ao lado do corpo e apenas um pensamento: Onde estão os outros?

Eles podem ter sido capturados ou presos ou enrascados ou desviando o curso ou nos abandonando ou mortos.

Ou mortos.

—Depressa! —Pulei de pé e agarrei o braço de Chris. —Vamos encontrá-los antes que seja tarde, depressa!

—Aonde? Não sabemos onde eles estão.

Comecei a suar frio, e acho que minha temperatura diminuiu. Tirei a primeira camada de casaco e o amarrei na cintura.

—Apenas... —Esfreguei as mãos no rosto e percebi que elas estavam tremendo. —Continuamos. Vamos para sudeste ou sudoeste... De onde eles viriam.

Chris assentiu com a cabeça, e comecei a correr para onde meu pai deveria ir. Ele logo me alcançou, e a velocidade fazia o ar zumbir nos meus ouvidos. Comecei a ficar cansada e com frio. Sentia minhas faces quentes e meus músculos presos. Um cansaço terrível quase me obrigava a desistir, mas eu não podia. Eu não podia.

Ainda estava correndo desenfreadamente quando Chris me agarrou pelo braço e nos jogou no chão. Abri a boca para gritar com ele, mas Chris a cobriu com a mão e fez um sinal para eu calar a boca com a outra. E apontou para alguns metros a nossa frente. Bem mal escondidos com folhas, dois carros cromados. Nenhum movimento a vista, apenas o brilho apagado daqueles carros sob as folhas secas.

Comecei a murmurar contra a mão dele.

—Você acha que...

Chris me silenciou novamente, dessa vez apontado alguns metros a direita do carro. Era algo parecido com um Buscador, alto e moreno, com a postura meio curvada e hesitante. Estreitei os olhos e me afastei um pouco de Chris.

—Não é um Buscador muito experiente. —Ele sussurrou, e concordei com a cabeça.

—Vou abatê-lo. —Resmunguei. —Ainda tem a meia de manteiga?

—Atire nele.

—Não consigo atirar em pessoas a queima-roupa desse modo.

Chris ergueu uma sobrancelha, pedindo uma explicação. Expliquei a ele de maneira silenciosa.

—Na árvore, eles estavam prontos para nos matar, mas olhe para aquele ali. —Apontei para o Buscador moreno. —Ele só está de guarda. Nem sabe como segurar uma arma. Seria como matar um filhote inofensivo de gamo.

Chris continuou com a sobrancelha erguida.

—O quê? —Sussurrei impaciente, cerrando os dentes.

—Apenas estou surpreso pelo tamanho da sua compaixão.

Revirei os olhos e meio que rastejei para mais perto do Buscador, procurando com os olhos algo para acerta-lo e apaga-lo. Acabei encontrando um toco comprido perto dos carros, e me dirigi para lá.

Refuguei-me atrás do esconderijo dos carros, segurei o galho próximo ao peito com força puxando o ar pela boca e encontrei os olhos de Chris atentos em mim.

Inspirei e expirei mais algumas vezes antes me jogar com força para o lado, ficando de joelhos e me preparando para acertar a nuca do Buscador antes que ele processasse meus movimentos.

Mas fiquei paralisada, assim como ele.

Dessa vez não podia ser apenas um truque da minha cabeça. Por que era perfeito demais. Por que era distinto demais, e não somente minha visão confirmava, e sim todos os meus sentidos. Era Jamie, ou melhor, Matthew, andando hesitante e portando uma arma, a qual ele nem sabia segurar. Ele é só uma Alma.

Mas mesmo assim apontou a arma para mim, as duas mãos envoltas no cabo, e nenhum dedo próximo ao gatilho. Tive vontade de revirar os olhos.

—Matthew...

—Eu vou atirar em você. —Ele disse, a voz fraquejando. —Você mentiu... Você me enganou. Você é má e eu vou atirar em você.

Dei um suspiro e levantei, me aproximando devagar.

—Abaixe a arma. —Tentei soar tranquila. —Abaixe...

—Eu vou! —Ele gritou. —Vou meter uma bala no seu coração, para você ter ideia do que eu senti! Eu vou atirar!

Meu pavio-curto não aguentou. Enchi os pulmões de ar, dei os dois passos necessários para chegar nele e encostei a clavícula na arma.

—Atire, então.

Obviamente, ele nem colocou o dedo sob o gatilho, e tremia com tanta força que a arma dançava sobre meu casaco impermeável.

Estiquei a mão e segurei o cano, encaixando meus dedos na câmara, e tomei a pistola de suas mãos. Matthew pareceu feliz em se livrar dela, mas suas mãos ainda tremiam violentamente.

