Capítulo 2 – Happy Birthday

“Feliz Aniversário”

– Violet – 2 de setembro de 1994 –

Assim que levantei-me percebi que o temporal da noite passada já se esgotara. Fui com as meninas até o Salão Principal para tomarmos o café da manhã. Inexplicavelmente, estavam quietas e pensativas, sem contar os olhares cúmplices.

– Aqui estão os horários... – disse Alessa, entregando-me um pergaminho.

– Vamos ver... ‘Poções’ continua sendo a primeira aula da semana... E é com a Grifinória... – continuei analisando o pergaminho e, um tempo depois, segui as meninas até a primeira aula.

Assim que chegamos à sala fomos para nossos lugares, logo em frente à mesa do professor, que chegou como sempre fazia: fechando as janelas e observando cada aluno profundamente.

Logo no primeiro dia de aula Snape passou uma atividade avaliativa para os alunos e dois rolos de pergaminhos para serem entregues em dois dias. Todos reclamaram, porém, obviamente, ninguém ousou dizer na frente dele.

Severo tratou-me como qualquer outro aluno em sua classe: fez-me poucas perguntas, as quais respondi corretamente, e implicou com minha poção. Por um lado me decepcionei, pois nem mesmo um pequeno sorriso consegui; por outro, era algo bom... Assim ninguém desconfiaria que sou sua filha...

– Srta. Prince?! – exclamou Snape, tirando-me de meus devaneios.

– Sim? – arrisquei.

– Pelo jeito não sabe a resposta... Provavelmente nem sabe qual foi a pergunta não é? – disse ironicamente.

– Eu...

– Menos 5 pontos da Sonserina. – falou com pesar.

Certas coisas nunca mudam...

Logo que a aula acabou nos dirigimos para a aula de Transfiguração.

– Violet, o que aconteceu? Você perdeu pontos e nem reclamou! – disse Alessa.

– Eu estava distraída... Pior que nem reclamar eu podia! O que ele perguntou?

– Perguntou quais os ingredientes da Poção Morto-Vivo... – explicou.

– O quê?! Só isso?!

– Sim... – concordou ela.

– Srtas. Prince e Chambers! – reclamou Minerva.

– Desculpe professora... – falei.

O restante do dia passou normalmente, porém, durante o jantar as coisas começaram a ficar estranhas.

– Alessa! Dá pra me soltar! Eu posso andar sozinha! – reclamei com a ruivinha que puxava-me pelos braços insistentemente.

– Vamos logo Violet, você é muito lenta! – brigou.

Alessa continuou puxando-me até o Salão Principal, onde Mary e Sophie nos esperavam encostadas à mesa. Assim que nos aproximamos do nosso costumeiro lugar, Alessa soltou meus braços e passou suas mãos nos meus olhos, impedindo-me de ver qualquer coisa.

– Alessa! O que deu em você hoje?! – reclamei.

– Fica quieta Violet! E vocês duas, venham me ajudar que ela já me deu muito trabalho – retrucou ela.

Logo senti Mary e Sophie pegando em meus braços e me levando até a mesa.

– Pronta? – perguntou-me a loirinha.

– Se vocês estiverem aprontando alguma... Se preparem! – falei – E eu espero que valha à pena o mico que certamente estou passando!

– Meninas, o que está acontecendo aqui? – perguntou Minerva.

– Alessa eu te mato! – falei. – Professora, por favor... – implorei.

– Você está muito estressada Violet! – riu Alessa, acompanhada por Minerva e as meninas.

– Um... – começou Sophie.

– Dois... – disse Mary.

– Três! – falou Alessa, tirando as mãos do meu rosto.

Assim que abri os olhos deparei-me com todos os meus amigos me encarando. Quando baixei os olhos percebi que nossos lugares à mesa estavam ocupados por um bolo branco e alguns pratinhos, assim como copos com suco e diversas velinhas acesas.

– Eu não acredito... – sussurrei surpresa.

– Feliz Aniversário!! – gritou Alessa ao me puxar para um abraço.

Sophie e Mary foram as próximas que me envolveram, seguidas por Harry, Fred, Jorge, Rony, Hermione, Luna, Neville e Gemma. Aqueles que estavam mais próximos me cumprimentaram e todos desejaram felicidades.

– Eu não acredito que vocês fizeram isso! – falei sorrindo.

– Vamos, sopre as velinhas! – insistiu Sophie.

– Quantas têm?

– Dezessete. – garantiu Mary sorrindo.

– Dezessete? Quer dizer que pulei dois anos e não sabia? – brinquei.