Pus a arma no coldre preso na minha cintura e tomei seu rosto estre as mãos, trazendo-o para mais perto, e nunca pensei que uma pessoa que queria me matar me abraçaria com tanta força, nossos corpos se chocando com força e me tirando o ar, já rarefeito por causa do frio e da minha quentura febril. Matthew afundou o rosto no meu cabelo, e escondi meu rosto na curva de seu pescoço. Ele começou a chorar, seus ombros tremendo sob meus braços, as lágrimas molhando meu pescoço, pois as emoções humanas eram pesadas e afiadas demais para uma Alma como Matthew suportar. Isso só me deixava mais culpada ainda, e quase me afoguei com o nó na minha garganta quando o segurei bem firme para que Chris pudesse bater em sua nuca e desmaia-lo.

O corpo de Jamie tombou e caí de joelhos para aparatar sua queda, mantendo-o perto de mim.

—Temos que sair daqui. —Sussurrou Chris, e concordei com a cabeça.

Ainda estávamos tentando dar um jeito de carregar o esguio corpo de Jamie quando um farfalhar nas folhas secas nos sobressaltou. Arranquei a Gold Combat do coldre e apontei em direção ao movimento, revelando três figuras distintas com as mãos para cima. Ian, Peregrina e meu pai. Dou um suspiro carregado de alívio e corro até eles, caindo com força no abraço de meu pai.

—Vocês estão bem. —Murmurei.

Não foi uma pergunta, mas mesmo assim obtive resposta.

—Estamos. Tivemos que deter alguns Buscadores no caminho... —A voz de Ian minguou. Peg ainda parecia em choque, os olhos prateados tão arregalados e as pequenas mãos tremendo tão violentamente que não pude evitar trazê-la para perto de mim, envolver sua diminuta figura com meus braços pesados e machucados, e ajeitar seus cachos loiros que cobrem todo seu rosto.

—Sinto muito pelo que aconteceu, Peg. Sei que não é fácil para você lidar com a violência.

Ela sorriu debilmente para mim.

Afastei-me dela com cuidado, temendo assusta-la, talvez por que o contraste entre nós era grande, a delicadeza e a brutalidade tão distintas em cada uma.

Como uma rocha e uma margarida.

Resolvemos seguir para o norte por mais algum tempo, apenas para não nos ficarmos parados e a deriva, enquanto traçávamos um plano. Encontramos uma lona cobrindo parte de um dos carros e a usamos como maca improvisada para carregar Jamie, e foi a primeira vez que lamentei o fato dele ser tão grande.

—Onde estará Mel e Sharp? —Perguntou Ian.

—Vocês não as viram desde que saímos de lá? —Perguntei.

—Não. —Respondeu Peg com um tom preocupado. —Quer dizer, meia hora depois, Ian subiu em uma árvore e as avistou correndo em segurança.

—Mas estavam em uma área aberta. —Ele complementou, e um sentimento angustiante tomou conta de mim. —Elas tinham poucos esconderijos.

—Os Buscadores também. —Disse Chris. —Elas se defenderiam com mais facilidade, se fossem atacadas.

—Sim. —Concordei. —Espero que sim.

Prosseguimos por mais alguns minutos, talvez meia hora, até Charles e Ian pararem para descansar e baixarem o corpo de Jamie. Sentei-me ao lado dele, aninhando sua cabeça em meu colo, e aproveitei para estudar detalhes de seu rosto que nunca havia tocado, por não ter nenhum motivo aparente. Suas sobrancelhas grossas, o ângulo do nariz e os malares acentuados, as faces e o maxilar forte, os cílios espessos, o contorno da boca, a quentura da pele. Eu conhecia cada detalhe do rosto dele, e apenas queria refrescar minhas lembranças. Matar a falta que ele me fazia. De repente, comecei a me sentir fria demais, tão violentamente que meu queixo tremeu. Febre.

—Acho que são elas. —Murmurou Ian, estreitando os olhos e focando na mata.

Fiquei de pé e olhei na direção dele, vendo o lampejo de dois corpos que se aproximavam sem saber para onde seguir, uma garota mais alta que eu e o brilho do cabelo vermelho intenso de Sharon, que me fazia lembrar... Cam. Mas isso não era algo para recordar naquele instante, e caminhei em direção a elas.

—Melanie! —Gritei. —Estamos aqui! Sharon! —Elas seguiram em nossa direção.

E então.

Só tive tempo de me jogar no chão ao som do primeiro tiro.


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Notas finais do capítulo

P.S.: Minhas férias estão quase acabando (T-T) e talvez, talvez, os capítulos se atrasem um dia, ou dois, ou cinco. Mas prometo tentar me comprometer e apressas e terminar essa fanfic logo. Não sei se isso é bom ou ruim. Então, ♥



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