– Sophie, você colocou velinhas a mais... Eram cinco e não dezessete! – debochou Alessa.

– Cinco?

– Sim, essa é a sua idade mental. – brincou ela.

– Palhaça! Pode tirar duas velinhas desse bolo! – mandei.

Assim que começaram a cantar parabéns senti meu rosto se incendiar. Todos do salão nos observavam com atenção, e alguns com deboche. Olhei para a mesa dos professores e encontrei todos sorrindo, principalmente Dumbledore, que sorria de orelha a orelha. Snape encarava-me com um brilho diferente no olhar, podia até jurar que era um resquício de um sorriso se formando.

Logo que apaguei as velinhas, cortei o bolo e distribui entre meus amigos mais próximos. Minerva entregou-me dois bilhetes e, sorrindo, voltou ao seu lugar.

“Violet, vá até a torre, precisamos conversar. S.S”

“Se puder, vá à minha sala, por favor. M.G.”

Sorri e guardei ambos os bilhetes em minha roupa, voltando a atenção às meninas, que riam e se divertiam. Conversamos tanto que fomos os últimos a deixar o salão.

– Nossa, estou esgotada! – reclamou Sophie jogando-se na cama.

– Nem me fale! – acompanhou-a Mary.

– Vocês são muito fracas... – brincou Alessa já bocejando.

– Meninas, muito obrigada, vocês não sabem o quanto fiquei feliz com essa surpresa! Acho que foi o melhor aniversário que já tive! – gritei caindo na minha cama.

– Você merece... Só não leve a sério a ameaça de me matar, sim? – debochou a ruivinha.

Uma a uma as meninas foram adormecendo e, cerca de meia hora depois, finalmente consegui sair do quarto. Assim que deixei o Salão Comunal segui pelo corredor e fui até a sala de Transfiguração.

Duas batidas.

– Entre – pediu.

– Com licença... A senhora me chamou?

– Sim... – disse ela, aproximando-se – Quero te dar uma coisa...

– Minerva... Não precisa me dar nada – tentei.

– Violet, é o seu aniversário, uma data que deve ser comemorada! – sorriu ternamente, entregando-me uma grande caixa.

– A senhora não exagerou? – assustei-me com o tamanho.

– É claro que não! Quando o vi pensei em você... Espero que goste – disse ela, indicando para que eu abrisse.

Para minha surpresa, dentro do pacote havia um lindo vestido verde musgo.

– Uau!

– Gostou?

– Eu adorei! – sorri – Obrigada Minerva, muito obrigada! – falei praticamente pulando em seus braços.

– Fico feliz que tenha gostado... – disse ela – É melhor você ir agora, sei que o Snape quer te ver... Quanto ao embrulho, não se preocupe, pedirei para um elfo levar ao seu quarto.

– Obrigada novamente – sorri.

Pouco tempo depois sai de sua sala e segui até a escadaria que me levaria à torre mais alta do castelo, teoricamente proibida aos alunos.

– Queria conversar comigo? – perguntei assim que cheguei ao topo, encontrando-o de costas para a escada.

– Sim... Sente-se. – disse ele, sentando logo em seguida. – Queria te dar algo...

– Não preci...

– Violet, é algo importante. – falou encarando-me seriamente. – Isso pertenceu à minha mãe... – Snape tirou uma pequena caixinha negra da capa e colocou em minhas mãos. - Ela sempre usava em ocasiões especiais... Era um dos “mimos” da velha Eileen – Severo sorriu com a lembrança. Era a primeira vez que o via sorrir abertamente.

Assim que abri a caixinha negra deparei-me com um colar prateado adornado com um pingente verde esmeralda.

Imediatamente uma lágrima caiu de meus olhos.

– É... lindo! – sorri com a joia em minhas mãos.

– Gostou? – perguntou receoso.

– Eu amei! – sorri ainda mais – Era mesmo da minha avó?

– Acho que preciso me acostumar com você chamando minha mãe de avó... – sussurrou – Mas sim, era dela... Foi a única coisa que não vendi depois que ela morreu...

– Obrigada... Eu realmente gostei muito – sorri.

Já que ele não toma a iniciativa...

Aproximei-me rapidamente e joguei-me em seus braços, abraçando-o pelo pescoço.

Do jeito que ele é... Capaz de se afastar...

Contrariando meus pensamentos, Snape retribuiu meu abraço e apertou-me enquanto acariciava meus cabelos.

– Feliz Aniversário Violet... – disse ele beijando o topo de minha cabeça.